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MECÂNICA DAS

ESTRUTURAS
Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S463n Seki, Daiane Rodrigues Cardoso.


Mecânica das estruturas / Daiane Rodrigues Cardoso Seki
Paranavaí: EduFatecie, 2023.
82 p.: il. Color.

1. Engenharia de estruturas. 2. Mecânica. 3. Análise


Estrutural (Engenharia). I. Centro Universitário UniFatecie.
II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23. ed. 624.171


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR

Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki

• Bacharel em Engenharia Civil (UEM);


• Especialista em estruturas de concreto armado (UCAM);
• Especialista em segurança do trabalho (FEITEP).

Como docente, já ministrei diferentes disciplinas voltadas à área de projetos, tais


como concreto armado, sistemas hidráulicos prediais e fundações, atuando como profes-
sora EaD e presencial. Acredito que o conhecimento de diferentes disciplinas de projetos
nos auxilia a entender melhor as necessidades do projeto de modo completo. Além da
bagagem como docente, atualmente possuo meu escritório de engenharia e arquitetura, no
qual vivencio na prática todo o conteúdo ministrado ao longo desta disciplina, agregando
conhecimento técnico e experiência de mercado.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2257763183269656

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caro(a) aluno(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao curso de Mecânica das Estruturas! Estou empolgado
em guiá-lo(a) nessa jornada de aprendizado e descobertas. Ao longo desta apostila, explo-
raremos os fundamentos essenciais que compõem a base da análise estrutural.
Unidade I: Estruturas Isostáticas
Na primeira unidade, mergulharemos no universo das estruturas isostáticas. Dis-
cutiremos pórticos planos, grelhas, fios e cabos, compreendendo as características funda-
mentais dessas estruturas e sua importância na engenharia civil.
Unidade II: Deslocamento em Estrutura Isostática
Na segunda unidade, exploraremos o fascinante mundo dos deslocamentos em
estruturas isostáticas. Aprofundaremos nosso conhecimento na linha elástica, no Princípio
dos Trabalhos Virtuais (PTV), no Método da Carga Unitária e no Método dos Deslocamen-
tos. Esses conceitos permitirão uma análise detalhada dos deslocamentos em diferentes
pontos da estrutura.
Unidade III: Método das Forças
Na terceira unidade, abordaremos o Método das Forças. Exploraremos temas como
o grau de hiperestaticidade, a escolha do sistema principal, equações de compatibilidade e
a resolução de estruturas hiperestáticas. Este método oferece uma abordagem valiosa para
lidar com estruturas que vão além da isostaticidade.
Unidade IV: Método dos Deslocamentos
Na quarta e última unidade, mergulharemos no Método dos Deslocamentos. Vamos
explorar fatores de forma e carga, o conceito de momento de engaste perfeito, o grau de
hiperestaticidade e as convenções de sinais. Este método é uma ferramenta poderosa
para analisar e projetar estruturas complexas, proporcionando uma compreensão mais
aprofundada dos deslocamentos.
Espero que esteja tão animado quanto eu para embarcar nessa jornada de aprendi-
zado. Seja persistente, faça perguntas e explore cada conceito com curiosidade. Estou aqui
para ajudar e guiar você ao longo desse processo. Vamos começar essa jornada juntos e
construir um conhecimento sólido em Mecânica das Estruturas!
Bons estudos!

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SUMÁRIO

UNIDADE 1
Estruturas Isostáticas

UNIDADE 2
Deslocamento de Estrutura Isostática

UNIDADE 3
Método das Forças

UNIDADE 4
Método dos Deslocamentos

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Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki

• Estabelecer a importância das particularidades de cada modelo


ESTRUTURAS
ISOSTÁTICAS

• Compreender o que são pórticos, grelhas, fios e cabos;


• Conceituar e contextualizar as estruturas isostáticas;
Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE

• Estruturas isostáticas;
Plano de Estudos

• Pórtico plano;

• Fios e cabos.
1
de estudo.
• Grelhas;
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INTRODUÇÃO
Bem-vindo(a) aluno(a)!

Neste material, você encontrará informações essenciais sobre conceitos funda-


mentais que são a base do nosso campo de estudo. Vamos explorar estruturas isostáticas,
pórticos planos, grelhas e fios e cabos.
Ao longo da nossa apostila iremos começar nossa jornada pelo mundo da Engenha-
ria Civil com o estudo das estruturas isostáticas. Aqui, você aprenderá sobre sistemas de
apoio e equilíbrio de forças, fundamentais para compreender como as estruturas suportam
cargas e se mantêm em equilíbrio. Em seguida, abordaremos os pórticos planos, que são
estruturas tridimensionais frequentemente utilizadas em projetos de construção civil. Você
descobrirá como analisar e projetar pórticos, essenciais para edifícios de múltiplos andares
e outras estruturas complexas.
Avançando em nosso conteúdo, iremos ver as grelhas, que são sistemas estrutu-
rais compostos por barras interconectadas, oferecendo uma variedade de aplicações em
engenharia. Abordaremos sua análise e dimensionamento, bem como sua importância em
pontes, torres de transmissão e outras estruturas. E Por fim, exploraremos o mundo dos fios
e cabos, que desempenham um papel crucial em estruturas de suspensão, como pontes
estaiadas e sistemas de transporte por cabos. Você entenderá como calcular tensões e
deformações nesses componentes vitais.
Estamos empolgados para iniciar esta jornada com você na exploração destes
tópicos fundamentais. Esta apostila servirá como uma base sólida para seus estudos e
futuros projetos na área.

Bons estudos!

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 7


1
TÓPICO

ESTRUTURAS
ISOSTÁTICAS

Entender o conceito de Estruturas isostáticas é um passo fundamental na mecânica


das estruturas, visto que ela lida com o estudo e análise do comportamento das diferen-
tes formas de construções e sistemas de suporte. As estruturas isostáticas são um tipo
particular de configuração estrutural em que o número de equações de equilíbrio é igual
ao número de incógnitas, tornando o sistema em equilíbrio estático. Em outras palavras,
as estruturas isostáticas são aquelas em que todos os membros e apoios estão dispostos
de tal forma que as forças externas aplicadas podem ser completamente determinadas
através das equações de equilíbrio.
Segundo Martha (2010), Esse equilíbrio estático é essencial para garantir a esta-
bilidade e a segurança das estruturas, uma vez que, em uma estrutura isostática, não há
forças internas indeterminadas. Isso facilita a análise e o projeto de estruturas, uma vez
que permite aos engenheiros calcular as tensões, deslocamentos e reações nos apoios de
maneira precisa.

Outra forma de definirmos uma estrutura isostática é afirmarmos que ela é uma
estrutura que não pode apresentar nenhum movimento, e que se transforma em hipostática
se algum de seus vínculos for removido. Como exemplo podemos citar uma viga engastada
em balanço, caso façamos a troca do engastamento por uma articulação fixa, ela passará a
apresentar movimento. Outro exemplo que podemos citar é o de uma estrutura bi-apoiada,
onde um de seus apoios poderá se movimentar livremente.

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 8


Para que fique ainda mais claro o entendimento sobre a estrutura isostática, vamos
falar um pouco sobre as possibilidades de estruturas existentes, iniciando pela estrutura
hipostática.

“A ciência é sobre saber, a engenharia é sobre fazer”.


(Henry Petroski)

Geralmente, estruturas hipostáticas são instáveis, carecendo de equilíbrio estático


e possuindo graus de liberdade não restritos, o que permite algum movimento. Esse tipo
de estrutura é predominantemente encontrado na engenharia mecânica, onde a mobilidade
das estruturas é desejável. Na engenharia civil, entretanto, estruturas hipostáticas não são
consideradas aceitáveis, pois não possuem estabilidade.
Ao contrário das estruturas hipostáticas, as estruturas isostáticas geralmente são
estáveis e mantêm o equilíbrio estático. Uma estrutura isostática pode apresentar um número
de reações de apoio superior ao número de equações de equilíbrio estático, desde que se-
jam introduzidos graus de liberdade na estrutura por meio de articulações. No entanto, essa
inclusão de articulações deve ser feita com cautela, pois pode resultar em uma estrutura
hipostática. Em caso de falha nesse tipo de estrutura, a falta de mecanismos de redistribuição
dos esforços pode resultar em colapsos. Por exemplo, as marquises, embora equilibradas
perfeitamente em um ponto de apoio, podem colapsar em caso de problemas estruturais.

Já as estruturas hiperestáticas são excessivamente estáveis, com graus de liber-


dade restritos a zero, o que significa que não podem apresentar movimento não restrito. O
grau de hiperestaticidade corresponde ao número de conexões que podem ser eliminadas
para transformar a estrutura em isostática. Portanto, uma estrutura isostática é classificada
com grau zero de hiperestaticidade. Essas estruturas não podem ser analisadas exclusi-
vamente com base nas equações de equilíbrio da estática. Em caso de contingências, as
estruturas hiperestáticas têm a capacidade de redistribuir os esforços, proporcionando um
nível de segurança superior ao das estruturas isostáticas.
Para fechar este tópico, vamos retomar os principais conceitos sobre estruturas
isostáticas:

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 9


• Equilíbrio Estático: As estruturas isostáticas são caracterizadas pelo fato de
que todas as forças externas aplicadas a elas podem ser completamente deter-
minadas usando as equações de equilíbrio estático, ou seja, a soma das forças e
dos momentos em cada direção é igual a zero.
• Número de Incógnitas igual ao Número de Equações: Em uma estrutura
isostática, o número de reações ou apoios desconhecidos é igual ao número de
equações de equilíbrio. Isso torna a análise das forças e reações nas estruturas
relativamente simples.
• Estabilidade: Às estruturas isostáticas são consideradas estáveis, uma vez
que não possuem graus de liberdade não restringidos, o que significa que não
podem mover-se de forma não controlada.
• Projetos Simples: Devido à sua estabilidade e previsibilidade, as estruturas
isostáticas são frequentemente usadas em projetos simples e de engenharia
civil, como vigas, pórticos e treliças.
• Reações nos Apoios: O cálculo das reações nos apoios de uma estrutura
isostática é fundamental para garantir que a estrutura seja segura e estável.
• Mecânica das Estruturas: O estudo das estruturas isostáticas é uma parte
fundamental da mecânica das estruturas, que lida com a análise, o projeto e a
construção de sistemas de suporte e estruturas em engenharia.

Esses conceitos são essenciais para compreender o papel das estruturas isos-
táticas na engenharia civil e mecânica das estruturas, bem como para realizar análises e
projetos de estruturas simples e estáveis.

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2
TÓPICO

PÓRTICOS
PLANOS

Neste capítulo, exploraremos um elemento crucial na mecânica das estruturas: os


pórticos planos. Os pórticos são sistemas estruturais amplamente utilizados na engenharia
civil e mecânica, desempenhando um papel fundamental na sustentação de edifícios, pon-
tes, galpões industriais e outros tipos de construções. Um pórtico é composto por vigas e
pilares que formam uma estrutura tridimensional, mas neste capítulo, concentrar-nos-emos
especificamente nos pórticos planos, que operam em duas dimensões.
Os pórticos são sistemas estruturais rígidos constituídos por vigas e pilares, cate-
gorizados como pórticos simples, quando operam de forma isolada, ou pórticos compostos,
quando interconectados de maneira similar à associação de vigas simples que compõem
uma viga Gerber. Esses elementos arquitetônicos desempenham um papel fundamental
em diversas aplicações, abrangendo desde portais urbanos em centros urbanos, estruturas
residenciais em condomínios, até instalações industriais e fazendas.
Os pórticos planos podem ser classificados de acordo com sua geometria e confi-
guração. Os principais tipos incluem:
• Pórtico Simples: É composto por um único pórtico isolado, geralmente utilizado
em edifícios de pequeno porte.
• Pórtico Composto: Consiste na associação de dois ou mais pórticos simples, o
que cria uma estrutura mais complexa e adequada para edifícios maiores ou com
geometrias irregulares.

Veja os exemplos de pórtico a seguir:

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IMAGEM 01 - PÓRTICOS

Fonte: https://www.politecnica.pucrs.br/professores/mregina/ENGENHARIA_-_Resistencia_dos_Materiais_I_-_
EM/Resistencia_I_EM_06_Portico.pdf

A análise de um pórtico plano começa pela identificação e quantificação das cargas


que atuam sobre a estrutura, como cargas verticais (peso próprio e cargas aplicadas),
cargas horizontais (vento, sismos), e momentos aplicados.
Uma vez que as cargas são determinadas, a próxima etapa envolve o cálculo das rea-
ções de apoio. Isso é fundamental para garantir que o pórtico permaneça em equilíbrio estático.
Os esforços reativos externos, ou seja, as reações nos apoios, em um pórtico isostático
são determinados seguindo os mesmos princípios aplicados na análise de vigas isostáticas. Isso
implica a utilização das equações de equilíbrio da mesma maneira que em vigas isostáticas.

A análise de pórticos planos é frequentemente realizada usando o método dos


nós e vigas. Este método divide a estrutura em elementos menores (nós e vigas) e aplica
equações de equilíbrio e condições de compatibilidade de deformações para determinar as
forças internas, tais como esforços cortantes e momentos fletores.
As equações de equilíbrio (equações de força e momentos) são fundamentais para
a análise de pórticos planos. Elas garantem que as forças internas e reações de apoio
satisfaçam as condições de equilíbrio estático.
Uma vez que as forças internas são calculadas, o engenheiro pode projetar os
membros estruturais, dimensionando-os para resistir às cargas aplicadas. Os materiais
utilizados, como aço ou concreto, devem ser escolhidos com base nos requisitos de resis-
tência e durabilidade.
Os pórticos planos desempenham um papel essencial na engenharia civil e mecânica
das estruturas, permitindo a construção de edifícios e estruturas de grande porte. Sua análise
e projeto exigem uma compreensão sólida dos princípios da mecânica das estruturas, bem
como das equações de equilíbrio e das condições de compatibilidade de deformações. Este
capítulo fornece uma introdução abrangente aos pórticos planos, abordando sua definição,
classificação e os principais passos envolvidos na análise e projeto dessas estruturas.

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3
TÓPICO

GRELHAS

As grelhas são estruturas planas compostas por barras retas que se cruzam em ân-
gulos retos e estão interconectadas em nós. Elas são amplamente utilizadas na engenharia
civil e mecânica, desempenhando um papel importante na sustentação de pisos, tetos,
passarelas, e outras estruturas planas. Este Tópico abordará a definição, análise e projeto
de grelhas, destacando sua relevância na engenharia.
Para iniciarmos é essencial entendermos de fato o que é uma grelha, Podemos
considerar que a grelha é uma estrutura plana que consiste em barras de comprimento
relativamente pequeno, interconectadas em nós, formando um padrão reticulado. Essas
barras cruzam-se em ângulos retos, criando uma estrutura que é eficiente na distribuição de
cargas e forças. Em resumo, podemos chamar de grelhas as estruturas planas solicitadas
por carregamento perpendicular ao plano da estrutura.
Segundo SÜSSEKIND(1981), As grelhas podem ser classificadas em vários tipos,
com base na disposição das barras, incluindo grelhas quadradas, retangulares, diagonais
e de Warren, entre outras. Cada tipo é escolhido com base nas necessidades específicas
de uma aplicação.
A análise de uma grelha começa pela identificação e quantificação das cargas que
atuam sobre a estrutura, como cargas verticais (peso próprio, cargas aplicadas) e cargas
horizontais (vento, sismos).
O próximo passo é calcular as reações de apoio. Essas reações são fundamentais
para garantir que a grelha esteja em equilíbrio estático e possa suportar as cargas aplicadas.
Nos cenários práticos, é comum que os espaços intersticiais entre as barras das grelhas
sejam preenchidos com placas, geralmente chamadas de lajes, com a finalidade de distribuir
eficazmente as cargas aplicadas. Em tal configuração, mesmo em situações onde ocorrem

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 13


carregamentos horizontais, como ação do vento, por exemplo, essas forças são primariamente
absorvidas pelas lajes, minimizando a demanda sobre as barras que compõem a grelha.
É importante observar que, em uma única barra que integra uma estrutura espacial,
pode haver a ocorrência de até seis tipos distintos de esforços internos. No entanto, quando
se trata de grelhas, em virtude da ausência de carregamentos no plano da estrutura, essa
complexidade se reduz a apenas três tipos de esforços, a saber: esforço cortante, momento
fletor e momento torsor.
Devido às três equações fundamentais da mecânica, que consistem na soma das
forças verticais e na soma dos momentos em torno de dois eixos diferentes, uma grelha
internamente isostática deve estar associada a, no mínimo, três apoios externos. Esses
apoios fornecem as condições essenciais para que a grelha seja considerada isostática,
assegurando o seu equilíbrio.
As equações de equilíbrio (equações de força e momentos) desempenham um
papel essencial na análise de grelhas, garantindo que as forças internas e reações de apoio
atendam às condições de equilíbrio estático.

Que tal conhecer uma casa feita com elemento estrutural grelha?! Observe o trecho abaixo da reportagem:
“Em uma linguagem técnica, as grelhas são compostas por estruturas lineares, no caso vigas, situadas em
um mesmo plano por meio do qual formam uma malha capaz de resistir a cargas estruturais. Geralmente,
são vistas com espaçamentos regulares cruzados em ângulos retos que variam em dimensões conforme o
material utilizado.
A escolha pela estrutura em grelha auxilia não apenas na eficiência e rapidez da obra, facilitando inclusive
sua legibilidade, mas também se torna o elemento determinante na composição e distribuição dos espaços
internos. Por meio desse “ordenamento estrutural” é possível criar composições entre cheios e vazios que
enaltecem a estrutura escolhida e organizam as atividades programáticas.”
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/955471/grelhas-estruturais-em-casas-brasileiras-ordem-e-eficiencia
Para saber mais, entre na reportagem e conheça essa interessante residência.

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Uma vez que as forças internas são calculadas, o engenheiro pode projetar as
barras da grelha, dimensionando-as para resistir às cargas aplicadas. A seleção do material
e a consideração de fatores de segurança são cruciais nesse processo. A análise e projeto
de grelhas exigem uma compreensão sólida dos princípios da mecânica das estruturas,
bem como das equações de equilíbrio e condições de compatibilidade de deformações.
A Análise de Grelhas pode ser realizada através do Método dos Nós e Vigas. Este
método divide a estrutura em elementos menores (nós e barras) e aplica equações de equi-
líbrio e condições de compatibilidade de deformações para determinar as forças internas
nas barras, como tração e compressão.
Uma das situações mais simples que teremos de uma grelha consiste na imagem
a seguir:

IMAGEM 2 - GRELHA ENGASTADA LIVRE

Fonte: O autor, 2024

Neste caso, a grelha é resolvida através das equações:

A incorporação de barras com eixos curvos em uma grelha é uma possibilidade, visto
isso de acordo com a abordagem de Süssekind, quando uma barra possui um trecho curvo,
essa parte específica é comumente denominada como uma “viga-balcão.” Outra perspectiva,
proposta por Campanari, sugere que uma viga-balcão pode ser composta por dois trechos
retos unidos. No entanto, independentemente da abordagem adotada, os efeitos resultantes
em termos de esforços são consistentes: a presença de momentos fletores e torção, junta-
mente com o esforço cortante que age perpendicularmente ao plano da estrutura.

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4
TÓPICO

FIOS E CABOS

Nesta unidade adentraremos no mundo dos fios e cabos, elementos essenciais na


mecânica das estruturas. Fios e cabos desempenham um papel crucial na engenharia civil, me-
cânica e outras disciplinas, sendo frequentemente empregados em aplicações que envolvem a
sustentação de cargas, transmissão de forças e movimento. Esta unidade abordará conceitos,
propriedades, análise e projeto de fios e cabos, destacando sua relevância na engenharia.
Então, para iniciarmos vamos entender o conceito de fios e cabos:
• Fios: São elementos lineares simples, geralmente feitos de metal, plástico ou
materiais compósitos. Sua seção transversal pode variar, mas eles são caracte-
rizados por serem flexíveis e alongáveis.
• Cabos: São compostos por múltiplos fios individuais entrelaçados para formar
uma única estrutura mais forte. Isso proporciona maior resistência, tornando-os
ideais para aplicações que exigem alta capacidade de suporte de carga.

O cabo é uma barra cujo comprimento é tão significativamente maior em relação à


sua seção transversal que ele se torna flexível, ou seja, não possui rigidez tanto à compres-
são quanto à flexão. Em termos mais simples, um cabo não oferece qualquer resistência a
forças de compressão e flexão, deformando-se completamente quando submetido a esses
tipos de esforços. Um cabo só apresenta resistência quando é tracionado e, portanto, deve
ser utilizado apenas em situações que envolvam esse tipo de carga.
As forças em fios sempre atuam na forma de tração, ou seja, seguem a direção do
cabo e têm o propósito de esticá-lo. Como resultado, os fios não podem ser submetidos a
esforços de compressão ou forças que atuam perpendicularmente à direção do cabo.

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 16


Sua classificação pode ser dada da seguinte forma:
• Materiais: A escolha do material adequado para um fio ou cabo depende de sua
capacidade de resistir à tração. Materiais como aço, nylon, polímeros reforçados
e fibras sintéticas são frequentemente usados devido à sua alta resistência à
tração. Engenheiros e projetistas devem considerar as propriedades intrínsecas
desses materiais ao selecioná-los para uma aplicação específica.
• Uso: Há uma ampla variedade de tipos, como cabos de aço (usados em guinchos
e elevadores), cabos de suspensão (em pontes e estruturas de sustentação),
entre outros.
• Construção: Isso inclui cabos torcidos (compostos por fios torcidos em torno de
um núcleo central) e cabos trançados (compostos por fios dispostos em padrões
entrelaçados).

Em relação a sua propriedade mecânica, temos a resistência à tração, alongamento


e deformação, flexibilidade e ductilidade.
• A resistência à tração é uma medida da capacidade de um fio ou cabo supor-
tar cargas em tração sem se romper. Essa propriedade é crucial na seleção de
materiais e diâmetros adequados. Ao conhecer a resistência à tração de um fio
ou cabo, é possível calcular a carga máxima que o material pode suportar antes
de se romper. Isso é essencial na concepção de estruturas e sistemas onde a
integridade do material é crítica, como pontes suspensas, cabos de elevadores
e sistemas de sustentação. A espessura do fio ou cabo também é influenciada
pela resistência à tração necessária. Diâmetros maiores proporcionam maior
capacidade de carga de tração. Portanto, ao projetar ou selecionar fios e cabos,
o diâmetro é um fator crítico a ser considerado.

Alongamento e Deformação:
• Fios e cabos podem sofrer alongamento sob cargas, o que é uma consideração
crítica no projeto de elementos tensionados. Compreender o comportamento de
deformação é fundamental para evitar sobrecargas e falhas.

Flexibilidade e Ductilidade:
• A flexibilidade permite que fios e cabos se adaptem a diferentes configurações
e curvaturas. A ductilidade é a capacidade de esticar sem se romper, o que é
importante em situações onde cargas são aplicadas gradualmente.

Análise de Cargas e Reações:


Tipos de Cargas:

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 17


• Fios e cabos podem ser submetidos a uma variedade de cargas, incluindo:
◦ Tração: Cargas aplicadas em linha reta, como o peso de uma ponte suspensa.
◦ Compressão: Cargas que comprimem os fios ou cabos, como em estruturas
de suporte vertical.
◦ Torção: Forças rotacionais, aplicadas, por exemplo, em sistemas de suspen-
são giratórios.

Em sistemas de fios e cabos, é necessário determinar as reações de apoio. Isso


inclui a análise das forças de ancoragem, que garantem o equilíbrio da estrutura e a trans-
ferência adequada de forças.
A análise de tensões envolve a determinação das tensões atuantes nos fios e ca-
bos sob cargas específicas. Isso é fundamental para garantir que a capacidade de carga
seja mantida dentro dos limites de segurança. O projeto de fios e cabos requer a escolha
adequada de materiais, diâmetros e configurações com base nos requisitos de resistência,
segurança e durabilidade. A seleção do material, como aço inoxidável ou polímeros de alta
resistência, é um aspecto crítico.
Quando falamos sobre os fatores de segurança, precisamos estar atentos a diver-
sos detalhes ao qual o elemento estará submetido. A introdução de fatores de segurança é
essencial para garantir a confiabilidade dos fios e cabos em aplicações críticas. O uso de
margens de segurança adequadas é fundamental para prevenir falhas inesperadas.
Conclusão: Fios e cabos são elementos vitais na mecânica das estruturas, sendo
empregados em diversas aplicações em engenharia civil, mecânica e elétrica. Compreen-
der suas propriedades mecânicas, a análise de cargas, reações e os princípios de projeto
é essencial para garantir o desempenho seguro e confiável desses elementos em uma
variedade de contextos. O conhecimento sobre a seleção adequada de materiais, configu-
rações e a aplicação de fatores de segurança é essencial para engenheiros e profissionais
que trabalham com fios e cabos em projetos e estruturas complexas.

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 18


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a),

Chegamos ao final da jornada desta unidade na disciplina de Mecânica das Estru-


turas. Durante este percurso, exploramos uma variedade de tópicos essenciais que são
fundamentais para compreender as estruturas que nos cercam e os princípios subjacentes
que as tornam seguras, estáveis e eficazes.
Ao longo desta unidade, discutimos diversos conceitos e técnicas, abrangendo
desde estruturas isostáticas e hipostáticas até pórticos planos, grelhas, fios e cabos. Fo-
mos além da superfície, aprofundando-nos em propriedades mecânicas, análise de cargas,
reações de apoio, seleção de materiais e fatores de segurança. Cada tópico abordado
desempenha um papel vital na mecânica das estruturas e é uma base sólida para qualquer
engenheiro ou profissional da área.
À medida que vocês seguem adiante em suas carreiras acadêmicas ou profissio-
nais, espero que levem consigo o conhecimento adquirido nesta unidade, pois ela é a base
de construção deste conhecimento para os conteúdos das próximas unidades.

Bons estudos!

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LEITURA COMPLEMENTAR
Como sugestão de leitura, vale a recomendação da análise de grelha do software
EBERICK, pois é importante que o aluno entenda como utilizar os conteúdos aqui estuda-
dos na prática.
Fonte: https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-br/articles/11544334755095--Tutorial-E-
berick-Editor-de-Grelha-Analogia-de-grelha

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 20


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática
• Autor: Ferdinand P. Beer, E. Russell Johnston Jr. e David F.
Mazurek.
• Editora: AMGH; 9ª edição (3 agosto 2011)
• Sinopse: Este livro aborda os princípios fundamentais de me-
cânica das estruturas de uma maneira clara e acessível, sendo
amplamente utilizado em cursos de engenharia civil e áreas afins.
Ele oferece uma introdução sólida aos conceitos de estática, o
que é essencial para entender o comportamento das estruturas.
Certifique-se de escolher a edição mais recente disponível, já que
os livros didáticos podem ser atualizados com o tempo para incluir
avanços e melhorias.

FILME/VÍDEO
• Título: O Voo (Flight)
• Ano: 2012
• Sinopse: O filme segue um piloto (interpretado por Denzel
Washington) que lida com as consequências de um acidente aéreo.
Embora o enredo principal se concentre nas circunstâncias que
levaram ao acidente e nas questões éticas subsequentes, algumas
cenas podem envolver discussões e demonstrações relacionadas
à integridade estrutural de aeronaves.

UNIDADE 1 ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 21


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UNIDADE

DESLOCAMENTO
DE ESTRUTURA
ISOSTÁTICA

Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki

Plano de Estudos
• Linha elástica;
• PTV;
• Método da carga unitária;
• Método dos Deslocamentos

Objetivos da Aprendizagem
• Conceitos e Definições de Linha elástica, PTV, Método da carga
unitária, Deslocamentos;
• Campos de estudo do método dos deslocamentos;
• Breve histórico dos métodos de Linha elástica, PTV, Método da
carga unitária, Deslocamentos;
• Uso dos métodos de Linha elástica, PTV, Método da carga
unitária, Deslocamentos.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),

Neste novo capítulo da nossa apostila de Mecânica das Estruturas, mergulharemos


em um tema empolgante: os deslocamentos em estruturas isostáticas. Você já aprendeu
muito sobre o equilíbrio e a análise das forças que atuam em estruturas, e agora é o
momento de expandir seus horizontes, explorando como essas estruturas se comportam
quando submetidas a carregamentos e deformações. Os deslocamentos em estruturas
desempenham um papel crucial na engenharia civil e mecânica. Compreender como uma
estrutura se deforma sob a influência de forças é essencial para o projeto de edifícios,
pontes, vigas, e muitas outras estruturas que sustentam nosso mundo.
Neste capítulo, exploraremos tópicos como a “Linha elástica”, o “PTV (Princípio
dos Trabalhos Virtuais)”, o “Método da carga unitária” e como calcular os deslocamentos
em estruturas. Você descobrirá como determinar a quantidade de deformação que uma
estrutura sofre e como isso afeta sua estabilidade e integridade.
À medida que avançamos, você perceberá como esses conceitos são fundamentais
para a análise e projeto de estruturas reais. Portanto, prepare-se para embarcar em uma
jornada emocionante de descoberta e aplicação prática.
Estamos ansiosos para explorar este tópico com você, e temos certeza de que, ao
final deste capítulo, você terá adquirido uma compreensão sólida dos deslocamentos em
estruturas isostáticas e como aplicar esse conhecimento em seu trabalho como engenheiro.

Vamos começar essa emocionante jornada, bons estudos!

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 23


1
TÓPICO

LINHA ELÁSTICA

A “Linha Elástica” é um conceito fundamental na mecânica das estruturas que nos


permite compreender como as estruturas isostáticas se deformam sob a influência de car-
regamentos. É uma ferramenta valiosa para analisar as deformações e deslocamentos que
ocorrem em estruturas devido às cargas aplicadas.
Quando uma estrutura isostática é submetida a forças, ela sofre deformações. A
“Linha Elástica” é uma representação gráfica que descreve como os pontos da estrutura
se deslocam de suas posições originais para novas posições de equilíbrio à medida que
a carga é aplicada. Essa linha é chamada “elástica” porque assume que o material da
estrutura se comporta de maneira elástica, ou seja, ele volta à sua forma original quando
as forças são removidas.
Os deslocamentos ao longo da “Linha Elástica” são geralmente proporcionais às
cargas aplicadas. Isso significa que podemos calcular os deslocamentos em vários pontos da
estrutura com base nas forças aplicadas e nas propriedades da estrutura. Isso é especialmente
útil para prever como uma estrutura irá se comportar sob diferentes cenários de carregamento.
Além disso, a “Linha Elástica” é uma ferramenta valiosa para avaliar a segurança e a
estabilidade da estrutura. Ao analisar como os deslocamentos se desenvolvem, podemos iden-
tificar pontos críticos onde as deformações são maiores, ajudando a prevenir falhas potenciais.
Antes de nos aprofundarmos, precisamos entender o conceito de deflexão.
Deflexão é um conceito essencial na mecânica das estruturas e está relacionado à
deformação ou deslocamento que uma estrutura sofre sob a influência de cargas aplicadas.
É a medida da curvatura ou flexão de uma estrutura quando submetida a forças externas.

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“A competitividade de um país não começa nas indústrias ou nos laboratórios de engenharia. Ela começa
na sala de aula.”
Lee Iacocca (2012).

A deflexão é uma característica intrínseca de todas as estruturas e é especialmente


significativa em estruturas isostáticas e hiperestáticas. Quando uma carga é aplicada a uma
estrutura, ela tende a se deformar, resultando em um deslocamento ou inclinação de seus
elementos. Essa deformação é conhecida como deflexão.
A magnitude da deflexão depende de vários fatores, incluindo a intensidade das
cargas aplicadas, as propriedades dos materiais utilizados na estrutura e a geometria da
própria estrutura. Em geral, estruturas mais flexíveis, como vigas longas, tendem a ter de-
flexões maiores em comparação com estruturas mais rígidas, como colunas curtas. Visto,
isso podemos retomar o conceito de linha elástica.
O conceito da “linha elástica” é fundamentalmente simples. Trata-se, em essência,
de um diagrama que representa a deflexão de um componente, frequentemente uma viga.
Para esclarecer, a deflexão refere-se à magnitude da curvatura que uma viga experimentará
sob a influência de uma carga.
Para uma melhor compreensão, considere o seguinte exemplo prático: imagine
uma viga reta apoiada em ambos os extremos, submetida a uma força concentrada, con-
forme ilustrado abaixo:

IMAGEM 01: APLICAÇÃO DA FORÇA

Fonte: O autor, 2023

Devido à aplicação da força, teremos a deformação da viga que se dará conforme


imagem 02 , onde é possível perceber a deformação da linha elástica representada pela
linha escura passando em seu centro.

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IMAGEM 02: DEFORMAÇÃO DA VIGA

Fonte: O autor, 2023

1.1 Condições de contorno


Quando planejamos uma estrutura, é necessário decidir qual o tipo de apoio que
esta viga irá ter, dessa forma ela pode ser apoiada ou engastada. O tipo de engaste da viga
irá determinar suas variações em relação à rotação e ao eixo y.
Uma viga em balanço que receberá carregamento, irá se comportar conforme a
imagem 03.

IMAGEM 03: VIGA ENGASTADA RECEBENDO CARREGAMENTO

Fonte: O autor, 2023

Ao analisar a viga engastada, podemos perceber que as condições de contorno da


viga se alteraram, ou seja, no ponto de engaste a viga continuou igual, porém em sua borda
livre podemos perceber que ela variou em relação ao ângulo e ao eixo y.

IMAGEM 04 - CONDIÇÕES DE CONTORNO DA LINHA ELÁSTICA

Fonte: Responde aí,2023. Disponível em: https://www.respondeai.com.br/conteudo/mecanica-e-resistencia-dos-


materiais/linha-elastica-flambagem-vigas-e-eixos/metodo-da-integracao/2351

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1.2 Flecha e declividade
O método da linha elástica é uma técnica poderosa na mecânica das estruturas
que nos permite analisar a deformação de estruturas, especificamente no que diz respeito
à flecha (deflexão vertical) e à declividade (inclinação angular) de componentes estruturais.
A flecha, também conhecida como deflexão vertical, é a medida da curvatura ou
deslocamento vertical de um elemento estrutural, como uma viga, quando sujeito a cargas
aplicadas.
A declividade é a medida da inclinação angular de um componente estrutural, como
uma viga ou uma coluna, em resposta a cargas aplicadas. A declividade é igualmente rele-
vante para determinar a estabilidade e a integridade de uma estrutura.
Sabendo disto, A geometria de um elemento estrutural é determinada pelo momen-
to de inércia (I), o material é caracterizado pelo coeficiente de elasticidade (E), e a carga
aplicada é representada pelo momento fletor (M). Portanto, é possível definir o raio de
curvatura (p) da seguinte forma:

Em algumas literaturas, vocês podem encontrar essa fórmula sendo definida como
relação momento - curvatura, ou seja, esta é a nossa fórmula da linha elástica.

Dando sequência ao nosso assunto, seguindo as fórmulas gerais da geometria


analítica e considerando pequenas inclinações da tangente à curva de deformação (dy/dx),
é possível escrever com uma aproximação aceitável:

Com isso, concluímos que:

Segundo PORTO (2009), esta é a conhecida “equação da elástica”, que, após a


realização de duas integrações consecutivas, nos fornece a rotação em cada seção (θ = dy/
dx) e a deformação do eixo da viga (y = δ(x).
É importante lembrar as convenções de sinal a serem aplicadas ao manipular as
equações anteriores: (i) os eixos x e y estão positivamente orientados para a direita e para
cima, respectivamente; (ii) a deflexão y (ou δ) é considerada positiva quando ocorre para
cima; (iii) a inclinação ou rotação θ = dy/dx é medida positivamente no sentido anti-horário;
(iv) a curvatura (1/R) é considerada positiva quando a viga é deformada de modo a ter a
concavidade voltada para cima; e (v) o momento fletor M é positivo quando induz compres-
são na parte superior da viga.

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2
TÓPICO

PTV

Ao aplicar o PTV (Principio dos trabalhos virtuais), você aprenderá a calcular as


reações de apoio, os deslocamentos, as tensões internas e outras propriedades críticas de
uma estrutura. Este método é essencial para o projeto e a análise estrutural em engenharia
civil e mecânica, e sua compreensão é fundamental para o sucesso na área.
Vamos explorar o Princípio dos Trabalhos Virtuais em detalhes nesta unidade, mos-
trando como ele é aplicado em cenários práticos de engenharia imaginário ou uma força
imaginária, aplicados de forma arbitrária a um sistema estrutural.
O trabalho virtual pode ser entendido como o trabalho realizado por:
• Forças reais durante um deslocamento virtual;
• Forças virtuais durante um deslocamento real.

O deslocamento virtual é um deslocamento que resulta de uma ação distinta da-


quela gerada pelo sistema de carregamento atuante na estrutura.
A força virtual pode ser interpretada como uma força diferente daquela que está
causando o deslocamento real.
Para aplicar este principio podemos seguir os seguintes passos:

Passo 1: Formulação do Problema


Primeiro, é necessário definir o problema e conhecer as características da estrutu-
ra. Isso inclui a geometria da estrutura, as cargas aplicadas, as condições de contorno, as
propriedades dos materiais e a localização das reações de apoio.

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Passo 2: Escolha dos Deslocamentos Virtuais
Neste passo, você seleciona os deslocamentos virtuais apropriados para a análi-
se. Os deslocamentos virtuais são pequenas perturbações imaginárias que você impõe à
estrutura para calcular as reações e as deformações. Esses deslocamentos virtuais podem
ser, por exemplo, variações infinitesimais na posição de um ponto ou a rotação de uma
seção da estrutura.

Passo 3: Determinação do Trabalho Virtual Externo


Agora, calcule o trabalho virtual externo realizado pelas forças reais enquanto a
estrutura sofre os deslocamentos virtuais que você impôs. Isso envolve a integração das
forças atuantes ao longo dos deslocamentos virtuais. O trabalho virtual externo (W_ext) é
expresso como:

W_ext = ∫ (Forças reais) * (Deslocamentos virtuais) dx

Passo 4: Cálculo do Trabalho Virtual Interno


Calcule o trabalho virtual interno na estrutura. Esse trabalho é o resultado das
tensões internas que ocorrem na estrutura devido aos deslocamentos virtuais. O trabalho
virtual interno (W_int) é expresso como:

W_int = ∫ (Tensões internas) * (Deslocamentos virtuais) dx

Passo 5: Aplicação do Princípio dos Trabalhos Virtuais


A aplicação do PTV afirma que o trabalho virtual externo é igual ao trabalho virtual
interno:

W_ext = W_int

Isso resulta em uma equação que pode ser usada para resolver os deslocamentos
desconhecidos. A equação geral é:

∫ (Forças reais) * (Deslocamentos virtuais) dx = ∫ (Tensões internas) * (Deslocamentos


virtuais) dx

Passo 6: Resolução para os Deslocamentos Desconhecidos


Agora, você pode resolver a equação obtida no passo anterior para os desloca-
mentos desconhecidos. Isso envolve a integração das forças reais e das tensões internas

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 29


ao longo dos deslocamentos virtuais e a resolução da equação resultante para os desloca-
mentos da estrutura.

Passo 7: Verificação e Interpretação


Finalmente, verifique e interprete os resultados. Certifique-se de que os desloca-
mentos encontrados atendam às condições de contorno da estrutura e que as tensões
internas não excedam os limites de segurança dos materiais.

Para a aplicação em treliças vamos exemplificar na prática sua aplicação. Primei-


ramente precisamos entender que:

Então teremos que:

Isso corresponde ao deslocamento axial relativo de uma barra de comprimento “L”,


área de seção transversal constante “A” solicitada por uma carga axial “N”.
Segundo GOMES (2009), O Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) é empregado
através da introdução de uma “carga virtual unitária” (P) como parte do primeiro termo da
expressão. Isso resulta na geração de “esforços internos virtuais” (Ni) que são considerados
no segundo membro da equação.

O primeiro termo corresponde ao deslocamento real e o segundo termo


corresponde ao deslocamento devido à parcela virtual e esforços internos reais. Vamos
calcular o deslocamento através do método PTV para a treliça abaixo:

IMAGEM 5: TRELIÇA

Fonte: Scremin, Universidade Positivo

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 30


Teremos para todas as barras:
E = 200GPa
A = 10 x 30 mm
Então teremos:

IMAGEM 6: TRELIÇA RESOLVIDA

Fonte: Fonte: Scremin, Universidade Positivo

Então substituindo cada valor pelo seu respectivo termo, teremos:

É importante observar que, uma vez que a força virtual (P = 1 kN) foi aplicada para
baixo no ponto B da treliça, o deslocamento resultante de 8,888 mm é apresentado como
positivo, uma vez que ocorre na mesma direção e sentido da aplicação da força virtual que
foi adotada.
Para simplificar o processo de integração, é viável utilizar tabelas de integrais que
se baseiam na geometria dos diagramas de esforços internos. No entanto, é fundamental
que os diagramas sejam traçados com precisão tanto para as cargas reais quanto para
as cargas virtuais em cada componente da estrutura do pórtico. Além disso, é necessário

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 31


definir os valores dos esforços internos nos extremos e no ponto médio de cada barra. Isso
permite uma análise mais eficaz e simplifica os cálculos envolvidos na análise estrutural.
Para o cálculo em pórticos, podemos utilizar a tabela a seguir que consiste na
combinação dos diagramas de momentos fletores:

IMAGEM 7: COMBINAÇÃO DE MOMENTOS FLETORES

Fonte: Martha, 2010

Em tese, na aplicação do PTV aos pórticos planos isostáticos, devem ser conside-
rados os efeitos de todos os três esforços internos (M, Q e N):

Entretanto, tal como nas vigas, o efeito do momento fletor, “geralmente” acaba
sobressaindo-se aos demais, de modo que, a influência do esforço cortante e do esforço
normal acabam sendo negligenciadas:

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3
TÓPICO

MÉTODO DA
CARGA UNITÁRIA

De acordo com SORIANO (O Método da Carga Unitária é uma abordagem impor-


tante na análise de deslocamentos em estruturas isostáticas. Ele se baseia na ideia de que
o deslocamento de um ponto em uma estrutura é diretamente proporcional à carga unitária
(uma força unitária aplicada) em um ponto específico. Vamos explorar em detalhes como
esse método é aplicado para calcular deslocamentos em estruturas isostáticas.

Passo 1: Identificação do Ponto de Interesse


O primeiro passo é identificar o ponto na estrutura para o qual desejamos calcular o
deslocamento. Este ponto pode ser um ponto de interesse crítico, como um ponto de apoio
ou uma seção específica da estrutura.

Passo 2: Aplicação da Carga Unitária


Neste passo, uma carga unitária (geralmente igual a 1) é aplicada no ponto de in-
teresse da estrutura. Essa carga unitária é uma força imaginária que nos ajudará a calcular
o deslocamento do ponto.

Passo 3: Cálculo das Reações de Apoio


Com a carga unitária aplicada, a estrutura sofre deslocamentos e deformações.
Para calcular o deslocamento no ponto de interesse, é necessário determinar as reações
de apoio que surgem devido à aplicação da carga unitária. Isso envolve o uso das equações
de equilíbrio da estrutura.

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Passo 4: Cálculo do Deslocamento
Uma vez que as reações de apoio são determinadas, você pode calcular o desloca-
mento no ponto de interesse usando a equação de equilíbrio. O deslocamento é calculado
como a razão entre a carga unitária aplicada e a reação de apoio correspondente.

Passo 5: Verificação e Interpretação


Após calcular o deslocamento, é fundamental verificar se atende aos requisitos de
projeto e segurança da estrutura. É importante lembrar que o Método da Carga Unitária
fornece o deslocamento em termos de sua magnitude e direção.
Este método é especialmente útil para calcular deslocamentos em estruturas isos-
táticas simples, como vigas e treliças.
O Método da Carga Unitária é frequentemente utilizado em estruturas isostáticas
quando se deseja calcular deslocamentos em pontos específicos da estrutura. É uma
técnica eficaz para determinar a resposta de uma estrutura, como vigas, treliças e outros
elementos isostáticos, a cargas aplicadas ou forças em pontos de interesse.
Existem várias situações em que o Método da Carga Unitária é aplicado em estru-
turas isostáticas:

Cálculo de Deslocamentos em Pontos Críticos: O método é empregado quando


se deseja calcular deslocamentos em pontos críticos, como pontos de apoio, pontos de
máximo momento ou outros locais de interesse.

Avaliação de Deformações: É usado para avaliar a deformação ou deflexão de


uma estrutura devido a cargas externas, permitindo a análise da integridade e segurança
da estrutura.

Determinação de Reações de Apoio: O método é aplicado para calcular as rea-


ções de apoio em pontos de engaste, articulações ou apoio da estrutura.

Análise de Estruturas Simples: É especialmente útil em estruturas isostáticas


simples, como vigas simples ou contínuas, treliças, pórticos e estruturas semelhantes.

Estudo de Comportamento Sob Cargas Variáveis: O Método da Carga Unitária


é usado para entender como a estrutura responde a cargas variáveis em diferentes pontos.

Considere uma viga simplesmente apoiada de 5 metros de comprimento e uma


carga concentrada de 10 kN aplicada a 2 metros do apoio esquerdo. Utilizando o Método
da Carga Unitária, calcule o deslocamento vertical na seção central da viga.

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IMAGEM 8- VIGA BI-APOIADA

Fonte: O autor, 2023

Aluno(a), Você já parou para analisar como os diferentes tipos de engastes podem influenciar no cálculo da
estrutura? Que tal investir tempo pesquisando sobre os diferentes tipos de apoio que uma estrutura pode
apresentar, e aperfeiçoar ainda mais seu conhecimento sobre estruturas.
Fonte: O autor, 2023.

Solução:
Aplicação da Carga Unitária:
Inicialmente, aplicamos uma carga unitária (1 kN) na seção central da viga, onde
desejamos calcular o deslocamento.
Cálculo das Reações de Apoio
A viga tem dois apoios, e a carga unitária aplicada a 2 metros do apoio esquerdo
gera um momento reativo e uma força reativa no apoio direito. Para calcular essas reações,
utilizamos as equações de equilíbrio.
Somas de forças verticais:
ΣFy = 0 R1 (reação no apoio esquerdo) - 1 kN (carga unitária) - 10 kN (carga
concentrada) = 0 R1 = 11 kN
Somas de momentos no apoio direito:
ΣM = 0 (Distância de 2 metros x 1 kN) - (Distância de 5 metros x 11 kN) + (Distância
de 3 metros x R2) = 0 R2 = 12 kN
Cálculo do Deslocamento:
Agora que temos as reações de apoio, podemos calcular o deslocamento na seção
central da viga.
O deslocamento (Δ) é dado pela fórmula:
Δ = (Carga Unitária) / (R2) = (1 kN) / (12 kN) = 1/12 metros
Convertendo para milímetros, temos Δ = (1/12) * 1000 mm = 83,33 mm
Portanto, o deslocamento vertical na seção central da viga é de aproximadamente
83,33 mm quando uma carga unitária é aplicada.

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4
TÓPICO

MÉTODO DOS
DESLOCAMENTOS

Segundo SORIANO (2014), a formulação matemática do método dos deslocamen-


tos é bastante semelhante à do método das forças, e a escolha entre um ou outro método
de análise depende da situação que oferece maior vantagem.
O método dos deslocamentos é aplicável tanto a estruturas isostáticas quanto a hi-
perestáticas, e é particularmente útil na análise de estruturas hiperestáticas, especialmente
quando o grau de indeterminação estática é elevado.
Este método é altamente adaptável à programação automática, uma vez que res-
tringe todos os deslocamentos, o que difere do método das forças, no qual apenas algumas
liberações são introduzidas para tornar a estrutura isostática. No método dos deslocamen-
tos, a solução de uma estrutura leva em consideração os três grupos de condições básicas
na Análise Estrutural: condições de equilíbrio, condições de compatibilidade entre desloca-
mentos e deformações, e condições estabelecidas pelas leis constitutivas dos materiais.
A metodologia de cálculo do método dos deslocamentos consiste em:
• Somar uma série de soluções básicas, chamadas de casos básicos, que satis-
fazem as condições de compatibilidade, mesmo que não satisfaçam as condições
de equilíbrio da estrutura original.
• Utilizar a superposição para restabelecer as condições de equilíbrio na estru-
tura.

O método dos deslocamentos é uma técnica poderosa e flexível que permite ana-
lisar estruturas complexas com alto grau de indeterminação, o que o torna essencial na

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 36


engenharia civil e mecânica das estruturas. Ele fornece soluções precisas para uma ampla
gama de problemas estruturais, garantindo que as condições de equilíbrio e compatibilidade
sejam atendidas de maneira satisfatória.
Ele é especialmente útil quando se lida com estruturas complexas que exigem
análises detalhadas. Abaixo, descrevo os passos básicos para aplicar o Método dos Deslo-
camentos em estruturas isostáticas:

Passo 1: Formulação do Problema Primeiramente, você deve definir o problema


e entender as características da estrutura. Isso inclui a geometria da estrutura, as cargas
aplicadas, as condições de contorno, as propriedades dos materiais e a localização dos
pontos de interesse para os deslocamentos.

Passo 2: Idealização da Estrutura A seguir, você idealiza a estrutura por meio de


modelos matemáticos, como a modelagem de elementos finitos, para representar com
precisão o comportamento da estrutura.

Passo 3: Cálculo das Reações de Apoio A partir das equações de equilíbrio, você
determina as reações de apoio da estrutura. Em estruturas isostáticas, esse cálculo é direto,
pois a estrutura está em equilíbrio apenas com as reações de apoio.

Passo 4: Aplicação das Condições de Contorno Neste passo, você aplica as con-
dições de contorno da estrutura, que podem incluir restrições de deslocamento ou rotação
em pontos específicos. Essas condições refletem como a estrutura é apoiada e como ela
interage com seu entorno.

Passo 5: Montagem das Equações de Equilíbrio Com as reações de apoio conhe-


cidas e as condições de contorno aplicadas, você monta as equações de equilíbrio para a
estrutura, levando em consideração as forças externas, momentos e momentos torcionais.

Passo 6: Introdução das Variáveis de Deslocamento Introduza as variáveis de des-


locamento desconhecidas para a estrutura. Essas variáveis representam os deslocamentos
verticais, horizontais e rotações nos pontos de interesse.

Passo 7: Solução do Sistema de Equações Resolva o sistema de equações resul-


tante para as variáveis de deslocamento desconhecidas. Isso pode ser feito numericamente
usando métodos computacionais, como a análise de elementos finitos.

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 37


Passo 8: Cálculo dos Deslocamentos Com as variáveis de deslocamento determi-
nadas, você pode calcular os deslocamentos, rotações e deformações nos pontos de inte-
resse da estrutura. Isso fornece informações importantes sobre como a estrutura responde
às cargas aplicadas e as condições de contorno.

Passo 9: Verificação e Interpretação dos Resultados Finalmente, verifique se os


deslocamentos obtidos atendem às condições de segurança e desempenho da estrutura.
Os resultados também devem ser interpretados à luz das necessidades do projeto.

O Método dos Deslocamentos é uma ferramenta poderosa que permite a análise


detalhada de estruturas isostáticas, fornecendo informações essenciais para o projeto e a
avaliação de estruturas na engenharia civil e mecânica das estruturas. Ele é amplamente
utilizado para compreender o comportamento de estruturas sob diferentes condições de
carga e ajuda os engenheiros a tomar decisões informadas sobre o dimensionamento e a
segurança das estruturas.
Vamos entender na prática a sua aplicação, para isso vamos utilizar a mesma viga
que calculamos no capítulo anterior.
Considere uma viga simplesmente apoiada de 4 metros de comprimento submetida
a uma carga concentrada de 10 kN a 2 metros do apoio esquerdo. Queremos calcular o
deslocamento vertical no ponto médio da viga.

IMAGEM 9 - VIGA BI-APOIADA

Fonte: O autor, 2023

Passo 1: Formulação do Problema


• Comprimento da viga (L) = 4 metros
• Carga concentrada (P) = 10 kN
• Distância da carga ao apoio esquerdo (a) = 2 metros

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 38


Passo 2: Cálculo das Reações de Apoio Para uma viga simplesmente apoiada, as
reações nos apoios são calculadas utilizando as equações de equilíbrio. As reações são:
• Reação no apoio esquerdo (R1) = 5 kN (metade da carga concentrada)
• Reação no apoio direito (R2) = 5 kN (metade da carga concentrada)

Passo 3: Aplicação das Condições de Contorno Como a viga é simplesmente


apoiada, os deslocamentos verticais nos apoios são restritos, ou seja, eles são iguais a
zero. Portanto, aplicamos as condições de contorno:
• Deslocamento em A (ua) = 0
• Deslocamento em B (ub) = 0

Passo 4: Montagem das Equações de Equilíbrio Montamos as equações de equilíbrio


da estrutura, levando em consideração as reações de apoio. As equações de equilíbrio são:
• ΣFy = 0: R1 + R2 - P = 0
• ΣM(A) = 0: -Pa + R2(L) = 0

Passo 5: Introdução das Variáveis de Deslocamento Introduzimos as variáveis de


deslocamento desconhecidas nos pontos de interesse:
• Deslocamento no ponto médio (um) = u

Passo 6: Solução do Sistema de Equações Resolvemos o sistema de equações


resultante para as variáveis de deslocamento desconhecidas:
• R1 + R2 - P = 0 ⇒ 5 kN + 5 kN - 10 kN = 0 ⇒ R1 = R2 = 5 kN
• -Pa + R2(L) = 0 ⇒ -10 kN * 2 m + 5 kN * 4 m = 0 ⇒ -20 kNm + 20 kNm = 0

Passo 7: Cálculo do Deslocamento Com as reações de apoio conhecidas, calcu-


lamos o deslocamento no ponto médio (u) utilizando a equação: u = -Pa / (2 * E * I) Onde:
• Pa = 10 kN
• E = Módulo de Elasticidade do material da viga (constante)
• I = Momento de Inércia da viga (constante)

Passo 8: Resultados Vamos considerar que E = 200 GPa e I = 1.33e-4 m^4. Subs-
tituindo os valores na equação: u = -(10 kN * 2 m) / (2 * 200 GPa * 1.33e-4 m^4) u ≈ -0.075
mm (milímetros).
Portanto, o deslocamento vertical no ponto médio da viga é de aproximadamente
-0.075 mm, o que indica que a viga se move para baixo sob a ação da carga concentrada.
O sinal negativo indica a direção do deslocamento.

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 39


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim de mais uma unidade!

Tivemos a oportunidade de conhecer sobre o método da Linha Elástica que oferece


uma representação gráfica das deformações em uma estrutura, permitindo a visualização
das variações de curvatura e deslocamento ao longo de sua extensão. Essa representação
é valiosa para entender o comportamento de uma estrutura sob carga.
Já o PTV é uma técnica que se baseia no princípio dos trabalhos virtuais, onde os
deslocamentos virtuais são relacionados aos esforços virtuais para calcular deslocamentos
e rotações. Isso é especialmente útil em estruturas hiperestáticas, onde as equações de
equilíbrio não são suficientes para a análise.
Temos também o Método da Carga Unitária (ou Método da Carga Unitária) é uma
abordagem que envolve a aplicação de cargas virtuais unitárias em pontos específicos da
estrutura para calcular os deslocamentos. Esse método é uma ferramenta poderosa para
determinar os deslocamentos de interesse em uma estrutura.
Por fim, o Método dos Deslocamentos permite calcular os deslocamentos em
pontos específicos da estrutura considerando as condições de equilíbrio, as condições
de compatibilidade e as leis constitutivas dos materiais. É particularmente adequado para
estruturas hiperestáticas, onde as restrições podem ser resolvidas por meio de equações
de deslocamento.
Esses tópicos são essenciais para engenheiros civis e estruturais, pois proporcio-
nam ferramentas valiosas para a análise e projeto de estruturas. Ao compreender e aplicar
esses conceitos, é possível garantir que as construções sejam seguras, estáveis e capazes
de resistir às cargas e demandas impostas sobre elas.

Até breve!

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 40


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Análise de estruturas: conceitos e métodos básicos
• Autor: MARTHA, Luiz Fernando.
• Editora: Elsevier, 2010
• Sinopse: introdução abrangente aos conceitos fundamentais
e métodos básicos de análise de estruturas na engenharia civil.
Além de tópicos como estática, elasticidade, análise de tensões e
deformações, além de métodos clássicos para a determinação de
reações, momentos, cortantes e deslocamentos em estruturas.

FILME/VÍDEO
• Título:”Ponte dos Espiões”
• Ano: 2015
• Sinopse: É um drama de espionagem que se passa durante a
Guerra Fria e envolve negociações de troca de prisioneiros entre os
Estados Unidos e a União Soviética. A história destaca a construção
da Ponte Glienicke, uma ponte utilizada para trocas entre os dois la-
dos. Embora o filme não se aprofunde profundamente nos aspectos
técnicos da engenharia civil, ele destaca a importância da engenha-
ria na construção e manutenção de infraestrutura significativa.

UNIDADE 2 DESLOCAMENTO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA 41


3
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UNIDADE

MÉTODO DAS
FORÇAS

Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki

Plano de Estudos
• Grau de Hiperestaticidade;
• Escolha do sistema principal;
• Equação de compatibilidade;
• Resolução de estruturas hiperestáticas.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o método das forças;
• Compreender os tipos de graus hiperestáticos, e sua importância;
• Estabelecer os passos para resolução das estruturas
hiperestáticas abordando o método das forças.
INTRODUÇÃO
Bem-vindo(a) aluno(a),

Ao longo deste plano, exploraremos conceitos fundamentais relacionados ao com-


portamento estrutural de sistemas hiperestáticos. Nosso foco se concentrará em quatro
pilares essenciais: o grau de hiperestaticidade, a escolha do sistema principal, a equação
de compatibilidade e, por fim, a resolução de estruturas hiperestáticas.
A compreensão desses elementos é crucial para engenheiros e profissionais da
área, pois nos permite abordar estruturas complexas que desafiam as tradicionais leis da
estática. Durante nossa jornada, examinaremos em detalhes como determinar o grau de
hiperestaticidade de uma estrutura, a importância da escolha do sistema principal para sim-
plificar cálculos, a aplicação da equação de compatibilidade para garantir a continuidade e
equilíbrio das deformações, e, finalmente, a resolução eficiente de estruturas hiperestáticas
utilizando o Método das Forças.
Prepare-se para mergulhar em um universo desafiador, onde a análise estrutural ul-
trapassa os limites convencionais. Estamos ansiosos para guiá-lo através desses conceitos,
fornecendo uma base sólida para enfrentar os desafios complexos que as estruturas hipe-
restáticas apresentam. Vamos juntos explorar o fascinante mundo do Método das Forças.

Bons estudos!

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 43


1
TÓPICO

GRAU DE
HIPERESTATICIDADE

A análise estrutural de sistemas que ultrapassam o equilíbrio estático tradicional


nos leva ao fascinante conceito de hiperestaticidade. Este capítulo inaugura nossa jornada
explorando o “Grau de Hiperestaticidade”, um parâmetro fundamental para compreender o
comportamento de estruturas complexas.

1.1 Definição e Significado


Vamos começar pela definição do grau de hiperestaticidade e entender o significado
por trás desse termo. Ao contrário das estruturas isostáticas, que podem ser completamen-
te definidas pelas equações de equilíbrio estático, as estruturas hiperestáticas desafiam
essas premissas, exigindo uma abordagem mais sofisticada.

1.2 Classificação dos Sistemas Estruturais


A classificação dos sistemas estruturais com base no grau de hiperestaticidade é
crucial para compreender as nuances entre diferentes tipos de estruturas e para determinar
a abordagem mais adequada na análise estrutural. Vamos explorar detalhadamente as
principais categorias:

1.2.1 Estruturas Isostáticas


As estruturas isostáticas são aquelas em que o número de equações de equilíbrio
é suficiente para resolver todas as incógnitas. Em outras palavras, as reações de apoio e
as forças internas podem ser determinadas exclusivamente pelas equações de equilíbrio
estático. Este tipo de estrutura é fundamental para introduzir os conceitos básicos de análi-
se estrutural e serve como ponto de partida para compreender estruturas mais complexas.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 44


1.2.2 Estruturas Hipostáticas
Quando o número de equações de equilíbrio é insuficiente para determinar todas
as reações e forças internas, temos estruturas hipostáticas. Essas estruturas apresentam
redundâncias, e sua análise requer métodos além das tradicionais equações de equilíbrio.
A introdução de graus adicionais de liberdade implica na necessidade de considerar defor-
mações e deslocamentos para obter uma solução consistente.

1.2.3 Estruturas Hiperestáticas


As estruturas hiperestáticas são aquelas em que o número de equações de
equilíbrio é excessivo em relação ao número mínimo necessário para resolver o sistema.
Esse excesso de equações decorre da presença de elementos ou apoios adicionais que
introduzem redundâncias. A hiperestaticidade amplia a complexidade da análise estrutural,
exigindo métodos avançados, como o Método das Forças, para determinar todas as rea-
ções e forças internas.

1.2.4 Estruturas Hiperestáticas Reduzidas


Em alguns casos, é possível reduzir uma estrutura hiperestática a uma estrutura
isostática equivalente. Isso simplifica a análise, mantendo a integridade das características
estruturais essenciais. A redução de uma estrutura hiperestática envolve eliminar graus de li-
berdade redundantes, permitindo a aplicação de métodos convencionais de análise isostática.
Ao compreender essas classificações, os engenheiros ganham uma base sólida
para escolher as ferramentas analíticas mais apropriadas ao lidar com estruturas de dife-
rentes graus de hiperestaticidade. Este conhecimento é fundamental para a aplicação eficaz
do Método das Forças e para enfrentar os desafios inerentes às estruturas complexas.

1.3 Indicadores de Hiperestaticidade


Identificar os indicadores de hiperestaticidade em uma estrutura é um passo crucial
para entender sua complexidade e determinar a abordagem analítica adequada. Vamos exa-
minar em detalhes os principais indicadores que revelam a presença de hiperestaticidade:

1.3.1 Redundâncias Estruturais


Uma indicação clara de hiperestaticidade é a presença de redundâncias estrutu-
rais. Redundância refere-se à inclusão de mais apoios, elementos ou vínculos do que o
necessário para sustentar a estabilidade estática. Esses elementos adicionais introduzem
graus de liberdade redundantes, tornando a estrutura hiperestática. A identificação dessas
redundâncias é essencial para a aplicação eficiente de métodos analíticos avançados.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 45


1.3.2 Excesso de Equações de Equilíbrio
Outro indicador de hiperestaticidade é o excesso de equações de equilíbrio em
comparação com o número mínimo necessário para resolver o sistema. Se o número de
equações de equilíbrio for maior que o necessário, isso indica a presença de elementos
redundantes, contribuindo para a complexidade do sistema. Esse excesso de equações é
um desafio clássico na análise de estruturas hiperestáticas.

O “grau de liberdade” em estruturas se refere ao número de direções independentes em que um ponto


pode se mover. Em termos mais simples, é o número de coordenadas necessárias para descrever comple-
tamente a posição de um ponto em uma estrutura. Em sistemas estruturais, o grau de liberdade é uma me-
dida fundamental para compreender a complexidade e a hiperestaticidade, pois indica quantas incógnitas
devem ser consideradas ao analisar as forças e deformações em um determinado ponto.

Fonte: O autor, 2023

1.3.3 Contagem de Graus de Liberdade


A contagem precisa dos graus de liberdade é essencial para determinar a hiperes-
taticidade de uma estrutura. Os graus de liberdade representam as direções em que um
ponto pode se mover. Em estruturas hiperestáticas, a contagem de graus de liberdade será
maior que o número de equações de equilíbrio, indicando a necessidade de considerar
deformações e deslocamentos para obter soluções consistentes.

1.3.4 Dependência Geométrica e Material


A dependência geométrica e material também é um indicador relevante. Quando
as propriedades geométricas ou materiais da estrutura estão inter-relacionadas de maneira
complexa, isso pode contribuir para a hiperestaticidade. Por exemplo, a deformação de um
elemento pode afetar diretamente outros elementos, introduzindo assim uma dependência
adicional que requer consideração na análise.
Compreender esses indicadores é fundamental para identificar estruturas hipe-
restáticas e preparar o terreno para a aplicação eficaz do Método das Forças. Durante a
análise estrutural, a habilidade de reconhecer e abordar esses indicadores permite aos
engenheiros enfrentar desafios analíticos complexos de maneira sistemática e eficiente.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 46


A hiperestaticidade em estruturas apresenta desafios analíticos únicos, mas su-
perar essas dificuldades oferece vantagens substanciais, ampliando as possibilidades de
projeto e análise estrutural.

Desafios Analíticos:
Excesso de Equações:
• Desafio: O número excessivo de equações de equilíbrio em relação às incógni-
tas pode tornar a solução do sistema complexa e difícil de obter usando métodos
tradicionais.
• Solução: Técnicas avançadas, como o Método das Forças, são empregadas
para lidar eficientemente com o excesso de equações, permitindo uma análise
mais precisa.

Determinação de Redundâncias:
• Desafio: Identificar as redundâncias estruturais é crucial, mas pode ser compli-
cado em sistemas complexos.
• Solução: Métodos de redução de redundâncias e técnicas de análise estrutural
avançada ajudam a determinar e gerenciar eficazmente os graus de liberdade
redundantes.

Dependência Geométrica e Material:


• Desafio: A inter-relação complexa entre propriedades geométricas e materiais
pode complicar a análise.
• Solução: Considerar cuidadosamente essa dependência é essencial para uma
análise precisa; no entanto, a capacidade de lidar com esses casos permite uma
compreensão mais profunda do comportamento estrutural.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 47


2
TÓPICO

ESCOLHA
DO SISTEMA
PRINCIPAL

A escolha do sistema principal é uma etapa crucial no Método das Forças, influen-
ciando diretamente na eficiência e simplicidade da análise estrutural.

“Em seu coração, a engenharia é sobre usar a ciência para encontrar soluções criativas e práticas. É uma
profissão nobre”.
(Rainha Elizabeth II)

Vamos explorar os conceitos relacionados a essa escolha e sua importância:

1. Definição do Sistema Principal:


• O “sistema principal” refere-se a uma porção escolhida da estrutura original.
Essa escolha não é aleatória, mas sim baseada em critérios específicos que
visam facilitar a análise. Geralmente, o sistema principal é um segmento da es-
trutura onde a hiperestaticidade é mais pronunciada.

2. Simplificação de Equações:
• A escolha do sistema principal tem como objetivo principal a simplificação das
equações de equilíbrio e compatibilidade. Isolando um segmento específico da
estrutura, reduzimos o número de incógnitas e concentramos nossa análise em

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 48


uma região mais controlável. Isso resulta em equações mais simples e diretas,
facilitando a resolução.

3. Estratégia de Análise Segmentada:


• Ao escolher o sistema principal, adotamos uma estratégia de análise segmenta-
da. Em vez de lidar com a complexidade de toda a estrutura hiperestática de uma
vez, concentramos nossos esforços em um trecho específico. Essa abordagem
divide o problema global em partes menores, tornando a análise mais gerenciável.

4. Critérios de Escolha:
• A seleção do sistema principal pode ser baseada em diversos critérios, como a
presença de cargas concentradas, a localização de apoios fixos ou a existência de
elementos estruturais significativos. Áreas onde as forças e momentos são mais
proeminentes são frequentemente escolhidas para maximizar a eficácia da análise.

5. Exemplo Prático:
• Considere uma viga contínua com múltiplos apoios. Escolher uma seção espe-
cífica entre dois apoios pode simplificar a análise, permitindo a aplicação eficiente
do Método das Forças nesse trecho isolado, sem a necessidade de considerar a
estrutura como um todo.

6. Aplicação do Método das Forças:


• Após a escolha do sistema principal, a aplicação do Método das Forças envolve
a análise detalhada das forças externas, reações nos apoios e forças internas
nesse trecho específico. Essa análise isolada é então integrada à análise global
da estrutura.

7. Benefícios da Escolha Adequada:


• A escolha cuidadosa do sistema principal resulta em uma análise mais eficiente
e econômica. Simplificando as equações, otimizamos o processo analítico, eco-
nomizando tempo e esforço, sem comprometer a precisão dos resultados.

8. Adaptação Contextual:
• A escolha do sistema principal não é uma abordagem universal e pode variar
de acordo com a natureza específica da estrutura, os objetivos da análise e as
condições de contorno. Os engenheiros adaptam essa escolha com base no
contexto para obter os resultados mais relevantes.

Agora vamos entender na prática como essa escolha funciona. Analise o exemplo abaixo:

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 49


Considere a seguinte estrutura hiperestática representada pela figura abaixo,
composta por uma viga contínua apoiada em dois apoios (A e B) e sujeita a uma carga
concentrada P no centro:

IMAGEM 01 - ESTRUTURA HIPERESTÁTICA

Fonte: O autor, 2023

Dados:
• Comprimento total da viga: L
• Carga concentrada no centro: P
• Apoio em A: Articulação (permitindo rotação)
• Apoio em B: Engaste (impedindo rotação e deslocamento vertical)

Objetivo:
Escolher o sistema principal para análise no Método das Forças.
Passos:
Identificação de Áreas Críticas:
• Examine a estrutura e identifique áreas onde as forças e momentos são mais
significativos. Isso geralmente ocorre perto de cargas concentradas ou mudanças
bruscas na geometria.
Seleção do Sistema Principal:
• Com base na análise das áreas críticas, escolha um trecho específico da viga
para ser o sistema principal. Este trecho deve simplificar a análise, concentran-
do-se em onde as ações estruturais são mais intensas.
Critérios de Escolha:
• Considere a presença de cargas, variações geométricas, e condições de apoio
ao selecionar o sistema principal. O objetivo é escolher uma região que permita
uma análise mais direta e eficiente.

Solução:
Vamos escolher como sistema principal o trecho da viga entre os apoios A e B,
excluindo os apoios em si. Este trecho inclui a carga concentrada P e é uma área onde as
reações e momentos são significativos. A escolha é justificada pelos seguintes motivos:
• A presença da carga concentrada no centro sugere que a região próxima a P
terá um impacto significativo nas reações nos apoios.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 50


• O trecho entre A e B é afetado diretamente pela condição de engaste em B e
pela articulação em A.
• Essa escolha simplifica a análise, concentrando-se em uma parte específica da
estrutura, permitindo a aplicação eficaz do Método das Forças.

A partir dessa escolha, podemos prosseguir com a aplicação do Método das Forças
para determinar as reações nos apoios, forças internas e outros parâmetros estruturais
relevantes nesse trecho específico.
Desta forma teremos:
Vamos denotar as reações nos apoios como Ay em A e By em B.

IMAGEM 02 - REAÇÕES EM ESTRUTURA HIPERESTÁTICA

Fonte: https://www.politecnica.pucrs.br/professores/soares/Hiperstatica_I/Capitulo_02.pdf

Equilíbrio Vertical: Ay​+By​=P (obtido considerando o equilíbrio vertical da viga.)

Momento em A: ​=0
Devido à condição de articulação em A.

Momento em B: ​=0
Também devido à condição de engaste em B.

Com essas condições, podemos calcular as reações nos apoios:

Equilíbrio Vertical: Ay​+By​=P

Momento em A: −L/2​.By​=0 Isso implica que By​=0.

Momento em B: −L/2​.Ay​−L/2​.P=0 Isso implica que Ay​=−P.

Portanto, as reações nos apoios são: Ay​=−P e By​=0

A escolha do sistema principal entre A e B simplificou a análise, permitindo a re-


solução eficiente das reações nos apoios. Esse é um exemplo básico, mas a abordagem
se mantém mesmo em estruturas mais complexas, enfatizando a importância da escolha
estratégica do sistema principal no Método das Forças.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 51


3
TÓPICO

EQUAÇÃO DE
COMPATIBILIDADE

No âmbito do Método das Forças, a análise estrutural avançada demanda não ape-
nas a resolução das equações de equilíbrio, mas também a consideração das deformações
na estrutura. A “Equação de Compatibilidade” emerge como um elemento-chave nesse
processo, fornecendo um elo crucial entre os deslocamentos e as rotações, essenciais para
compreender o comportamento de estruturas hiperestáticas.
Dado o grau de hiperestaticidade (gh) conhecido, permitimos a liberação do núme-
ro necessário de graus de liberdade para transformar a estrutura em uma forma isostática.
Essa forma resultante é chamada de forma principal ou sistema fundamental. Para manter a
compatibilidade estática, introduzimos o esforço (no caso X1) presente no vínculo rompido,
que permanece como uma incógnita do problema. É importante observar que, durante a
transição da estrutura para a forma principal, estamos permitindo uma deformação que, na
realidade, não existe.

IMAGEM 3 - ESTRUTURA PROBLEMA

Fonte: MARTHA, 2010

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 52


Portanto, é necessário impor à estrutura, na sua forma principal, a condição de que
os deslocamentos na direção da incógnita X1 sejam nulos, ou seja:

A equação mencionada anteriormente é conhecida como EQUAÇÃO DE COMPA-


TIBILIDADE DE DESLOCAMENTOS.
Vamos aplicar isto, na prática:

A abordagem empregada pelo Método das Forças para analisar uma estrutura
hiperestática consiste em somar uma série de soluções básicas que atendem às condições
de equilíbrio, mas não satisfazem as condições de compatibilidade da estrutura original. A
restauração das condições de compatibilidade ocorre por meio da superposição dessas so-
luções. Cada solução básica, individualmente, não cumpre as condições de compatibilidade
da estrutura original, as quais são restabelecidas quando todas as soluções básicas são
sobrepostas. A estrutura utilizada para a superposição das soluções básicas é geralmente
uma estrutura isostática derivada da estrutura original pela eliminação de vínculos. Essa
estrutura isostática é denominada Sistema Principal (SP). As forças ou momentos asso-
ciados aos vínculos liberados representam as incógnitas do problema e são denominados
hiperestáticos. O Sistema Principal (SP) adotado neste exemplo é a estrutura isostática
ilustrada na figura abaixo.

IMAGEM 4: ESTRUTURA ISOSTÁTICA

Fonte: MARTHA, 2010

Observa-se a eliminação de dois vínculos externos na estrutura original: a imposi-


ção de rotação Aθ nula no apoio à esquerda e a imposição de deslocamento horizontal HB​Δ
nulo no apoio à direita. O número de vínculos a serem removidos para converter a estrutura

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 53


hiperestática original em uma estrutura isostática é equivalente ao grau de hiperestaticidade,
representado por g. A escolha do Sistema Principal é arbitrária, sendo qualquer estrutura
isostática válida desde que seja estática. As reações de apoio X1​e X2​são os esforços
associados aos vínculos eliminados, conforme ilustrado na figura acima. Esses esforços
são hiperestáticos nessa solução, sendo X1​a reação de momento associada à condição
Aθ=0 e X2​a reação horizontal associada à condição ΔHB​=0.
A resolução do problema pelo Método das Forças envolve encontrar os valores
de X1​e X2​que, em conjunto com a carga aplicada, satisfaçam as condições Aθ=0 e ΔHB​
=0. A determinação de X1​ e X2​ é realizada por meio da superposição de casos básicos,
utilizando o Sistema Principal como a estrutura para as soluções básicas. O número de
casos básicos é sempre igual ao grau de hiperestaticidade acrescido de um (g+1). No
exemplo em questão, isso resulta nos casos (0), (1) e (2), conforme apresentado a seguir.
Caso (0) - Aplicação externa (carregamento) isolada no Sistema Principal, com:
X1=0 e X2=0

IMAGEM 5: O SISTEMA PRINCIPAL


Fonte: MARTHA, 2010

A ilustração acima exibe a configuração deformada (com um fator de amplificação


de 20) do Sistema Principal no caso (0). Os termos de carga, representados pela rotação
δ10​e pelo deslocamento horizontal δ20​nas direções dos vínculos eliminados para a cria-
ção do Sistema Principal, têm os seguintes valores para esta estrutura:

δ10​=−13.64×10−3 rad
δ20​=+115.2×10−3 m

O sinal negativo associado à rotação δ10​ indica que a rotação ocorre no sentido
oposto ao considerado para o hiperestático X1​no caso (1) subsequente. Analogamente,

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 54


o sinal positivo de δ20​ indica que esse deslocamento ocorre no mesmo sentido que é
considerado para o hiperestático X2​ no caso (2) subsequente. O cálculo dos coeficientes
presentes na formulação do Método das Forças pode ser realizado por meio do Princípio
das Forças Virtuais (PFV).

IMAGEM 6: X1 ISOLADO NO SP

Fonte: MARTHA, 2010

A representação acima ilustra a configuração deformada (com um fator de ampli-


ficação de 2000) do Sistema Principal no caso (1). O hiperestático X1​ é destacado, uma
vez que representa uma incógnita do problema. Adota-se um valor unitário para X1​, sendo
o efeito de X1​=1 multiplicado pelo valor final que X1​ deverá ter. A rotação δ11​ e o deslo-
camento horizontal δ21​ induzidos por X1​=1 nas direções dos vínculos eliminados para a
criação do Sistema Principal são denominados coeficientes de flexibilidade. Por definição,
as unidades dos coeficientes de flexibilidade correspondem às unidades de deslocamento
ou rotação divididas pela unidade do hiperestático em questão. No exemplo apresentado:

δ11​=+0.1152×10−3 rad/kNm
δ21​=−0.6997×10−3 m/kNm

As mesmas observações sobre os sinais dos coeficientes de flexibilidade permane-


cem válidas. Ou seja, o sinal da rotação δ11​é positivo, pois segue o mesmo sentido esco-
lhido para X1​=1, e o sinal do deslocamento horizontal δ21​é negativo, pois ocorre no sentido
oposto ao escolhido para X2​=1 no caso (2) subsequente. Destaca-se que o sinal dos termos
δii​, onde i é o índice do hiperestático, é sempre positivo, pois representam deslocamentos ou
rotações nos próprios pontos de aplicação das forças, ou momentos unitários.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 55


IMAGEM 7 - CONFIGURAÇÃO DEFORMADA

Fonte: MARTHA, 2010

De maneira análoga ao caso (1), destaca-se o hiperestático X2​, adotando um valor uni-
tário multiplicado pelo seu valor final. A rotação δ12​e o deslocamento horizontal δ22​induzidos
por X2​=1 nas direções dos vínculos eliminados para a criação do Sistema Principal também são
considerados coeficientes de flexibilidade. As unidades desses coeficientes são, por definição,
unidades de deslocamento ou rotação divididas pela unidade do hiperestático X2​:

δ12 = –0.6997x10-3 rad/kN


δ22 = +6.1180x10-3 m/kN

Analisando os resultados dos casos anteriores, é possível empregar a técnica de


superposição para restabelecer as condições de compatibilidade anteriormente comprome-
tidas. Dando sequência iremos analisar o nó A e suas rotações:
δ10+δ11X1+δ12X2 = 0

No nó B:
δ20+δ21X1+δ22X2 = 0

Sistema de equações de compatibilidade:


–13.64x10-3 + 0.1152x10-3.X1 – 0.6997x10-3.X2 = 0
+115.2x10-3 – 0.6997x10-3.X1 + 6.1180x10-3.X2 = 0

Então teremos:

X1= +13,39 kN/m


X2 = - 17,29 kN/m

O sinal de X1​é positivo, pois está alinhado com o sentido anti-horário estabelecido
para X1​=1 no caso (1), enquanto o sinal de X2​é negativo, indicando uma direção oposta.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 56


4
TÓPICO

RESOLUÇÃO DE
ESTRUTURAS
HIPERESTÁTICAS

Ao abordarmos a resolução de estruturas hiperestáticas, entramos em um domí-


nio analítico desafiador, no qual o Método das Forças se destaca como uma ferramenta
poderosa. Esta abordagem analítica é essencial para enfrentar estruturas cujos graus de
hiperestaticidade vão além das capacidades tradicionais de equilíbrio. A resolução eficaz
desses sistemas requer uma compreensão aprofundada da escolha estratégica do Sistema
Principal, da equação de compatibilidade, e da aplicação do Princípio das Forças Virtuais
(PFV). Neste contexto, exploraremos as etapas-chave e os princípios fundamentais envol-
vidos na resolução de estruturas hiperestáticas por meio do Método das Forças, proporcio-
nando uma base sólida para análises estruturais avançadas.

Exemplo Prático: Resolução de uma Estrutura Hiperestática pelo Método das


Forças
Considere uma viga engastada em uma extremidade e apoiada sobre um pilar na
outra, sujeita a um carregamento distribuído w ao longo de seu comprimento. A estrutura
é hiperestática devido ao número de apoios (3) exceder o necessário para a estabilidade
estática de uma viga (2). Vamos resolver essa estrutura utilizando o Método das Forças.
Dados do Exemplo:
Comprimento da viga (L): 5 metros
Carregamento distribuído (w): 10 kN/m
Rigidez à flexão da viga (EI): 500 kNm²
Passos para a Resolução:

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 57


1. Escolha do Sistema Principal (SP): Removemos o apoio direito, criando uma viga
isostática com dois apoios.
2. Definição das Condições de Contorno: Atribuímos reações de apoio Ay​no apoio
engastado e By​no apoio simples.
3. Aplicação do Princípio das Forças Virtuais (PFV): Introduzimos forças virtuais
VA​e VB​nos pontos de aplicação das cargas reais e nos locais onde os apoios foram
eliminados.
4. Equações de Equilíbrio: Aplicamos o PFV para escrever as equações de equilíbrio.
Equilíbrio Horizontal:
VA​+VB​=0
Equilíbrio Vertical:
Ay​+By​−w.L=0
Momento em A:
MA​−w. =
​0
Momento em B:
MB​+w. =
​0

​5. Equação de Compatibilidade: Consideramos a equação de compatibilidade:


δA​−δB​=0

6. Resolução do Sistema de Equações: Substituímos os valores conhecidos e


desconhecidos no sistema:
Equilíbrio Horizontal:
​VA​+VB​=0⇒VA​=−VB​
Equilíbrio Vertical:
Ay​+By​−w.L=0⇒Ay​+By​=50 kN
Momento em A:
MA​−w. /​2=0⇒ MA​=125 kNm
Momento em B:
MB​+w. =
​ 0⇒MB​=−125 kNm​
Resultado Final: As reações de apoio e os momentos resultantes são:
Ay​=25 kN
By ​=25 kN
MA​=125 kNm
MB​=−125 kNm

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 58


Este exemplo fornece uma solução numérica detalhada para uma estrutura hiperestá-
tica, destacando o processo completo de aplicação do Método das Forças na análise estrutural.
O exemplo prático abordado forneceu insights valiosos sobre a aplicação do
Método das Forças na resolução de estruturas hiperestáticas. Alguns pontos importantes
observados ao longo do processo incluem:

1. Escolha do Sistema Principal (SP):


A escolha cuidadosa do SP é crucial para simplificar a análise, transformando a
estrutura hiperestática em uma isostática.

2. Aplicação do Princípio das Forças Virtuais (PFV):


O PFV permitiu a introdução de forças virtuais nos pontos de aplicação das cargas
reais e nos locais dos apoios eliminados, simplificando as equações de equilíbrio.

3. Equações de Equilíbrio:
A aplicação rigorosa das equações de equilíbrio, considerando momentos e forças
verticais e horizontais, é fundamental para a resolução do sistema.

4. Equação de Compatibilidade:
A equação de compatibilidade é essencial para garantir que os deslocamentos
sejam consistentes com a configuração da estrutura, mantendo a integridade do sistema.

5. Resultados Finais:
As reações de apoio e os momentos resultantes obtidos (Ay​, By​, MA​, MB​) oferecem
uma compreensão completa do comportamento da estrutura hiperestática sob o carrega-
mento distribuído.

6. Importância da Rigidez Estrutural:


Os resultados destacam a importância da rigidez à flexão da viga (EI) na determi-
nação dos momentos e das reações, evidenciando a influência da resposta estrutural às
cargas aplicadas.
Este exemplo reforça a eficácia do Método das Forças na resolução de estruturas
hiperestáticas, destacando a necessidade de uma abordagem sistemática e do entendi-
mento aprofundado dos princípios envolvidos.

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 59


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a),

Chegamos ao fim desta unidade dedicada ao Método das Forças. Ao longo desse
percurso, exploramos conceitos fundamentais, desde a escolha estratégica do Sistema
Principal até a aplicação cuidadosa do Princípio das Forças Virtuais (PFV) e da equação
de compatibilidade. O exemplo prático proporcionou uma visão detalhada do processo
analítico, evidenciando a eficácia desse método na obtenção de soluções precisas.
É crucial reter a importância da rigidez estrutural, representada pelo produto EI, na
resposta da estrutura às cargas aplicadas. A habilidade de superar os desafios analíticos
associados à hiperestaticidade amplia significativamente as possibilidades de projeto e
análise estrutural, conferindo ao engenheiro as ferramentas necessárias para lidar com
situações complexas.
Ao prosseguir com seus estudos, lembre-se de aplicar esses princípios de forma
crítica e adaptativa, garantindo uma compreensão profunda das nuances envolvidas na
análise estrutural. Este conhecimento não apenas fortalecerá suas habilidades analíticas,
mas também abrirá portas para enfrentar desafios estruturais mais complexos no futuro.
Desejo-lhe sucesso contínuo em sua jornada acadêmica e profissional. Seja
persistente na busca do conhecimento e esteja sempre aberto a novos desafios. Estou
à disposição para auxiliar em futuras dúvidas ou explorações neste fascinante campo da
engenharia estrutural.

Até breve!

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 60


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura.
Estruturas Isostáticas
• Editora: Pini; 2ª edição (13 dezembro 2011)
• Sinopse: O livro aborda conceitos teóricos, métodos de análise,
cálculos de reações, momentos e esforços em vigas e estruturas
isostáticas, em geral.

FILME/VÍDEO
• Título: Estrelas além, do tempo
• Ano: 2016
• Sinopse: O livro e o filme destacam as contribuições significativas
de mulheres afro-americanas, conhecidas como “computadoras
humanas”, que desempenharam papéis fundamentais no progra-
ma espacial dos Estados Unidos durante a era da corrida espacial.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=wx3PVtrU-Os

UNIDADE 3 MÉTODO DAS FORÇAS 61


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UNIDADE

MÉTODO DOS
DESLOCAMENTOS

Professor(a) Esp. Daiane Rodrigues Cardoso Seki

Plano de Estudos
• Fatores de forma e carga;
• Momento de engaste perfeito;
• Grau de hiperestaticidade;
• Convenções de sinais.

Objetivos da Aprendizagem
• Entender o significado e a aplicação dos fatores de forma na
análise estrutural;
• Explorar os diferentes tipos de momentos que ocorrem em um
engaste perfeito;
• Definir e quantificar o conceito de grau de hiperestaticidade em
uma estrutura;
• Entender o papel das equações de coerência na análise estrutural
através da convenção de sinais.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
É com entusiasmo que damos as boas-vindas à nossa última unidade da disci-
plina. Ao longo deste período, mergulharemos em conceitos fundamentais que moldam a
compreensão da disciplina de mecânica das estruturas, proporcionando-lhe ferramentas
analíticas essenciais para desafios mais complexos.
Os tópicos que abordaremos nesta unidade são cruciais para uma análise estrutu-
ral sólida. Desde a contextualização dos fatores de forma e carga até a compreensão dos
momentos em um engaste perfeito, cada conceito desempenha um papel fundamental na
resolução de estruturas complexas. O grau de hiperestaticidade e as equações de coe-
rência serão explorados minuciosamente, permitindo uma visão abrangente e a aplicação
prática desses conceitos.
Ao longo desta jornada, encorajamos você a mergulhar de cabeça nos desafios
propostos, buscando não apenas entender os conceitos teóricos, mas também aplicá-los
em cenários práticos. O conhecimento adquirido nesta unidade será crucial para futuras
análises, onde avançaremos pelos tópicos de Fatores de forma e carga, momento de en-
gaste perfeito, grau de hiperestaticidade e sua convenção de sinais.
Desejamos a você uma experiência de aprendizado enriquecedora. Esteja prepara-
do para questionar, explorar e aprofundar seu entendimento. Estamos aqui para apoiá-lo(a)
em cada passo do caminho.
Bons estudos!

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 63


1
TÓPICO

FATORES DE
FORMA E CARGA

Nesta etapa inicial, vamos focar em dois pilares fundamentais: os fatores de forma
e os fatores de carga.
Fatores de Forma:
Os fatores de forma desempenham um papel essencial ao considerarmos as defor-
mações em uma estrutura. Eles nos fornecem informações cruciais sobre a distribuição das
deformações em diferentes partes da estrutura, permitindo-nos entender como ela responde
a cargas externas. Ao compreender os fatores de forma, ganhamos insights valiosos sobre
a flexibilidade estrutural e sua capacidade de resistir a diferentes tipos de carregamentos.
Fatores de Carga:
Por outro lado, os fatores de carga são igualmente importantes, pois estão direta-
mente relacionados à aplicação de forças externas na estrutura. Eles nos ajudam a quanti-
ficar o efeito de diferentes tipos de carregamentos na resposta estrutural. Compreender os
fatores de carga é crucial para antecipar como as forças externas afetam os deslocamentos
e as deformações em pontos específicos da estrutura.
Ao dominar esses conceitos, você estará melhor preparado para aplicar o Método
dos Deslocamentos na análise de estruturas complexas.

1.1 Definição e Significado dos Fatores de Carga:


Os fatores de carga, denotados por letras minúsculas gregas como Pi, Mi e Vi,
são coeficientes fundamentais no Método dos Deslocamentos. Eles estabelecem a relação
entre as cargas externas aplicadas à estrutura e os deslocamentos nodais resultantes.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 64


Em termos simples, cada fator de carga quantifica o impacto de uma carga específica na
deformação de um nó da estrutura. Essa definição fornece a base conceitual essencial para
entender como as forças externas influenciam diretamente os deslocamentos na estrutura.

1.2 Expressão Matemática dos Fatores de Carga:


A expressão matemática que caracteriza um fator de carga Pi está definida pela de-
rivada parcial do deslocamento nodal U em relação à carga Fi. Matematicamente, podemos
expressar isso como:​

Esta formulação reflete a sensibilidade do deslocamento nodal U à carga específica


Fi. O conhecimento da expressão matemática dos fatores de carga é crucial para incorporar
esses coeficientes no sistema de equações que modela a resposta estrutural.

1.3 Importância e Aplicações na Análise Estrutural:


Os fatores de carga desempenham um papel vital em várias facetas da análise
estrutural:
• Avaliação da Sensibilidade: Permitem avaliar quão sensíveis são os desloca-
mentos nodais a diferentes cargas, fornecendo insights valiosos para a tomada
de decisões em projeto.
• Determinação dos Deslocamentos: Ao multiplicar os fatores de carga pelas
cargas aplicadas, conseguimos calcular os deslocamentos nodais associados,
contribuindo para a obtenção da solução completa do sistema.
• Análise de Condições Limites: Facilitam a análise de como mudanças nas
condições de carregamento afetam diretamente os deslocamentos nodais, per-
mitindo a consideração de cenários extremos.

1.4 Importância na Análise Estrutural:


Avaliação da Sensibilidade: Os fatores de carga permitem avaliar a sensibilidade
da estrutura a diferentes tipos de carregamentos.
Determinação dos Deslocamentos: Ao multiplicar os fatores de carga pelas car-
gas aplicadas, obtemos os deslocamentos nodais correspondentes, sendo essenciais para
a obtenção da solução completa.
Análise de Condições Limites: Permitem analisar como mudanças nas condições
de carregamento afetam diretamente os deslocamentos nodais, facilitando a análise de
casos extremos.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 65


Agora vamos falar um pouco mais sobre os fatores de forma:

1.5 Natureza e Propósito dos Fatores de Forma:


Os fatores de forma, no contexto do Método dos Deslocamentos, são funções
matemáticas que descrevem a relação entre os deslocamentos nodais e a resposta global
de uma estrutura sob diferentes condições de carga. Eles são essenciais para capturar
a complexa distribuição de deformações ao longo da estrutura, permitindo uma análise
detalhada dos modos de deformação predominantes. O propósito fundamental dos fatores
de forma é fornecer uma representação matemática da forma como os deslocamentos se
propagam pela estrutura, facilitando a modelagem precisa do comportamento estrutural.

1.6 Tipos Específicos de Fatores de Forma e suas Aplicações:


Existem diversos tipos de fatores de forma, cada um projetado para capturar uma
modalidade específica de deformação. Por exemplo, fatores de forma de flexão, torção e
cisalhamento são formulados para quantificar a contribuição de cada modo de deformação
à resposta total da estrutura. Compreender a aplicação específica de cada tipo de fator de
forma é crucial para uma análise detalhada e para garantir que todas as características
importantes do comportamento estrutural sejam adequadamente consideradas.

1.7 Formulação Matemática dos Fatores de Forma:


A expressão matemática dos fatores de forma é derivada da relação entre os deslo-
camentos nodais e as condições de carga. Estas equações são altamente dependentes da
geometria da estrutura, das condições de contorno e da natureza das cargas aplicadas. A
formulação matemática correta dos fatores de forma é vital para garantir que os modelos se
alinhem fielmente com o comportamento real da estrutura. Este aspecto detalhado permite
incorporar precisão nos cálculos e na interpretação dos resultados.

1.8 Importância Prática e Impacto na Análise Estrutural:


Os fatores de forma são de suma importância na análise estrutural por várias razões
práticas:
• Precisão na Modelagem: Permitem uma modelagem mais precisa da resposta
estrutural, garantindo que nuances específicas de deformação sejam correta-
mente consideradas.
• Identificação de Modos de Deformação: Facilitam a identificação dos modos de
deformação predominantes, crucial para entender como a estrutura responde a
diferentes tipos de carga.
• Adaptação a Condições Variáveis: Capacitam a estrutura a se adaptar a dife-
rentes condições de carregamento, proporcionando uma visão holística de seu
comportamento sob diversas situações.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 66


2
TÓPICO

MOMENTO DE
ENGASTE PERFEITO

O momento de engastamento perfeito é um conceito crucial em análise estrutural,


referindo-se ao momento que ocorreria em um ponto de engaste idealizado. Em um ponto
de engaste perfeito, as extremidades de uma viga ou estrutura são fixadas de tal maneira
que impedem completamente a rotação e o deslocamento horizontal. O momento de en-
gastamento perfeito é, portanto, o momento que seria necessário para induzir rotação no
ponto de engaste, caso ele fosse completamente liberado. Esse valor é frequentemente
utilizado em análises de estruturas hiperestáticas para calcular reações e deslocamentos.
O momento de engaste perfeito é um conceito importante em Mecânica das Es-
truturas e é discutido em várias literaturas de engenharia civil e análise estrutural. Alguns
pontos-chave que as literaturas destacam sobre o momento de engaste perfeito incluem:
Compreensão das Condições de Suporte:
• As literaturas enfatizam que o momento de engaste perfeito é fundamental para
a compreensão das condições de suporte em estruturas, especialmente em casos
de engastes ideais. Isso é crucial para a modelagem precisa do comportamento
estrutural.

Análise de Estruturas Hiperestáticas:


• O momento de engaste perfeito desempenha um papel significativo na análise
de estruturas hiperestáticas. Em situações em que os engastes podem ser par-
cialmente flexíveis, a literatura destaca a importância de considerar o momento
de engaste perfeito para simplificar as análises.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 67


Incorporação em Métodos de Análise:
• Algumas literaturas discutem a incorporação do momento de engaste perfeito
em métodos de análise estrutural, como o Método dos Deslocamentos. Ele é
frequentemente utilizado para calcular reações e deslocamentos em pontos de
engaste em estruturas complexas.

Sensibilidade à Rigidez dos Engastes:


• A literatura destaca que o momento de engaste perfeito é sensível à rigidez do
engaste. Em situações práticas, onde os engastes podem ter alguma flexibilidade,
a compreensão da sensibilidade auxilia na interpretação correta dos resultados
analíticos.

Aplicação em Projetos e Verificação de Estruturas:


• Algumas fontes discutem a aplicação prática do momento de engaste perfeito em
projetos estruturais. Ele é utilizado para verificar a estabilidade e a segurança das
estruturas, especialmente quando a precisão nas condições de suporte é crucial.

Considerações de Engenharia em Estruturas Reais:


• Literaturas frequentemente destacam que, embora o momento de engaste per-
feito seja uma ferramenta valiosa na análise, as estruturas reais podem envolver
complexidades não contempladas nesse conceito. Portanto, seu uso deve ser
feito com discernimento, considerando as características específicas do projeto.

Antes de falarmos sobre o momento de engaste perfeito, é importante entender o


que é um engaste. Um engaste em uma estrutura é um tipo de suporte ou conexão que
impede completamente a rotação e o deslocamento horizontal em um ponto específico.
Agora, o momento de engaste perfeito é uma medida teórica do momento que
seria necessário para induzir rotação em um ponto de engaste, caso esse ponto fosse
completamente liberado. Isso significa que, mesmo que o engaste impeça naturalmente a
rotação, o momento de engaste perfeito representa o momento fictício que faria com que o
ponto de engaste começasse a girar.
O momento de engaste perfeito é uma ferramenta valiosa na análise estrutural,
especialmente quando lidamos com estruturas hiperestáticas. Calcular o momento de en-
gaste perfeito, podemos simplificar a análise sem perder em situações reais, os engastes
podem ser parcialmente flexíveis, mas a uma precisão significativa.
Em termos práticos, ao calcular o momento de engaste perfeito, estamos consi-
derando a rigidez teórica de um engaste idealizado. Isso é útil ao resolver problemas de

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 68


estruturas hiperestáticas, pois nos permite incorporar condições de suporte complexas de
uma maneira mais simples e elegante.

Exemplo:
Imagine uma viga engastada em uma extremidade. O momento de engaste perfeito
seria o momento fictício que faria com que essa extremidade, normalmente impedida de
girar, começasse a girar. Essa informação é crucial ao analisar como a viga responde a
diferentes tipos de carregamento.
Em resumo, o momento de engaste perfeito é uma ferramenta conceitual valiosa
que nos ajuda a simplificar e entender o comportamento de estruturas, especialmente
quando lidamos com condições de suporte complexas. Ele descreve o momento fictício
que faria um ponto de engaste começar a girar, contribuindo para análises mais eficientes
e precisas em Mecânica das Estruturas.

2.1 Utilização de Tabelas para Momentos de Engastamento Perfeito:


Tabelas de momentos de engastamento perfeito são recursos valiosos que forne-
cem valores tabulados para diferentes configurações de suportes e carregamentos. Essas
tabelas são elaboradas com base em princípios de equilíbrio e considerações estruturais.
Ao usar essas tabelas, os engenheiros podem determinar os momentos de engastamento
perfeito sem a necessidade de cálculos detalhados. Para utilizá-las, basicamente precisa-
mos seguir os seguintes passos:
• Identificação da Configuração: Comece identificando a configuração específica
de suportes e carregamentos em sua estrutura.
• Localização na Tabela: Procure a tabela correspondente à sua configuração.
Geralmente, essas tabelas estão organizadas de acordo com o número de apoios
e as condições de carga.
• Leitura do Momento de Engastamento Perfeito: Localize a célula correspon-
dente à sua configuração específica na tabela. O valor fornecido nessa célula
representa o momento de engastamento perfeito.
• Simplificações Geométricas: As tabelas são desenvolvidas considerando certas
simplificações geométricas e pressupostos. Portanto, é importante garantir que
sua estrutura se alinhe adequadamente com as condições consideradas na ta-
bela utilizada.

Suponha que você tenha uma viga simplesmente apoiada e queira encontrar o
momento de engastamento perfeito na extremidade. Consultando uma tabela apropriada
para uma viga simplesmente apoiada, você pode encontrar o valor correspondente para o
momento de engastamento perfeito. Veja a imagem 01:

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 69


IMAGEM 01: TABELA DE MOMENTO DE ENGASTAMENTO PERFEITO

Fonte: Clube do concreto, 2017.

É importante estudar o uso das tabelas, pois em diferentes situações estruturais


elas serão aplicadas, veja o exemplo a seguir:

IMAGEM 02: MOMENTO DE ENGASTAMENTO PERFEITO E MOMENTO DE LIGAÇÃO DA VIGA


NO PILAR EXTREMO.

Fonte: Bastos, 2017.

Embora as tabelas forneçam valores úteis, é crucial lembrar que as estruturas reais
podem envolver complexidades não contempladas nas tabelas. O uso criterioso dessas
informações é fundamental para análises precisas.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 70


3
TÓPICO

GRAU DE
HIPERESTATICIDADE

O estudo do grau de hiperestaticidade desempenha um papel crucial na análise


estrutural, especialmente quando aplicado ao Método dos Deslocamentos. O grau de hipe-
restaticidade refere-se à medida da redundância em uma estrutura, indicando a quantidade
de equações adicionais necessárias para representar completamente as condições de
equilíbrio. Em estruturas convencionais, como vigas simplesmente apoiadas, o grau de
hiperestaticidade é zero, pois todas as reações podem ser determinadas exclusivamente
pelas equações de equilíbrio.
Entretanto, em estruturas mais complexas, como vigas engastadas em ambas
as extremidades, há mais equações de equilíbrio do que as necessárias para resolver as
reações. Essa redundância é quantificada pelo grau de hiperestaticidade, que é vital, pois
em vez de resolver diretamente as reações nos apoios, o método busca calcular os deslo-
camentos em cada ponto da estrutura, tornando-se uma ferramenta valiosa quando se lida
com graus significativos de hiperestaticidade.
Etapas Principais do Método dos Deslocamentos:
• Formulação das Equações de Equilíbrio: Desenvolvimento das equações de
equilíbrio considerando todas as forças e momentos aplicados.
• Formulação das Equações de Compatibilidade: Derivação de equações
de compatibilidade que relacionam os deslocamentos em diferentes pontos da
estrutura.
• Aplicação de Condições de Contorno: Consideração das condições de con-
torno, incluindo deslocamentos conhecidos e apoios restritos.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 71


• Solução das Equações Simultâneas: Resolução das equações simultâneas
resultantes para obter os deslocamentos desconhecidos.
• Cálculo das Reações nos Apoios: Com os deslocamentos conhecidos, as
reações nos apoios podem ser calculadas.

Vantagens do Método dos Deslocamentos:


• Versatilidade: Pode ser aplicado a uma ampla variedade de estruturas, incluindo
as hiperestáticas.
• Precisão: Oferece resultados precisos, mesmo em situações complexas.
• Eficiência Computacional: Pode ser facilmente implementado em métodos
computacionais.

Quando falamos a respeito de estruturas hiperestáticas, precisamos entender a


importância das equações de compatibilidade. As equações de compatibilidade Estas são
derivadas a partir da relação geométrica entre os deslocamentos em diferentes pontos de
uma estrutura. Elas expressam as condições que garantem a continuidade e a suavidade
dos deslocamentos ao longo da estrutura. Em outras palavras, essas equações asseguram
que a deformação seja consistente e que a estrutura permaneça geometricamente compa-
tível durante o carregamento.

Os exercícios de engenharia, na prática, consiste em saber analisar as situações-problema e resolvê-las


com todas as equações necessárias. Na vida real não existe enunciado, o enunciado quem elabora é o
próprio engenheiro.
O autor, 2024.

Para entender melhor, considere uma viga hiperestática com vários apoios e carre-
gamentos. As equações de compatibilidade relacionam os deslocamentos desconhecidos
em diferentes seções da viga, fornecendo um conjunto adicional de equações necessárias
para resolver completamente a estrutura. Essas equações são fundamentais para a aplica-
ção eficaz do Método dos Deslocamentos em estruturas hiperestáticas.

Importância no Tratamento de Estruturas Hiperestáticas:


Incorporação de Deformações Adicionais: Em estruturas hiperestáticas, há mais
incógnitas (deslocamentos) do que as equações de equilíbrio sozinhas podem resolver. As

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 72


equações de compatibilidade permitem a incorporação de deformações adicionais, tornan-
do possível lidar com a redundância estrutural.
Garantia de Compatibilidade Estática: As equações de compatibilidade assegu-
ram a compatibilidade estática, o que significa que os deslocamentos calculados atendem
às condições geométricas da estrutura, mesmo em casos de maior complexidade.
Facilitação da Resolução Analítica: Ao introduzir equações de compatibilidade,
a resolução analítica de estruturas hiperestáticas torna-se mais viável. Isso simplifica o
processo de cálculo dos deslocamentos desconhecidos, levando a soluções mais precisas.

3.1 Relação entre o Número de Equações de Compatibilidade e o Grau de


Hiperestaticidade:
A relação é direta e intuitiva: quanto maior o grau de hiperestaticidade de uma
estrutura, maior será o número de equações de compatibilidade necessárias. Cada grau
adicional de hiperestaticidade implica em uma nova incógnita na forma de um desloca-
mento desconhecido, e as equações de compatibilidade são essenciais para resolver esse
excesso de incógnitas.
Essa relação é fundamental na compreensão de como as estruturas hiperestáticas
desafiam as abordagens convencionais e como as equações de compatibilidade oferecem
uma solução elegante e matematicamente sólida para superar esses desafios.
Ao explorar esse tópico, é crucial reconhecer que as equações de compatibilidade não
apenas facilitam a análise de estruturas hiperestáticas, mas também estabelecem uma base
sólida para a aplicação eficiente do Método dos Deslocamentos. Essa abordagem integrada é
essencial para a análise precisa e confiável de estruturas complexas na engenharia estrutural.
O processo de determinação do grau de hiperestaticidade de uma estrutura é cru-
cial para compreender a complexidade do sistema e escolher a abordagem analítica mais
adequada.
Métodos Práticos para Calcular o Grau de Hiperestaticidade:
Contagem de Incógnitas e Equações:
O método mais direto envolve contar o número de incógnitas associadas aos des-
locamentos (d) e o número de equações de equilíbrio (E) disponíveis.
O grau de hiperestaticidade (g) é dado por g=d−E.
Cada incógnita adicional representa um grau adicional de hiperestaticidade.
Tabelas padronizadas para diferentes tipos de estruturas podem ser consultadas,
onde essas tabelas fornecem valores conhecidos de graus de hiperestaticidade para es-
truturas comuns, simplificando a determinação em casos específicos. Outra simplificação

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 73


que pode ser feita é o uso de fórmulas gerais que podem ser utilizadas, especialmente em
casos mais complexos.
Por exemplo, para vigas contínuas, g=3n−m−6, onde n é o número de vãos e m é
o número de apoios.
Exemplo Numérico:
Considere uma viga contínua com três vãos e quatro apoios. Vamos calcular o grau
de hiperestaticidade.

Contagem de Incógnitas e Equações:


d=6 (três deslocamentos verticais e três rotações nos apoios).
E=3 (três equações de equilíbrio - somatório das forças verticais).
g=d−E=6−3=3
Portanto, o grau de hiperestaticidade é 3.

Utilização de Fórmula Geral:


Para vigas contínuas, g=3n−m−6.
n=3 (número de vãos) e m=4 (número de apoios).
g=3×3−4−6=9−4−6=−1
O resultado negativo sugere que a estrutura é hipostática.

Resolução Prática:
Ao encontrar um grau de hiperestaticidade positivo, indica-se que a estrutura é
hiperestática e exige métodos analíticos mais avançados, como o Método dos Desloca-
mentos. Já um grau negativo sugere que a estrutura é hipostática, e pode ser tratada com
métodos tradicionais de equilíbrio.
Esse processo prático não apenas ajuda a determinar o grau de hiperestaticidade,
mas também orienta a escolha da abordagem analítica mais apropriada para analisar a
estrutura em questão.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 74


4
TÓPICO

CONVENÇÃO
DE SINAIS

As convenções de sinais no Método dos Deslocamentos são essenciais para garan-


tir consistência e clareza na análise estrutural. Aqui estão algumas convenções padrão que
são frequentemente adotadas, mas é importante observar que podem variar dependendo
do autor ou do contexto específico:

Deslocamentos:
• Positivo: Direção do deslocamento no sentido escolhido.
• Negativo: Direção oposta ao deslocamento no sentido escolhido.
• Exemplo: Para uma viga, um deslocamento positivo pode ser para cima, en-
quanto um deslocamento negativo seria para baixo.

Rotações:
• Positivo: Rotação no sentido anti-horário (convenção padrão, mas pode variar).
• Negativo: Rotação no sentido horário.
• Exemplo: Para um eixo, uma rotação positiva seria no sentido anti-horário,
enquanto uma rotação negativa seria no sentido horário.

Perceba a importância de adotar o sistema de convenção de sinais corretos, pois muitas vezes os cálculos
podem estar certos, porém com os sinais incorretos, o que acarreta um erro estrutural considerável. Pes-
quise e se aprofunde a respeito das convenções de sinais adotadas.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 75


Forças Internas e Momentos:
• Positivo: Indicação do sentido de compressão, força cortante ou momento fletor
no elemento.
• Negativo: Indicação do sentido de tração, força cortante ou momento fletor no
elemento.
• Exemplo: Uma força interna positiva em uma viga indicaria compressão, en-
quanto uma força negativa indicaria tração.

Forças e Momentos Aplicados:


• Positivo: Direção e sentido da força ou momento aplicado.
• Negativo: Direção e sentido opostos à força ou momento aplicado.
• Exemplo: Uma carga concentrada positiva pode ser aplicada para baixo, en-
quanto uma carga negativa seria aplicada para cima.

Reações de Apoio:
• Positivo: Direção e sentido da reação de apoio que impede o movimento na
direção escolhida.
• Negativo: Direção e sentido opostos à reação de apoio que impede o movimento
na direção escolhida.
• Exemplo: Para um apoio que impede o movimento horizontal para a direita, a rea-
ção positiva seria para a esquerda, enquanto a reação negativa seria para a direita.

Essas convenções fornecem uma base consistente para a análise estrutural, e é


importante definir claramente as convenções no início de qualquer problema para evitar
ambiguidades. Além disso, as convenções podem variar entre diferentes contextos ou
autores, então sempre é bom verificar e seguir as convenções específicas adotadas em um
curso ou livro-texto.
Vamos considerar um exemplo prático de uma viga simplesmente apoiada sub-
metida a uma carga concentrada no meio. Vamos usar o Método dos Deslocamentos para
analisar essa estrutura.

Exemplo Prático: Viga Simplesmente Apoiada com Carga Concentrada


Dado:
Uma viga de comprimento L com apoios simplesmente apoiados e uma carga con-
centrada P aplicada no ponto médio da viga.
Parâmetros:
Comprimento da viga (L): 4 metros
Carga concentrada (P): 10 kN

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 76


Propriedades do Material:
Módulo de Elasticidade (E): 200 GPa
Momento de Inércia (I): 1/12 b×h³ (para uma seção retangular)
Etapas:
Definir as coordenadas e os deslocamentos:
Adotaremos um sistema de coordenadas com origem no apoio esquerdo da viga.
uA​e vA​: Deslocamentos horizontal e vertical no apoio esquerdo (A).
uB​e vB​: Deslocamentos horizontal e vertical no apoio direito (B).
Determinar os Deslocamentos devido à Carga:
Utilizaremos a equação P.L³/(48.E.I) para calcular o deslocamento vertical em B,
que chamaremos de vB​.
Equações de equilíbrio horizontal e vertical (ΣFx​=0 e ΣFy​=0).
Equações de equilíbrio dos momentos (Σma=0 e ΣMB​=0).
Expressar os Deslocamentos em Termos de Parâmetros Desconhecidos:
uB​=L/2+vB​
vB​é o deslocamento vertical no ponto B devido à carga aplicada.
Resolver as Equações para os Deslocamentos:
Resolver o sistema de equações para uB​e vB​.
Resolução:
Deslocamento Vertical devido à Carga (vB​):

Equações de Equilíbrio:

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 77


então teremos:

Expressão dos Deslocamentos em Termos de Parâmetros Desconhecidos:

Sistemas de equações:

Resolvendo o sistema de equações, obtemos os deslocamentos e as reações nos


apoios.

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 78


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezados(as) alunos(as),
Chegamos ao fim desta jornada de aprendizado sobre o Método dos Desloca-
mentos em Mecânica das Estruturas. Espero que este material tenha proporcionado uma
compreensão sólida e prática dos conceitos abordados.
Ao aplicar o método em exemplos práticos, analisamos uma viga simplesmente
apoiada com carga concentrada, destacando a importância dos deslocamentos e das equa-
ções de equilíbrio.
Lembrem-se de que o Método dos Deslocamentos oferece uma abordagem po-
derosa para enfrentar desafios analíticos em estruturas hiperestáticas, ampliando nossas
possibilidades de projeto e análise estrutural.
Ao enfrentar desafios na análise estrutural, lembrem-se de que cada problema é
uma oportunidade para aplicar os conhecimentos adquiridos aqui. Continuem explorando e
aprofundando seus estudos, pois a engenharia civil é uma disciplina dinâmica e em cons-
tante evolução.
Desejo a todos sucesso em suas jornadas acadêmicas e profissionais. Se surgirem
novas dúvidas ou se precisarem de suporte adicional, não hesitem em buscar recursos e
colegas. Que cada desafio seja uma oportunidade de crescimento.
Bons estudos e sucesso em suas futuras empreitadas na engenharia civil!

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 79


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Elementos finitos: a base da tecnologia CAE.
• Autor: ALVES FILHO
• Editora: Editora Érica - Sob Demanda; 6ª edição (30 julho 2009)
• Sinopse: É uma visão equilibrada entre teoria e prática. Explica
ainda como abordar de forma adequada a Introdução da Tecnolo-
gia CAE no desenvolvimento dos produtos, nos quais o conceito de
engenharia preditiva está presente.

FILME/VÍDEO
• Título: Isostática - Aula 02 - Grau de hiperestaticidade: estrutura
hipostática, isostática ou hiperestática
• Ano: 2016
• Sinopse: A aula irá abordar os principais pontos para definição
do grau de hiperestaticidade, complementando todo o conteúdo
visto nesta apostila.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=EKsaPwnWcW8&t=2s

UNIDADE 4 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS 80


CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) aluno(a),
Chegamos ao final desta jornada de aprendizado em Mecânica das Estruturas, e
é emocionante refletir sobre tudo o que exploramos juntos. Ao longo desta apostila, mer-
gulhamos nas nuances das estruturas, desde as isostáticas até os métodos avançados de
análise. Vamos recapitular os principais pontos e encerrar nossa jornada de forma coesa.
Iniciamos nossa trajetória compreendendo as bases das estruturas isostáticas,
explorando pórticos planos, grelhas, fios e cabos. Em seguida, adentramos o mundo dos
deslocamentos, desvendando a linha elástica, o Princípio dos Trabalhos Virtuais, o Método
da Carga Unitária e o Método dos Deslocamentos. Avançamos para o Método das Forças,
abordando o grau de hiperestaticidade, a escolha do sistema principal, equações de com-
patibilidade e a resolução de estruturas hiperestáticas.
Cada unidade foi cuidadosamente desenhada para construir um alicerce sólido,
interligando conceitos fundamentais e métodos avançados. As estruturas isostáticas nos
prepararam para compreender o comportamento complexo de estruturas hiperestáticas. Os
métodos dos deslocamentos e das forças ofereceram ferramentas distintas para analisar e
projetar estruturas sob diversas condições. Ao interligar essas unidades, construímos uma
compreensão abrangente do vasto campo da Mecânica das Estruturas.
Ao longo da apostila, apresentamos desafios e questionamentos que buscaram
estimular seu pensamento crítico. Ao chegar aqui, espero que tenha encontrado respostas
para essas questões e que esteja mais confiante em sua capacidade de analisar e com-
preender estruturas complexas.
Quero expressar minha gratidão por sua dedicação e empenho durante este curso.
Estou confiante de que os conhecimentos adquiridos aqui serão fundamentais em sua
jornada acadêmica e profissional.
Ao encerrarmos esta apostila, encorajo você a continuar explorando, questionando
e aprimorando suas habilidades em Mecânica das Estruturas. Este é apenas o começo de
uma jornada fascinante e repleta de descobertas na engenharia estrutural.
Desejo a você muito sucesso e realizações em seus estudos e futuras empreitadas.
Que este conhecimento seja uma ferramenta valiosa em sua jornada profissional.

81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Paulo Sérgio. Vigas de concreto armado. Bauru, 2017. Disponível em: https://
wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Vigas.pdf . Acesso em 07 de jan. 2024.

Clube do concreto. Deslocamentos e Momentos de Ligação em Estruturas de Concreto


Armado. Disponível em: http://www.clubedoconcreto.com.br/2017/11/deslocamentos-e-
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