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RESUMO
A ABA, Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analy-
sis), é uma ciência cujas intervenções derivam dos princípios do com-
portamento, e, possui como objetivos aprimorar comportamentos so-
cialmente relevantes, considerando a importância do ensino de re-
pertórios comportamentais adequados para crianças com Transtorno
do Espectro do Autismo (TEA) dentro da escola, de uma intervenção
adequada e do potencial do ensino colaborativo. O presente estudo
bibliográfico objetivou verificar a importância da ciência ABA no con-
texto escolar, bem como a participação de um profissional capacitado
para a elaboração de um programa de ensino com acompanhamen-
to individualizado e de uma possível intervenção comportamental em
sala de aula, manejando comportamentos inadequados e adequados
de uma criança com TEA, além de direcionar e capacitar professores
que possuem alunos autistas ou com outra deficiência.
Palavras-chave: Análise Do Comportamento Aplicada. Autismo.
Educação Especial. Inclusão Escolar.
ABSTRACT
The ABA, Applied Behavior Analysis, is a science whose interven-
tions derive from the principles of behavior, and aims to improve
socially relevant behaviors, considering the importance of teaching
appropriate behavioral repertoires for children with ADHD. Autism
Spectrum (ASD) within the school, an adequate intervention and the
potential of collaborative teaching. The present bibliographic study
aimed to verify the importance of ABA science in the school context,
as well as the participation of a qualified professional for the elab-
oration of a teaching program with individualized monitoring and a
possible behavioral intervention in the classroom, managing inap-
propriate and appropriate behaviors of a child with ASD, in addition
to directing and training teachers who have autistic students or stu-
dents with other disabilities.
Keywords: Applied Behavior Analysis. Autism. Special education.
School inclusion.
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Introdução
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programas de tratamento psicoeducacional. As intervenções realiza-
das em crianças em idade pré-escolar tendem a produzir resultados
mais promissores do que em indivíduos maiores.
As intervenções comportamentais intensivas buscam atin-
gir os sintomas definidores de TEA. Elas são baseadas nos princí-
pios de modificação de comportamento. Uma dessas intervenções
comportamentais intensivas, a Análise do Comportamento Aplica-
da (ABA), busca reforçar os comportamentos desejáveis e diminuir
os indesejáveis. A ABA vem do campo do Behaviorismo, tendo suas
origens nos estudos de Skinner, e é considerada como uma ciên-
cia que “observa, analisa e explica a associação entre o ambiente,
o comportamento humano e a aprendizagem” (LEAR, 2004). Os ob-
jetivos são ensinar novas habilidades e generalizar as habilidades
aprendidas, dividindo-as em seus elementos mais simples. As ha-
bilidades são ensinadas por meio de repetidas tentativas baseadas
em recompensas.
Sabe-se que a Constituição Federal determina que a educa-
ção de qualidade é um direito de todos. O art. 205 define a educação
como direito de todas as pessoas e obrigação do estado e da família.
É preciso adequar a estrutura e a modalidade educacional do espa-
ço escolar para garantir que crianças que não apresentam desenvol-
vimento típico usufruam dos direitos legais desse espaço de aprendi-
zagem, além de adequar currículo.
Bastos e Souza (2019) relatam, sobre uma perspectiva social,
que a inclusão é obviamente um processo relacionado ao reconheci-
mento e aceitação verdadeira das diferenças na construção de uma
sociedade mais igualitária. Sassaki (1999, apud SOUZA E BASTOS,
2019) afirma que a inclusão se configura como um processo social
que se dá gradativamente em todo o mundo. Tais pensamentos confi-
guram o que chamamos de uma sociedade verdadeiramente inclusi-
va, onde o meio ambiente e a forma das pessoas pensarem, incluin-
do pessoas com deficiência, estão constantemente evoluindo. Dessa
maneira, o objetivo deste estudo foi descrever como a ABA - Análise
Aplicada do Comportamento, pode contribuir com a inclusão do alu-
no com TEA no ambiente escolar.
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Desenvolvimento
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cácia foram apresentadas em diversas comprovações científicas de
qualidade metodológica (CAMARGO, RISPOLI, 2013).
Leach, 2010, argumenta que a implementação da ABA em um
ambiente isolado, num espaço clínico por exemplo, dificilmente leva-
rá a criança com TEA a generalizar as habilidades e comportamentos
apreendidos para outros contextos, a menos que essa generalida-
de seja programada e ocorra em outras situações onde as habilida-
des aprendidas sejam necessárias. Isso ocorre, devido a própria difi-
culdade inerente ao autismo de ampliar o contexto de utilização das
habilidades e comportamentos adquiridos. A escola também tem um
papel importante para este tipo de intervenção, pois é um lugar em
que crianças com TEA poderão ter oportunidades de interação com
seus pares com desenvolvimento típico (LEACH, 2010).
Algumas técnicas retiradas da análise do comportamento são
possíveis de serem aplicadas no contexto escolar pelos professores
para seus alunos com TEA bem como para os alunos com desenvol-
vimento típico (LEAH, 2010).
O reforço positivo é uma das técnicas que pode ser utilizada
em diversos momentos do âmbito escolar. Deste modo, o professor
induz uma condição facilitadora no processo de aprendizagem, po-
tenciando o processo de aquisição de conhecimentos, mesmo fora
da aula. De acordo com Skinner,
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pois através da ciência ABA é possível ensinar novas habilidades de
desenvolvimento e criar programas específicos que auxiliarão no en-
sino da aprendizagem.
Para a implementação da ABA na escola é necessário que a
instituição tenha um profissional capacitado, com formação na área,
pois ela será responsável por planejar cuidadosamente as avaliações
e as adaptações curriculares para estes alunos.
O profissional ABA realizará as avaliações funcionais do com-
portamento para a seleção de estratégias de ensino. Henklain e Car-
mo (2013) nos fala que “ensinar exige planejamento e tomada de de-
cisões. O primeiro passo é identificar e descrever com clareza e pre-
cisão o que será ensinado”.
Após a avaliação do aluno é elaborado um Planejamento de
Ensino Individualizado (PEI), onde é definido os objetivos de ensino,
de que forma será ensinado e como deve ser a estruturação da sala
de aula para receber o aluno autista.
É importante que o educador tenha uma visão do desenvolvi-
mento e das dificuldades de aprendizagem em que o aluno se encontra,
levando em conta o comportamento e as contingências deste indivíduo.
Conforme já citado, a presença do profissional de apoio ca-
pacitado para auxiliar o educador com o aluno com deficiência é de
grande valia e no que se refere a execução da ABA não é diferente.
A função do profissional de apoio será a de acompanhar a
criança com autismo, aplicando o Currículo Adaptado (isto quer dizer,
adaptando contingências como o material de didático ou as dicas fí-
sicas ou verbais), registrar de modo sistemático as respostas à essa
aplicação e também lidar com a família da criança e com o Analista
do Comportamento, interpretando os registros e planejando as novas
etapas. O objetivo deste modelo de inclusão é desenvolver no sujei-
to habilidades acadêmicas e sociais que permitam que ele não mais
precise, em algum momento, do apoio em sala de aula (BAGAIOLO,
GUILHARDI, ROMANO, 2011, np apud LACERDA, 2017).
O objetivo da ABA é ampliar o repertório comportamental da
criança. Com isso, espera-se que ela melhore a interação, a aquisi-
ção de habilidades sociais, repertórios pré-acadêmicos e acadêmi-
cos, comportamento verbal, aumento de sua autonomia e tenha me-
nos dificuldades na comunicação social. O conjunto de técnicas visa,
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também, a diminuição de comportamentos disruptivos que compro-
metem a interação social do aluno.
A ABA proporciona um vasto conjunto de recursos que devem
ser utilizados para compor uma intervenção individualizada, com es-
tratégias comportamentais para ensinar comportamentos tais como:
sentar, imitar, contato visual, esperar sua vez, apontar – pré-requisi-
tos para a alfabetização.
Diante desta premissa é compreendido que algumas mudan-
ças podem ser necessárias, a começar pelo ambiente físico da sala
de aula, onde não deve ter muita estimulação visual e sensorial, pois
pode causar comportamento disruptivos até mesmo agressividade
com ele, com o professor e os demais alunos.
O educador por falta de conhecimento específicos da ABA ou
sem o apoio de um profissional especializado, pode reforçar os com-
portamentos inapropriados sem perceber. Por exemplo: um compor-
tamento tem como função chamar a atenção, a criança chora, quan-
do dispensa a atenção está reforçando o comportamento, a criança
vai chorar mais todas as vezes que quiser atenção. Se o educador
conhecer ABA ou tiver o apoio informativo direcionado corretamente,
vai saber agir de forma diferente e o aluno vai diminuir este compor-
tamento inapropriado, até ser extinto.
Considerações finais
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tório, pois é através dela que modificamos o comportamento de uma
pessoa, guiando e direcionando para um crescimento focado em sua
autonomia e uma desejável qualidade de vida, principalmente a social.
REFERÊNCIAS
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10. LACERDA, L. Transtorno do Espectro Autista: Uma Brevíssima
Introdução. CRV. Curitiba, 2017.
11. LEACH, D. Bringing ABA intoyour inclusive classroom: a guide
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MR: Brookes Publishing Company. Baltimore, 2010.
12. LEAR, K. Ajude-nos a Aprender. (Help us Learn: A Self-Paced
Training Program for ABA Part 1: Training Manual). Traduzido por
Windholz, M.H.; Vatavuk, M.C.; Dias, I. S.; Garcia Filho, A.P. e Esme-
raldo, A.V. Canadá, 2004.
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17. SPRINTHALL, N. & SPRINTHALL, R. Psicologia Educacional.
McGraw-Hill. Lisboa, 1993.
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