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O vídeo sobre o documentário da vida e obra de Certeau destaca sua reflexão sobre a
historiografia e a diferenciação entre história e historiografia. Enquanto o
acontecimento é o passado, a história é a escrita sobre o passado, e essa disciplina
muitas vezes lida com vestígios e ruínas.
O texto ressalta que a escola não é apenas um dispositivo disciplinar, mas também um
espaço para a construção de táticas de liberdade e autonomia, baseado na leitura de
Certeau e Paulo Freire.
**Divisão do Texto:**
1. **Introdução ao Conceito:**
- O historiador fabrica um lugar entre a vida e a morte, utilizando documentos e
fontes como vestígios do passado.
- A operação historiográfica produz um espaço para os mortos no presente.
8. **Conclusão:**
- Certeau destaca que o historiador que pensa que não tem teoria é um "sonâmbulo
teórico", enfatizando a importância de confessar o lugar e os procedimentos na
produção do conhecimento histórico.
**Considerações Finais:**
- O texto de Certeau é uma análise crítica da operação historiográfica, destacando a
necessidade de reconhecer o lugar social, os procedimentos e a escrita na produção
do conhecimento histórico.
Vamos para a fase dois da operação historiográfica, uma prática. Assim, o lugar que
você ocupa nessa produção do conhecimento histórico vai te dar a prática, ou seja, vai
te submeter a uma prática. O setor vai dizer: é esse lugar que vai dar para você. Se
você acha que história é literatura, é, ou a ciência.
O procedimento que vai te formatar para fazer é o lugar certo. Então, é a partir desse
lugar que você vai aprender técnicas, reflexões, conceitos, referencial teórico-
metodológico para ir para prática, ou seja, ir ao arquivo, né? A história é um
conhecimento empírico inacabado, sempre aberto, que é a partir das ruínas, dos
vestígios desse passado, que é um morto que não existe mais. Onde estão esses
vestígios? Até então, no arquivo, né? Claro que hoje...
Você vai compreender arquivo não só como um local físico, né, onde os documentos
estão guardados, porque nós temos locais virtuais, cinemas, temos a internet, e esses
acervos disponibilizados lá, às vezes acervos que estão reproduzidos lá e também são
guardados materialmente em instituições. Às vezes, acervos que só estão na internet.
Se você vai pesquisar blogs e sites, redes sociais, tudo isso é fonte para o historiador.
Só que nós trabalhamos sempre com esse morto, com o que não existe mais, ou seja,
o arquivo é essa memória. O povo requer a memória, história, esquecimento. A
memória é o que garante que alguma coisa aconteceu. Entender a memória é a nossa
fonte, o nosso documento, compreendendo assim a memória como uma pessoa
entrevistada, uma ata da reunião de câmara de vereadores, um vídeo, um filme
postado na internet. Todas essas ruínas, todos esses vestidos, todos esses vestígios
são as nossas fontes, os nossos documentos. É uma visão ampla de documento, é
uma visão que a gente deve também ao Félix, né? Tudo que representou o ser
humano, é feito pelo ser humano, que sobrou da presença humana, que foi alterado
pela presença humana, tudo isso é fonte para um historiador. O que a gente tem que
pensar no primeiro ponto sobre essa, essas fontes, esses arquivos, né? Essa memória
de revestir, Jesus e fragmentos. Eles são de prior, é um elemento natural que foi
artificializado, um papel em silício, um acervo documental. Tudo isso foi produzido a
partir de elementos da natureza. Então, o ser humano parte da natureza, artificializa a
natureza e produz resíduos, que são os nossos pontos, né? Que essa fonte que vem
sempre da atividade humana, de produzi-la, de calar, de esquecê-la, né? É assim,
esses vestígios, além de acessos oficializados pela atividade humana dentro da
natureza, eles já são, vão ser uma segunda vez artificializados, que nós vamos
transformá-los em documentos da história.
Então, vamos ver uma cadeira, né? Cadê a cadeira? Que vai ter de madeira, ela já foi
uma árvore, né? Então, a natureza árvore foi transformada em... e agora essa cadeira
foi usada e ela sobrou, né? Ela é representante de um período estético importante. Vai
para o museu ou então vai ser parte de uma fonte de cultura material sobre como
eram as habitações humanas no início do século 21. Vejam, duas vezes
artificializados: de árvore em cadeira, de cadeira em fonte sobre o passado histórico,
documento histórico. Então, a gente tem que ver sempre que é esse processo que
envolve a nossa abordagem documento. A gente vai no arquivo histórico, vamos pegar
uma coisa mais palpável, a gente tá aí pesquisar os processos criminais dos anos 30
para ver o papel das mulheres como testemunha. Aquele processo crime não foi feito
para mostrar o papel das mulheres como testemunhas, foi feito como dispositivo do
poder judiciário para condenar alguém ou não sentenciar alguém. Essa é a primeira
artificialidade, o papel celulose, a árvore foi transformado em processo para condenar
alguém ou inocentar alguém, certo? Um dispositivo do aparelho judiciário, agora ele
está guardado no arquivo histórico, que alguém, uma sociedade concordou que aquilo
deveria ser preservado para ser fonte histórica no futuro. Vai lá o historiador recorta
uma problemática, a questão das mulheres no processo, que não era previsto quando
ele foi feito. É uma segunda artificialização daquele documento, daquele vestígio.
Entenderam?
Então, essa é a primeira questão que a gente tem que colocar, e é uma sociedade que
transforma o natural e o utilitário e um historiador que transforma aquele utilitário, um
outro recorte, para virar documento histórico, né? É esse o debate que ele faz logo no
início da safra dois da operação historiográfica, para compreender que o passado
nunca é dado. O passado, ele é um morto que deixou vestígios que vão sendo
artificializados, transformados em documentos pela nossa problemática, pelo nosso
procedimento. Assim, ele vai prestar para o estabelecimento da etapa dois, não ponto
dois, da etapa dois, página 81.
ela pegou essa bodega que era uma loja de utilidades domésticas e recortou isso da
ação cotidiana da panela de cozinha e transformou na representação de uma cultura
alimentar. Ela não pode dizer que naquela bodega estava dizendo o que era a comida
do Paraná, mas ela está dizendo o que era a representação da comida do Paraná.
Então, se a gente tem uma panela de cozinha, vamos ver isso. Ela é um objeto útil, ela
tem sua função, mas ela foi artificializada por um historiador, ela vai ser utilizada por
um historiador para representar um recorte da cultura alimentar do Paraná, que na
verdade é uma cultura alimentar imaginada, né? Porque ela não está mostrando o que
a comida era, ela está mostrando como as pessoas, os empresários, as donas de
casa, que liam aquele informativo de jornal, de uma revista, como elas imaginavam a
cultura alimentar, né? Então, é isso que ele está dizendo, é produzir os documentos
pelo simples fato de recuperar, transcrever, fotografar esses objetos.