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Entre o ser e o fazer: algumas notas sobre homossexualidade e

castidade nos discursos católicos e espíritas1

Fernando Augusto de Souza Guimarães (UFSCar)

Resumo

A questão central desse trabalho é explorar os conflitos e contradições nos discursos


religiosos católicos e espíritas que deixam de condenar a homossexualidade, aceitando sua
existência como expressão de uma sexualidade natural e prescrevendo, ao mesmo tempo, a
necessidade da castidade (no caso católico) e da sublimação (em se tratando dos espíritas)
desse desejo. O objetivo é explorar os modos pelos quais instituições e autoridades religiosas
reagem, de um lado, as demandas de movimentos sociais ancoradas especialmente nos
discursos médicos de despatologização da homossexualidade e, de outro lado, as
reivindicações de movimentos conservadores, especialmente no que diz respeito ao combate a
ideologia de gênero.
Palavras-chave: cristianismo, espiritismo, homossexualidade, castidade.

Introdução

Desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, houve o recrudescimento de


posturas conservadoras nos discursos políticos, especialmente no que tange as questões de
gênero e sexualidade (MISKOLCI, 2019). Lideranças religiosas e políticas que se
autodenominam cristãs defenderam abertamente posturas contrárias a expansão dos direitos
sexuais como união civil homossexual e cercearam debates sobre gênero e aborto. Tais
discursos tiveram repercussões midiáticas e geraram reações de apoio entre aqueles que se
dizem conservadores, cristãos, defensores da família e dos bons costumes, e de rejeição, por
opositores que denominam tais posturas como fundamentalistas e fascistas (BURITY, 2018).
Partindo dessas controvérsias, a discussão aqui pretendida explora dois episódios com grande
repercussão midiática para introduzir o debate sobre discursos religiosos católicos e espíritas
que deixam de condenar a homossexualidade a partir da prescrição da abstinência sexual.

No âmbito católico, duas falas do Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, ditas em
outubro deste ano, 2020, e contidas no documentário Francesco, de Evgeny Afineevsky

1
44º Encontro Anual da ANPOCS: GT36 – Religião, política, direitos humanos: reconhecimento e intolerâncias
em perspectiva.

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ganharam repercussão midiática: “Os homossexuais têm direito a formar uma família” e “Eles
são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser excluído ou forçado a ser
infeliz por isso” (BBC, 2020). Tais falas reafirmam a opinião do Papa sobre as uniões civis
homossexuais já expressadas anteriormente, como em 2013, durante o vôo de volta ao
Vaticano após a 28ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro ao responder uma
pergunta sobre o possível lobby gay promovido por Battista Ricca, monsenhor indicado por
ele ao cargo de prelado do IOR – Instituto para as Obras Religiosas, mais conhecido como
banco do Vaticano, depois da prisão do monsenhor Nunzio Scarano:

“Se uma pessoa é gay e busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?
O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser
discriminados por causa disso, mas integrados na sociedade. O problema não é ter
essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa
tendência” (MAISONNAVE, 2013 – grifo meu).

Já em 2018, disse: “Deus te fez assim, te ama assim, a mim não importa” (G1, 2018 -
grifo meu) a Juan Carlos Cruz, uma das vítimas, quando criança, de abuso sexual do padre
Fernando Karadima, acobertado pelo bispo Juan Barros, ao se assumir gay perante o Papa.

Estes comentários foram recebidos com entusiasmo por alguns segmentos da


comunidade LGBT que os reproduziram em mídias sociais digitais, pois os enxergaram como
apoio as suas reivindicações civis e políticas. Entretanto, como o próprio Evgeny Afineevsky
admitiu, surpreende a repercussão dessa fala do Papa, porque ele não falou em mudar a
doutrina da Igreja Católica, apenas mencionou a necessidade do fim da descriminação. Aliás,
dias depois o próprio Vaticano fez questão de esclarecer que a fala do Papa foi retirada de
contexto e que embora Francisco apóie a união civil entre homossexuais, ele reafirma a
posição da igreja, que considera as relações homossexuais como pecado, negando a
possibilidade do casamento homoafetivo. Segundo a nota do Vaticano, o documentário
suprimiu a fala do Papa de que “falar em casamento entre pessoas do mesmo sexo é algo
incongruente” (G1, 2020).

Já em se tratando do espiritismo, é possível citar a repercussão midiática da fala do


médium Divaldo Pereira Franco no 34º Congresso Espírita de Goiás em 2018, ao responder a
pergunta: O quê dizer sobre a ideologia de gênero? Embora a resposta tenha envolvido
questões políticas, com direito a citação da “República de Curitiba” e seu presidente o “Dr.
Moro”, além de Karl Marx e marxismo, cito apenas a primeira frase da resposta e sua parte
final:

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Eu diria em frase muito breve, que é um momento de alucinação psicológica da
sociedade. [...] A doutrina nos ensina, e para os jovens, eu direi que há uma ética,
liberdade, o sexo é livre. Livre sim. Mas ele não tem a liberdade de indignificar a
sociedade, poderemos sim exercer o sexo, é uma função do corpo e também da
alma, mas com respeito e com a presença do amor. Portanto, a teoria de gênero,
jamé (DIVALDO, 2018 – grifo meu).

A fala de Divaldo Franco gerou mobilização de parte do segmento espírita, com


elaboração de alguns abaixo-assinados e campanhas em redes sociais, afirmando que a
resposta se tratava da opinião do médium e que não representava a opinião de todos os
espíritas. Muito embora, seja possível afirmar, com base na reação da platéia – aplausos – e
nos comentários do vídeo, que ela representa a opinião de outra parte do segmento espírita.

Os dois episódios expressam a importância atribuída à religião na compreensão das


questões de sexualidade e gênero, bem como, a influência que posicionamentos e opiniões
políticas desempenham nesses temas. A partir deles abordarei as distinções institucionais e
doutrinárias entre catolicismo e espiritismo, seguido da apresentação e análise de alguns
discursos religiosos das duas vertentes sobre a homossexualidade. O objetivo é sintetizar as
principais concepções do catolicismo e do espiritismo sobre a homossexualidade, explorando
a controvérsia de normalização desta por meio da disjunção entre sexualidade e prática
sexual.

Dois pesos, duas medidas

O intuito deste tópico é demarcar duas distinções entre o catolicismo e o espiritismo: a


primeira no âmbito institucional, e a segunda, no âmbito doutrinário, mais especificamente
sobre a compreensão do sexo.

A distinção institucional entre o catolicismo e o espiritismo se dá na organização


dessas duas vertentes religiosas. Se por um lado, a Igreja Católica representa o tipo ideal de
institucionalização e burocratização weberiana da religião (WEBER, 1982 e 2000), pela
presença do código canônico que concretiza a burocracia da igreja, estabelecendo uma
hierocracia capaz de regular e definir a teologia católica. Por outro, no segmento espírita não
existe nenhuma instância, instituição ou pessoa que detenha o poder de dizer o que é ou não é
o espiritismo (ARRIBAS, 2019). Outro produto da organização institucional é a capacidade
regulatória de definir quem é ou não membro integrante da comunidade religiosa. No
catolicismo, o batismo é o rito que marca esse pertencimento, mas ainda assim, não garante o

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reconhecimento do fiel pela instituição. Já no espiritismo não existe um rito, que de maneira
análoga marque o pertencimento e a integração do fiel a comunidade religiosa, tampouco
instância responsável por reconhecer tal pertencimento.

Apesar da diferença na organização institucional do catolicismo e do espiritismo, é


importante lembrar que em ambos existem movimentos que reivindicam revisões teológicas e
doutrinárias. O grupo „Católicas pelo direito de decidir‟ constitui um exemplo dessas disputas,
fundado há quase trinta anos, reivindica entre muitas coisas, o direito ao aborto. Neste ano, o
grupo foi proibido pela Justiça de São Paulo de usar o termo „católicas‟ em seu nome. A
decisão atendeu ao pedido do Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, alegando que “a finalidade
da associação revela incompatibilidade com os valores adotados pela Igreja Católica”
(PINHONI et al., 2020). Além disso, a justiça alegou que o grupo “não possui autorização
para usar a expressão „católica‟, o que é necessário pelo código do direito canônico”
(PINHONI et al., 2020). Tal episódio demonstra que embora a consolidação institucional e
burocrática da igreja não seja capaz de impedir o surgimento de movimentos e grupos que
reivindiquem mudanças, nada a impede de ser usada na supressão e negação de tais grupos.

Situações desse tipo são mais complexas no âmbito espírita devido à ausência de
núcleo regulador e sua organização em sistema federativo. Além disso, outra especificidade
do espiritismo – se apresentar ao mesmo tempo enquanto filosofia, ciência e religião –
confere maior dinamismo em sua produção teórico-doutrinária. Como idealizado por Allan
Kardec, codificador da doutrina espírita, a dimensão científica revelaria as verdades sobre o
funcionamento das relações entre mundo material e espiritual, possibilitando novas
concepções religiosas no espiritismo (KARDEC, 2013). A relação entre religião e ciência
resulta na adoção de diversas posturas dos intelectuais espíritas, desde quem acredita que o
progresso científico confirmaria a doutrina, até aqueles que acreditam que os avanços
científicos levariam a reconsideração doutrinária do espiritismo (SIGNATES, 2014). Desse
modo, a legitimidade atribuída a essas novas concepções doutrinárias dependem do prestígio
de seus autores e do trabalho exercido por eles dentro das instituições espíritas. Como aponta
Célia Arribas (2017), a legitimidade é fruto da posição desses indivíduos no campo espírita,
como médiuns, dirigentes institucionais ou intelectuais.

Não bastassem as diferenças na organização institucional do catolicismo e do


espiritismo, existe entre elas distinção na compreensão doutrinária do sexo. Embora o
espiritismo componha o pluralismo cristão brasileiro (SOUZA, 2019) devido ao culto a Jesus

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Cristo, a importância da caridade e estudo do Novo Testamento (SOUZA, ARRIBAS e
SIMÕES, 2020), este considera o sexo de maneira diversa de outras vertentes cristãs. Na
doutrina espírita a energia sexual é positiva, concebida como a capacidade genésica, força
presente em toda criação humana e não apenas na reprodução, sendo por isso, condição da
vida. Em termos de importância, apenas o amor é superior a essa força, razão pela qual a
energia sexual, por conseguinte, o sexo, se submete a lógica do amor (MOREIRA, 2016).
Como admite o espírito Emmanuel (mentor espiritual do médium Francisco Cândido Xavier),
a energia sexual apesar de não ser negativa, não se abstém do

impositivo de discernimento e responsabilidade em sua aplicação, e que, por isso


mesmo, deve ser controlada por valores morais que lhe garantam o emprego digno,
seja na criação de formas físicas, asseguradora da família, ou na criação de obras
beneméritas da sensibilidade e da cultura para a reprodução e extensão do progresso
e da experiência, da beleza e do amor, na evolução e burilamento da vida no planeta
(EMMANUEL, 2015, p. 20)

Inerente a matéria, a energia sexual indica pelo seu uso o grau evolutivo dos espíritos.
De modo breve e sucinto, a doutrina espírita considera que os espíritos são imortais e que
evoluem ao longo de sucessivas encarnações. Ao longo do ciclo reencarnatório, as ações dos
espíritos são submetidas à justiça divina por meio da lei de causa e efeito, impondo aos
espíritos encarnados as consequências de todas as suas ações, seja naquela encarnação ou em
existências pretéritas. Por isso, os acontecimentos da vida são interpretados no espiritismo
como efeito de ações em encarnações passadas e vistos como oportunidade de aprendizado
necessário a evolução espiritual. No emprego moral da energia sexual, desde Kardec, a
monogamia é considerada marco da evolução espiritual, já que o casamento “é um progresso
na marcha da humanidade” (KARDEC, 2013, p. 263). Monogamia é sinônimo de casamento,
e se opõem a poligamia, tanto em Kardec quanto nas obras ditadas pelo espírito Emmanuel,
entendida como pura satisfação do desejo sexual e por isso contrária a monogamia, que se
ancora na afeição, leia-se amor, entre os seres (KARDEC, 2013; EMMANUEL, 2015).

Se a doutrina espírita ao reconhecer a importância do casamento, da regulação moral


do sexo e necessidade do amor como fundamento da monogamia se assemelha a doutrina
católica sobre sacralidade do casamento, distingui-se radicalmente da concepção católica do
sexo. No catolicismo o sexo é pecaminoso, corruptível, por isso, perigoso e destrutivo
(RUBIN, 2003). Tal concepção se ancora em muito nos escritos do apóstolo Paulo de Tarso e
remontam a tradição teológica de Santo Agostinho, com a separação entre corpo e espírito,
onde o corpo é marcado pelo pecado original, e Tomás de Aquino, que hierarquiza os pecados
a partir da noção de natureza, estabelecendo certas práticas sexuais como pecados contra a

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natureza. É a negatividade sexual que encara o prazer como maléfico e restringe o sexo ao
ambiente matrimonial com uma única finalidade: reprodução (BUSIN, 2011).

Em suma, embora as concepções católicas e espíritas sobre o sexo partam de


fundamentos diametralmente opostos, encarando-o, respectivamente, como maléfico e
benéfico. As prescrições morais quanto à monogamia, casamento e importância do amor
conjugal aproximam catolicismo e espiritismo, que juntas consolidam e reforçam o ideal
heteronormativo da sociedade (MISKOLCI, 2014).

O catecismo explica

Retomando a declaração do Papa sobre gays buscarem a deus: “o catecismo da Igreja


Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser descriminados por causa disso,
mas integrados na sociedade” (MAISONNAVE, 2013). De fato, desde os anos 1980 a igreja
produz documentos e orientações sobre como compreender e lidar com a homossexualidade.
Destaco sete documentos disponíveis no acervo on-line do Vaticano em que a palavra
homossexualidade aparece.

QUADRO 1 – Documentos católicos que mencionam a palavra homossexualidade

Título Ano
Catecismo da Igreja Católica 1991
Compêndio da doutrina social da Igreja 2004
Carta sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais 1986
Algumas reflexões acerca da resposta a propostas legislativas sobre a não- 1992
discriminação das pessoas homossexuais
Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas 2003
homossexuais
Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com 2005
tendências homossexuais
Relatório final do Sínodo dos Bispos ao Santo Padre Francisco 2015
Fonte: Acervo do Vaticano. Disponível em: http://www.vatican.va/content/vatican/pt.html

O Catecismo da Igreja Católica e o Compêndio da doutrina social da Igreja são


apresentados no início do quadro devido a sua importância doutrinária, justificando o

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desordenamento nos anos de publicação nesta lista de documentos. No Catecismo da Igreja
Católica existem três parágrafos dedicados a consideração da homossexualidade, são os
parágrafos 2357, 2358 e 2359, sob o tópico: Castidade e Homossexualidade. De modo
sucinto, o documento reconhece essa atração sexual e afirma não haver explicação de sua
origem psíquica. Além disso, declara que seguindo a tradição bíblica

Que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que os atos
de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural,
fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira
complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados
(CATECISMO, 1991, §2357).

Os parágrafos seguintes afirmam que as „tendências homossexuais‟ se constituem


provação, devendo ser “acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza”, evitando-se a
discriminação, esse acolhimento dos homossexuais cristãos se dá por meio do chamado à
castidade. Já no compêndio da doutrina social da igreja, aparecem grafadas três vezes a
palavra homossexualidade, no capítulo V: A família. No item 228 aparece a fala de Francisco
que o Vaticano (G1, 2020) alegou ter sido subtraída na edição do documentário: “é
incongruente a pretensão de atribuir uma realidade “conjugal” à união entre pessoas do
mesmo sexo (COMPÊNDIO, 2004). É novamente reafirmada a necessidade de respeito à
dignidade humana das pessoas homossexuais, mas é negada a equiparação entre matrimônio –
heterossexual - e união entre pessoas do mesmo sexo. O documento segue explicando que o
respeito devido às pessoas homossexuais não deve ser confundido com a legitimação de
comportamentos imorais nem com o reconhecimento do direito ao matrimônio. E mais uma
vez, é afirmada a necessidade da castidade dos homossexuais.

A imposição da castidade é possível graças à distinção estabelecida na doutrina


católica entre condição homossexual ou tendência homossexual e atos homossexuais
(RATZINGER e BOVONE, 1986; ALGUMAS, 1992). Essa distinção estabelece os atos
homossexuais como intrinsecamente desordenados e reprovados em toda circunstância.
Entretanto, os documentos de 1986 e 1992, a saber, Carta sobre o atendimento pastoral das
pessoas homossexuais e Algumas reflexões acerca da resposta a propostas legislativas sobre
a não-discriminação das pessoas homossexuais, reconhecem que tal consideração deixa em
aberto a possibilidade de

interpretações excessivamente benévolas da condição homossexual, tanto que houve


quem chegasse a defini-la indiferente ou até mesmo boa. Ao invés, é necessário
precisar que a particular inclinação da pessoa homossexual, embora não seja em si
mesma um pecado, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada,
para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral. Por este

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motivo, a própria inclinação deve ser considerada como objetivamente desordenada.
Aqueles que se encontram em tal condição deveriam, portanto, ser objeto de uma
particular solicitude pastoral, para não serem levados a crer que a realização
concreta de tal tendência nas relações homossexuais seja uma opção moralmente
aceitável (RATZINGER e BOVONE, 1986).

Esse recrudescimento na postura da igreja fica ainda mais evidente em Considerações


sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, produzido
em 2003, o documento afirma a necessidade do clero e dos fiéis deferem a família e a moral,
posicionando-se contra o reconhecimento jurídico da união civil entre homossexuais e
criminalização da homofobia. Mais uma vez é afirmada a necessidade da castidade como
mecanismo de controle da tendência homossexual, evitando assim, o pecado das práticas
homossexuais. Já em Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das
pessoas com tendências homossexuais é afirmado o papel do clero – bispos e superior geral –
em julgarem as inclinações e tendências daqueles que aspiram à ordenação, pois a igreja
“embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e
às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências
homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay” (INSTRUÇÃO,
2005).

Por fim, o Relatório final do Sínodo dos Bispos ao Santo Padre Francisco é o único
destes documentos produzido durante o papado de Francisco, especificamente, dois anos após
a sua declaração em 2013: “Se uma pessoa é gay e busca a Deus e tem boa vontade, quem sou
eu para julgá-la?” (MAISONNAVE, 2013). Entretanto, o Relatório do Sínodo reafirma a
impossibilidade de equiparação entre matrimônio e união de pessoas do mesmo sexo, citando
inclusive, o documento Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões
entre pessoas homossexuais. Este relatório é o único dos documentos citados que não associa
castidade e homossexualidade, embora seja o primeiro a associar castidade e sexualidade.

O sexo dos espíritos

Diferente do catolicismo, em que é possível selecionar documentos específicos


produzidos pela igreja que sedimentam a doutrina da instituição, no espiritismo, essa seleção
é mais complexa e subjetiva. Como ressalta Célia Arribas (2019, p. 98) dada à ausência de
instituição que regulamente o que é ou não espiritismo, ele acaba sendo fruto daquilo que
homens e mulheres fazem com a doutrina espírita. Eis a razão da diversificação de

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interpretações espíritas sobre o mundo, legitimadas ou rechaçadas com base nos ideias
políticos e opiniões pessoais daqueles que se identificam como espíritas. Por isso, retomo aqui
a produção de alguns médiuns e intelectuais espíritas, situando-os a partir da interpretação que
fazem da homossexualidade com base na doutrina. De modo geral, existem duas posturas: de
reconhecimento e normalização da homossexualidade e de condenação dela.

Dentre aqueles que a reconhecem como normal é possível citar Francisco Cândido
Xavier com a psicografia dos trabalhos dos espíritos Emmanuel e André Luiz; do próprio
Divaldo Franco, especialmente dos trabalhos ditados pelo espírito Joanna de Ângelis, e
Andrei Moreira. Em contraposição a essas concepções temos os trabalhos de José Herculano
Pires e Jorge Andrea dos Santos.

É notadamente reconhecido o pioneirismo de Francisco Cândido Xavier na elaboração


de explicações espíritas da homossexualidade e da necessidade de mudança em relação a sua
condenação. Em meados dos anos 1970, Chico Xavier trata do assunto em dois livros ditados
pelos espíritos André Luiz (2013) e Emmanuel (2015). Embora existam divergências nas
explicações de Emmanuel e André Luiz, já que este considera a homossexualidade como
possível condição de expiação de pecados, causa rechaçada por Emmanuel. Ainda assim é
possível elencar três causas da homossexualidade contidas nas obras mediúnicas de Chico
Xavier: 1) resultado de reencarnações consecutivas em um mesmo tipo corporal, um espírito
que encarna consecutivas vezes seguidas como mulher teria chances de ser homossexual
quando reencarnasse como homem; 2) necessidade de aprendizado do espírito, resultado de
lides expiatórias; 3) escolha do próprio espírito para se resguardar de relações sexuais e se
dedicar a realização de tarefas específicas. Esta última é interessante por relacionar a
castidade com a realização de tarefas específicas, é a partir dela que alguns espíritas defendem
a necessidade da castidade e abstenção sexual aos homossexuais, chegando inclusive a usar a
vida de Chico Xavier como exemplo, pois a abstenção do sexo proporcionaria a sublimação
da energia sexual na realização de trabalhos grandes caritativos movidos pelo amor.

Diferente de Chico Xavier, que era médium, Andrei Moreira é intelectual espírita,
médico homeopata e presidente da Associação Médico Espírita de Minas Gerais. Em suas
duas obras, Moreira (2016 e 2017) expande as explicações de Chico Xavier sobre a
homossexualidade e as transexualidades ao listar cinco razões para elas: 1) consequência
natural do reflexo mental e emocional condicionada pelas memórias de vida num mesmo tipo
corporal; 2) como condição facilitadora no cumprimento de objetivos nobres; 3) situação de

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prova e expiação resultante de uso descontrolado da energia sexual; 4) resultado de
influências obsessivas; 5) reação decorrente de traumas na infância. Aqui, na segunda
explicação a condição facilitadora por ser entendida como condição que impõe a castidade e
abstenção sexual, pois essas „facilitariam‟ a sublimação da energia sexual na realização de
trabalhos nobres. As duas últimas explicações de Moreira chamam atenção, por relacionar a
homossexualidade a causas externas, dissociando-as dos princípios doutrinários da
imortalidade do espírito e da reencarnação.

Em se tratando do médium Divaldo Franco, é interessante o modo como há insistência


na interpretação da homossexualidade e da transexualidade como prova imposta, “pelo fato de
ter, talvez, utilizado a sexualidade de forma irresponsável em vidas anteriores...” (FRANCO,
2016, p. 209). E da necessidade da sublimação, já que na experiência homossexual não há
plenitude da experiência sexual, uma vez que as relações não ocorrem em plenitude com a
natureza. “Por esta razão o Espiritismo considera que a experiência homossexual é uma
oportunidade para o indivíduo compreender as Leis da Vida e encontrar sua própria
felicidade” (FRANCO, 2016, p. 214). Nesses trechos é evidente o fato de Divaldo Franco
falar em nome do Espiritismo, associando homossexualidade e transtornos sexuais,
consequência das inadequações dos padrões da Natureza, prescrevendo a sublimação como
caminho da felicidade. Tais afirmações se distanciam das concepções do espírito Joanna de
Ângelis psicografadas pelo próprio Divaldo Franco. Segundo Ângelis a homossexualidade
não deve ser interpretada como punição divina

Não considerem a ocorrência como uma infelicidade ou punição divina, como era
normal nos redutos onde predominava ou remanesce a desinformação. A
problemática não é de natureza homo ou heterossexual, mas sim moral, colocando
acima da opção a conduta de cada qual na maneira correta de conduzir a existência
(FRANCO, 2015, p. 106).

Concretamente, é possível notar posturas distintas sobre um mesmo assunto, nas obras
de autoria do Divaldo Franco e nas obras psicografados por ele. O mesmo acontece com
outros médiuns espíritas e abre a possibilidade de identificação por parte dos fiéis com o
pensamento e explicações do médium ou apenas com as explicações dos espíritos. O
importante é salientar que mesmo as interpretações destes intelectuais e médiuns que
considerarem a homossexualidade como normal, ainda assim, o sexo homossexual tem de
estar sob o imperativo da moral, ou seja, ser realizado com base no amor, compromisso e de
preferência em relacionamentos monogâmicos. E mesmo assim, ainda aparece nessas

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explicações a possibilidade de se encarar a homossexualidade como oportunidade de prática
da sublimação da energia sexual, por meio da abstenção do sexo.

Por fim, cito as obras de dois eminentes espíritas, conhecidos e homenageados por
seus trabalhos de difusão do espiritismo: Mediunidade2, de José Herculano Pires (1984) e
Forças sexuais da alma3, de Jorge Andrea dos Santos (2012). De forma muito sucinta,
Herculano Pires (1984) admite a possibilidade da homossexualidade ser congênita em alguns
casos, mas reforça a necessidade de entendê-la como efeito de traumas e obsessão de
espíritos, vampiros, como ele denomina. Nas suas explicações sobre a homossexualidade, há
prevalência de causas espirituais externas ao indivíduo. Efeito da ação de espíritos
obsessores, a prescrição aqui não é a sublimação ou castidade, antes a homossexualidade
passa a ser curada por meio de sessões de desobsessão.

Na obra de Jorge Andrea a homossexualidade é considerada condição patológica,


mesmo sendo publicada anos após a retirada da homossexualidade do Código Internacional de
Doenças – CID, o autor insiste na demonstração desse argumento. Segundo ele, a castidade é
única opção da pessoa homossexual.

Todo movimento reencarnatório representará sempre uma busca de ordem e


equilíbrio. Para o homossexual, existirá necessidade intransferível de vivência na
castidade construtiva, a fim de encontrar a harmonia para as futuras formações
corpóreas que as reencarnações podem propiciar. Somente assim haverá
possibilidade de liberação e segura participação na estrutura evolutiva individual
(ANDREA, 2012, p. 74).

A imposição da castidade se deve ao fato do coito homossexual aumentar os


desequilíbrios das energias sexuais, ampliando cada vez mais o desajuste espiritual
vivenciado, implicando por sua vez, num ciclo reencarnatório de existências homossexuais. A
única saída dessa espiral é por meio da castidade. De modo geral, as explicações desses dois
autores admitem a normalidade da homossexualidade, no sentido de se poder nascer assim,
mas acabam por associar o sexo homossexual como catalisador de grandes distúrbios
espirituais e por isso, prescrevem a castidade como única alternativa das pessoas
homossexuais. Uma última observação em relação a essas duas obras faz jus ao modo como
elas passaram a ser mencionadas e defendidas por espíritas que negam as explicações de
Chico Xavier e especialmente de Andrei Moreira. Associando este último, como propagador
da ideologia de gênero no segmento espírita.

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Primeira edição publicada em 1978.
3
A primeira edição foi publicada em 1992.

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Atando os nós, algumas considerações finais

A despatologização da homossexualidade e o avanço dos direitos LGBT, em especial


a união civil entre pessoas do mesmo gênero e criminalização da homofobia, implicam
mudanças sociais que não passam despercebidas por líderes religiosos, que por iniciativa
própria ou pressionados por fiéis e repórteres, acabam tendo de se posicionar sobre tais
questões. Declarações como as do papa Francisco e de Divaldo Franco colocam em voga
interpretações religiosas sobre a sexualidade, suscitando esperanças e revoltas. Tais
afirmações não negam posturas doutrinárias de condenação da homossexualidade, mas
suavizam a critica: “Deus te fez assim”, ou “O sexo é livre”. Afirmações desse tipo tendem a
encarar a homossexualidade como normal, como característica própria do indivíduo, parte da
sua essência, transferindo a condenação religiosa pro campo da moral, o pecado é a prática do
„homossexualismo‟, o sexo promíscuo. A disjunção entre homossexualidade e sexo
homossexual opera tanto nos discursos católicos quanto nos discursos espíritas. Apesar das
diferenças nas dimensões institucionais e doutrinárias dessas duas vertentes religiosa. No caso
católico, a igreja sustenta desde há muito a mesma postura em relação à homossexualidade,
aliás, pra não dizer que essa postura é estática, houve recrudescimento dela a partir dos anos
2000, para postura mais combativa, como é possível verificar em Considerações sobre os
projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais.

Já no campo espírita, as especificidades institucionais e doutrinárias possibilitam o


surgimento de explicações sobre a homossexualidade desde as mais progressistas, como as de
Chico Xavier (Emmanuel, especialmente) e Andrei Moreira, que a normalizam por meio da
imposição da receita heteronormativa: relação monogâmica pautada no amor. Junto de outras
explicações reacionárias, que se contrapõem não apenas aos discursos espíritas progressistas
como também as resoluções científicas de despatologização da homossexualidade,
reafirmando seu caráter patológico e condenando suas práticas sexuais, vistas como nocivas.
Nesses casos, a receita não é mais o modelo heteronormativo, mas antes a abstenção sexual.

Todos os discursos analisados admitem, mesmo que implicitamente, a possibilidade de


se nascer homossexual. Motivo pelo qual ressaltam a necessidade de se aceitar a existência
dessas pessoas e não discriminá-las. Entretanto, o ser assim não implica em agir de acordo,
em fazer o sexo que se deseja, pois a prática sexual é condenável e nociva. E aqui é onde
esses discursos encontram força para se contrapor aos avanços dos direitos reprodutivos, da
união civil entre pessoas do mesmo sexo e criminalização da homofobia: o sexo homossexual

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leva a percepção errônea de normalidade dessa sexualidade, pondo em risco o matrimônio, a
família e os valores morais da sociedade. A partir da disjunção entre homossexualidade e
prática sexual, se dribla o combate direto às pessoas homossexuais, que devem ser aceitas sem
serem discriminadas, pois o foco são as práticas sexuais dessas pessoas e os efeitos dos
discursos que as normalizem, leia-se a ideologia de gênero, tem na sociedade como todo.
Nesse caso, em defesa da sociedade, é preciso não apenas negar o lobby gay como também
incentivar o celibato e a abstenção sexual.

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