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Luanda/2021
ÍNDICE
6.8 Restrição orçamental com dois bens e no caso de um bem compósito ............................9
6.10.2 Variações no preço de um bem, ceteris paribus – curva consumo preço (CCP),
curva da procura e decomposição do efeito preço .......................................................... 12
Bibliografia .......................................................................................................................... 15
Tabelas
A utilidade, conceito base de toda teoria do consumidor, mede a sua satisfação, em resultado
do consumo de bens e serviços. O desenvolvimento do conceito de utilidade permite explicar
e justificar as escolhas dos consumidores, tendo em conta o seu rendimento disponível e os
preços dos bens e, ainda, compreender a curva da procura. Embora não seja fácil medir a
utilidade é possível ordenar os bens por ordem de preferência.
Para melhor entendimento verifique o exemplo que se segue que faz menção a função
utilidade referente ao consumo de refrigerantes:
Tabela 1: Utilidade total e marginal
Quantidade Utilidade Total Utilidade Marginal
0 0 -
1 3 3
2 5,7 2,7
3 7,9 2,2
4 9,6 1,7
5 10,6 1
6 11 0,4
7 11,2 0,2
8 11,2 0
Fonte: (Nabais & Ferreira, 2010, p. 140)
Veja que a teoria económica distingue os conceitos de utilidade inicial (referente à primeira
unidade consumida), total (soma das utilidades de todas as unidades) e a marginal. O conceito
Obs: note-se que a utilidade total, que é a soma das utilidades marginais, cresce à medida que
se consome unidades adicionais, mas esse crescimento é cada vez menor, a partir de
determinado nível de consumo.
Enquanto não é atingida a saciedade, a utilidade marginal é sempre positiva, ou seja, existirá
sempre algum acréscimo de utilidade quando é consumida mais uma unidade do bem.
Contudo, devido á lei das utilidades marginais decrescentes, este acréscimo de utilidade é
cada vez menor.
Cada consumidor gasta o seu rendimento em bens e serviços com o intuito de maximizar a
sua utilidade. A relação entre o consumo de vários bens e o total da utilidade que gera é
designada por função de utilidade. Esta é uma característica de cada um dos consumidores,
daí a necessidade de utilizar uma função utilidade total, que não é mais do que uma junção de
várias funções de utilidade individual (Nabais & Ferreira, 2010).
Que partindo da utilidade marginal – base do valor como apreciação subjectiva dos bens –
Von Wieser chegou aos conceitos de utilidade e de valor total. Utilidade total será a soma das
utilidades potenciais de cada unidade, ou seja, daquelas a que cada uma caberiam se fossem as
últimas. E o valor total é o resultado da multiplicação da utilidade marginal pelo número de
utilidades disponíveis de um bem. Assim, enquanto a utilidade marginal decresce a medida
que aumenta o número de unidades disponíveis, mas em proporção decrescente. Já o valor
total aumenta com o número de unidades até ao ponto em que decréscimo da utilidade
marginal compense, no produto, aquele aumento. Contudo, o valor reduz, até poder chegar a
zero, quando os bens se tornam livres, por deixarem de ser raros.
Obs: o conceito de utilidade total é relevante para se saber qual a diferença entre a utilidade
efectivamente recebida e a utilidade subjectiva dos bens.
Obs: Para Gossen, o sujeito económico só pode, aumentar a sua satisfação total na medida em
que o prazer provocado pelas coisas produzidas for maior do que o sacrifício imposto pelo
esforço de trabalho necessário a essa criação.
Como o preço é influenciado pela utilidade marginal da última unidade consumida, nos bens
abundantes essa utilidade marginal é baixa e nos bens escassos é alta. Então o preço é baixo
nos bens abundantes e alto nos bens escassos, independentemente da sua utilidade total.
O paradoxo do valor esclarece a distinção entre valor de uso e valor de troca. Com o princípio
da utilidade marginal é possível explicar a formação do valor de troca em directa
correspondência com o conceito económico de utilidade. O valor de troca representa as
proporções nas diversas quantidades de bens quando se realizam permutas para que se
proceda ao nivelamento das utilidades dos diferentes bens afectos à satisfação das diversas
necessidades.
Segundo (Nabais & Ferreira, 2010), a utilidade esperada de um bem ou serviço vai pesar
decisivamente na concretização da troca e na atribuição de um valor ao bem ou serviço que se
pretende adquirir. O consumidor e o produtor têm comportamentos diferentes. Enquanto o
produtor, deseja vender o bem ou serviço a um preço que cubra o preço de custo e obter um
lucro, o consumidor visa comprar mais quantidades a um preço mais baixo. O mercado como
mecanismo coordenador da economia promove o equilíbrio entre as duas partes com a
formação do preço de equilíbrio que resulta da intersecção das curvas da procura e da oferta.
Qualquer consumidor que tencione consumir um conjunto de bens depara-se com uma curva
de orçamento que representa todas as combinações possíveis de quantidades dos bens em
causa. Entende-se também que o comportamento do consumidor não é apenas determinado
pelas suas preferências mas também pelo rendimento auferido, como veremos adiante.
Obs: pode-se igualmente apurar o ponto óptimo de consumo recorrendo à análise da utilidade
marginal, sabendo como utilizar uma unidade monetária marginal.
Para o efeito, é necessário dividir a utilidade marginal de um bem pelo seu preço. Este
quociente também se designa como utilidade marginal por unidade monetária. Se dividir-se a
respectiva utilidade marginal pelo preço, obtém-se a “utilidade marginal por cada unidade
monetária” que é proporcionada com o consumo desse bem.
A lei do consumo óptimo diz-nos que, numa curva de utilidade marginal, por uma unidade
monetária gasta por cada bem ou serviço, o ponto óptimo corresponde ao nível de consumo
em que a utilidade marginal do bem ou serviço dividida pelo seu preço é a mesma.
Obs: A lei da igualdade das utilidades marginais por cada unidade monetária, significa que os
consumidores, ao adquirirem os bens 1,2,…n, escolhem as quantidades de tal forma que as
utilidades marginais por cada unidade monetária são todas iguais.
Portanto para melhor sustentar o parágrafo anterior importa fazer as seguintes suposições:
Se deixar de haver esta igualdade e que o bem 1 tinha uma utilidade marginal por
unidade monetária maior do que a dos outros. Neste caso o consumo deste bem
proporcionava mais utilidade marginal por cada unidade monetária, pelo que, o
A igualdade anterior, tal como vamos ver no estudo da restrição orçamental e da curva da
indiferença, pode ser expressa do seguinte modo:
De acordo com (Pinho, 2012), as preferências do consumidor podem ser representadas por
curvas de indiferença que retratam a utilidade/satisfação obtida do consumo de diferentes
combinações de bens. Entende-se por curva de indiferença o lugar geométrico das diferentes
combinações de bens (X e Y) entre as quais o consumidor permanece indiferente. Ao longo
de uma curva de indiferença a combinação dos bens altera-se mas a utilidade é sempre a
mesma. Em termos analíticos: UT(X,Y) = f(X,Y).
A AB A
B B U3
U2
U1
0 0
X X
As preferências do consumidor dizem-se racionais ou «bem comportadas» se obedecerem a
determinados axiomas:
Y Y BA Y BA
BA
B A B
B
A
A
0 0 0
X X X
As curvas de indiferença não se podem cruzar sob pena de violarem o axioma da
transitividade.
0
X
De acordo com esta demonstração é possível concluir que:
A B
U2
U1
0 XA XB X
As curvas de indiferença são convexas em relação à origem Lei da Utilidade
Marginal Decrescente.
Demonstração:
0 0
X X
Diversidade no Especialização no
consumo consumo
De acordo com (Pinho, 2012), qualquer que seja a curvatura da curva de indiferença é
evidente que para consumir mais de um dos bens e manter a mesma utilidade o indivíduo tem
de abdicar do consumo do outro bem. Por exemplo, fazendo uma análise da esquerda para a
direita é possível concluir que se a CI for côncava, o consumidor prescinde cada vez mais do
bem Y para consumir quantidades adicionais do bem X. O contrário sucede se a CI for
convexa, ou seja, o consumidor prescinde cada vez menos do bem Y por quantidades
Apontamentos de Microeconomia Página 8
adicionais do bem X. Esta situação é consistente com a realidade porque à medida que um
indivíduo consome quantidades adicionais de um mesmo bem, os acréscimos de utilidade
fornecidos vão diminuindo Lei da Utilidade Marginal Decrescente.
Graficamente:
equivale ao declive da RO .
R/PY
0 R/PX
X
Todas as combinações de bens localizadas à esquerda da RO pressupõem que a dotação
orçamental não é toda gasta poupança ou o consumidor é aforrador. Por outro lado, as
combinações localizadas à sua direita são inatingíveis, não sendo a dotação orçamental
suficiente crédito ou o consumidor é devedor. Qualquer combinação situada sobre a RO
pressupõe o gasto integral do rendimento disponível.
Por outro lado sabe-se que na realidade um qualquer consumidor depara-se com a escolha
entre n bens e não apenas entre dois. Para tornar a análise mais real e ao mesmo tempo
minimizar as dificuldades que daí podem advir, Alfred Marshall, propôs uma solução que
passa por considerar que o consumidor tem de escolher entre um determinado bem específico
– chamemos-lhe bem X e um conjunto de outros bens chamemos-lhe M ou bem compósito.
Por questões de simplificação assume-se que o preço do bem compósito é 1.
Um bem compósito representa o rendimento que resta ao consumidor depois de ter comprado
o bem X;
0 R/PX
X
6.9 Equilíbrio do consumidor
Graficamente:
Y
A
E
U3
B U2
U1
0
Algebricamente: X
Declive da RO
Declive da curva de indiferença
Ponto A :
Ponto B :
Equilíbrio
Y R
R``/PY
R`/PY
R/PY
CCR: Y=f(X) X=f(R) ou Y=f(R)
6.10.2 Variações no preço de um bem, ceteris paribus – curva consumo preço (CCP),
curva da procura e decomposição do efeito preço
Sempre que o preço de um dos bens se altera, permanecendo tudo o mais constante, a reta
orçamental sofre uma deslocação perpendicular dando origem a novos pontos de equilíbrio. A
CCP traduz a união destes novos equilíbrios, isto é, corresponde ao lugar geométrico dos
Y Y
R/PY R´´/PY
R´/PY
CCPx: Y=f(X) CCPy: X=f(y)
R/PY
Px Py
X=f(Px) Y=f(Py)
)
0 X 0
PxPx´Px´´ Y
PyPy´Py´´
Sempre que o preço de um bem, por exemplo, aumenta (diminui), ceteris paribus, ocorrem
dois efeitos:
- Efeito substituição: resulta do facto de o consumidor tender a substituir o bem cujo preço
aumentou (diminui) pelo outro bem que ficou, relactivamente, aquele mais barato (caro)
deslocação sobre a mesma curva de indiferença.
- Efeito rendimento – resulta do facto de o consumidor sentir que, face a subida (descida) do
preço do bem, o seu rendimento real (R/P) diminuiu (aumentou) o que faz com que consuma
menos (mais) de ambos os bens.
A decomposição do efeito preço pode ser explicada através de duas abordagens distintas:
abordagem Hicks e abordagem Slutsky.
Decomposição do efeito preço segundo Hicks – de acordo com Hicks, sempre que o
preço de um bem sobe (desce) o rendimento real do consumidor diminui (aumenta)
pelo que se deve compensar («descompensar») o consumidor dando-lhe (retirando-
Ou:
TMSyx= 1/ TMSxy
Obs: a informação relacionada aos dois últimos pontos encontra-se na adenda a este material