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Crítica | O Paladino
da Vitória - Plano
Crítico
Luiz Santiago
4–5 minutos

Depois de sua estreia no cinema em


Amor de Índio (1914), DeMille se
estabeleceu como um diretor promissor
e de rápido amadurecimento, tendo um
gosto especial por histórias de muitas
reviravoltas, grandes cenários… épicos,
em uma palavra. Sua versão para a peça
The Virginian, de Owen Wister, foi o 5º
filme creditado que realizou, um curta-
metragem no qual ele explora
habilmente a densidade do drama
teatral e, com isso, prende o espectador
em uma malha ética e emotiva a partir
de determinado ponto da reprodução.
Em alguns aspectos, o roteiro de
Paladino se assemelha ao de Amor de
Índio, porque ambos trabalham com a
adaptação de uma pessoa
completamente fora do universo do
Velho Oeste, contando aí a difícil vida
na região — não só de escassez de coisas
materiais e naturais mas também
devido à violência imperante — e a
tentativa de voltar “para casa”, uma
fuga que, em ambos os casos, não acaba
acontecendo.
Mas o que de fato marca O Paladino da
Vitória são as liberdades que DeMille
tomou ao materializar o fio condutor e
futuramente emotivo da obra. Depois de
uma abertura de contexto — bem
filmada mas ainda assim com falhas de
sequência narrativa –, temos o primeiro
contato entre os dois melhores amigos,
“o Virginiano” (Dustin Farnum, que
aqui repete o seu papel do teatro) e
Steve (Jack W. Johnston). Diferente da
maioria esmagadora dos amigos
vaqueiros, rancheiros ou pistoleiros do
Velho Oeste, os dois homens aqui são
realmente muito próximos e não se
tratam apenas com o distante aperto de
mão, tapas nas costas e toques
respeitosos no chapéu. Essa
proximidade entre eles (não como
aquela que Alice Guy-Blaché instituiu
em seu Algie, the Miner) tem um
grande peso quando o amigo mais
jovem se envolve com ladrões de gado e
o mais velho deve julgá-lo e executá-lo à
maneira “selvagem” do Velho Oeste
(questão que anos depois se tornaria
tema de Consciências Mortas), o ponto
mais cruel e sem concessão de toda a
trama. Essa relação por sí só já
garantiria o filme, não era preciso a
heroína apaixonada para servir de
complemente à história.
Mesmo se considerarmos a
desnecessária cena em que os índios
aparecem em um cameo nonsense e a
terrível atuação da atriz Winifred
Kingston, teremos em O Paladino da
Vitória um filme que vale a pena ser
visto. Sua temática ética e a forma como
DeMille guiou a história são realmente
interessantes e, de certa forma,
incomuns para a época, algo que com
certeza irá trazer uma visão diferente
sobre os primeiros westerns para o
espectador, mesmo que este já conheça
bem o gênero.
O Paladino da Vitória (The
Virginian) – EUA, 1914
Direção: Cecil B. DeMille
Roteiro: Kirk La Shelle, Owen Wister
Elenco: Dustin Farnum, Jack W.
Johnston, Sydney Deane, William
Elmer, Winifred Kingston, James
Griswold, Horace B. Carpenter, Tex
Driscoll
Duração: 55 min.

Luiz Santiago

Após ser escolhido para a Corvinal e


virar portador do Incal, fugi com a ajuda
de Hari Seldon e me escondi em Astro
City, onde me tornei Historiador e
Crítico de Cinema. Presenciei, no
futuro, os horrores de Cthulhu. Hoje,
com a ajuda da minha TARDIS, traduzo
línguas alienígenas para Torchwood e
presto serviços para a Agência Alfa.
Minha partida para Edena é iminente.
De lá, o Dr. Manhattan arranjará o meu
encontro definitivo com a Presença. E
então o Universo tremerá.

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