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FRATERNIDADE FRATRES

DA LUCIS
LUZ

SYLLABUS HERMETICAE 4.13 (130)


"ARITMOSOFIA E COELESTIS
HIERARCHIA"
Dia 909 na Senda da Luz

"O conhecimento pode ser comunicado, a Sabedoria não". Hermann Hesse

Dominus, 4 de julho de 2004

QUERIDO FRATER, QUERIDA SOROR:


Saudações nos Seis Pontos da nossa Pedra Angular!
As letras desta semana são: 1) (SHIN, 300, DENTE/CANINO) E 2) (TAU, 400,
CRUZ/MARCA). A Letra Hebraica Shin é a terceira Letra Mãe do Alfabeto
Hebraico. Recordemos que as Letras “Mães” são: ALEPH, MEM e SHIN. O
valor numérico da Letra Shin é idêntico ao valor total das letras RUACH
ELOHIM, ou o “Alento de Vida dos Deuses”. É por isso que é denominada a
Letra Santa. Na Astrosofia a Letra Shin é atribuida ao Elemento Fogo,
correspondendo ao planeta Marte. Na Astrosofia a Letra Tau é atribuida ao
planeta Saturno, regente de Capricórnio e co-regente de Aquário juntamente
com Urano. A Letra Shin é apreciada nas Órdens Martinistas, que a
incorporaram ao Nome Sagrado: IOD-HE- SHIN- VAV- HE. A Letra Tau é
apreciada pelas Igrejas Gnósticas, servindo para identificar os seus Patriarcas.
A Letra (SHIN, 300, DENTE/CANINO), por redução teosófica nos leva à Letra
(GUIMEL, 3, CAMELO). A Letra (TAU, 400, CRUZ/MARCA), por redução
teosófica nos leva à Letra (DALETH, 4, PORTA). Temos assim o PRINCÍPIO e
o FIM. O Princípio está representado pelo par de Letras (GUIMEL, 3, CAMELO)
/ (DALETH, 4, PORTA). O Fim está representado pelo par de Letras (SHIN,
300, DENTE/CANINO) / (TAU, 400, CRUZ/MARCA). Na breve análise destas
duas últimas Letras, observamos que o nome das mesmas guardam uma
estreita analogia entre o elemento “Dente ou Canino” e o produto do mesmo: a
MARCA DO CANINO. AquI O elemento ativo É o Canino, e o elemento passivo
é a Marca. Quando pensamos em um Canino, nos representa o Canino de uma
Serpente, e o veneno da Serpente é como um Fogo que consome o corpo
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humano que é mordido. A Letra Tau representa o Mundo Material, e


simbolicamente, é o fruto da Serpente. É a Marca da Queda Adâmica, ao tomar
consciência da matéria, e encarnar nela. O Mundo é a Porta das Almas que
encarnam, como produto da Queda das Almas na Matéria ou Mundo dos
Fenômenos.

HISTÓRIAS DO HOMEM QUE CALCULAVA


De Malba Tahan

CAPÍTULO XIII: QUE TRATA DA NOSSA VISITA AO PALÁCIO DO CALIFA E


DA AUDIÊNCIA QUE SE DIGNOU CONCEDER-NOS. DOS POETAS E DA
AMIZADE. DA AMIZADE ENTRE OS HOMENS E DA AMIZADE ENTRE OS
NUMEROS. O HOMEM QUE CALCULAVA É ELOGIADO PELO CALIFA DE
BAGDÁ.

Quatro dias depois, pela manhã, nos informaram que seríamos recebidos em
audiência solene pelo Califa Abul-Abas-Ahmed Al-Motacen Billah, Emir dos
Crentes, Vicário de Allah. Aquele comunicado, tão grato para qualquer
muçulmano, era ansiosamente esperada não só por mim, senão também por
Beremiz.
É possível que o soberano, ao ouvir o Sheik Iezid narrar alguma das proezas
praticadas pelo exímio matemático, tivesse mostrado interesse em conhecer o
Homem que Calculava. Não se pode explicar de outro modo nossa presença
na corte, entre as figuras de mais prestígio da alta sociedade de Bagdá.
Fiquei deslumbrado ao entrar no rico palácio do Emir. As amplas arcadas
sobrepostas, formando curvas em harmoniosa concordância e sustentadas por
altas e esbeltas colunas geminadas, estavam adornadas, nos pontos de onde
surgiam, com finíssimos mosaicos. Pude notar que tais mosaicos eram
formados por fragmentos de louça branca e vermelha, alternando com trechos
de estuco.
Os tetos dos salões principais estavam adornados de azul e ouro; as paredes
de todas as salas estavam cobertas de azulejos em relevo, e os pavimentos,
de mosaico.
As janelas, as tapeçarias, os divãs, enfim, tudo o que constituía o mobiliário do
palácio demonstrava a magnificência insuperável de um príncipe de lenda
hindú.
Lá fora, nos jardins, reinava a mesma pompa, realzada pela mão da natureza,
perfumada por mil aromas diversos, coberta de tapetes verdes, banhada pelo
rio, refrescada por inumeráveis fontes de mármore branco, junto aos que
trabalhavam sem cessar, centenas de escravos.
Fomos conduzidos ao divã das audiências por um dos auxiliares do vizir
Ibrahim Maluf.
Ao chegar, descobrimos o poderoso monarca sentado num riquíssimo trono de
marfim e veludo. Me turbou em certo modo a beleza deslumbrante do grande
salão. Todas as paredes estavam adornadas con inscrições admiráveis
realizadas pela arte caprichosa de um calígrafo genial. As lendas apareciam
em relevo sobre um fundo azul claro, em letras negras e vermelhas. Notei que
aquelas inscrições eram versos dos mais brilhantes poetas da nossa terra. Por
todas as partes havia jarros de flores; nas almofadas, flores desfolhadas, e
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também flores nos tapetes ou nas bandejas de ouro primorosamente


cinceladas.
Ricas e numerosas colunas ostentavam-se ali, orgulhosas com seus capitéis e
madeiras elegantemente ornados pelo cincel dos artistas arábico-espanhóis,
que sabiam, como ninguém, multiplicar engenhosamente as combinações das
figuras geométricas associadas a folhas e flores de tulipa, de lírios e de mil
plantas diversas, numa harmonia maravilhosa e de indizível beleza.
Encontravam-se presentes sete vizires, dois cadies, vários ulemas e diversos
dignatários ilustres e de alto prestígio.
O honorável Maluf tinha de fazer nossa apresentação. O vizir, com os
cotovelos na cintura e as magras mãos abertas com a palma para fora, falou
assim:
-Para atender vossa ordem, oh Rei do Templo! Determinei que
comparecessem hoje nesta excelsa audiência o calculista Beremiz Samir, meu
atual secretário, e seu amigo Hank-Tadé-Maiá, auxiliar do escriba e funcionário
do palácio.
-Sejai bem-vindos, oh muçulmanos! Respondeu o sultão com acento simples e
amistoso. Admiro os sábios. Um matemático, sob o céu deste país, contará
sempre com minha simpatía e, se preciso for, com minha decidida proteção.
-Allah badique, a sidi! (Deus vos guie, Senhor!) Exclamou Beremiz, inclinando-
se ante o rei.
Eu fiquei imóvel, com a cabeça inclinada e os braços cruzados, pois não tendo
sido objeto dos elogios do soberano, não podia ter a honra de dirigir-lhe a
saudação.
O homem que tinha nas suas mãos o destino do povo árabe parecia bondoso e
sem prejuízo, tinha o rosto magro, curtido pelo sol do deserto e sulcado por
prematuras rugas. Ao sorrir, coisa que fazia com relativa freqüência, mostrava
seus dentes branquíssimos e regulares. Ia vestido com simplicidade. Levava na
cintura, sob a faixa de seda, um belo punhal cuja empunhadura ia adornada
com pedras preciosas. O turbante era verde com pequenas barras brancas. A
cor verde, como todos sabem, caracteriza os descendentes de Maomé, o
Santo Profeta -Com a paz e a glória!
-Muitas coisas importantes quero esclarecer nesta audiência, disse o Califa.
Não quero, entretanto, iniciar os trabalhos e discutir os altos problemas
políticos sem receber antes uma prova clara e precisa de que o matemático
persa recomendado pelo meu amigo, o poeta Iezid, é realmente um grande e
hábil calculista.
Interpelado deste modo pelo glorioso monarca, Beremiz sentiu-se no dever
imperioso de corresponder brilhantemente à confiança da qual o Sheik Iezid
havia depositado nele. Dirigindo-se, pois, ao sultão lhe disse:
-Não sou eu, oh Comendador dos Crentes! Mais que un rude pastor que acaba
de ver-se distinguido com a vossa atenção.
E após uma curta pausa, seguiu:
-Crêem, entretanto, meus generosos amigos de que é justo incluir meu nome
entre os calculistas, e sinto-me lisonjeado por tão alta distinção. Penso, sem
embargo, que os homens são, em geral, bons calculistas. Calculista é o
soldado que, em campanha, valoriza com uma só olhada a distância de uma
parasanga, (medida persa de 5.250 metros); calculista é o poeta que conta as
sílabas e mede a cadência dos versos; calculista é o músico que aplica na
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divisão dos compassos as leis da perfeita harmonia; calculista é o pintor que


traça as figuras segundo proporções invariáveis para atender aos princípios de
perspectiva; calculista é o humilde esteireiro, que dispõe uma por uma todas as
linhas do seu trabalho. Todos, enfim oh rei, são bons e hábeis calculistas.
E logo após passar seu nobre olhar pelos cortesãos que rodeavam o trono,
prosseguiu Beremiz:
-Vejo com infinita alegria que estais, senhor, rodeado de ulemas e doutores.
Vejo à sombra do vosso poderoso trono homens de valor que cultivam o estudo
e dilatam as fronteiras da ciência. A companhia dos sábios, oh rei, é para mim
o mais grato tesouro. O homem só vale pelo que sabe. Saber é poder. Os
sábios educam pelo exemplo, e nada há que avassale o espírito humano de
maneira mais suave e convincente que o exemplo. Não deve, entretanto, o
homem cultivar a ciência se não for para utilizaá-la na prática do bem.
Sócrates, filósofo grego, afirmava com o peso da sua autoridade:
“Só é útil o conhecimento que nos faz melhores.”
Sêneca, outro pensador famoso, perguntava-se incrédulo:
“O que importa saber o que é uma linha reta se não se sabe o que é a
retidão?”
Permita pois, oh rei generoso e justo, que renda homenagem aos doutores e
ulemas que se encontram neste salão.
O calculista fez, então, uma pausa muito breve e logo seguiu eloqüente, em
tom solene:
-Nos trabalhos de cada dia, observando as coisas que Allah retirou do Não-Ser
para levá-las ao Ser, aprendi a valorizar os números e transformá-los por meio
de regras práticas e seguras. Sinto-me, entretanto, em dificuldade para
apresentar a prova que acaba de exigir. Confiando, sem embargo, na Vossa
proverbial generosidade, hei de dizer, não obstante, que não vejo neste rico
divã senão demostrações admiráveis e eloqüentes de que a matemática existe
em todas as partes.
Adornam as paredes deste belo salão vários poemas que encerram
precisamente um total de 504 palavras, e uma parte destas palavras está
traçada em caracteres negros e o restante em caracteres vermelhos. O
calígrafo que disenhou as letras destes poemas, fazendo a descomposição das
504 palavras, demostrou ter tanto talento e imaginação como os poetas que
escriveram estes versos imortais.
Sim, oh rei magnífico! Prosseguiu Beremiz. E a razão é muito simples.
Encontro nestes versos incomparáveis que adornam este esplêndido salão,
grandes elogios sobre a Amizade. Posso ler ali, perto da coluna, a frase inicial
da célebre cassida (poema) de Mohalhil (poeta árabe do Século VI):
“Se meus amigos fugissem de mim, muito infeliz seria, pois de mim
fugiriam todos os tesouros.”
Um pouco mais além, leu o pensamento de Tarafa (poeta árabe do Século IV):
“O encanto da vida depende unicamente das boas amizades que
cultivamos.”
À esquerda destaca o incisivo verso de Labid (contemporâneo de Maomé,
morreu em 662), da tribo de Amir-Ibn-Sassoa:
“A boa amizade é para o homem como a água límpida e clara para o
sedento beduíno.
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Se, tudo isso é sublime, profundo e eloqüente. A maior beleza reside, sem
embargo, no engenhoso artifício empregado pelo calígrafo para demonstrar
que a amizade que os versos exaltam não só existe entre os seres dotados de
vida e sentimento. A Amizade se apresenta também entre os números.
Como descobrir, perguntareis sem dúvida, entre os números aqueles que estão
presos nas redes da amizade matemática? De que meios se serve o geômetra
para apontar na série numérica os elementos ligados por esse vínculo?
Em poucas palavras poderei explicar-vos em que consiste o conceito dos
números amigos na Matemática.
Consideremos, por exemplo, os números 220 e 284.
O número 220 é divisível exatamente pelos seguintes números:
1, 2, 4, 5, 10, 11, 20, 22, 44, 55 e 110
Estes são os divisores do número 220, com exceção dele mesmo.
O número 284 é, por sua vez, divisível exatamente pelos seguintes números:
1, 2, 4, 71 e 142.
Estes são os divisores do número 284, com exceção dele mesmo.
Pois bem, há entre estes dois números coincidências verdadeiramente
notáveis. Se somamos os divisores de 220 acima indicados, obteríamos uma
soma igual a 284; se somamos os divisores de 284, o resultado será
exatamente 220.
Dessa relação, os matemáticos chegaram à conclusão de que os números 220
e 284 são “amigos”, quer dizer, que cada um deles parece existir para servir,
alegrar, defender e honrar o otro.
E concluiu o calculista:
-Pois bem, rei generoso e justo, as 504 palavras que formam o elogio poético
da Amizade foram escritas da seguinte forma: 220 em caracteres negros e 284
em caracteres vermelhos. E os números 220 e 284 são, como já expliquei,
números amigos.
E atente ainda numa relação não menos impressionante. As 50 palavras
completam, como é fácil comprovar, 32 lendas diferentes. Pois bem, a
diferença entre 284 e 220 é 64, número que, à parte de ser quadrado e cubo, é
precisamente igual ao dobro do número das lendas desenhadas.
Um incrédulo diria que se trata de simples coincidência, porém aquele que crê
em Deus e tenha a glória de seguir os ensinamentos do Santo Profeta Maomé,
“com ele seja a oração e a paz”, sabe que as chamadas coincidências não
seriam possíveis se Allah não as escrevesse no livro do Destino. Afirmo pois
que o calígrafo, ao decompor o número 504 em duas partes, 220 e 284,
escreveu sobre a amizade um poema que emociona a todos os homens de
claro espírito.
Ao ouvir as palavras do calculista, o Califa ficou extasiado. Era incrível que
aquele homem contasse, em uma olhada, as 504 palavras dos 30 versos e
que, ao contá-las, comprovbasse que havia 220 de cor negra e 284 de cor
vermelha.
-Tuas palavras, oh Calculador, declarou o rei, me levaram à certeza de que na
verdade é um geômetra de alto valor. Fiquei encantado com essa interessante
relação que os algebristas chamam de “amizade numérica”, e estou agora
interessado por descobrir quem foi o calígrafo que escreveu, ao fazer a
decoração deste salão, os versos que servem de adorno a estas paredes. É
fácil comprovar se a decomposição das 504 palavras em partes que
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correspondem a números amigos foi feita adrede ou resultou de um capricho


do Destino, obra exclusiva de Allah, o Exaltado.
E fazendo que se aproximara ao trono um de seus secretários, o sultão Al-
Motacén perguntou:
-Recordas, oh Nuredin Zarur, quem foi o calígrafo que trabalhou neste
palácio?
-O conheço muito bem, Senhor: Vive junto à mesquita de Otman,
respondeu prontamente o Sheik.
-Traga-o, pois, aqui, oh Sejid!, (título que recebem os descendentes de
Maomé) o antes possível! Ordenou o califa. Quero interrogar-lhe de imediato.
-Escuto e obedeço!
E o secretario saiu, rápido como uma seta, a cumprir a ordem do soberano.

QUESTÕES ARITMOSÓFICAS:
Pedimos que reflita sobre o seguinte:
1. O que você sabe sobre a simbologia da cor Verde?
2. O que pensa sobre da sentença de Sócrates: “Só é útil o conhecimento
que nos faz melhores”?
3. Que implicâncias éticas tem a sentença de Sêneca: “O que importa
saber o que é uma linha reta se não se sabe o que é a retidão?”
4. O que você entende por SER e NÃO-SER?
5. O que você sabe sobre a simbologia das cores Negra e Vermelha?
6. O que são os NÚMEROS AMIGOS?
7. Encontre outros “Números amigos” adicionais ao exemplo dado.

(CONTINUARÁ…)
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Continuamos agora com a segunda parte do sexto manuscrito que o Iniciado
Atanasio Kircher (1601-1680) escreveu sobre a ARITMOSOFIA:

Capítulo 6: Sobre a origem e elaboração das cifras ou números que hoje


estão em uso (2)

Para poder aprofundar um pouco mais neste tema, devemos saber que os
árabes usaram dos formas de anotações aritméticas; a primera, como depois
provaremos, se formou a partir das letras do alfabeto árabe, como consta com
toda clareza. Na segunda forma, fazendo caso omisso da ordem alfabética das
letras árabes, seguem com toda exatidão ou ordem e o método das letras
hebraicas, assim fizeram uso destas representações numéricas muitos
escritores árabes, como Abensina, Averroes, etc., entre os quais está o
intérprete de Euclides, Tauso Arabs. Posteriormente as cifras se mesclaram
com o uso; porém para que o dito apareça com toda clareza, creio oportuno
colocar as letras do alfabeto árabe junto às suas cifras.
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Todos os árabes e os cristãos coptos usaram essas letras indistintamente nos


códices sagrados entre os anos 700 e 800, tal como aparece nas introduções
aos sagrados códices. Tenho em meu poder uma ampla série de astrolábios de
latão, feitos na África faz mais de quinhentos anos, nos quais as anotações
estão feitas somente com letras árabes, ainda que em outros livros antigos de
Astrologia pude comprovar que as cifras usadas para os cálculos eram as mais
aptas. Porém neste lugar não temos o propósito de demonstrar a antigüidade.
O fundamento da questão, nestes instantes, radica em saber em que momento
se propagaram essas cifras através dos árabes, primeiro pela Grécia e
Espanha e depois por toda a Europa, o que investigaremos com todo cuidado e
máxima diligência; porém como é débil o nosso engenho, esperamos estar
contando com a ajuda de Deus.

O primeiro que utilizou entre os gregos esta classe de números na sua


Aritmética foi Máximo Planudes, cujo livro ainda se conserva na Biblioteca
Vaticana, incluído em um códice antiquíssimo. Nele chama a estas anotações
zifras e demonstra claramente sua procedência dos Hindús. O título do livro é:

“Ciência calculatória segundo os Hindús, do sapientíssimo filósofo e monje


Máximo Planudes”, denominada assim por outros sapientíssimos astrônomos,
que com grande diligência foi elaborada em benefício dos números: dele são
estes nove signos:
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Anteriormente dissemos dos gregos aquilo do que teríamos constância; foi o


exímio Máximo Planudes quem fez a descrição destas anotações das cifras na
sua Aritmética, pois antes que ele, nem Psello, nem Platão, nem Ptolomeu,
nem Diafanto, nem nenhum dos anteriores a ele adornaram suas obras de
Aritmética o Astronomia com estas anotações. Como Planudes, segundo pode
ser lido, dedicou algumas de suas obras a Miguel Paleólogo, imperador do
Oriente, se deduz claramente a época na qual viveu e que, segundo o erudito
León Allacio, foi em torno do ano 1270, o que concorda com as histórias dos
gregos e latinos. Se esses anos nos restamos do ano presente 1665, nos
sobram 395 anos, que viveu o referido Planudes. Posto que nenhum célebre
aritmético ou astrólogo fez uso desta classe de signos antes dele, fica muito
claro que Planudes foi o primeiro que propagou estas anotações como muito
aptas para efetuar os cálculos, tal como ele mesmo confessa, precisamente no
momento no qual estava declinando pouco a pouco a monarquia grega e
quando, pelo contrário, turcos e sarracenos ian encontrando a porta aberta
para irromper sob as ordens de Bazacre, nas províncias marítimas da Grécia e
da Ásia.

(CONTINUARÁ…)

MANUSCRITOS SOBRE MAGIA VERÍDICA


Prosseguiremos agora com os Manuscritos sobre Magia Verídica que nos
legara o nosso Grande Mestre Carlos de Eckartshausen, que serão
expostos progressivamente aos nossos Irmãos Íntimos Iniciados nas
seguintes semanas.

Manuscrito 83: O Modo de Ação dos Poderes da Imaginação (7)

Cicuta: A herva e a raíz desta planta pode causar uma parada cardíaca,
severos problemas do coração, severos danos na vesícula biliar, cólera, sono
induzido, um ligeiro inchamento escuro em todo o corpo e, por suposto, a
morte.

Belenho: Provoca condutas irracionais, uma severa queimação na zona


abdominal, uma sede insaciável, perdida da vista e cólera.

Mandrágora: Ocasiona incoerência, sono, cansaço severo e uma falta total de


entendimento.

Açafrão: Este é um dos narcóticos mais potentes. Tem havido notícias de


gente agonizando só por dormir sobre uma almofada de açafrão.

Aloé: É irritante e analgésico.

Dulcamara: Alucinógeno e analgésico; idêntico às sementes de ampola negra.

Isto é suficiente para dar ao leitor uma idéa dos efeitos dos ingredientes
principais.
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Qualquer um que estiver de posse do conhecimento no Reino da Natureza,


sabe que todos os incensos queimados são irritantes, especialmente aqueles
feitos de herbas queimadas. Eu dei uma vez a um muito conhecido médico a
receita para fabricar tal incenso. O médico examinou os ingredientes muito
cuidadosamente e sua resposta foi a seguinte:

Estes ingredientes, que são usados como incenso, são narcóticos. Eles têm um
efeito sobre a imaginação e deveriam ser usados somente com o mais extremo
cuidado, de outra maneira, eles causarão apoplexia, loucura e por seu uso
aumentado, a demência. Este incenso, e outras formas parecidas, são
empregados por charlatões sobre suas vítimas, para produzir aparições de
Espíritos. Se você fosse convidado a atestar a aparição de tais espíritos,
reserve-se de cair no engodo de tão fraudulenta apresentação, molhe uma
pequena esponja ou algodão em bom vinagre e coloque nos seus ouvidos, e
mantenha um pono molhado com tal vinagre sobre a sua boca e nariz.

O efeito também pode ser frustrado jogando uns poucos grãos de enxofre no
incenso ardente. Se um Ser Humano fosse, entretanto, de tão má fortuna que
pudesse ser influenciado por tal charlatão, e sua imaginação totalmente
alucinada, então a única solução ao problema seria usar os remedios que são
utilizados por aqueles que foram envenenados com narcóticos. Os melhores
antídotos são freqüentes e sangrias muito pequenas, enemas, e o uso de
beberragens ácidas e de bom vinagre de vinho. A peculiaridade de tal incenso
é que afeta a imaginação tão veementemente, que um Ser Humano é
virtualmente transportado a um estado de sonho e, ainda, após um longo
tempo, a menor reminiscência pode produzir a mesma condição como a que
sucedeu quando o fizeram.

Outro conhecido médico disse o seguinte, após ter examinado a forma em que
ardia tal incenso:

Quando se queima tal incenso, faz que aqueles que estão sujeitos ao seus
eflúvios, sejam transportados a um mundo onírico. Quando eu mesmo me
expus ao fumo da Cicuta, fiquei completamente anestesiado e após isso, cai no
sono e sonhei coisas muito peculiares. Por muito tempo depois, eu não me
senti muito bem.

Estes exemplos deveriam ser suficientes para mostrar quanto cuidado deve ser
tomado quando são queimados tais incensos. Nesse momento, deveria ser
investigado o temperamento de cada pessoa que esteja presente quando tal
incenso é queimado, de modo que nenhum dano caia sobre sua saúde.

Se essas práticas se realizam somente em busca da verdade na Natureza, e


se as apropriadas precauções para obter essas experiências são tomadas,
então nenhum Ser Humano razoavelmente porá objeções, porém se essas
práticas são feitas por razões equivocadas e com o objetivo de enganar as
pessoas, então isso é inumano, especialmente quando chega muito longe.
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Não obstante, se existissem Seres Humanos cujas crenças e confiança


pudesse ser melhorada, seriam escolhidos para estes esforços, e então tais
experimentos seriam seguros. Existe também uma necessidade
consideravelmente menor para queimar incenso devido a que através da
crença e da confiança, suas fantasias já estão exaltadas, e as aparições
sempre têm as mesmas conseqüências, não importa de que manera possam
ocorrer.

Eu estou certo, entretanto, de uma coisa: se eu tivesse revelado as receitas de


tais incensos, eles teriam sido mal utilizados. A razão para afirmar isso está
sustentada pelas cartas que tenho recibido. Somente uma pequena
porcentagem das pessoas que me escrevem têm uma mente saudável com
uma razão saudável, e ainda uma menor porcentagem têm um coração
humano. Aqui há alguns exemplos das cartas que recebi:

1-Eu me sentiria muito agradecido para com você, se me enviasse o


incenso de modo que eu possa fazer aparecer o Demônio. Eu tratei
muitos diferentes experimentos e conjurações, porém até agora, sem
nenhum resultado. Se, através de queimar incenso, o Demônio pode ser
invocado mais rápido, então esses métodos para realizar isso são mais
velozes e melhores. Eu sou um homem de honra e não farei mau uso
deles.

RESPOSTA: Estimado Senhor, seu conceito das Aparições de Espíritos


através da queima de incenso é incorreto. É a fantasia que está sendo
estimulada através de hervas narcóticas, e elas produzem a imagem que você
vê. Elas não são realidade.

2-Que Fantasia! Não há tal coisa como a fantasia. Estes demônios são
reais. A este respeito, você pode ser sincero comigo. Você não tem que
se preocupar, eu não temo o Demônio. Tão prontamente como o
senvergonhice me dê dinheiro, ele pode ir novamente, porém, eu quero
queimar incenso, ainda se são requeridas duas libras de incenso cada
dia. Envia-me imediatamente.

Este foi o conteúdo geral da maioria das cartas que tenho recebido. Como
pode você contestar as pessoas que escrevem tais cartas, e que não aceitam
nenhum outro conceito?

A melhor coisa que você pode fazer é não responder nenhuma destas cartas.
É, entretanto, uma pena que eu não possa responder apropriadamente as
cartas daquelas pessoas que têm um caráter muito mais nobre, e deve ser dito
que também tenho recebido uma grande quantidade de cartas delas.
Desafortunadamente, o tempo, e outras obrigações, me fazem impossível
satisfazer a todas elas. Eu espero que vossa bondade me perdoe, e que estes
manuscritos dêem à sua curiosidade uma satisfação apropriada.

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No nosso próximo Syllabus continuaremos com o:
Manuscrito 84 : Aparições Verdadeiras
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QUERIDOS FRATRES e SORORES, esta semana desejo chamar a atenção
sobre o conceito de AMIZADE, que vimos no capítulo dedicado à
Aritmosofia, como noção de “Números Amigos”. Nesta lição se fez ênfase
na importância da amizade. Na verdade, é muito mais difícil ter “Amigos”,
que ter “Irmãos”. Os “Irmãos” não são escolhidos, enquanto que os
“Amigos” sim são escolhidos. Os “Irmãos” tem uma relação kármica, de
causa ou efeito anteriores ao nosso nascimento na presente encarnação,
por necessidades de compensação. E conhecemos muitos irmãos que se
odeiam entre si. E o que dizer dos Irmãos “espirituais” que não aceitam
os Irmãos de Ordens ou Fraternidades diferentes à sua! A Amizade é o
grau mais alto do Amor, porque é o Amor sem Desejo, é Amor em estado
de pureza. A Amizade nos libera, e serve para nossa realização espiritual.
Se tem um amigo de verdade, cuide dele como à posse mais rara de seus
tesouros.

Recebam minha bênção fraternal na L.’.V.’.X.’., até a semana que vem.


Um Humilde Irmão da O.’.F.’.L.’.

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