Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DA LUCIS
LUZ
Quatro dias depois, pela manhã, nos informaram que seríamos recebidos em
audiência solene pelo Califa Abul-Abas-Ahmed Al-Motacen Billah, Emir dos
Crentes, Vicário de Allah. Aquele comunicado, tão grato para qualquer
muçulmano, era ansiosamente esperada não só por mim, senão também por
Beremiz.
É possível que o soberano, ao ouvir o Sheik Iezid narrar alguma das proezas
praticadas pelo exímio matemático, tivesse mostrado interesse em conhecer o
Homem que Calculava. Não se pode explicar de outro modo nossa presença
na corte, entre as figuras de mais prestígio da alta sociedade de Bagdá.
Fiquei deslumbrado ao entrar no rico palácio do Emir. As amplas arcadas
sobrepostas, formando curvas em harmoniosa concordância e sustentadas por
altas e esbeltas colunas geminadas, estavam adornadas, nos pontos de onde
surgiam, com finíssimos mosaicos. Pude notar que tais mosaicos eram
formados por fragmentos de louça branca e vermelha, alternando com trechos
de estuco.
Os tetos dos salões principais estavam adornados de azul e ouro; as paredes
de todas as salas estavam cobertas de azulejos em relevo, e os pavimentos,
de mosaico.
As janelas, as tapeçarias, os divãs, enfim, tudo o que constituía o mobiliário do
palácio demonstrava a magnificência insuperável de um príncipe de lenda
hindú.
Lá fora, nos jardins, reinava a mesma pompa, realzada pela mão da natureza,
perfumada por mil aromas diversos, coberta de tapetes verdes, banhada pelo
rio, refrescada por inumeráveis fontes de mármore branco, junto aos que
trabalhavam sem cessar, centenas de escravos.
Fomos conduzidos ao divã das audiências por um dos auxiliares do vizir
Ibrahim Maluf.
Ao chegar, descobrimos o poderoso monarca sentado num riquíssimo trono de
marfim e veludo. Me turbou em certo modo a beleza deslumbrante do grande
salão. Todas as paredes estavam adornadas con inscrições admiráveis
realizadas pela arte caprichosa de um calígrafo genial. As lendas apareciam
em relevo sobre um fundo azul claro, em letras negras e vermelhas. Notei que
aquelas inscrições eram versos dos mais brilhantes poetas da nossa terra. Por
todas as partes havia jarros de flores; nas almofadas, flores desfolhadas, e
3
Se, tudo isso é sublime, profundo e eloqüente. A maior beleza reside, sem
embargo, no engenhoso artifício empregado pelo calígrafo para demonstrar
que a amizade que os versos exaltam não só existe entre os seres dotados de
vida e sentimento. A Amizade se apresenta também entre os números.
Como descobrir, perguntareis sem dúvida, entre os números aqueles que estão
presos nas redes da amizade matemática? De que meios se serve o geômetra
para apontar na série numérica os elementos ligados por esse vínculo?
Em poucas palavras poderei explicar-vos em que consiste o conceito dos
números amigos na Matemática.
Consideremos, por exemplo, os números 220 e 284.
O número 220 é divisível exatamente pelos seguintes números:
1, 2, 4, 5, 10, 11, 20, 22, 44, 55 e 110
Estes são os divisores do número 220, com exceção dele mesmo.
O número 284 é, por sua vez, divisível exatamente pelos seguintes números:
1, 2, 4, 71 e 142.
Estes são os divisores do número 284, com exceção dele mesmo.
Pois bem, há entre estes dois números coincidências verdadeiramente
notáveis. Se somamos os divisores de 220 acima indicados, obteríamos uma
soma igual a 284; se somamos os divisores de 284, o resultado será
exatamente 220.
Dessa relação, os matemáticos chegaram à conclusão de que os números 220
e 284 são “amigos”, quer dizer, que cada um deles parece existir para servir,
alegrar, defender e honrar o otro.
E concluiu o calculista:
-Pois bem, rei generoso e justo, as 504 palavras que formam o elogio poético
da Amizade foram escritas da seguinte forma: 220 em caracteres negros e 284
em caracteres vermelhos. E os números 220 e 284 são, como já expliquei,
números amigos.
E atente ainda numa relação não menos impressionante. As 50 palavras
completam, como é fácil comprovar, 32 lendas diferentes. Pois bem, a
diferença entre 284 e 220 é 64, número que, à parte de ser quadrado e cubo, é
precisamente igual ao dobro do número das lendas desenhadas.
Um incrédulo diria que se trata de simples coincidência, porém aquele que crê
em Deus e tenha a glória de seguir os ensinamentos do Santo Profeta Maomé,
“com ele seja a oração e a paz”, sabe que as chamadas coincidências não
seriam possíveis se Allah não as escrevesse no livro do Destino. Afirmo pois
que o calígrafo, ao decompor o número 504 em duas partes, 220 e 284,
escreveu sobre a amizade um poema que emociona a todos os homens de
claro espírito.
Ao ouvir as palavras do calculista, o Califa ficou extasiado. Era incrível que
aquele homem contasse, em uma olhada, as 504 palavras dos 30 versos e
que, ao contá-las, comprovbasse que havia 220 de cor negra e 284 de cor
vermelha.
-Tuas palavras, oh Calculador, declarou o rei, me levaram à certeza de que na
verdade é um geômetra de alto valor. Fiquei encantado com essa interessante
relação que os algebristas chamam de “amizade numérica”, e estou agora
interessado por descobrir quem foi o calígrafo que escreveu, ao fazer a
decoração deste salão, os versos que servem de adorno a estas paredes. É
fácil comprovar se a decomposição das 504 palavras em partes que
6
QUESTÕES ARITMOSÓFICAS:
Pedimos que reflita sobre o seguinte:
1. O que você sabe sobre a simbologia da cor Verde?
2. O que pensa sobre da sentença de Sócrates: “Só é útil o conhecimento
que nos faz melhores”?
3. Que implicâncias éticas tem a sentença de Sêneca: “O que importa
saber o que é uma linha reta se não se sabe o que é a retidão?”
4. O que você entende por SER e NÃO-SER?
5. O que você sabe sobre a simbologia das cores Negra e Vermelha?
6. O que são os NÚMEROS AMIGOS?
7. Encontre outros “Números amigos” adicionais ao exemplo dado.
(CONTINUARÁ…)
*************************************************************************************
Continuamos agora com a segunda parte do sexto manuscrito que o Iniciado
Atanasio Kircher (1601-1680) escreveu sobre a ARITMOSOFIA:
Para poder aprofundar um pouco mais neste tema, devemos saber que os
árabes usaram dos formas de anotações aritméticas; a primera, como depois
provaremos, se formou a partir das letras do alfabeto árabe, como consta com
toda clareza. Na segunda forma, fazendo caso omisso da ordem alfabética das
letras árabes, seguem com toda exatidão ou ordem e o método das letras
hebraicas, assim fizeram uso destas representações numéricas muitos
escritores árabes, como Abensina, Averroes, etc., entre os quais está o
intérprete de Euclides, Tauso Arabs. Posteriormente as cifras se mesclaram
com o uso; porém para que o dito apareça com toda clareza, creio oportuno
colocar as letras do alfabeto árabe junto às suas cifras.
7
(CONTINUARÁ…)
Cicuta: A herva e a raíz desta planta pode causar uma parada cardíaca,
severos problemas do coração, severos danos na vesícula biliar, cólera, sono
induzido, um ligeiro inchamento escuro em todo o corpo e, por suposto, a
morte.
Isto é suficiente para dar ao leitor uma idéa dos efeitos dos ingredientes
principais.
9
Estes ingredientes, que são usados como incenso, são narcóticos. Eles têm um
efeito sobre a imaginação e deveriam ser usados somente com o mais extremo
cuidado, de outra maneira, eles causarão apoplexia, loucura e por seu uso
aumentado, a demência. Este incenso, e outras formas parecidas, são
empregados por charlatões sobre suas vítimas, para produzir aparições de
Espíritos. Se você fosse convidado a atestar a aparição de tais espíritos,
reserve-se de cair no engodo de tão fraudulenta apresentação, molhe uma
pequena esponja ou algodão em bom vinagre e coloque nos seus ouvidos, e
mantenha um pono molhado com tal vinagre sobre a sua boca e nariz.
O efeito também pode ser frustrado jogando uns poucos grãos de enxofre no
incenso ardente. Se um Ser Humano fosse, entretanto, de tão má fortuna que
pudesse ser influenciado por tal charlatão, e sua imaginação totalmente
alucinada, então a única solução ao problema seria usar os remedios que são
utilizados por aqueles que foram envenenados com narcóticos. Os melhores
antídotos são freqüentes e sangrias muito pequenas, enemas, e o uso de
beberragens ácidas e de bom vinagre de vinho. A peculiaridade de tal incenso
é que afeta a imaginação tão veementemente, que um Ser Humano é
virtualmente transportado a um estado de sonho e, ainda, após um longo
tempo, a menor reminiscência pode produzir a mesma condição como a que
sucedeu quando o fizeram.
Outro conhecido médico disse o seguinte, após ter examinado a forma em que
ardia tal incenso:
Quando se queima tal incenso, faz que aqueles que estão sujeitos ao seus
eflúvios, sejam transportados a um mundo onírico. Quando eu mesmo me
expus ao fumo da Cicuta, fiquei completamente anestesiado e após isso, cai no
sono e sonhei coisas muito peculiares. Por muito tempo depois, eu não me
senti muito bem.
Estes exemplos deveriam ser suficientes para mostrar quanto cuidado deve ser
tomado quando são queimados tais incensos. Nesse momento, deveria ser
investigado o temperamento de cada pessoa que esteja presente quando tal
incenso é queimado, de modo que nenhum dano caia sobre sua saúde.
2-Que Fantasia! Não há tal coisa como a fantasia. Estes demônios são
reais. A este respeito, você pode ser sincero comigo. Você não tem que
se preocupar, eu não temo o Demônio. Tão prontamente como o
senvergonhice me dê dinheiro, ele pode ir novamente, porém, eu quero
queimar incenso, ainda se são requeridas duas libras de incenso cada
dia. Envia-me imediatamente.
Este foi o conteúdo geral da maioria das cartas que tenho recebido. Como
pode você contestar as pessoas que escrevem tais cartas, e que não aceitam
nenhum outro conceito?
A melhor coisa que você pode fazer é não responder nenhuma destas cartas.
É, entretanto, uma pena que eu não possa responder apropriadamente as
cartas daquelas pessoas que têm um caráter muito mais nobre, e deve ser dito
que também tenho recebido uma grande quantidade de cartas delas.
Desafortunadamente, o tempo, e outras obrigações, me fazem impossível
satisfazer a todas elas. Eu espero que vossa bondade me perdoe, e que estes
manuscritos dêem à sua curiosidade uma satisfação apropriada.
*****************************************FIM*******************************************
11
****************************************************************************************
No nosso próximo Syllabus continuaremos com o:
Manuscrito 84 : Aparições Verdadeiras
************************************************************************************************
QUERIDOS FRATRES e SORORES, esta semana desejo chamar a atenção
sobre o conceito de AMIZADE, que vimos no capítulo dedicado à
Aritmosofia, como noção de “Números Amigos”. Nesta lição se fez ênfase
na importância da amizade. Na verdade, é muito mais difícil ter “Amigos”,
que ter “Irmãos”. Os “Irmãos” não são escolhidos, enquanto que os
“Amigos” sim são escolhidos. Os “Irmãos” tem uma relação kármica, de
causa ou efeito anteriores ao nosso nascimento na presente encarnação,
por necessidades de compensação. E conhecemos muitos irmãos que se
odeiam entre si. E o que dizer dos Irmãos “espirituais” que não aceitam
os Irmãos de Ordens ou Fraternidades diferentes à sua! A Amizade é o
grau mais alto do Amor, porque é o Amor sem Desejo, é Amor em estado
de pureza. A Amizade nos libera, e serve para nossa realização espiritual.
Se tem um amigo de verdade, cuide dele como à posse mais rara de seus
tesouros.