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tipo de avião, cada um dos quais exige do moderno técnico emMeaviação que
dramático de Cay: the
sejaoutro "perpetual student'" Daí o comentário
que, a
most striking aspect of obsolescence today is its suddeness . Contra o
cria
atual,
seu ver, a única garantia estána inteligência que se mantenha viva,
dora, inclusive nos estudos e nas pesquisas sociais em torno das repercussões,
sobre sociedade e culturas, dos avanços tecnológicos. Essa criatividade só é
possível, pelo estudo incessante, que não deixe, em momento algum, nessa
corrida do Homem com o Tempo, que o saber pare de acompanhar o tempo
animado da imagina
e, se possível, ultrapassá-lo, projetando-se, pelo estudomoderno.
ção científica, sobre o futuro. Sobre o além do apenas Pois há atua
lidades que anoitecem e não amanhecem. Nada do que é puramente científi
co, ou só tecnológico, resiste ao tempo sob a forma de obras soberanamente
imutáveis. 0 privilégio de se perpetuarem como clássicos é um privilegio dos
dos
autores de obras poeticamente científicas do tipo da dos de Da Vinci, da
Bacon, da de Vives, da dos Darwin, da dos Pascal, da dos Goethe, da dos
Nietzsche, da dos Marx, a parte, sua projeção em política fechada e sectária,
da dos William James, da dos Freud. Obras que são, por sua própria potência,
além de científicas, poéticas, isto é, criativas. Desafios constantes ao tempo.
No caso das próprias obras sistematicamente filosóficas, o triunfo do Tempo
sobre o Homem se vem fazendo sentir, se não de todo, em parte, em constan
tes renovações. Renovações, algumas delas, radicais: o platonismo se atualizan
do em neo-platonismo, por exemplo".
E acrescentava: "seria estranho que, após ter sido pioneiro, dentro e
fora do Brasil, do interrelacionismo nos estudos, nas pesquisas e nos cursos
de preparação para as pesquisas sociais, o Instituto Joaquinm Nabuco de Pes
quisas Sociais, para acompanhar uma voga, como já observou o sociólogo
Renato Campos, retardatária no Brasil"" uma voga em torno de algo já
faisandé como é o economicismo puro -resvalasse. Ainda há pouco era o que
salientava, um artigo em The New Society, de Londres, autorizado crítico in
gtês, Christopher Roper: o pioneirismo brasileiro neste particular, isto é,
abrangentes abordagensplurais de assuntos complexos. Um pioneirismo que o
críticoingdes salienta estar presente enm obra brasileira de pesquisador social,
que aabordagem multipla, segundo ele, tanto quanto segundo o conheci.
do Existencialista francês Jean Pouillon, madrugara - para Roper como para
Pouillon, no livro Casa-Grande & Senzala - tendo se tornado moda nos Esta-
dos lnidos e na Europa - ainda segundo expressão literalmente de Roper
sÓ mais de vinte anos depois do livro brasileiro. Tal primado no tempo,
tal antecipação, tal projeçâo sobre ofuturo de um complexo, além de meto-
dlosico. de Filosofia de iência, e honroso para a cultura do nosSO Dais: es
Se deve
fha å msma nova perspectiva em estudos soCiais a que se pode, ou
fliar o aparecimento do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais a
1949.
quer de
Evidentes excesso6, por arroubo eloquentemente retórico, do de rurali-
emotiva parcialidade a favor de um tipo arbitrariamente idealiza
ta bras1leiro, quer de um tipo também arbitrariamente reduzido de mesuyo
por Mr.
nacional. Mas não deixa de ser digno de nota, o fato salientado Os
Bacon e muito destacado por mim no ensaio sobre O grande autor de ter
Sertões no livro Perfil de Euclydes e outros Perfis (Rio) - de não
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escapado ao escritor, meio poeta, mein científico, que foi Eaclydes,na sua fi
Kação de um para ele brasileiro ideal, a integração dease brasileiro num com
plexo ecológico. E. ease complexo - acrescente4e - rural. Pastoril.
A parcialidade de Euclydes da Cunha, com relação a um ertanejo ru
ralmente pastoril, parece estar na glorificação, nos espaços rurais brasileiros
apenas un dos seus tipos humanos mais característicos: o da sua predileção
como que arnorosa, isto é. o sertanejo baiano. Uma glorificação excluiva.
E os outros sertanejos? E ocacaueiro? Eo desbravador da Amazônia do cau
cho? Eo gaúcho? Eo matuto? Eo jangadeiro, tão exaltado por Nabuco?
Euclydes da Cunha como que deixa esses outros ruralitas numa como
sombra, embora seu desapreço se requinte quanto ao mestiço neurástico do
litoral, um mestiço bastante tocado, em algumas áreas, de sangue afronegro,
que, em termos socialmente ecológicos, seria antes um rbanita que un ru
ralita. Todos, porém, sem se aproximarem em virtudes do sertanejo vaqueiro
dos ermos baianos: ".
. forte, esperto, resignado e prático ". Oque, sendo
exato, Euclydes da Cunha teria razão em consideráBo modelo para o brasileiro
total. Ou como ele próprio se justifica, conforme lembra seu brilhante intér
prete inglês: "era natural que, admitida a arrojada e animadora conjectura de
que estamos destinados à integridade nacional, eu visse naqueles rijos cabo clos
o núcleo de força da nossa constituição futura". Um Euclydes da Cunha, futu
rólogo e otimista, a admitir uma venturosa ruralização, pela sertanejação
através do tipo de sertanejo de sua superestima dos brasileiros vindouros,
fosse qual fosse sua situação ecológica diversa da do seu tipo ideal. De onde
a conclusão de Mr. Bacon: a de ser o livro Os Sertões um livro
patriótico".
E mais: a crença num brasileiro idealmente vindouro como um
macroserta
nejo que viesse a expressar valores universais. E poderia ser mais socioantropo
logicamente ou sociologicamente aceito se, como sujeito, ros nosSos dias, por
atuais analistas do Homem brasileiro, e, sobre essas suas análises,
se admitisse vir a ser esse brasileiro, de valor universal futurólogos,
como admite, concor
dando com tais analistas brasileiros, Arnold Toy nbee
por ser um miscigena
do nos seus sangues e sintese de interpenetrações de caráter
ve - sugira-se aqui a interpenetração rurbana. A que cultural: inclusi
to em suas experiências, ja seculares, urbanas,
junte os positivos tan
como nas rurais, estas tendo
tido antecedentes épicos ou heróicos, antes dos
pelos olhos apologéticos de Euclydes, vários nos surpreendidos no vaqueiro
nos Paulistas. Nos desbravadores de espaços Bandeirantes, principalmente
dando-lhes,
instintivos, destinos nacionlmente brasileiros. Vastos espaços já como precursores
je por uma política social de rurbanização que leve a clamarem ho
até eles -insista-se nesse
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Donto - valoresurbanos que nlolhes destrua o essencial da ruralidade ecoló-
gicaoutelhirica,Inchusiveapotência, de repercussão sobre homens e popula-
Euclydes em árvores sertanejas, como aquelas,
para ele, até
por
pões, sentida como recorda Mr. Bacon, como aquela anacardia humilde, 80-
"nisteriosas,
coisa n¥o é senão um mágico
cajueiro
sUScetível
terrada, outra sertanejo. Mágico e
de ser humanizado, dentro da tendência de Euclydes para conferir
que
Fase que, nos seus excessos, parece estar tendo corretivos, sendo hoje Supe
rintendente da Sudene um idôneo mais-que-economísta: o cearense Salmito.
Ao Presidente Jodo Figueiredo, a itusção de desprestígio ede descon
tinuidade da ação c0ordenadora da Sudene sensibilizou desde os seus dias de
candidato. A atitude federal para com o Nordeste pasou a ser,com o Gover
no Figueiredo, e com o seu dinámico Ministro do Interior, Mário Andreazza,
a de uma atenção séria e transburocrática a problemas que, sendo regionais,
sÃo, pela importância da região Nordeste no complexo brasileiro, pungente
mente nacionais.
Mais: por outras palavras: nem urbano nem rural, e sim rurbano, o
que significa colocar o centro social na periferia da urbe e não no seu centro.
Ao que parece, os centro8 urbano8 não estão aprovando e no final terão que
ser desativados, virando os famosos elefantes brancos. Em princípio, a idéia
dos centro8 sociais é muito positiva, bastando apenas que sejam adaptados
àquela filosofia do mestre de Apipuco8, um do8 nossos mais criativos enge
nheiros sociais. Porque, em suma, o programa dos centros sociais se insere
nessa Engenharia Social tão defendida e realçada por Gilberto Freyre. O se
cretário Carvalho e Silva deve, assim, examinar de imediato esse.aspecto colo
cado teoricamente pelo sociólogo pernambucano".
nacional.
Discutível, como eu próprio admito que seja, minha condição de his-
toriador repito aqui oque já disse ou escrevi noutra ocasião não me pare
ce que se possa duvidar do meu empenho de vir procurando sugerir interpre-
tações sociológicas não só dajá antiga formação brasileira, como do conjunto
sóciocultural do que o Brasil tanto no espaço como no tempo socialmente
tríbio, vem sendo e éparte importante. Esse conjunto, oluso e até ohispano-
tropical.
Interpretações de tal conjunto, considerado ele, o mais possível, ges.
taltianamente: na sua configuração geral nos espaços por onde se vem esten.
dendo enos tempos através dos quais vem se desenvolvendo e parece projetar
se Tempos e espaços susceptíveis de interpretação sociológica. E desses espa
cultural que
ços, grande parte teria que ser assinalada, num mapa historico
apresentasse origens principalmente hispânicas, ameríndias e afronegras das
quais o Brasil se desenvolveu, as que marcaram vocações rurais dos primeiros
prebrasileiros, possíveis de ser distinguidas de também madrugadoras vocações
urbanas.
Come-
que
Note-se do movimento revolucionário de 1930, no Brasil,democrático-
çou com um sentido de ação além de política, social, de sentido prt
liberal, para, dentro de Pouco tempo, seguir outro, de todo contrário ao um
dentro de
meiro; e quase sempre essas alterações contra-revolucionárias,Movimento, pela
complexo revolucionáio, se verificaram, entre nós, naquele desas
concluir,
vontade particularíssima de pequenos grupos. Pode-se, talvez,
revolucionáios, que
alterações contra-revolucionáias dentro de complexo8 oracomconsegúên
tem ocorrido, quase sempre - dentro e fora do Brasil 8ociedades que de-
cias vantajosas, ora com resultados desvantajo808, para as renovadores.
veriam ter sido beneficiadas por movimentos ostensivamente
equilíbrio,decerto
No Brasil dos mantendo um contra-revolu-
ültimos
modo, saudável, entre as duasanos,
vem se
a
tendências: a revolucionáia e exigemque
cionária. Algumas situações, Como a agrária, do Nordeste, de mo
sentirefetiva
a ação
revolucionária, porém,8ocialmente renovador, se uma com
de sentido
faça
do, quanto com
a acontecer Deacordo
possível, incisivo. Foi o que começourevolucionária. alem
aplicação do Proterra. Uma
os ideais do grande
D que,
ação suave porém demais recordá-lo -
José Bonifácio nunca é
53
a cogitar de um movi
Na Alemanha Ocidental, passou-se, desde então,
maior que o já verificado de transferência de atividades econômicas ca
mento
de caráter amplamente so
paz de resultar numa revolucionária modificaçãolíderes não se deixaram, de modo
cial: esse movimento, orurbanizante. Seus
tecnológico-econômico da operação.
algum, empolgar pelo exclusivo aspecto tecnologia agrária, com dimensões
Passaram a conciliar o aperfeiçoamento da estrutura técnico-eco
consideradas ideais para a participação farmilial na nova homens de governo
nômica. Para tanto tornou-se valioSo o auxilio que, aos
levar, tendo a Socie
e aos líderes agrários, industriais e religiosos, decidiram
dade de Sociologia Agrícola de Gottingen, que reunia especialistas no assun
to, de diversas tendências e opiniões politicas, chegado a acordo, quer quanto
ao papel que deve ser atribuído à agricultura numa sociedade moderna, quer
sobre as soluções práticas para um aperfeiçoamento da estrutura agrária da
Alemanha Ocidental. Aperfeiçoamento não só técnico-econômico como tam
bém psicossociocultural.
abandono aos também bons começos de navegação costeira, t¥o útil co.
em inter-regional; ao abandono de va
mo a ferroviária, ao transporte econômico
em agricultura e em pecuária que
liosos experimentoseoportunas iniciativasmonoculturas latifun diárias, como
poderiam ter realizado a substituições de
policulturas. Faltas de visão difíceis
a do açúcar e a do café, em adequadas retóricos que objetivOs no
de serem perdoadas a tais homens públicos, mais bem-estar da gente brasi
do
seu progresismo. Progresso é relação de defesas indústrias descontrola das.
leira com as poluições de ares, águas e terras por idôneos, de Osvaldo
Com a falta de substitutos prestigiosos, e não apenas Marias e
Cruz e de Saturninos de Britos. Viriam, é certo, grandiosos Três
grandiosíssimos Itaipus e Transamazônicas. Mas com desprezos terríveis
por obras menos monumentais porém necessárias de Engenharia Física
conflitada pela Humana e pela Social: todas atentas à necessidade de se reali
zarem em harmonia, com ambientes brasileiros e em circunstâncias brasilei
ras.
Não será difícil encontrar, no Brasil, equivalentes para alguns dos gru
pos sócioeconômicos na França atual que é, também, com recursos tecnológi
cO8 vastamente superiores aos do Brasil, uma s80ciedade ainda ne0-industrial
a desembaraçar-se de sobrevivências paleo-industriais. Pequenas indústrias
ainda resistem ao emprego de tecnologias avançadas que impliquem em absor
ção dessas indústrias por novas indústrias como que imperiais; e so
cialmente,
têm razões para fazêlo, embora tais resistências retardem o desenvolvimento
francs em termos idealmente tecnológicos e econômicos. Mas, na França co
mo no Brasil, tais termos precisam de não ser atendidos à
e brasileiros capazes de opinar sobre tais
revelia de franceses
assuntos.
Interessante é o choque que se verifica na França, ainda ago-indus
trial, e, sob certos aspectos, saudavelmente
agro-industrial, entre os produto
61
sua excepcionalidade, não deve ser esquecido. Pois importou numa antecipa
ção rurbanizante dentro de tendências para se separarem espaços urbanos, dos
rurais.
Brasília pode ser tida como semitriunfo anexado aos fracassO8 brilhan
tes comotendern a ser vários fracassos dos llodernistas de 22. E próprio
dos Modernistas absolutos fracassarern um tanto nos seus arrojos iniciais, sen
deixarem de alcançar êxitos indiretos, tempos depois. 0 maor éxito dos Mo
dernistas da Semana de 1922 foi Brasília. O triunfador. Jusc elino Jubitschek
ao entregar surrealistamente a construção de uma cidade a dois arquitetos es
culturais: Oscar Niemeyer e Lúcio (osta. Fssa obra-prima de escultura escul
tural Modernista, de todo urbano-industrial alheia à sua ecologia. an seu am
biente, ao seu espaço: teluricos, rurais. selvagens. agrestes. tropicais.
si 8ó, para o bem-estar cotidiano. Ainda outro, o de serem favore cidos com
um maior senso de vizinhança solidária. Ainda outro.o do novg tipo de resi
dência gue é o neossuburbano ou rurbano que dá ao residente a impressão de
estar vivendo e convivendo num laboratório social, corm os problemas emer
gentes mais susceptiveis de serem resolvidos que os de residë ncia puramente
urbana. Pois problemas de uma como que nova especie terem surgido. pare
cendo haver, paradoxalmente, entre neo-suburbanitas quem sinta a falta de
vibrantes recreações do tipo das especificamente urbanas ao seu alcance. Daí,
ao que parece, não ter deixado de haver, entre neo-suburbanitas adultos, alco
olismo, e entre adolescentes, o uso de drogas. E parece caracteristico tanto
em face de problemas como para a defesa de vantagens. das faclidades de
viver e do conviver neossuburbanita. um maior envolvimento do8 residentes
em solidariedades cívicas.
Pelos Ensaios sobre o Ciclo do Ouro (Belo Horizonte 1978) por exem
plo, do bom historiador mineiro que éesse Washington Peluso AJbino de Sou
za, sabe-se que, em Minas Gerais, com adecadència da mineração, houve pro
Cura do que o historiador chama "novas fronteiras de atividade fora das mi
nas", dentro da Capitania ou da Província. Essa procura levou não poucos
brasileiros da antiga Capitania àagricultura e à pecuária com as gentes voltan
do-se agora para ocupações especifcamente rurais, embora, e, ao mesmo
tempo, para estilos de vida e de economia industrialmente urban as. Daí te
rem surgido pequenas cidades, sucedidas por cidades de outros tipos - todas
elas, lembra o mestre mineiro, brilhantemente estudadas pelo pesquisador
francês Yves Lelouh, em Les Villes de Minas Gerais (Paris 1970). Apurações
de uma urbanidade ao lado de uma ruralidade: agricultura e pecuária e tanto
quanto ao lado de sobrevivência de mineração. Dai. no desenvolvimento psi
cOssociocultural, e n«o apenas socioeconômico, de Minas Gerais, um misto
que pode ser considerado, à sua maneira, rurbano. Mineiramente rurbano,
talvez se possa dizer, com o adjetivo ligado ao conceito sociológico de minei
ndade: sugestão, a deste conceito, partida do autor destas notas, isto é, do
8eu ensaio de 1946 Ordem, Liberdade e Mineiridade. Esse misto rurbano no
desenvolvinmento mineiro continuava até o final do século XIX; do historia:
dor Washington Peluso Albino de Souza é a observação de terem então surgi
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cêntrico por que vem sendo recebido por multidões, o Papa Joâo Paulo I!.
a despeito de recentes tecnocratizações do Catolicismo nesses e noutros espa
sos, alguns deles, não só agrorurais, como o estadunidense superurbanizado e
esuperindustrializado?
produção de tex to publicado com o título "Sugestöes para uma nova Polittca no
Dsu , pela Secretaria da Educacão e ultura do Estado de Pernambuco - Secre tário
Cordeiro de
Oessor Aderbal Jurema - com prefácio do então Covernador 0.
Farias, Recife, 1956.
82
Talvez não haja hoje grande país em que a figura do lavrador seja
cercada de maior simpatia nos livros didáticos, na literatura., no teatro, no
cinema do que nos Estados Unidos. E mesrno este um dos pontos de superio
ridade da civilização da massa anglo-americana - ainda marcada por deficién
cias enormes - sobre a civilização de massa russo-soviética: ao que parece ain
da mais deficiente que a sua rival americana no seu empenho de juntar ao nú
mero a qualidade. Conseguiram os russ0s, através de um esforço sob vários as
pectos admirável, melhorar a condição do operário urbano da sua U'nião de
Repúblicas chamadas Socialistas e desenvolver pela ciénciae pela técnica asua
agricultura, tão arcaica em relação à da Europa ocidental nos velhos dias do
Tzar. Mas tudo indica que seu lavrador continua uase o mesmo sub-homem
daqueles dias: sub-homem que os propagandistas dos progress08 soviéticos es
condem cuidadosamente dos olhos dos turistas e da curiosidade dos estrangei
ros. Não é figura que se apresente ao público, tal a degradação em que conti
nua a viver.
Para ele, Millet, a sedição não era, como se supunha, em certos meios,
simples pronunciamento politico ou protesto religioso mas tinha "raízes mais
profundas": nascia do "mal-estar das nossas populações do interior, mal-estar
de que não pode duvidar quem se acha em contato com elas !.
Esse mal-estar - pode-se hoje dizer - era econômico mas era também
cultural. Cltural e psiquico. Como cultural epsíquico foi o mal-estar que le
vou sertanejos da Bahia a se concentrarem em Canudos em torno de Antônio
Conselheiro em atitude de resistëncia auma civilização - a do litoral - que se
dizia, ou pretendia ser, a nacional quando era apenas subnacional: urbana e
quando muito agrária; alheia à vida, às necesidades, às aspirações da gente ir
mã que vivia nos sertões, vida arcaicamente, mas honestamente pastoril. Fa
lando um português ainda do tempo colonial e praticando um cristianismo
que, por talta de padres, se tornara menos ortodoxo, porém não menos sn
cero que o das gentes mais assistidas pela Igreja e pelos padres, das cidades
do litoral.
rurbano, misto,
te. Precisamos derural e urbano a um tempo, do que conaideradas
orientar
isoladamen-
oensino no sentido de corresponder aessa realida-
de complexa do noSso passado e de nossa atualidade e, ao que parece, ja pro-
jetada desordenadamente Sobre onosso futuro. Precisamos de estender esse
94
Para uma civilização deliberadamente rurbana, com todo o sal brasileiro que
se possa dar ao neologismo criado em lingua inglesa com sentido apenas está
tico e estatístico.
Em vez de continuarmos prejudicados por uma civilização de extre
mos antagonicos o Recife eo Interior, a Indústria urbana glorificada e a La
voura ou a Pecuária tratada de resto o justo sera procurarmos desenvolver.
em Pernambuco ou no Nordeste, harmônica civilização regional dentro da
civilização brasileira. E, no Brasil, harmonica civilização rurbana em articula
ção com as da América ou dos trópicos que sejam suas afins ou co mplemen
tares: principalmente as lusotropicais da Africa e do Oriente. Epreciso que
desde já o ensino estadual se oriente no sentido de um ideal dinamicamente
ou construtivamente rurbano de formação das crianças e dos adolescentes ser
tanejos para colônias de férias à beira-mar e levando-se crianças eadolescentes
das zonas em Pernambuco chamadas da "praia" e da "mata" para colönias de
férias no sertão. Urge que as professoras de quem vai principalmente depender
o êxito desse esforço difícil de integraçãoe articulação regional. resistindo ao
pan-urbanismo ainda em moda em alguns meios brasileiros, tornem-se pionei
ras em Pernambuco desse novo tipo sociocultural de civilização branleira:
orurbano.
"Sem o auxílio dos serviços educacionais escreveu ha doZe anos no
seu livro The Education of the Countryman (Londres, 1943),. que se refere a
nglaterra, o inglês Mr. H. M. Burton - ë provável que nada se consiga quan
to a reabilização da vida inglesa". Pois averdade éque aprópna Inglaterra
Sendo atingida, ao explodir a última Grande Guerra, pela deav alorização
tonte rural da sua civilizacâo, sacrificada à excessiva valonzação da urbana.
dem plena guera sociólogos (ali geralmente chamados antropologos).
adores, economistas, homens públicos, começaram apreocuparse com o
PODlema, o referido livro de Mr. Burton. publicado em 1943, tendo ado uma
expressões mais vividas dessa preocupaçã£o ou desse empenho de reabl1
tação, em alguns pontos semelhantes ao regionalista do Brasl, ha vìnte ecinco
anos iniciado no Recife: e desde então operante ou atuante no Brasil. 0ponto
de vista desses índices era o de que a reabilitaçâo da vida rural da Inglatera,
Sem deixar de ser e ja conslderado, alias, sob esse as
problema
econômico Rural da Inglaterra desde 1936 no
pecto, pela Associação de Reconstrução
livro ent«o publicado sob otitulo The Revial of Agriculture era
Vivemos, homens de hoje. num mundo cada dia mais interde pendente.
Mais interdependente nas relações entre culturas ou economias rurais e urba
nas, dentro de um conjunto nacional, o mais interdependente nas relações
entre economias e culturas nacionais. Tal interdependència não deixa espaço
para purismos ou exclusivismos de espécie alguma: nem étnico nem ec onomi
co; nem político nem culturl.
*
o PalavrasPresidente
ento proferidas em Brasilha, na década 70, na Fun dação Milton Campos,
o Prestdente da
presentes
Fundaçio
Milton Campos, ofuturo da
Governador
Câmara Gerais,Maciel,
Minas Marco
dos Depudetados, Franceluno Pereua, os Senadores
Accioly Filho, Teotônio Vilela, Jarbas Passarinho enumerosos outros parlamentares.
100
sil de hoje. Animadora no sentido de que começa entre nós uma nova fase de
ação politica, cheia de preocupações sociais, que estavam faltando ao político
eà ação politica brasileiros.
semelhan-
TeriamosS então sedes transmunicipais em espaços Agrestes Nova
tes, pelos seus valores urbanos dentro de domínios rurais, ao que hojeé espa-
Friburgo, ao que é Campos, ao que Garanhuns. Avantagem para esses
çOs estarna no desenvolvimento neles de valores mistos- rurbanos - co a
rurbanizaçâo impedindo aurbanização maciça efavorecendo ainterpee
Conservando-se parte
ção, nos mesmos espaços, de valores urbanos e rurais. usos na-
essencial de ambiéncias rurais sem se dificultar ao ruralita apegado a
culturais,
tivos e agrestes o contato com aquelas artes, aquelas atualidades
com a urbanizaçBo
aqueles refinamentos de vida, Supostamente só po8síveis
maciça de grandes conjuntos.
dinheiro
Por que foi que meu tio José Maria, ainda rapazote, com o Rio,
que lhe deixou o pai, senhor de Para o
engenho em Palmares, partiu que ou-
onde depressa gastaria toda a herança? Foi para conhecer cinema, de itambém
via falar, mas não havia nenhum em Palmares nem em Agua Preta;foiimposí-
para conhecer Rui Barbosa, de era
quem ouvia falar, mas sabia queRuis Barbo-
vel poder vé-lo discursando no
Largo da Matriz de Palmares. Ostornariamem
Bas eram então para muitos ruralitas
brasileiro8 o que O8 Pelés 8e
nossOs dias: herois que deviam ser vistos de perto.
105
As sedes transmunicipais de
logés Marias conhecerem cinemas emunicípios reunidos permitem a outros
teatros e desfrutar delicias ou atrações
urbanas como restaurantes e boites, quase iguais as do Rio e
nas próprias supersedes dos seus municipios Ruis virem e ouvirem
Barbosas e Pelés, boas or
questras e até violinistas farnos0s. Em escala mais larga é o que, do ponto de
vista da ampliação de oportunidades para maiores contatos de caráter cultu
ral, artístico, recreativo, a
rurbanização permitirá, se dela se fizer uma siste
mática política de integração, a
numerosos brasileiros hoje segregados nos
borralhos de suas aldeias. A televisão
ção. Mas, parte somente. 0 brasileiro resolve parte do problema dessa
do interior é quase sempre um segrega
me que quer tocar com os dedos no8 São To
valores urbanos.
E assim
possivel, até certo ponto, levarem-se ao rralita valores ur
Danos do8 quais se supõe só ser possível o seu gozo em meios so fisticadamen
te metropolitanos ou
altamente
do problema de possível urbanizados. é um aspecto psicossocial
Este
e de
solução desde que se faça a transferencia de valores
atrativos considerados intransferivelmente urbanos para
meios predominantemente rurais. ambientes ou
Isso
nos leva a considerar a presenca da tecnologia na vivência
na, noS
Seus aSpectosS não apenas huma
de parte, através das positivos, porém negativos, estes, em gran-
e
maciças
décadas. Sobre o assunto são urbanizações que se vêm verificando nas últimas
quase trágicas as perspectivas que nos abrem
ecologos idôneos. 0 próprio futuro da tecnologia, como possivel corretivo
dos males já trazidos
presente, para o homem urbanizado pela mesma teenologia até o
não pode depender,
ilimitadoS
para
e de uma capacidade virtualmente
como também
vinha dependendo,ilimitada da
de recursos biosfera
naturais
assimilá-los.
se sente impotente. Ea
tecnologia que, diante da própria filoso Ba tecnológica,
Como queCompreende-se, assim, que uma nova tecnologia esteja surgindo para
reorientar a convencional e até agora quase onipotente. Essa nova
sitedcnoladeogiade seriHarvard,
a aque Harney Brooks, professor de Fisica Aplicada da L'niver-
apresenta em trabalho recente - 1973 - sobre The
Technol
ele que oagy of Zero Growth a tecnologia do crescimen to zero. Diz
sOcial., uma
que tecnologia apenas material precisa ser superada por outra que seja
daria tecnologia social controladora da tecnologia apenas material, o
ciais, aos uma importância enorme aos cientistas sociais, aos pensadores s0-
cadores, aosecóleconomi
ogos,aos antropólogos, aos sociologos, aos pacalogos, aos edu-
stas, quando n¥o apenas economistas.
106
Daí o professor Harney Brooks deinir tecnologia como man eira es
pecifica de conhecimento aplicável ou já aplicado, incluidos nesse conhecj.
mento processos administrativos - e poderia ter acrescentado politicos
de conduzirem-se funções especificas de organização de ocupação de espa
ços, influenciando-se, através desses processos, o comportamento humano,
além do seu relacionamento com o ambiente, incluindo 6e neste, é claro,
anatureza da qual estamos, em alguns casos, perigosamente nos afastando.
e atual-
0 problema de controle de aumentos de população apresenta-seMesmo
mente, em várias partes do mundo, sob aspectos OS mais dramáticos. de cres
quando já obtidas, em certos paises, reduções consideréveis no ritmo pa-
cimento de suas populações, essas reduções, supostamente terapêuticas,
nada, para
recem colocar tais paises em situações parciais de inferioridade,
Populações de
eles, insignifcantes. As próprias disparidades de ren da, nessas atra-
aumentos já controlados, em vez de resolvidas, vêm sendo continuadas,
vés da inmportação de braços para suas atividades
produtivas.
do assun
Eo que vem salientando, em excelente estudo, ainda atual, Century
to, o pesquisador Kenneth Bowldir em The Meaning ofthe Twenth importa
The Great Transition braços Federal
(Londres 1965):ique, precisando dessesRepública
dos de paises ou de areas
pobres, paises ricos - o caso da
Alemã - vem perpetuandoe até aumentando "disparities of incoe
111
apresenta evitavel
Proletarização que, contra previsões marxistas se
figuras rurais como a alias tra
através de providências que ten dam a valorizar
valores e incentivos transter
dicional do "morador pondo, a seu alcance,
reforçassem o status de gente po
velmente urbanos ou urbanizantes que lhe valiosamente sociais da rurba
tencialmente média: um dos prováveis efeitos proletariza-
profilaxia contra aquela
nização. U'ma, de modo algum utópica, paradoxalmen-
ção do homem brasileiro com que se defronta o Brasil de hoje, que nos urba-
te, mais em amploS espaços rurais, favoráveis a essa profilaxia, ex-proletários
ascensões de
nos, em alguns dos quais vem ocorrendo saudáveis falarse
eclasses médias. Classes médias, no plural, certo como e, precarto
numa classe média unida, monolítica e exclusiva.
Nordeste, vêmsendo
do
Aspectos do assunto quanto à área canavieira Pesquisas Sociais da hoje
considerados, de modo objetivo pelo Instituto de por
pesquisa modelar,
estudos
Fundação Joaquim Nabuco, bastando que se recorde cidades e
para Fernan
equipe interdisciplinar, sobre o êxodo de áreas rurais Gonçalves norde&-
magistrais do geógrafo Mário Lacerda, do psicólogo 8ocial
des e do economista Clóvis Cavalcanti sobre a mobilidade do homem
psicológico-s0cial,o
tino considerada sob esses vários critérios: o geogrático, o Caldas Linse
RachelPernambucano
económico. E ainda os dos geógrafos Gilberto Osório e
0s do antropólogo Roberto Motta e do historiador Frederico
de lello, este em torno do cangaço
nordestino.
Boulding deque
geograti.
Não se desdenhe da
observação do referido e arguto ser
"the danger of that ideological ele admite poder nummesmo
conflit
camente condicionado por conseguinte,
que Warunderthese
inclusive o choque,
pais, de população rural e a urbana - intranacional ein
degenerate into
circunstances". Guerra, no caso, sob aa"'mforma
ay
de conflito passadosocial
bra-
trarregional. Alias, em ternos dramáticosSe até trágicos, ao culturasrurajse
sileiro não têm faltado Ou
choques entre opções de gentes
113
mais pobres. Dentre esses "grupos regionais" pode vir a nâo avultar orural
dentro do rurbano? Não será uma crescente rurbanização a resposta mais efe.
tiva a essa luta entre regiões ou espaços que psicossocioculturalmente repre
sentariam atitudes antagônicas com relação à própria natureza. cujo resguardo
de caráter ecológico se impõe como uma das urgèncias do no88o tempo e do
futuro humano e essa urgência favorável, talvez, ao revigoramento da rurali
dade?
Essa resposta seria das que parecem incluir-se entre os fatores que
Boulding considera capazes de atuarem em vez de acordo com a previsão
paneconomicamente marxista - aparentemente válida, diante de circunstán
cias caracteristicas do século XIX com as que vêm se tornando "particulary
inaplicable" no século atual ou em termos de futuros previsiveis. Pois the
industrial worker, who was seen by Marx, as the man of the future. . . gets
too rich to function as the Marxian proletariat", enguanto acrescente-se
a Boulding através de uma crescente rurbanização, é possivel, e até prova
vel, que o rurbano, trabalhador rural deixe de pretender seguir o trabalhador
urbano para firmar-se nessa condição. E espaços rurais, rurbanizando-se, e
possivel virem a tornar-se, neste particular, espaços favoráveis a ascenso es
dos proletários a classes médias. Ascensões que madrugaram, paradoxalmente.
alias, nos próprios dias brasileiros de casas-grandes e senzalas, dominantes na
paisagem rural do Brasil, através de uma miscigenação biológica de etnias e
desmoraliza
de uma interpenetração de culturas - as senhoriais e as servis - - da
dora de absolutos de lutas entre classes". Eram lutas entre ocupações
classificação de Boulding atenuadas por processOS envolventes da pura re
lação senhor-escravo. E criadoras de outras incorporações de elementos
manos criativos a uma sociedade nacional capaz não só de recebé-los, a bast
de seus méritos, como de absorvé-las vantajosamente, para essa sociedade e
para os absorvidos. Absorv-los, prestigiando-os: dando-lhes, em vários caso5,
posições de lideranças profissionais, ocupacionais, técnicas, poliíticas, intelec*
tuais, artísticas. Que foi como, de modo considerável, formou-se no Bras
uma s0ciedade media ou intermediária, entre extremos, e diferente de outrar
sociedades no seu modo de conciliar, equilibrar e utilizar contrários.
ObjetivoS
- no Recife - pelosacentue-se coincidiam come,osa defendidos
queTradicionalistas
Regionalistas,
no Brasil
seu modo, Modernis-
tas, Tanto francesa e a do Re
Ce, a ela uma orientação como a outra a Regionalista
prestanm-6e a ser acusadas de romanti
pioneiramente anterior
coidemente
Zações de
arc aizantes e anti-industriais e anti-urbanas, atraves de suas valori
valores
te a vivências regionais e tradicionais, por muitos associados principalmen
válidas essas acusações? Serão
arcaicamente
tS formas rurais de vivência, rurais, Mas serãoanti-progressistas
necessariamente ou anti-mo der-
las, por constituirem Opostos a formas urbanas e urbano-industriais? Ou ha-
Vera em
dernas de atitudes suppostanmente antecipações de formas pós-mo-
arcaizantes,
urbanos transferí
vels aareasequilibrio ou de Contemporização
rurais e desejos, entre valores
da parte ate de jovens dos nossos dias, de desfru-
larem de um convívio com aguas, arvores, plantas, animais rurais, imposSI-
118
vel dentro dos muros estritamente urbanos Não será possivel pós-modern8.
mente conciliar-se experiência telúrica com ogozo de modernas conveniências
urbanas? Essas concliações não poderão ser realizadas tanto através de indi.
viduos socializados em pessoas como de pessoas constituidas em populações,
sociedades, aglomerados rurbanos?
outra espécie de triunfo ainda mais significativo, nem nos últimos anos obser
vando-o de uma vontade coletivamente brasileira sobre desvio quer de suas
constantes psicossócioculturais, já confirmadas por positivos, contra negati
vO3, de experiência prénacional desdobrada em nacional, quer ecologicamente
tropicais e espacialmente horizontais, em vez de tendentes a só verticais. A ser
exata a ültima sugestão - quanto ao espaço rasileiro 8olicitar perspectivas ru
ralmente horizontais de opções e de construções, que se juntem às vertical
mente urbanizantes, só aí estaria forte justificativa de encaminhar-se a civiliza
ção nacional do Brasil em desenvolvimento, para rumos rurbanos, corrigindo
se soluções de todo urbanas. Ou arbitrariamente só urbanas. Ou urbanoma
níacas.
mentedes
Vocação cendent
rural e
esde jatendência
brasileirosruralizante
de jap através
japoneses. Descendentes de japoneses de
do que sua inteligncia, agil-
tes. SolInventiva e suas
os, para eles, tãomãos destramente rurais, vêm obtendo de solos quen
novos quanto tavoráveis a experinnentos; eesses expe-
122
ao
Ocontacto com as povoações chamadas satélites de Brasília mostra
observador, quase como se elas constit uissenn um laboratório sociolögico, a
atuação do processo de rurbanizaço de Brasília: corretivo a inovação no
que estas tiveram, ao lado de benefícios, violências àecologia e a constantes
psicossocioculturais brasileiras. Desses arredores rurais, caboclos, telúricos de
ex-árabe
Brasília, a brasileiríssima mandioca, aindigeníssima farinha, o cuscuz
eja brasileiro, quer de milho, quer de mandioca. A carne de charque, a5
tas mais brasileiras do Brasil, estão sendo respostas ecologicamente vigorosas
selva do
ao desafio de Brasília como presença intensamente urbanizante na
vitalidade
centro do Brasil. E tais respostas são válidas para uma extensão da
caboclamente brasileira. que é uma vitalidade rural, diante do desafio pan-ur-
construção
banizante com gue o Brasil começou a se defrontar na década dapprojeção na-
de Brasília. Dessa uma
extensão de vitalidade rural vai depender
rurbanamente.
Aliás,
cional do Brasil sobre o seu vasto realize
espaço que se sefazendo sua
sentir,
5e o coretivo rurbano a
excessos urbanose urbanóides está esperar
atualmente, tanto nos Estados Unidos como na Europa, Como n¥o tropi-
insurgencia, ainda maior, num Brasil em que o clima, em grande
maiores
parte
contactos hu
cal, a vastidão de esp
espaço verde, favorecem opções por
manos com esse espaço e sob esse calor?
Brasilia
arquitetosde Bra-
Um do5, a meu ver,
que se
erros, que denunciei, dos capital para o
homen8de ou
constituiram
sil, deixando
em
de ouvir oniscientes
criadores de uma nova
experiências,
eles ou o governo central, por eles cidade.
tros saberes, outras outras
foi o cometido com perspectivas, outras espaços imaginações,
urbanos da
futura
Sobreum
0 erro de relação aos próprnos projet
tar-se lazer
deixar-6e de considerar que a nova cidade ia muito
maior
com
ternpo 6ocial de nuito maior tempo livre que ocupado. De cdontactos
do que
trabalho. revalorização, pelo
De homem civilizado, de
123
a natureza. Necessitada, portanto, a nova capital, de
espaços, desde o
reservados contactos com a natureza, a recreações ao ar livre, a inicio,a
a
música, a dança, em termos populares e não lazeres,
dos: clubes exclusivos ou esportes superburguesmente condiciona
o início, deixassem
verdes, com a
sofisticados. Mais: de espaços que, desde
de: para deleite e higiene diretos demaior abundância possível, dentro da cida
de crianças. Ao seus moradores: para recreio e
contrário, educação
contoume Anisio Teixeira, o grande educador,
ter sido esquecido, nos
espaços destinados a escolas, que às salas de aula
Vam juntar-se espaços para de
nlzante a se impor a uma recreios. Sempre a obsessão fechadamente urba
perspectiva abertamente rurbarizante.
e onde, a
uma civilização opção rurbana para o desenvoivimento em, amplitude. de
sar de se realizar,nacionalmente brasileira
através de informacões,sobre vasto espaço nacional. preci
o
nais, as mais orientações. perspectivas operacio
ca, relativaa aabrangentes. Reunindo,
nais de construções basicamente, as três Engenharias: a Fisi-
materiais e relacionamentos dos vários tipos rego-
Homem
tropológica entre brasileiro
os Com espaços físicos: a Humana, atenta à relaçio an-
gões do País, e tipos predominantes de homens
brasileiros, nas varas re
tipos defabricados transportes,
serem máquinas,
por indústrias
cadeiras, móveis, vestuarios, sapatos a
para esses homens situados e não para outrOs
vOs com homens; e a Social, atenta a esses relacionamentos em termos coleti-
pos relação a formas sociais de convivncia e de inter-relação entre gru-
tras. humanos situados nas várias áreas do
Inclusive urbanas com as rurais. Inchusive uma orientação
as Pais e dessas áreas,
umas com as ou-
dyruposesenvolvimento
procure resolver Social,
Socioeconômico,
rurbana de
picOssociocultural brasileiro que
industriais, atentas ao bem-estar humanamente brasileiro em geral enão a
problemas de localização de atividades agrárias, pastoris,
mais. particulares ciosos apenas de interesses proprios e desatentos a0s de
mos Pode-se considerar como ja
Îentrontreosocicomológiespaços
cos, existentes, no Brasil, niniaturas, em ter
de
Aos quais traços espaços rurbanamente ocupados e susceptiveis de con-
estritamente psicossocioculturais
ou estritamente urbanos. Contrastes
rurais
vOS, possam caractsererissurpreendidos,
valores tambémn ticamente sob critérios mistos, vbjetivoa e subjeti-
de rurbanidade, dentro
(*)
Transcrito de Expresso, de Curitiba, n. 8, Outubro de 1980.
128
ginas deste Expres$0, um pouco da iniciativa nais uma vez pioneira da idade
de Curitiba.
Curiiba
Rurbenes
Comunldedee
A
Fonte.
0WUNTNIO
CENTNO
NODOVA
Rurbens
Comunidades
das
Proposta
ANEXO 2
Discurso dade pose do Prefeito Jaime Lerner em suaabrilsegunda
à
Administração
frente Prefeitura da Cidade de Curitiba, em de 1981
COMUNIDADES RURBANAS - - APROPOSTA E AIMPLANIAÇÃO
(")
As metrópoles brasileiras são o grande desaguadouro das levas migrató-
rias que vêm do interior do Pais. Este fenômeno tornou-se intenso nos ulti-
mos anos, e gerou um inchamento populacional que as nossas cidades estäo
8endo incapazes de absorver. Eele que está na origem da proliferação das fa-
velas, do aumento da marginalidade social, da falta de moradia etornou insu-
ficielazer.
nte oPlanos
atendimento nos setores de saúde, educação, saneamento,
de emergência, de desfavelanento e de asaistencia
transpor-
social tem
s
pequenas cidades localizadas mais próximas das zonas rurals deve
rão
estruturar-se
educação, para oferecer às populações vizinhas os serviços essen ciais de
saúde, transporte, comunicação, cultura elazer, constituindo-se
em ponto de apoio à
difusão do bem-estar.
AS pequenas cidades, assim revitalizadas, reteriam o seu propno
mento cresci
campo, populacional. E representariam uma nova opção para o homem do
desejoso de experimentar avida urbana. Estariamos desta forma evi-
tando que todo o
Mas, para que isso impacto das migrações se projetasse sobre as metrópoles.
ridades, é preciso queaconteça, não basta que o Governo apenas inverta as pno-
ele altere sua sSistematica de concessão de recursos ao
muni cipio, abolindo
as barreiras da burocracia. Ao invés de, a priori, descon-
ConfPacidades dos nunicipios, de bem usar os recursos, deve o bovemo
confiar.
8ua Deve istto sim, fiscalizar aaplicação dos recursos cedidos, depois da
aplicação zelando
Para que seja feita dentro das prioridades estabelecidas.
tra o seuPor outro lado oapoio ao campo e aos núcleos de apoio rural en con-
do ponto mais vulnerável na condiçåo, hoje, de completa instabilidade
nalitzradoabalhadortodos oS programas governarnentais.
de
rural. 0 trabalhador rural vive hoje mais desamparado e marg-
Cada núcleo poderia ter 100, 200, 300, medidas que irão variar de
acordo com as necessidades da região e custos de infra-estrutura da
de: Transporte, comunicação, educação e associatisno.
comunida
Todo Operimetro da
e,hcando comunidade foi cercado com quatro ios de ara-
livre a divisão entre os lotes.
Em seguida a Prefeitura deu inicio as construções das casas, feitas em
madeira, de acordo com seguidos em todo o Estado do Paraná.
OS Costumes
Ocontrato
assinado entre a fam1ia e a
Cia tecnica e
estabelece ainda gue decorridos noPrefeitura preve eta abalo
familia venha cumprindo as cláusulas máximo três ano5, :
tiva de do contrato. ela assine a escritura defini-
propriedade mediante financiamento junto à COHAB.
Asaim, neste projeto piloto, como medida de precaução, epor ser uma
área em teste, a
a posse da Prefeitura reservou o direito de não transferir imediatamente
terra ao usuáno, em
que a area esteja o que será feito nodevido tempo, na medida
solidamente constituída como uma Comunidade.
139
Curteibe-
Rurbanos
Carmunidedes
Fonta:
As
Rurbanas
Comunidedes
das
Proporta
FAA PLANDA
OA
oHTA
ALIA
csE ATSTA
ARTUA
NORTE
ESTATSTICA
AREA TOTAL DO TERRENO 313.122,00 m2
ÅREA DOS ACESSOS 14.500,00 m2
ÅREA COMUM 8.990,00 m2
ÅREA DOS LOTES 289.632,00 m2
N9 DE UNIDADES 60
ÅREA MÉDIA P/ LOTE 4.827,20 m2
Correia, Jonas, 34
Costa, Lúcio, 57, 69, 87, 88, l15, 121
Couto, Domingos de Loreto, 93
Cruls, Gastão, 87
Cruz, Oswaldo, 60
Cunha, Euclydes da (Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha), 29, 30, 31, 32,
33, 50, 91, 113
Departamento de Desenvolvimento Social (Curitiba), 129
O Dia (Teresina, P), 45
Diario de Pernambuco, 17, 111, 127
Dória, Gumercindo Rocha, 33
Duprat, 93
Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Cultural, Paraná), 139
Empresa Reynolds, 97
Escola Superior de Guerra, 34
Espasa-Calpe,
O
Editora, 13
Estado de São Paulo, 37
Faculdade de Educação da Universidade de Nova York, 120
Faoro, Raimundo, 24
Farias, Osvaldo Cordeiro de, 43, 44, 81, 101
Febvre, Lucien, 16
F'ederação dos Trabalhadores na Agricultura (Paraná), 136
Feijo, Diogo Antonio, 86
Fernandes, Albino Gonçalves, 112
Ferreira, Procópio, 87
Figueiredo, Antônio Pedro de, 29
Figueiredo, João
Fortes, Herbert Baptista de, 39
Parente, 33
Francisconi, Jorge Guilherme, 101
Freud, Sigmund, 49
Freyre, Fernando Alfredo Guedes Pereira de Mello, 35, 125
Freyre, Gilberto de Mello, 17, 43, 45, 127
Freyre, José Maria, 104
Fundação de Informações para o Desenvolvimento de Pernambuco, 111
Fundação de Recuperação do Indigente (FREI), 129
Fundação Joaquim
93, 100, 112, 133 Nabuco FUNDAJ), 15, 25, 26, 27, 28, 29, 35, 50, 51,
Fundação
Furtado, Milton Campos, 99
Celso, 19, 38, 119, 121
Galpin, Charles J., 82, 94, 103
150
Gallimard, Editora, 13
Gans, Herbert, 72
Gaudi, Antônio, 121
Gersckenkon,Alexander, 96
Gillette. John M., 83, 84
Goulart, João Belchior Marques, 29
Gourou, Pierre,7
Greber, 115
Gudin, Eugênio, 19
Guerra, Paulo Pessoa, 44
Guritch,Georges, 16, 28
Harris, Louis, 72
Hecker, Frederick, 86
Herculano, Alexandre (Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo), 86
Horácio, 86
Huxley, Julian, 119
Inglês de Sousa, Herculano Marcos, 29
Instituto Arqueológico Histórico eGeográfico Pernarnbucano, 93
Instituto de França, 16
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, 129
Instituto de Pesquisas Sociais ver Fundação Joaquim Nabuco,
Instituto Federal de Pesquisas Sociais, 100
Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais ver Fundação Joaqum INa
Co,
MoNTE0RO
LobaTO
CMENAGEM OA RNDCAO 00MA
1981-1990