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Índice

I. Introdução ........................................................................................................................... 1
1.1. Objecto de estudo ........................................................................................................ 1
1.2. Objectivos.................................................................................................................... 1
1.2.1. Gerais ................................................................................................................... 1
1.2.2. Específicos ........................................................................................................... 1
1.3. Metodologia ................................................................................................................ 1
II. Reino Aksum/Axum ........................................................................................................... 2
2.1. A economia ................................................................................................................. 3
2.2. Actividade comercial................................................................................................... 3
2.3. Sistema político ........................................................................................................... 5
2.4. A religião ..................................................................................................................... 6
2.5. O declínio do Reino de Aksum ................................................................................... 7
III. Reino de kush .................................................................................................................. 8
3.1. Núbia como terra de exploração.................................................................................. 8
3.2. Cuxe a conquista do Egipto e as suas dinastias ......................................................... 10
3.3. Cuxe depôs do Egipto ............................................................................................... 11
3.4. Cidades e capitais cuxitas .......................................................................................... 11
3.5. A queda de Napata .................................................................................................... 12
3.6. Transferência da capital de Napata para Méroe ........................................................ 12
3.7. Línguas e escrita meroítas ......................................................................................... 12
3.8. Queda do Méroe ........................................................................................................ 13
IV. Conclusão...................................................................................................................... 14
V. Referências ....................................................................................................................... 15
VI. Anexo: Lista de figuras ................................................................................................. 16
I. Introdução
No presente trabalho apresenta e analisa os Reinos de Aksum/Axum e Kush/Cuxe, que se
desenvolveram em períodos aproximados e no ambiente geográfico próximo. Este trabalho
pretende lançar luz através sobre alguns aspectos sobre os períodos de existência desses dois
reinos, a distribuição territorial, aspectos económicos, o complexo de crenças culturais e
religiosas, bem como os sistemas políticos, e os factores que influenciaram para o declínio
destes reinos que se desenvolveram próximo as regiões do corno de africa nos primeiros anos
nossa era.

1.1. Objecto de estudo


• Tomamos como objecto de estudo os reinos africanos de Axum e Kush.

1.2. Objectivos
1.2.1. Gerais
• Analise da evolução dos reinos do surgimento ate a sua decadência.

1.2.2. Específicos
• Analisar o período de existência e a localização geográfica
• Elucidar sobre a economia dos dois reinos
• Apresentar as relações com outros reinos

1.3. Metodologia
A metodologia usada para a elaboração deste trabalho foi fundamentada basicamente na
pesquisa bibliográfica, que se caracterizou pela busca e levantamento de referências já
analisadas e publicadas por meios escritos físicos e eletrónicos, como livros, artigos publicados
na internet e obras disponíveis na biblioteca central Brazão Mazula.

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II. Reino Aksum/Axum
O processo de formação do Estado Askumita é obscuro, as primeiras referências literárias estão
referenciadas no Periplus of the Erythraean Sea (Períplos do Mar da Eritreia), juntamente com
algumas descobertas arqueológicas de monumentos maioritariamente de caracter funerário.
Segundo Anfray (2010, p.375) O reino de Aksum/Axum teve uma existência de
aproximadamente um milénio, e o seu desenvolvimento começa a ser notório a partir do século
I d.C, e prolongou-se até aproximadamente ao século X.

“Nos primeiros séculos d.C., os Aximitas já tinham conseguido, presumidamente


atreves de uma combinação de factores como a superioridade militar, o acesso aos
recursos e a riqueza resultante da sua situação conveniente nas rotas comerciais que
iam do vale do Nilo ao Mar Vermelho, alarga a sua hegemonia sobre muitos povos do
norte da Etiópia.” (Munro-Hay, 1991).

De acordo com Cartwright (2019), o reino de Aksum esta localizado no extremo norte da zona
montanhosa da costa do mar vermelho, logo acima do chifre ou corno da África, o território
que outrora Aksum controlava e hoje ocupado pelos estados da Etiópia, Eritreia, Djibuti,
Somália e Somalilandia.

Figura 1,2. mapa da localização geográfica do Reino de Axum em sua maior extensão
territorial.

No que diz respeito a língua e a escrita, a língua e escrita axumita deriva da escrita sul arábica,
uma língua semítica que provavelmente se originou no sul da Arábia Antiga e aparece em
inscrições e moedas. E de acordo com Anfray (2010), essa língua revelada pelas inscrições é

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conhecida como geês, pertencendo ao grupo meridional da família semita. É a língua dos
axumitas. Embora possamos encontrar algumas combinações com moedas gregas e pseudo-
sabeano. De acordo com Munro-Hay (1991), o grego era a língua oficial para as inscrições e
moedas.

2.1. A economia
O reino de Aksum tinha uma economia essencialmente agraria e pastoril, apesar de a priori
parecer que houve um predomínio da actividade comercial. A importância a actividade agrícola
e notória em moedas cunhadas com a efigie de um rei de um lado e espiga de trigo no outro
lado da moeda.

“A grande maioria dos axumitas dedicava-se à agricultura e à criação de animais,


levando uma vida praticamente idêntica à dos atuais camponeses do Tigre. Nas encostas
montanhosas construíam terraços para a agricultura, que eram irrigados pela água
canalizada das torrentes. Nos contrafortes das montanhas e nas planícies, faziam
cisternas e barragens para armazenar a água da chuva, cavando canais de irrigação. As
inscrições indicam que cultivavam o trigo e outros cereais; conheciam também a
viticultura e utilizavam arados puxados por bois. Possuíam numeroso rebanho de bois,
carneiros e cabras, além de asnos e mulas.” (Kobishanov, 2010).

2.2. Actividade comercial

O ouro e o marfim eram as principais exportações de Axum, mas outros bens incluíam
escravos, sal, carapaças de tartaruga, incenso, chifres de rinoceronte, essas mercadorias iam
para o porto de Adulis.

“Multiplicavam-se as relações comerciais, as embarcações traziam mercadorias e


possibilitavam o comércio com a Índia e o mundo mediterrânico. Adulis era o ponto de
encontro para o tráfico marítimo, assim como para o comércio terrestre. No interior,
avultava o comércio de um valioso artigo, o marfim. Aliás, em primeiro lugar na lista
de exportações de Adulis. Axum era o grande centro coletor de marfim, procedente de
várias regiões.” (Anfray, 2010).

Adulis constituía a alma para o comercio de Axum, a sua localização ligada ao mar Vermelho
favorecia o contacto com os outros povos. Segundo Anfray (2010), Adulis como porto principal
do reino Axum importava diversos produtos que vinham de diferentes polos, tais como, géneros
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alimentícios, como vinho e óleo de oliva em pequenas quantidades de Laodeceia (Síria) e da
Itália; traziam do Egito cereais, vinho e suco de uvas frescas de Dióspolis; da India recebiam
trigo, arroz, cana de açúcar óleo de sésamo e milhete.

Figura 3. mapa de rotas comerciais

A posição do reino de Axum no mundo comercial da época era a de uma potência mercantil de
primeiro plano, o que se evidencia pela cunhagem de moeda própria em ouro, prata ou cobre.
Axum foi o primeiro Estado da África tropical a cunhar moeda. Ao adoptar a cunhagem da
moeda Axum queria desta forma demostrar a sua superioridade económica e política daquela
região. Segundo Reader (2002) os Axumitas comerciavam com o Egipto, com o Mediterrâneo
oriental e com a Arábia, e financiavam as suas operações com as moedas e ouro, prata e cobre,
a primeira moeda e única conhecida na África subsaariana ate ao século X.

Figura 4. Moeda de ouro do o período do Rei Ezana, rei de Axum (Ca. 320 - Ca. 360).

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2.3. Sistema político

Segundo Anfray, Reino Axum possuíam seus reinos vassalos sujeito ao “rei dos reis” de Axum,
que por sua vez estes eram obrigados a pagar tributos, e estes tributos eram coletados de duas
formas: ou os monarcas vassalos enviavam um tributo anual a Axum, ou o rei de Axum
acompanhado pelo seu exército e comitiva, percorria seus domínios para recolher os tributos.

“Os reinos vassalos situavam-se no planalto do Tigre e na região da baía de Zula


(Agabo, Metin, Agame, etc.), adiante do rio Taqqase (Walqa’it, Samen, Agaw), nas
regiões áridas em torno das terras altas etíopes (Agwezat) e na península arábica.”
(Anfray, 2010).

Por volta do século VI d.C., uma sociedade estratificada existia em Aksum, com uma elite
superior de reis e nobres, uma elite inferior de nobres de status inferior e agricultores ricos, e
pessoas comuns, incluindo agricultores e artesãos. Os palácios em Aksum estavam no auge em
tamanho e os monumentos funerários para a elite real eram bastante elaborados.

“Vinte reis, conhecidos em sua maioria apenas pelas moedas que emitiram, sucederam-
-se no trono de Axum. Os mais famosos foram Ezana e Caleb. (…) O rei mais antigo
de que se tem registro é Zoscales, mencionado num texto grego do fim do século I.”
(Anfray, 2010).

De acordo com Rearder (2002), os grandes edifícios, túmulos, esculturas e altares, tal como as
admiráveis gravações na pedra, o trabalho dos metais e o uso das escritas nesses locais.

Segundo Anfray (2010), algumas construções incluíam a madeira nas molduras das portas e
janelas e em certos pontos da parede especialmente nos cantos das salas, onde se introduziam
vigas de madeira na alvenaria para reforçar. Tudo indica que havia uma sociedade complexa,
provavelmente ao nível de Estado que se encontrava socialmente instalada no planalto
setentrional da Etiópia. Esta hipótese implica uma estratificação social com grande variedade
hierárquica.

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Figura 5. Campos de estelas (obeliscos dos reis).

2.4. A religião

O reino de Aksum ao logo da sua existência apresentou duas fases religiosas, a fase do
politeísmo e posteriormente, o monoteísmo com a introdução do cristianismo. A segunda fase
adquiriu maior tratamento a nível historiográfico.

De acordo com Kobishanov (2010), o paganismo caracterizou a primeira fase, o politeísmo era
complexo, com características dos cultos relacionados a agricultura e a criação de animais, e
as divindades adoradas eram Astar, a encarnação do planeta Vénus, a divindade lunar Hawbas,
Mahrem (uma espécie de Ares, deus da guerra), e Beher e Meder, divindades que simbolizavam
a terra.

“O culto dos ancestrais, especialmente dos reis mortos, ocupava um lugar importante
na religião axumita. Mandava o costume que se lhes dedicassem estelas: häwelt, palavra
derivada da raiz h-w-l, significa “ficar em volta” ou “adorar”, tradição comparável ao
culto islâmico diante da Caaba.” (Kobishanov, 2010).

A segunda fase foi caracterizada pela introdução do cristianismo no período do rei Ezana,
(2010), referencia que a introdução e propagação do cristianismo na Etiópia se deu no seculo
IV por missiona por missionários cristãos do império Romano Oriental. A conversão de Axum
ao cristianismo influenciou para a construção de igrejas e na pausa de construção de estelas
dedicadas aos reis mortos.

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2.5. O declínio do Reino de Aksum

A queda de Axum esta relacionada a vários factores, dentre eles podemos destacar:

Reader (2002) destaca dentre vários factores: Os problemas ambientais: a degradação


ambiental que durante o período ostensivo, os bosques e as florestas da região foram abatidos
para alimentar de carvão as fornalhas da fusão do ferro das manufacturas locais de vidro, tijolo
e olarias, alem de que a madeira era utilizada na construção de casas e no mobiliário, o que
acabou por expor os solos à erosão e as chuvas alargadas aceleraram a sua decadência.

Dificuldades comerciais: com as guerras ocorridas no mediterrâneo oriental reduziu o mercado


dos artigos de luxo, a Pérsia conseguiu controlar o sul da arabia o que ameaçava as rotas para
a India que isolou Axum do comércio do Mar Vermelho e no início do seculo VIII, os exércitos
árabes destruíram a Adúlis.

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III. Reino de kush

O antigo reino de Kush está localizado na núbia, situada a sul do Egipto, que actualmente
correspondente a região do Sudão e Egipto. Actualmente a região está isolada pelos desertos e
pelos obstáculos da segunda, terceira e quarta catarata do rio Nilo. (História geral de África-II

2010 págs. 272)

Figura 6. mapa do reino de Kush

Entre os anos de 1580 a.C. -1530, o Egipto conquistou o reino de kush e durante esse período
de dominação do Egipto, o governo da região da núbia era exercido por um vice-rei de origem
cuxita. Os cuxitas eram obrigados a pagar tributo aos egípcios, e cerca de 1000 a.C. o reino de
kush conseguiu se liberar do controlo egípcios. Os cuxitas passaram a ser chamados de faraós
negros e usavam coroas enfeitadas com duas serpentes que simboliza o controlo de Kush e
Egipto.

Segundo Ki-zerbo (197), o reino de Kush foi povoado quase da mesma maneira que o Egipto,
por um afluxo de povos que fugiam dos sectores em via de desertificação. O país era de longe
menos favorecido pela natureza, por ter um elevado índice de seca e numerosas cataratas,
devido ao relevo acidentado e perigoso, a Núbia passou a se tornar em primeiro lugar um
território de exploração para o Egito.

3.1. Núbia como terra de exploração

Segundo Ki-zerbo (197), o próprio termo, Núbia provém da raiz noub, que significa “ouro”.
As riquezas da Núbia estendiam se até às paragens do equador, desde as primeiras dinastias

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egípcias como testemunham um fragmento de pedra gravada de hierakonpolis e a pedra de
polerma, parece que os faraós se impuseram pelas armas antes de se entregarem a uma
exploração comercial de Cuxe.

Foram abertas pedreiras como a pedreira de diorito em Abu Simbel, para satisfazer as
necessidades dos construtores do norte, os altos funcionários instalados nas cidades de Assuão,
Elefante organizaram o comércio aproveitando se dá primeira catarata abrindo canais para
alargar e dar passagem aos barcos.

“O reino de Kush está ligado a kerma, considerando que os túmulos de kerma serviram
de sepultura aos soberanos nativos, que mantinham relações comerciais e diplomáticos
entre os rios hicos no Egipto.” (Sherif, 2010)

• Os núbios exportavam, para os egípcios, peles, madeira, marfim, cascos de Tartaruga,


resina, incensos e ovos de avestruz, e do Egipto importavam tecidos, azeite, pedras
preciosas, mel e objectos de cobre;
• Com a descoberta de minas de ouro no sul da Núbia, Cuxe passou a ser o maior
fornecedor desse material precioso para a corte do faraó.

De acordo com Ki-zerbo (1972) em volta do Kerma se desenvolveu a civilização Cuxita que
era mais do que simples reflexão da cultura egípcia, com a produção maciça de jóias e de
artigos decorativos ultrapassavam os maiores centros egípcios.

“A partir da época de Harkhuf tinham se alistado no exército egípcio numerosos


soldados núbios, porém quando da invasão dos hicsos uma aliança que reúne os
restantes egípcios que operam no alto egípcio e os chefes núbios dispondo de tropas
numerosas e temíveis em particular os arqueiros do sul foi a partir desta época que se
pode dizer que há um reino Cuxe.”(Ki-zerbo, 1972).

Contudo os faraós do novo império fizeram da núbia um vasto posto avançado comercial em
direcção aos países situados ainda mais a sul como Punt (Somália/Quénia) ou o Sudão central.
O vice-rei de Cuxe é responsável pelo tributo anual.

“Nós túmulos dos altos funcionários vêem se quadros muitos descritos, mostrando os
cortejos de carregadores e de animais que levavam até ao corte de tebas amostras da
vida luxuriante do equador.” (Ki-zerbo, 1972).

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3.2. Cuxe a conquista do Egipto e as suas dinastias

Segundo Ki-zerbo (197), a partir do ano 1100 a.C., inicia no Egipto uma fase de perturbações
e de guerras civis, em que os líbios intervêm. O caos que ameaça o Egipto e os vice-reis de
Cuxe, apoiados nas suas riquezas e nos territórios do interior repleto de guerreiros destemidos
não podiam ficar indiferentes a está revolução. Beneficiaram se nesta ocasião da aliança de
duas forças políticas preciosas como os chefes dos arqueiros núbios, arqueiros que constituíam
um dos contingentes de elite do faraó, e os sacerdotes tenhamos, assim como aqueles que em
Abel Simbel geriam o fabuloso tesouro do templo de Amon-Ra.

“Em 1085, o vice-rei de Cuxe, vizir de Tebas, controlava a maior parte do Egipto, e
com o aparecimento da dinastia da Líbia em 950 os cuxes já independente tornará-se
como refúgio da legitimidade de egípcios perante os estrangeiros do norte.” (Ki-zerbo,
1972)

Em kururu vêem se os túmulos dos quatro primeiros reis de Cuxe e o progresso na qualidade e
na amplidão desses monumentos que traduz o crescente poderio desde reino, em que era o
costume o rei casar se com a sua irmã e que se desenvolveu sem dúvida em torno da colina
sagrada de Djebel Barkal, consagrada ao deus Amón em Napata.

Sucederam se vários reis antes de Khasta, que em 750 repeliu o faraó da época para a zona da
esteira do delta, instaurou se também a dinastia etíope. Os cuxitas regressaram a napata com o
título de rei de Cuxe e do Alto Egipto, recebendo o tributo dos príncipes do norte.

“O rei shabaka (716-701) transferiu a capital da Napata para Tebas e instaurou uma
rigorosa administração sobre o conjunto do Egipto que era um dos maiores soberanos
da época e usava o título de rei de Cuxe e de Egipto. Os Cuxes e os assírios
confrontaram se, e os assírios saíram vencedores de um vasto conflito que opusera todos
os povos do próximo e médio oriente pela supremacia.” (Ki-zerbo, 1972).

Logo após a dinastia Shabaka, o maior rei da XXV dinastia foi o Taharqa (690-664) onde a sua
subida ao trono coincidiu com uma colheita sem precedentes, e residia sobre tudo no delta para
vigiar os asiáticos e tentou suscitar a revolta das cidades marítimas como a assíria. Entretanto
a partir de 671, o sarhaddon retomava a ofensiva assíria e invadia o Egipto do qual logo se
proclamou rei. Taharqa se retira para o sul e retoma o ataque após a saída do assírio, mas não
pôde impedir o Assurbanipal de proclamar faraó o seu vassalo egípcio. O Tebas é vencido e,
portanto, o Cuxe que foi o estudo do Egipto durante muito tempo se tornou uma potência
mundial da primeira grandeza.

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3.3. Cuxe depôs do Egipto

Segundo Ki-zerbo (1972), o destino da núbia vai ser separado na realidade do destino do
Egipto, dominada pela dinastia Saita, por volta de 660ac-350dc o reino de Napata vai conhecer
uma evolução muito isolada, a partir do momento em que Psamético colocou contingentes de
soldados estrangeiros ao nível da segunda catarata que foi sob pressão do norte ou por questões
de agravamento do clima.

“As pirâmides construídas com objetos que escaparam a cobiça de múltiplos


saqueadores, os vestígios de construções sobretudo na ilha de Méroe (Nilo e atbara)
prova que os reis de Napata e meroi conheceram vários séculos de grandeza e de
prosperidade. Os sarcófagos de granitos dos reis Anlamoni e Aspelta pesavam cerca de
25 toneladas. A cidade do templo do sol era considerada uma das maravilhas do mundo,
tendo no frontispício o disco de ouro do sol, que faziam parte da cultura que traz a
marca da civilização egípcia, destingindo se dela por um estilo muito original onde
pouco a pouco foram desaparecendo os conhecimentos dos hieróglifos egípcios. O
Egipto passava sucessivamente para o domínio dos assírios, depôs dos persas, dos
gregos de Alexandria, dos romanos, e pelos árabes, mas sobretudo Cuxe e meroi tinham
prestado serviços relevantes a civilização egípcia.” (Ki-zerbo, 1972).

3.4. Cidades e capitais cuxitas

Segundo Sherif (2010), a kerma foi a primeira capital do reino de Kush que floresceu até (-
1730-1580). O soberano do reino de Kush era chamado de príncipe de Kush. O reino de kush
abrangia toda a núbia ao sul de Elefantina, após a queda do médio império que chegou ao fim
quando Tutmósis-I conquistou a Núbia para além da quarta catarata.

Com a queda do médio império, a capital dos cuxitas foi transferido para Napata.

Napata passou a ser a primeira capital do império cuxita, no princípio a capital do reino de
Cuxe se manteve em Napata ao pé da montanha sagrada de Djebel Barkal.

• Os reis de Napata uniram a cultura núbia e a egípcia, comercializando ouro e marfim


através do mar mediterrâneo, adorando o deus Amón e construindo templos no estilo
egípcio.

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• Os reis de Napata aproveitaram o enfraquecimento do Estado egípcio, dividido em
vários principados que lutavam entre si, e conquistaram o Alto Egipto e o Baixo Egipto,
tornando-se faraó.
• O reinado núbio no Egipto chegou ao fim com a invasão do Império Assírio.
• Por volta do séc. VI AC foi transferido para meroi bem mais ao sul.

3.5. A queda de Napata

Segundo Sherif (2010), por volta do ano de 591, que é o segundo ano do reinado de Aspelta, o
Kush foi invadido por uma expedição egípcias reforçada por mercenários gregos sob o
comando de dois generais, o Anoasis e o patasimto, e a Napata foi tomada.

3.6. Transferência da capital de Napata para Méroe

Após a invasão egípcia os cuxitas procuraram manter distância dos seus poderosos vizinhos do
norte, e transferiram a capital da Napata para meroi, bem mais ao sul e muito distante da sexta
catarata. Aspelta foi o primeiro soberano da Méroe, entretanto a Napata manteve se como a
capital religiosa do reino até o fim do século IV AC.

“As estepes ofereciam a Méroe uma extensão muito maior que as bacias em torno de
Napata, confinado pelos desertos, além da criação de animais desenvolveu-se a
agricultura, o comércio, o meroi constituía um entreposto ideal para as rotas de caravana
entre o mar vermelho, o Alto Nilo e o Chade.” (Leclant, 2010).

3.7. Línguas e escrita meroítas

Leclant (2010), referencia que em Méroe desenvolveu-se a escrita meroítas, formada por 23
caracteres. A escrita corria da esquerda para a direita e as palavras eram separadas umas das
outras por dois ou três pontos.

Esses hieróglifos foram tomados de empréstimo ao egípcio, mas diferem dele em vários
aspectos. São escritos e lidos em sentido contrário ao dos textos egípcios, o que pode atestar
um desejo deliberado de diferenciação. A esses hieróglifos corresponde uma escrita cursiva
frequentemente abreviada; os signos parecem derivar em parte da escrita demótica usada no
Egipto, naquele período, para os documentos administrativos e privados.

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3.8. Queda do Méroe

A decadência de Meróe ocorreu devido ao fato de Meróe não ter conseguido dominar os povos
nômades que foram dominados pelo reino de Axum.

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IV. Conclusão

O reino de Askum e de Kush demostraram que o desenvolvimento das civilizações africanas


ou o surgimento de reinos não é uma tarefa recente e que por vários anos a africa apresentou
uma estrutura solida que por falta de documentação ainda permanece uma incógnita.

Em última análise, podemos ver que o estado axumita também possuía próprias características
culturais observáveis nas formas e motivos da sua cultura material, no desenvolvimento da
escrita semítica e especialmente nas crenças religiosas, que foi o primeiro estado a converter-
se oficialmente ao cristianismo. Axum provavelmente sofreu influencias do reino Kush depois
da invasão e conquista deste pelo reino Axumita. A Etiópia recente ainda apresenta alguns
vestígios sobre o período axumita como a existência de estelas e Igrejas que permanecem ate
hoje em regiões que anteriormente foram ocupadas pelos Axumitas.

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V. Referências

ANFRAY, F. A civilização de Axum do século I ao século VII. in História Geral da África: II.
África antiga (Editor G. Mokhtar). 2.ed. rev. - UNESCO. Brasília, 2010.

CARTWRIGHT, M. Kingdom of Axum, 2019. Disponível in:


https://www.worldhistory.org/kingdom_of_Axum/. Acesso em: 10 out. 2023.

KI-ZERBO, J. História da Africa Negra, vol.I. Editora: Europa-América. Portugal, 1972.

KOBISHANOV, Y. M. Axum do século I ao século IV: economia, sistema político e cultura.


in História Geral da África: II. África antiga (Editor G. Mokhtar). 2.ed. rev. - UNESCO.
Brasília, 2010.

LECLANT, J. O Império de Kush: Napata e Méroe. in História Geral da África: II. África
antiga (Editor G. Mokhtar). 2.ed. rev. - UNESCO. Brasília, 2010.

MUNRO-HAY, S. Aksum: An African civilization of late antiquity, 1991.

READER, J. África: Biografia de um continente. Editora: Europa-América. Portugal, 2002.

SHERIF, N. M. A Núbia antes de Napata (3100 750 antes da Era Cristã). in História Geral da
África: II. África antiga (Editor G. Mokhtar). 2.ed. rev. - UNESCO. Brasília, 2010.

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VI. Anexo: Lista de figuras

Figura 1,2. mapa da localização geográfica do Reino de Axum em sua maior extensão
territorial…………………………………………………………………………………….…2

Figura 3. mapa de rotas comerciais……………………………………………………….……4

Figura 4. Moeda de ouro do o período do Rei Ezana, rei de Axum (Ca. 320 - Ca. 360)………..5

Figura 5. Campos de estelas (obeliscos dos reis)…………………………………………..…..6

Figura 6. mapa do reino de Kush………………………………………………………………8

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