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Universidade Castelo Branco

Escola de Ciências da Saúde e Meio Ambiente


Curso de Graduação em Enfermagem

Kamille Lopes Formoso Machado

A atuação do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar contemporâneo: revisão


integrativa.

Rio de Janeiro
2020
Kamille Lopes Formoso Machado

A atuação do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar contemporâneo: revisão


integrativa.

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação em


Enfermagem, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do títulode Bacharel
emEnfermagem.

Orientador: Prof. Maria Regina B. Da Silva.

Rio de Janeiro
2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Kamille Lopes Formoso Machado

A atuação do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar contemporâneo:


revisão integrativa.

Trabalho de conclusão de curso de graduação


apresentado à Universidade Castelo Branco
como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

Prof. Daniel Ribeiro Soares de Souza


Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro

Prof. Maria Regina Bernanrdo da Silva.


Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro

Prof. Lígia
Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro
Dedico esse trabalho, primeiramente a
Deus, o Senhor da minha vida e a
Thomas Matthew DeLongeJr.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus não pela minha vida, mas por me auxiliar a transpor
todos os obstáculos e dificuldades encontrados ao longo do curso.
A Thomas Matthew DeLonge Jr, que sempre em momentos de incerteza e desespero,
clareou minha mente e me inspirou a honrar Florence Nightingale e todo o legado da
profissão, resgatando a essência da enfermagem, lembrando-me do amor de segurar a mão de
alguém pela última vez, afirmando-me que simples procedimentos são tão importantes quanto
a complexidade de outros, pois o que é tratar da tela inanimada ou do frio do mármore
comparado ao tratar do corpo vivo, que é uma das mais belas artes, poder-se-ia dizer, a mais
bela de todas e por não permitir que desistisse da vida.
A João Gabriel Monteiro Nascimento por me amparar e me apoiar de todas as formas
possíveis, sendo base fundamental.
Aos todos os professores que participaram desta jornada incrível de expansão de
conhecimento, mesmo com as adversidades e provações não abandonaram o amor pela
licenciatura. Em especial a professora Maria Regina Bernardo da Silva que acompanhou
pontualmente, ofertando todo o auxílio necessário para a elaboração deste trabalho,
mostrando-se uma grande profissional, mas acima de tudo um grande ser humano.
E a todos os amigos que não me abandonaram e me proporcionaram momentos especiais.
“Não temas, porque Eu sou contigo; não te
assombres, porque Eu sou teu Deus; Eu te
fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra
da Minha justiça” Isaías 41:10
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Etapas do Processo de Revisão Integrativa .............................................................16

Figura 2-Fluxograma do quantitativo inicial de artigos encontrados nas bases de dados


científicas..................................................................................................................................19

Figura 3- Detalhes dos artigos selecionados para compor os objetivos da presente


pesquisa.....................................................................................................................................20

Figura 4-Distribuição anual de frequência de publicações......................................................26

Figura 5- Pesquisas encontradas nas bases de dados..............................................................26


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACLS – Advanced Life Support.

APHM- Atendimento Pré-Hospitalar Móvel.

BLS- Basic Life Support.

BVS- Biblioteca Virtual em Saúde.

CBMRJ- Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Rio de Janeiro.

COFEN- Conselho Federal de Enfermagem.

EPIs- Equipamento de Proteção individual.

LILACS- Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde.

LS- Life Support.

MS- Ministério da Saúde.

OMS- Organização Mundial de Saúde.

PALS- Pediatric Advanced Life Support.

PBE- Prática Baseada em Evidência.

PHTLS- Pré-Hospital Life Support.

SAMU- Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

SAV- Suporte Avançado de Vida.

UTI- Unidades de Terapia Intensiva.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 15
RESULTADOS E DISCUSSÃO 26
CONCLUSÂO 32
REFERÊNCIAS 34
RESUMO: O serviço de APHM exige muito do profissional, por isso é essencial que o
enfermeiro prepare-se adequadamente para atuar, mantendo-se atualizado e rotineiramente
treinado para os mais diversos cenários de atuação extra-hospitalar. O presente estudo teve
como objetivo analisar as evidências científicas disponíveis, referentes à atuação do
enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel (APHM) contemporâneo e
identificar fatores que colaboram para a atuação de forma eficiente do enfermeiro no serviço
de APHM contemporâneo. O estudo apresenta uma revisão integrativa da literatura de caráter
exploratório- descritivo e de origem qualitativa. Foram selecionados 30 artigos, dentre eles 2
artigos em inglês, relacionado à temática do estudo. A discussão foi dividida em duas
subcategorias resumidas nos seguintes títulos: 3.1. Análise das evidências científicas
disponíveis, referentes à atuação do enfermeiro no serviço de APH móvel contemporâneo;
3.2. Identificação dos fatores que colaboram para a atuação de forma eficiente do enfermeiro
no serviço de APH móvel contemporâneo.
PALAVRAS-CHAVES: APHM, Assistência de Enfermagem, Ambulância.

ABSTRACT: The APHM service demands a lot from the professional, so it is essential that
the nurse is adequately prepared to act, keeping up to date and routinely trained for the most
diverse scenarios of extra-hospital work. The present study aimed to analyze the scientific
evidence available, referring to the nurse's performance in the contemporary mobile pre-
hospital care service (APHM) and to identify factors that contribute to the nurse's efficient
performance in the contemporary APHM service. The study presents an integrative review of
the literature of an exploratory-descriptive character and of qualitative origin. Thirty articles
were selected, including 2 articles in English, related to the theme of the study. The discussion
was divided into two subcategories summarized in the following titles: 3.1. Analysis of the
available scientific evidence, referring to the nurse's performance in the contemporary mobile
PHC service; 3.2. Identification of the factors that contribute to the efficient performance of
nurses in the contemporary mobile PHC service.

KEYWORDS: APHM, Nursing Assistance, Ambulance.


1 Introdução

O serviço de atendimento pré-hospitalar (APH) caracteriza-se por toda e qualquer


assistência realizada direta ou indiretamente, utilizando meios e métodos disponíveis, fora do
ambiente hospitalar aos portadores de quadros agudos de natureza clínica, traumática ou
psiquiátrica, visando à manutenção da vida e à minimização de sequelas 1. Nesse sentido, um
suporte qualificado às vítimas ainda na cena do acidente, associado ao transporte seguro e
precoce ao hospital é indispensável para expandir o índice de sobrevida2.

O atendimento inicial às emergências e/ou urgências ainda no local da ocorrência


surgiu desde os primeiros conflitos militares, mais precisamente no período napoleônico,
neste período, os combatentes feridos durante as guerras eram transportados até a equipe
médica por carroças. Dominique Larrey, cirurgião e chefe militar, em 1792 muda a estratégia
antes empregada para socorro e inicia a prática de fornecer a assistência inicial ainda no
campo de batalha afim de prevenir possíveis complicações, tempos depois, os combatentes
receberam treinamento de primeiros socorros3.

Em 1955 surgiram às primeiras equipes de atendimento pré-hospitalar na França e


atualmente o Brasil segue o modelo francês adequando-se às peculiaridades nacionais, porém
esta é uma organização recente, sustentado pela portaria do Ministério da Saúde (MS) n°824
de 24 de junho de 1999, o qual normatiza o atendimento pré-hospitalar móvel (APHM) em
todo o Brasil4. Hoje esta modalidade de suporte ao usuário em casos de emergência se
operacionaliza por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), antes,
porém, funcionava por meio de parcerias do Corpo de Bombeiros com as Secretarias
Municipais e/ou Estaduais de Saúde.

Com o surgimento no Brasil das unidades de Suporte Avançando de Vida (SAV), a


partir da década de 1990, as atividades da enfermagem no APHM ficaram mais evidenciadas,
pois estas unidades tinham como características manobras invasivas de maior complexidade,
sendo somente realizada exclusivamente por profissionais médicos e enfermeiros5.

A Portaria n° 2048/GM, de 5 de novembro de 2002 que define a organização estrutural


e funcional dos sistemas, estabelece como deve se comportar a equipe de profissionais, bem
como seu perfil, suas competências e suas atribuições. A resolução declara que o profissional
de enfermagem desempenha funções de Enfermeiro Responsável e Enfermeiro Assistente,
que consiste em supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe; executar
prescrições médicas por telemedicina; prestar cuidados inerentes a profissão de maior
complexidade técnica a paciente graves e com risco de vida; participar de treinamento e
aprimoramento profissional da equipe de urgência, prestar assistência à gestante, à parturiente
e ao recém-nato, entre outras6.

No artigo 1° da resolução n°375/2011 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),


dispõem sobre a obrigatoriedade do enfermeiro em unidades APHM para a supervisão e
assistência de enfermagem e em situações de risco, participando em acordo com a equipe a
responsabilidade da previsão de intervenções, definindo prioridades visando estabilizar a
vítima durante o transporte, reavaliando-a repetidamente até a admissão hospitalar para um
tratamento definitivo7.

O serviço de APHM exige muito do profissional, por isso é essencial que o enfermeiro
prepare-se adequadamente para atuar, adaptando-se rotineiramente aos protocolos
americanos, com legislação aplicável e atualizada, através de cursos lato sensu de
especialização na área de urgência e emergência, conhecidos pela sua qualidade como os LS
(life support): BLS (basic life support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital
life support) e PALS (pediatric advanced life support), entre outros treinamentos e
aperfeiçoamentos, objetivando influenciar diretamente na assistência imperiosa durante a
“hora de ouro” que são as primeiras horas do acidente, onde uma parcela considerável das
vítimas com lesões traumáticas graves vem a óbito entre o trajeto do local do evento ao
hospital1-6.

Neste contexto, investigar as ações desenvolvidas pelo profissional enfermeiro em


unidades de APHM pode contribuir para a identificação de adversidades no emprego da
assistência e das demais funções desenvolvidas, o planejamento de possíveis soluções e
colaborar para no contexto de redução das taxas de morbimortalidade na área de urgência e
emergência, mediante ao atendimento inicial eficiente no local do acidente pela equipe
multiprofissional com enfoque na qualidade da assistência prestada pela enfermagem e todo o
planejamento do serviço.

Assim, devido à conjuntura abordada acima, este estudo tem como objetivos, analisar
as evidências científicas disponíveis, referentes à atuação do enfermeiro no serviço de
atendimento pré-hospitalar móvel e identificar fatores que colaboram para a atuação de forma
eficiente ou deficiente do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel
contemporâneo. E cuja questão norteadora: Qual a importância do papel do enfermeiro no
atendimento pré-hospitalar na contemporaneidade?”.

O interesse para a escolha desta temática e a realização deste presente estudo partiu
por entender que o papel do enfermeiro no APHM não se restringe somente a assistência, mas
desempenha funções fundamentais para o funcionamento do serviço de forma eficaz,
capacitando sua equipe através de atividades educativas e treinamentos práticos, revisando e
atualizando protocolos da instituição ao qual desempenha suas funções em acordo com os
demais manuais internacionais e etc. Através da realização deste estudo, podemos avaliar a
importância não só da assistência e intervenções de enfermagem no atendimento extra
hospitalar, mas a todas as funções exercidas pelo mesmo.

Portanto há necessidade do reconhecimento de tais dilemas e barreiras a qual o


enfermeiro possa enfrentar na execução do seu encargo oriundo da insuficiência de
investimentos, inflação de produtos e serviços, evolução da tecnologia, a fim de auxiliar o
profissional a lidar diante destas situações administrativas e direcionar sua prática clínica,
destacando então a necessidade de um novo modelo de gerenciamento e administração para o
alcance de uma assistência de qualidade para a população 1,3.

Por fim, justifica-se esta revisão integrativa no sentido de que o enfermeiro precisa
estar apto e seguro para lidar com todas as questões envolvidas ao processo de assistência no
APHM. O público alvo desta revisão são todos os que se interessam pela temática e
profissionais de saúde, incluindo os acadêmicos e profissionais de enfermagem que atuam na
assistência.

Ao compararmos a estrutura assistencial da enfermagem no Brasil com outros países,


como por exemplo, Estados Unidos e França, nota-se um subdesenvolvimento da ampliação
das atividades exercidas e amparadas por lei pelo enfermeiro, pois os profissionais não tem
sua função consolidada e reconhecida em seus sistemas de atendimento, diferente do modelo
de APHM dos países citados. As atividades desenvolvidas pelo enfermeiro e seu olhar
diferenciado nos mais diversos espaços inerentes ao APHM, trazendo inovações,
flexibilidade, desenvolvimento de estratégias e incentivo do trabalho em equipe e etc. para
que seja desempenhada uma assistência humana, prático, eficiente e integral, uma vez que o
mesmo desempenha funções de gestão além de atuar na assistência para a sobrevida da
vítima8.

2 Procedimentos metodológicos

O respectivo estudo consiste numa revisão integrativa da literatura de caráter


exploratório- descritivo e de origem qualitativa sobre a atuação do enfermeiro no serviço de
atendimento pré-hospitalar contemporâneo.

Este método de revisão encontra-se embasado na Prática Baseada em Evidência


(PBE), originado na Inglaterra, pelo epidemiologista Archie Crochane 9. PBE consiste na
utilização de dados científicos presentes na literatura, mais especificamente, resultados de
diversos estudos, afim de subsidiar a prática clínica. Dentre outros fatores, a mesma envolve a
definição de um problema, a busca e a avaliação crítica das evidências disponíveis, a
implementação das evidências na prática e a avaliação dos resultados obtidos 10. A revisão
integrativa da literatura é um dos métodos utilizados, dentro da PBE, para construção da
prática clínica á partir do conhecimento científico.

A revisão integrativa é um “método específico, que resume o passado da literatura


empírica ou teórica, para fornecer uma compreensão mais abrangente de um fenômeno
particular“, estando o termo "integrativa" relacionado à integração dos diversos conceitos,
idéias e resultados presentes nos estudos analisados10-11.

Tem-se como finalidade reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um


delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o
aprofundamento do conhecimento do tema investigado 10. A revisão integrativa caracteriza-se
por ser o método de revisão mais amplo, permitindo a inclusão de estudos com metodologias
variadas, sendo por isso, escolhida para o respectivo estudo.

Apesar de pequenas diferenças entre os autores, a revisão integrativa é composta por


seis fases, são estas:

1.Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração


da revisão integrativa; 2.Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/
amostragem ou busca na literatura; 3.Definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados/ categorização dos estudos; 4.Avaliação dos estudos incluídos na revisão
integrativa; 5.Interpretação dos resultados;6. Apresentação da revisão/síntese do
conhecimento.

Figura 1: Etapas do Processo de Revisão Integrativa. Fonte: BOTELHO, CUNHA, MACEDO (2011).

A primeira etapa do processo, de Identificação do Tema e Seleção da Questão de


Pesquisa, se constitui como norteadora para a construção da revisão. Inicia-se com a definição
de um problema e posteriormente da pergunta de pesquisa. A partir disto, são elaborados os
descritores, da estratégia de busca e dos bancos de dados a serem analisados. Importante que
haja objetividade e clareza na questão que se quer pesquisar.
A segunda etapa está intimamente relacionada à primeira, buscando-se definir critérios
de inclusão e exclusão para seleção do material a ser trabalhado, a fim de se realizar uma
filtragem, utilizando-se somente estudos que estejam de acordo com os itens propostos na
etapa anterior. Estes critérios devem ser claros, objetivos e bem identificados. A busca, assim
como a seleção dos artigos, deve ser realizada preferencialmente por dois pesquisadores,
separadamente.
A terceira etapa corresponde à identificação dos estudos selecionados e pré-
selecionados. Inicia-se com a leitura dos títulos e resumos dos trabalhos levantados ou na
íntegra, caso seja necessário. O nível de evidências do trabalho deve ser analisado. Ao final
realiza-se a organização e sumarização das informações dos estudos levantados, formando-se
um banco de dados. Dentre os principais itens a se observar está à amostra do estudo
(sujeitos), os objetivos, a metodologia empregada, resultados e as principais conclusões de
cada estudo.
Na quarta etapa, ocorre a categorização do conteúdo encontrado no material
bibliográfico levantado, isto é, a divisão das informações em categorias ou eixos temáticos, á
partir de uma análise crítica. Esta classificação pode ser realizada de acordo com a
individualidade do autor, podendo ser considerados para isto “análises estatísticas; a listagem
de fatores que mostram um efeito na variável em questão ao longo dos estudos; a escolha ou
exclusão de estudos frente ao delineamento de pesquisa”.
A quinta etapa corresponde à interpretação dos resultados. Nesta fase é realiza-se a
comparação entre os resultados e discussões dos diversos estudos obtidos, onde através de um
olhar comparativo e integrativo, pode ter a identificação de conclusões sobre o assunto
pesquisado e identificar possíveis lacunas de conhecimentos existentes.
Por fim, a sexta etapa, A apresentação da revisão, consiste em documentar as etapas
percorridas, bem como os resultados encontrados a partir da revisão dos artigos.

Paraqueafase1sejaatendida,foielaboradoaseguintequestãonorteadora:” Qual a
importância do papel do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na contemporanidade?”.

Para a realização da busca bibliográfica, foram utilizados as seguintes bases


eletrônicas de dados:
a) Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), desenvolvida sob coordenação do Centro
Latino-americano de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), é uma rede
defontesdeinformaçãoon-lineparaadistribuiçãodeconhecimentocientífico e técnico em saúde.
b) Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
da Biblioteca Virtual em Saúde do Centro Latino – Americano e do Caribe de Informações
em Ciências da Saúde (BIREME).

Os descritores utilizados foram definidos de acordo com o De Cs (Descritores em


Ciências da Saúde), na língua portuguesa e utilizado o operador booleano “AND”, sendo eles:
APH, AND enfermagem, enfermagem AND atendimento pré-hospitalar, enfermagem AND
ambulância, assistência AND enfermagem em emergência.

Na fase 2, quanto ao processo de busca na literatura, foi realizado nos meses de agosto
de 2019 a maio de 2020 e serão incluídos na revisão os artigos originais publicados em
periódicos científicos nos últimos 5 anos (2015 a 2020) nos idiomas português e inglês que se
referirão à temática em questão.

A busca dos artigos deu-se por, primeiramente, encontrar os descritores


disponíveisquepudessemterparticularidadescomosobjetivos em
questão:“Analisaraimportânciada atuação doenfermeirono serviço de APH móvel
contemporâneo”; e “Identificar fatores que colaboram para a atuação de forma eficiente do
enfermeiro no serviço de APH móvel contemporâneo”.

Apósoscritériosdeinclusãoeexclusãocitadosnofluxograma,foramutilizados 5 artigos do
BVS, 15 artigos do LILACS e SciELO 10.

Por fim, após uma leitura minuciosa, foram selecionados 30 artigos no total que
corresponderam aos objetivos mencionados.
FIGURA 2- Fluxograma do quantitativo inicial de artigos encontrados nas bases de dados científicas. Rio de
Janeiro, 2020.

Número de registro por base de dados:

BVS – 5143 / LILACS – 638 / SciELO - 220

Total de registros identificados:

6.001

Critério de inclusão de artigos:

- Texto completo;

- Publicações dentro dos últimos 5 anos;

-Idiomas: Português, inglês e espanhol;

- Título, resumo, assunto: Enfermagem em emergência, ambulâncias, APH, enfermagem em


atendimento pré hospitalar.

BVS - 219 LILACS - 101 SciELO - 67

Critério de exclusão de artigos:

- Artigos sem relação com o tema / objetivos;

- Duplicidade;

- Artigos pagos / incompletos;

BVS - 138 LILACS - 101 SciELO - 42

Total de artigos excluídos: 54.999

Artigos selecionados que respondem os objetivos da pesquisa:

BVS: 5 / LILACS: 15 / SciELO: 10

Total de artigos selecionados: 30

Fonte: Elaborada pelo autor


Figura 3 - Detalhes dos artigos selecionados para compor os objetivos da presente pesquisa.
N° TITULO AUTORES REV/ BASE DE ANO OBJETIVO METODOL
DADOS

1 Atendimento a saúde Freitas et al Rev. De 2019 Identificar quais as percepções Descritivo qualit
por bombeiros: pesq.:cuidado é dos bombeiros quanto ao entrevista semie
Dificuldades fundam. (online) / atendimento pré-hospitalar, suas guiada por ro
encontradas que LILACS/ SciELO principais dificuldades e riscos
implicam na assistência encontrados na prestação do
a população atendimento em saúde.

2 Enfermagem em Malvestio1 Rev enfermagem 2019 Analisar o cenário de Exploratório, an


práticas avançadas no em foco implementação da Enfermagem revisão narr
atendimento pré- et al impresso / BVS de Praticas Avançadas (EPA) no
hospitalar: atendimento pré-hospitalar
oportunidade de (APH) como
ampliação do acesso no
Brasil ferramenta de acesso ao cuidado
no Brasil

3 Pré-hospitalar móvel Cyrino Rev. Cogitare 2019 Identificar o perfil das Revisão integ
em Portugal e Brasil: Enfermagem / publicações e os temas
Revisão Integrativa et al LILACS abordados na literatura no
contexto pré-hospitalar

móvel em Portugal e no Brasil

4 Atuação do enfermeiro Peres Rev. De 2018 Conhecer a percepção de Exploratório de


em um serviço de pesq.:cuidado é trabalhadores de saúde sobre a com abordagem
atendimento et al fundam. (online) / atuação
LILACS
pré-hospitalar privado do enfermeiro em um serviço de
atendimento pré-hospitalar

5 Perspectivas de Anjos, Rev. Baiana de 2016 Descrever as perspectivas das Exploratório Qu


enfermeiras no cuidado Oliveira e enfermagem /
em atendimento pré- Rosa LILACS enfermeiras no cuidado em
hospitalar móvel atendimento pré-

-hospitalar móvel.

6 Enfermagem pré- Ribeiro & Rev. Cogitare 2016 Discutir a forma de organização Descritivo retro
hospitalar no suporte Silva Enfermagem / do trabalho de enfermagem na
básico de vida: LILACS assistência pré-hospitalar,
postulados ético-legais considerando a caracterização
da profissão das ocorrências atendidas por
uma Unidade de Suporte
Básico, à luz da legislação que
regulamenta e disciplina o
exercício profissional da
categoria no Brasil

7 O cotidiano dos Tavares Revista de 2017 Compreender o cotidiano de Exploratório qu


enfermeiros que atuam Enfermagem do trabalho dos enfermeiros que com pesquisa d
no serviço de et al Centro-Oeste atuam no Serviço de focal
atendimento móvel de Mineiro / Atendimento Móvel de
urgência LILACS Urgência

8 Organização do Silva & Revista Eletrônica 2015 Compreender as reais funções Qualitativa
atendimento pré- Silva Gestão & Saúde / dos Bombeiros Militares no abordagem des
hospitalar móvel de LILACS atendimento de urgências e explorató
emergência: uma emergências em um município
questão de gestão dos do interior do estado do Rio
serviços de saúde Grande do Sul e,
especificamente, entender a
relação de bombeiros militares
na intersecção com outras
instituições no atendimento de
emergência

9 Riscos Ocupacionais Nascimento Id online 2017 Avaliar a percepção de riscos Descritivo com a
dos Profissionais de & Araújo rev.multidisciplin ocupacionais que os qualitativ
Enfermagem ar e de profissionais de enfermagem
psicologia / atuantes no atendimento móvel
atuantes no SAMU 192 LILACS de urgência.

10 Atuação do enfermeiro Szerwieski Revista UNINGÁ 2015 Analisar como é a atuação Revisão
na gestão do & Oliveira / LILACS e doenfermeiro na gestão do literatura,desc
atendimento pré- SciELO atendimento pré-hospitalar explicati
hospitalar

11 Enfermagem no Dias Rev. 2016 Identificar o papel da Revisão integra


atendimento pré- Interdisciplinar enfermagem no atendimento abordagem des
hospitalar: papel, riscos et al em Saúde / BVS pré-hospitalar qualitativ
ocupacionais e
conseqüências (APH), bem como refletir sobre
as conseqüências e riscos que os

profissionais estão expostos


neste setor.

12 A importância do Oliveira WA Rev. de 2017 Discutir de maneira conceitual a Revisão biblio


enfermeiro na evolução enfermagem da importância do enfermeiro na qualitativ
do atendimento pré- et al FACIPLAC / evolução do atendimento pré-
hospitalar no Brasil BVS hospitalar no Brasil.

13 A atuação do Alkmim Revista de 2016 Analisar a conduta dos oficiais Revisão integra
enfermeiro à frente da Trabalhos enfermeiros do CBMERJ nos abordagem des
ambulância et al Acadêmicos qualitativ
intermediária no UNIVERSO São atendimentos a urgências e
atendimento pré- Gonçalo / emergências; avaliar a
hospitalar móvel do LILACS autonomia dos enfermeiros
corpo de bombeiros do quando na função de
Estado do Rio de
líderes de ambulâncias
Janeiro
intermediárias do CBMERJ e
Descrever os fatores que
favorecem a tomada

de decisão dos enfermeiros do


CBMERJ no atendimento a
urgências e emergências.

14 O enfermeiro no pré- Mota, Cunha Revista 2020 objetivou-se analisar o papel Qualitativa
hospitalar: cuidar para & Santos Millenium / dos enfermeiros no socorro pré- abordagem des
a cura LILACS hospitalar em Portugal explorató

15 A inserção do Calans & Journal of 2016 Investigar a inserção do Pesquisa de c


enfermeiro no Pinheiro Medicine and enfermeiro no Atendimento Pré- descritiva e de a
atendimento móvel de Health Hospitalar (APH) qualitativ
urgência Promotion /
LILACS dentro do Serviço de
Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU), conhecendo
as atribuições

desses profissionais no serviço,


os desafios e dificuldades
encontradas

16 As dificuldades Canesin, Revista 2020 Compreender as dificuldades Pesquisa qua


vivenciadas pelos Lovadini & Enfermagem atual vivenciadas pela enfermagem exploratória de
profissionais de Sakamoto / no atendimento pré-hospitalar transvers
enfermagem no
atendimento pré- LILACS
hospitalar

17 Equipes e condições de Dal Pai Revista eletrônica 2015 Identificar, analisar e sintetizar Revisão integ
trabalho nos serviços de enfermagem / os achados disponíveis na
de atendimento pré- et al LILACS literatura sobre a composição
hospitalar móvel: das
revisão integrativa
equipes e das condições de
trabalho nos serviços de
Atendimento Pré-Hospitalar
(APH) móvel

18 Atuação do enfermeiro Bonuzzi KL Revista Científica 2016 Analisou-se a atuação do Revisão biblio
no atendimento pré- Sena Aires / BVS Enfermeiro no atendimento pré-
hospitalar aéreo a et al hospitalaraéreo a pacientes
pacientes politraumatizados segundo a
politraumatizados: produçãocientífica
Revisão de literatura

19 Atendimento pré- Ferreira Revista brasileira 2019 Descrever o conhecimento do Estudo explor
hospitalar móvel e o de saúde estudante de enfermagem de descritivo quan
conhecimento do funcional / duas instituições de ensino
LILACS
graduando de superior, uma pública e uma
enfermagem privada, sobre atendimento pré-
hospitalar móvel
20 O que pensam os Luchtember Revista Cogitare 2015 Identificar a percepção de Estudo explo
enfermeiros do SAMU g e Pires Enfermagem / enfermeiros de um Serviço de descritiv
sobre o seu processo de BVS Atendimento Móvel de
trabalho Urgência

sobre o seu processo de trabalho


em um estado da região sul do
Brasil

21 COVID-19: Cuidados Marques et Revista 2020 Descrever as ações realizadas Estudo descritivo
de Enfermagem para a al Texto & Contexto por enfermeiros do serviço pré-
segurança no Enfermagem/ hospitalar móvel antes, durante
Atendimento de SciElo e após atendimentos e
Serviço Pré-Hospitalar transferências de pacientes
Móvel. suspeitos e/ou confirmados para
Covid-19 e as limitações
encontradas por esses
profissionais para diminuir a
exposição à doença.

22 Implantação de ciclo de Timóteo et Revista Brasileira 2020 Avaliar o efeito da implantacao Estudo quase exp
melhoria nos registros al de Enfermagem- de um ciclo de melhoria da de serie tem
de saúde REBEN/ SciElo qualidade no preenchimento das quantitativo, se
fichas de ocorrências de um controle
de serviço pré- Serviço de Atendimento Móvel
hospitalar móvel de de Urgência. com três avalia
urgência qualidad

23 Estresse dos Carvalho et Revista Brasileira 2020 Analisar os fatores relacionados Estudo desc
profissionais de al de Enfermagem – ao estresse ocupacional da
enfermagem atuantes REBEN/ SciElo equipe de enfermagem com aborda
no atendimento pré- quantitati
hospitalar de um Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu).

24 Perfil, dificuldades e Souza, Teles Revista 2020 Objetivou-se identificar as Revisão integr
particularidades no e Oliveira Electrónica características do trabalho dos caráter descr
trabalho de Enfermeria Actual profissionais dos Serviços de
profissionais dos eN Costa Rica/ Atendimento Pré-
serviços de SciElo
Hospitalar Móvel.
atendimento pré-
hospitalar móvel:
revisão integrativa

25 Acidentes de trabalho e Goulart et al Rev Esc Enferm 2020 Analisar Estudo quant
os riscos ocupacionais USP/ SciElo exploratório e d
identificados a ocorrência de acidentes de
trabalho entre trabalhadores do com delineam
no Serviço de Serviço de Atendimento Móvel transvers
Atendimento Móvel de de Urgência e a associação com
Urgência. os riscos ocupacionais
identificados.

26 Atendimento a Cunha et al Revista 2019 Compreender o atendimento do Pesquisa qualitat


pacientes em situação Electrónica paciente em situação de referenci
de urgência: do serviço Enfermeria Actual urgência desde o serviço
pré-hospitalar móvel ao eN Costa Rica/ metodológico d
SciElo pré-hospitalar móvel ao serviço Fundamentada n
serviço hospitalar de hospitalar de emergência.
emergência.

27 Simulação de incidente Revista do 2019 Descrever estratégia de ensino a Estudo trans


com múltiplas vítimas: Colégio Brasileiro partir da simulação de Incidente
treinando profissionais de Cirurgiões/ de Múltiplas Vítimas (IMV), com aborda
SciElo discutindo e avaliando a atuação quantitativa
e ensinando dos discentes envolvidos no contemplou a ex
universitários. atendimento inicial às vítimas uma simulação
de trauma.

28 Proposta de passos para Castro et al Texto & Contexto 2018 Propor passos para a segurança Estudo quantit
a segurança do paciente Enfermagem/ do paciente a partir da análise descritivo, com
no Atendimento Pré- SciElo dos riscos no atendimento pré- intencion
Hospitalar Móvel. hospitalar móvel sob a ótica dos
enfermeiros.

29 Instrumento para Dantas et al Rev da Escola de 2015 Validar um instrumento Estudo metodol
avaliação da qualidade Enfermagem da pesquisa de o
da assistência pré- USP/ SciElo de avaliação da qualidade da
hospitalar assistência pré-hospitalar

móvel de urgência: móvel de urgência.


validação de conteúdo.

30 Educação permanente Schmalfuss 2020 Descrever a experiência de Estudo quali


em saúde com et al Revista docentes e discentes na descritivo, tipo
profissionais do enfermagem UFPE realização de um projeto de experiênc
SAMU. on line/ SciElo extensão em Educação
Permanente em Saúde com
profissionais do Serviço de
Atendimento Móvel de
Urgência.
3 Resultados e Discussão

Para a corrente pesquisa integrativa, portanto, analisou-se 30 artigos selecionados


graças ao atendimento dos requisitos propostos pela pesquisa: expor fundamentação teórica
necessária para que o problema do trabalho “Qual a importância da atuação do enfermeiro no
atendimento pré-hospitalar na contemporaneidade?”. Dessa forma, espera-se, então, que a
união das compreensões obtidas através da revisão integrativa proposta possa auxiliar na
conclusão do questionamento, relevante uma vez selecionado o recorte temporal de 2015 a
2020, relacionado à temática do estudo como está representado no gráfico (figura 4).

Figura 4: Distribuição anual de frequência de publicações

2020 2020, Colunas1,


8

2019 2019, Colunas1,


7

2018 2018, Colunas1,


2

2017 2017, Colunas1,


3

2016 2016, Colunas1,


6

2015 2015, Colunas1,


4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Fonte: Autor (2020)

No que tange as pesquisas, foram encontradas nas seguintes bases de dados (Figura 5).
Figura 5: Pesquisas encontradas nas bases de dados

SciELO;
SciELO Colunas1;
10

BVS BVS; Col-


unas1; 5

LILACS;
LILACS Colunas1;
15
0 2 4 6 8 10 12 14 16

Fonte: Autor (2020)


Os estudos selecionados foram encontrados nas respectivas bases de dados 05 BVS,
15 LILACS e SCIELO 10.

Em relação aos periódicos nos quais os estudos foram publicados, os locais de


construção foram SP (09); MG (02); RJ (11); SC (02), RS (01), DF (01), CE (01), BA (01) no
que tange os estudos internacionais, duas publicações encontram-se no idioma inglês, foram
respectivamente Costa Rica (01) e um estudo comparativo entre Brasil e Portugal (01).

Dos 30 artigos selecionados, em sua grande maioria foram elaborados por


enfermeiros, mestres e doutores e graduandos em enfermagem, com exceção de quatro dos
artigos seletos, pois tiveram a contribuição de militares do Corpo de Bombeiros.

Para facilitar a compreensão, elaborou-se um quadro com a descrição de cada estudo,


constando os seguintes itens: título, autor, revista / base de dados, ano de publicação, objetivo
do estudo, metodologia, nível de evidência científica e qualis da revista, descritos na figura 3.

Sendo assim, apresentadas as subcategorias podem ser resumidas nos seguintes títulos:
3.1. Análise das evidências científicas disponíveis, referentes à atuação do enfermeiro no
serviço de APH móvel contemporâneo; 3.2. Identificação dos fatores que colaboram para a
atuação de forma eficiente do enfermeiro no serviço de APH móvel contemporâneo.

3.1 Analise das evidências científicas disponíveis, referentes à atuação do enfermeiro


no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel contemporâneo.

Como mencionado anteriormente, o sistema de APHM quando foi introduzido no


Brasil eram operacionalizadas desvinculadas dos profissionais da área de saúde. As atividades
eram desenvolvidas por bombeiros militares em decorrência da inexistência de políticas
públicas nessa esfera de saúde. O que acarretava algumas dificuldades assistenciais, pois os
militares não eram amparados por lei para a execução de procedimentos simples, como a
punção venosa, por exemplo, limitando-os o que tendia a comprometer, ainda que de forma
parcial a assistência 12,19.

No estudo de Freitas et al (2019), militares do Corpo de Bombeiros entrevistados


sinalizaram a necessidade do profissional enfermeiro como integrante da equipe, não só para
somar positivamente a assistência, mas para proporcionar também um suporte teórico-legal 12.
É fundamental a reestruturação/criação de novas políticas públicas que regularizem e
fiscalizem de maneira concreta e distintas as competências técnicas exercidas pela rede de
emergência e urgência extra-hospitalar, é o que muitos profissionais de saúde atuantes em
instituições militares que desempenham o serviço APHM apontam24.

A participação do enfermeiro atualmente está restrita a composição da equipe de


suporte avançado de vida, Unidades Tratamento Intensiva (UTI) e a coordenação da equipe de
enfermagem33. Porém ao analisar as competências e a prerrogativas profissionais, a inserção
do enfermeiro como o terceiro componente do serviço básico de saúde móvel proporcionaria
uma ampliação da abrangência na qualidade da avaliação com pouca incorporação de
tecnologias, viabilizando a orientação segura e eficaz imediata de procedimentos e
administração de medicações em situações restritas por regulação, telemedicina e protocolos,
acertando um beneficio para os pacientes assistidos de maior complexidade evitando agravos
e complicações13, 17.

Os profissionais de enfermagem devem estar sempre atualizados com os protocolos


internacionais para que otimizem o tempo e direcione suas condutas, de acordo com a melhor
evidência científica. Quando a equipe se depara com uma vítima de caso clínico, utiliza-se o
protocolo BLS/ACLS e, nos casos em que o paciente é vítima de trauma, o protocolo utilizado
será o PHTLS 25. Porém isso não ausenta a eficácia previsível da assistência do enfermeiro, os
protocolos devem ser empregados, mas a construção de uma visão holística no decorrer do
atendimento é de extrema importância e é o que o destaca o enfermeiro das demais
profissões26.

Portanto, conforme exposto por Peres et al (2018) e Luchtemberg e Pires (2015),


ressalta mais uma vez a necessidade de criar e/ou reestruturar modelos assistências e criar e
ampliar políticas públicas com o objetivo de implantar um sistema o qual oferece à
enfermagem um suporte mais autônomo para a prática clinica no APHM, o que pode ser um
desafio para a categoria. Reduzir a enfermagem a uma visão única é extrair sua verdadeira
essência 30, 25.

Para o socorro de uma vítima no ambiente extra-hospitalar a atenção minuciosa na


avaliação clínica do paciente para tomada de decisão imediata e eleger a melhor conduta é de
extrema importância visando atender às necessidades da vítima, quer no sentido de saná-las
ou antecipá-las, e essa prática declara a relevância da participação do enfermeiro por ser este
o único possuidor de tal competência legal23, 26.
Segundo Cyrino et al (2019) aponta a necessidade de fundar um Núcleo de Educação
em Urgências interinstitucional com o objetivo de capacitar, habilitar e atualizar profissionais
de diversas áreas atuantes no APH, proporcionando coesão e sintonia entre as equipes, que
por conseqüência ofertará um serviço mais dinâmico e qualificado, abrangendo áreas
geográficas de cobertura assistencial, podendo ser: nacional, estadual, regional, municipal ou
distrital14.

De acordo com o levantamento de dados de dos autores Mota, Cunha e Santos (2020)
as atividades do enfermeiro no APH móvel se dividem basicamente em três fases: antes,
durante e depois do atendimento. Antes de a ambulância sair do pátio da instituição para a
ocorrência, é necessária que ocorra a checagem e reposição do material, a verificação dos
equipamentos que compõem a ambulância, conferirem o volume de oxigênio no cilindro e a
completa composição dos kits de assistência e as medicações e etc21.

Na segunda fase, a intervenção propriamente dita, o enfermeiro atua não somente na


previsão e provisão das necessidades assistências da vítima, o qual a identificação e a
mediação acontecem simultaneamente, aplicando a avaliação primária e secundária, avaliação
da cinemática do trauma, aplicação e avaliação da empregabilidade pela equipe dos
protocolos internacionais, a identificação de doenças infecto-parasitárias, mas também na
segurança de toda a equipe, avaliando a cena, interrompendo fatores de risco e etc. 21, 26.

E a terceira fase se inicia, quando a equipe transporta o paciente de forma segura para
uma instituição intra-hospitalar e o mesmo o recebe, o enfermeiro é responsável pelo registro
do atendimento e a elaboração do relatório no livro de ocorrências da enfermagem, além de
assegurar que todo o material usado na ocorrência, seja reposto na ambulância, os
equipamentos sejam limpos e desinfetados de forma eficaz 28, 30.

Esses documentos elaborados pelo enfermeiro em cada ocorrência contribuem para o


levantamento de dados epidemiológicos e para a avaliação da assistência da equipe,
contribuindo para o aperfeiçoamento através de capacitações e da educação permanente, o
qual assume o papel de instrutor para assegurar para que as rotinas de atendimento sejam
18.
cumpridas de forma uniforme e sincronizadas Estes documentos são de extrema
importância para pesquisas, considerando o cenário atual.

Em dezembro de 2019, foi emitido pela China o primeiro alerta do agente viral
reconhecido como Coronavírus 2019 ou Covid-19, a doença que tem como via principal de
transmissão por vias aéreas, rapidamente se disseminou por mais de 200 países, levando a
Organização Mundial de Saúde (OMS) a emitir uma declaração sanitária internacional de
Emergência em Saúde Pública de Importância Mundial em 30 de janeiro de 2020. Após esse
anúncio, os profissionais de saúde precisaram se organizar para combater a nova Covid-19,
empregando medidas de prevenção, controle e contenção de riscos e prejuízos à saúde
pública31.

Considerando que a enfermagem é a maior parte dos recursos humanos do setor de


saúde, os profissionais inseridos no contexto atual, precisaram se remodelar aos novos
padrões de atendimento assegurando a segurança do paciente e a proteção de toda a equipe,
identificando e avaliando corretamente os sinais e sintomas de agravos para intervenções
imediatas e a emissão de relatórios 31, 38.

Timóteo et al (2019) aponta em sua pesquisa que os prontuários analisados,


considerando os critérios do SAMU, teve quase que em sua totalidade o descumprimento em
pelo menos uma das normas, o que compromete os dados epidemiológicos coletados nos
registros, o que sinaliza que as equipes precisam ser treinadas e orientadas para o correto
preenchimento32.

3.2 Identificar fatores que colaboram para a atuação de forma eficiente ou deficiente
do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel contemporâneo.

A inexistência de um modelo teórico-científico fundamentado em políticas públicas


que dê suporte às práticas dos enfermeiros no APHM de forma autônoma fragiliza a
identidade destes profissionais, os quais se sentem desamparados e restringidos durante o
desempenho da sua profissão, despersonalizando-os no modelo conceptual contemporâneo 25,
40.

Ao analisar os estudos selecionados, a fim de identificar fatos e/ou fatores que


contribuem ou prejudicam a atuação do enfermeiro no APHM, foi observado o relato de
diversos enfermeiros frente a diversas dificuldades vivenciadas no ambiente de trabalho e nos
diversos cenários o qual devem atuar, como por exemplo, a questão do estresse ocupacional.
Nove dos artigos selecionados citaram em algum momento em suas pesquisas, o estresse que
o profissional desenvolve no desempenho das suas funções.
Corroborando com a idéia acima, os artigos de Anjos, Oliveira & Rosa (2016),
Canesin, Lovadini e Sakamoto (2020), Dias et al (2016) e Nascimento e Araújo (2017),
relataram que o esgotamento mental ser provocado por diversos fatores como: desrespeitos
verbais e físicos realizados pelos pacientes, testemunhas e etc. durante a ocorrência, o qual
limita ainda que parcialmente a atuação do mesmo, além de abalar a saúde mental, a
precariedade de recursos materiais, os conflitos e receptividade com outras instituições, entre
outros 16, 20, 22, 27.

O enfermeiro junto com a sua equipe está suscetível ao estresse ocupacional, porém
ele não é apenas mais um atuante junto com a equipe, mas também um gestor, o qual precisa
estar atento a diversas questões inerentes ao serviço na perspectiva de melhorar a qualidade
do atendimento prestado não somente a vítima, mas a toda a equipe envolvida. Inclusive a
saúde mental dos liderados, elaborando soluções de questões identificadas como nocivas
caracterizadas pela sobrecarga e a instabilidades do serviço, com o objetivo de evitar o
desgaste emocional e físico dos profissionais 21.

Segundo o estudo de Souza, Teles e Oliveira (2019), aponta que as solicitações de


ambulâncias (básica ou avançada) a eventos desnecessários ainda que seja uma prática
comum do público é apontado como mais um fator de gerador estresse ao profissional. O
desconhecimento da grande parte da população sobre a finalidade do serviço de APHM é
indicado como a causa mais comum para esta demanda35.

A escassez de insumos, a sucateação de viaturas, atraso salarial e etc. resultados de


uma crise econômica, comprometem perigosamente o desempenho na qualidade das
atividades. A desvalorização salarial dos profissionais de enfermagem por não possuírem um
piso salarial fixo, não é uma situação isolada somente ao APHM, que acaba levando a
insatisfação dos profissionais e repercute de forma direta no atendimento ao paciente 27.

Cinco artigos dos selecionados falam diretamente sobre os riscos ocupacionais que os
profissionais estão expostos como riscos biológicos, físicos, químicos, psicossociais e
ergonômicos. Nascimento e Araujo (2017) registram que a possibilidade deste profissional
operacional sofrer algum tipo de acidente ou adquirir doenças e/ou agravos de origem
ocupacional são elevados20.

Para a redução significativa de acidentes, é necessária a adesão dos Equipamentos de


Proteção individuais (EPIs) e que a equipe esteja em constante treinamento 37. Tanto para o
treinamento permanente quanto para o controle da utilização e provisão dos EPIs são de
responsabilidade do enfermeiro. Os quais são exigidos conhecimentos, habilidades e atitudes
adequadas para programar as suas funções com eficácia. A categoria profissional representa
49% total dos cargos ocupados de gestores, isto pode se dar em decorrência das disciplinas
ancoradas no curso de graduação39. O mesmo precisa prever e prover insumos utilizados nas
ocorrências e sinalizar manutenção de equipamentos para que o sistema de gestão os
garanta15.

Apesar de inúmeros apontamentos de dificuldades enfrentadas pelos profissionais


diariamente no serviço de saúde móvel, quatro artigos apontam que muitos enfermeiros
relatam a satisfação em realizar e participar da equipe de APHM. O bem-estar e o entusiasmo
dos atuantes é expresso nos artigos de Tavares et al (2017), Mota, Cunha e Santos (2020), Dal
Pai et al (2015) e Carvalho et al (2019) os quais destacam que a gratificação e prazer da
assistência, aliviar a dor e/ou intervir em uma situação potencialmente perigosa sobrepõem as
contrariedades no desempenho da profissional no APHM. Apesar das pesquisas serem
realizadas em anos distintos, concluímos através destes estudos que muitos experimentam o
sentimento de gratificação, exultação e recompensa especialmente quando há sucesso no
atendimento e por salvar vidas em risco iminente de morte 18, 25, 28, 34.

Outro ponto levantado durante a pesquisa foi à falha na composição da grade


curricular dos cursos de graduação sobre APH, sobretudo a temática de desastres, ainda é
deficiente na formação dos profissionais, sendo assim, os mesmos precisam buscar e/ou
complementar sua capacitações fora do ambiente universitário para atuar nas ambulâncias e se
manter constantemente atualizados29. O enfermeiro é o responsável direto por estes
treinamentos nas instituições atuantes, além de gerar capacitação técnica para a equipe,
sincronização no atendimento, ainda reforça laços emocionais com os mesmo, um fator
importante para o combate do estresse já citado no estudo36.

4 Conclusão

Procurou-se compreender a importância do atendimento do enfermeiro no contexto do


serviço APHM e identificar fatores que colaboram ou dificultam uma assistência livre de
danos para o paciente e para o profissional, e ficou evidenciado que os mesmos desempenham
diversas responsabilidades que ultrapassam a formação acadêmica atualmente disponibilizada.
Novas matrizes de ensino com conteúdos voltados para as questões imbricadas no
processo do trabalho e principalmente o treinamento voltados exclusivamente para o APHM
deverão ser acrescidos de forma obrigatória para que os mesmos possam continuar e/ou
iniciar o atendimento de enfermagem de excelência extra-hospitalar onde os recursos são
limitados ou nulos.

Um novo modelo de assistência que permita a avaliação das necessidades da vítima de


forma única em diversos cenários, para a aplicabilidade dos cuidados de enfermagem de
forma única para cada indivíduo deverá ser implantado, expandindo a colaboração do
enfermeiro não fique enclausurado em protocolos, pois constroem um direcionamento na
decisão terapêutica, mas torna-se frágil quando se resume as individualidades do ser humano
e na cada dinâmica de ocorrência e circunstâncias.

Após a análise dos dados levantados, é possível concluir que o enfermeiro


desempenha uma função indispensável no APHM, devendo manter-se em constante
atualização preservando-se capacitado para a execução eficiente de intervenções e decisões
imediatas. Dessa maneira o constante treinamento e a educação continuada são essenciais para
a progressão no ciclo de melhorias assistenciais viabilizando uma maior autonomia e
segurança no planejamento e intervenções empregados pelos profissionais.
REFERÊNCIAS

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