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Núcleo de Teatro De Barueri Aluna: Grazielly Barbosa da Silva

Matéria: Teoria da Interpretação Professor: Daniel Bernardes

– A invasão

Plano externo dos fatos: Está peça conta a história de favelados que perderam seus
barracos/moradia por uma grande chuva que acarretou uma enchente. A invasão na
minha opinião e pelo que identifiquei nos meus estudos, há muitos protagonistas que
eu os defino por família, que no meu ver é a família nordestina: Justino, Santa, Malu,
Tonho e Rita, e a família carioca: Bené, Isabel e Lula. Já no caso dos antagonistas,
pensando um pouco, cheguei nesta conclusão: há os pequenos vilões ali, que eu
considero: Deodato, os tiras e o comissário. Porém o nome do verdadeiro antagonista
é o Sr. Mané Gorila.

Plano da situação Social: O conflito desta peça é justamente depois que eles invadem
uma propriedade abandonada, afinal eles não têm mais onde morar, e ficar nesta
propriedade é um problema, mas sair não é uma opção, pois se saíssem para onde eles
iriam?!

Em específico para aperfeiçoamento da personagem da qual me encontro estudando


que é a Malu, o conflito principal dela eu creio que seja ela mesma e até mesmo sua
família em específico seu pai (Justino), de modo mais explicativo a luta dessa
personagem é o mínimo como diria a própria Malu, ela quer ter o mínimo que é comer
e saber que no dia seguinte vai comer, ela quer se vestir devidamente e ter uma cama
confortável para dormir, ela não quer mais viver entre miséria e lixo. E esta vontade é
tão grande que ela é capaz e tudo para sanar esse desejo. Seja deixar de lado a honra
da qual ela foi ensinada, seja largar o amor, seja mentir para o seu pai e ir contra a
palavra dele, seja “se vender”.

Plano literário: A peça conta com um ritmo muito interessante, pois ela é cheia de
cenas cotidianas do dia a dia, pois se passa em “moradia” (se é que podemos chamar
assim), as muitas cenas de conflito de briga onde o ritmo acelera junto das palavras, há
também um efeito interessante, quando se tem personagens de regiões diferentes,
trazendo palavras, gestos e costumes diferenciados e típicos de cada região, o ator
sendo possível adicionar o sotaque regional, trazendo musicalidade a peça. Há
também momentos em que é quase possível ouvir uma música lenta e romântica,
mesmo não tende som algum.

Plano Estético: Nessa peça é passada em um prédio abandonado, na nossa adaptação


terá andaimes para representar os andares, panelas, varal, sabão, violão, vassouras,
objetos simples de casa, alimentos seja ele feijão, café, arroz...No caso dos figurinos
sempre figurinos simples e usados no dia a dia. Iluminação é um ponto pois quando os
personagens se apropriam do prédio, enxergaram apenas luzes de lanternas,
lamparinas e velas.

Plano Físico: A peça foi escrita por Dias Gomes em meados de 1960, e como todas as
peças escritas por ele, há sempre um critica bem forte, que apesar de ter sido escrita a
um tempo atrás, serve perfeitamente para os dias de hoje!

A peça é sobre o proletariado que é enforcado, trabalha, trabalha no fim não tem, ou
não trabalha, mais não porque não quer, e sim porque não tem oportunidade! Os
favelados ficaram sem teto, onde terminam invadindo um terreno abandonado, afinal
não tem ninguém morando por lá, o que custava?! Trazendo a reintegração de terra
como um dos temas pautados nessa mesma peça, e isso também é atual, não acha?

Traz também a falta de opção, já tentou tanto um emprego e nada, e para poder
comer e dar o que comer a família, estender a mão para pedir se torna sua única saída,
pois não há mais uma alternativa. Ou, cansada de viver uma vida da qual não se
orgulha, até mesmo deixar seus valores, amores e honra para traz, e usar do seu bem
precioso que é seu corpo e vende-lo a troca do mínimo para se viver. Então, com tudo
isso chego à conclusão de que essa peça não poderia ser mais atual que nunca, o
contexto social, cultural, filosófico ainda se encaixa na realidade vivida neste país e
neste mundo!

Plano Psicológico: A peça conta com muitos elementos que nos faz sentir apego pela
história e personagens, justamente por identificação, isso é a chave inclusive para
trazer o publico para perto. Começando pelo fato de que há relações familiares ou
amorosas, brigas em família, filho que tem problema com o pai que bebe, mãe
batalhadora que corre atras de dar uma vida melhor para seus filhos, um amor que
não pode dar certo, falta de emprego e oportunidade, essas ocasiões na peça todos
nós já passamos ou vimos alguém passar. Daí nos traz memorias e sensações já
sentidas, assim como o Stanislavski nos traz em seu livro. Os personagens contam com
objetivos internos, cada um tem o seu em específico.

Seja que o filho se torne o jogador que ele não foi, por falta de oportunidade, seja
voltar para o nordeste, seja comer, seja ter uma casa, seja ser reconhecido pelo
samba, e no caso da minha protegida: Malu, seja ter o “mínimo”. Que muitos não tem!

Plano Dos Sentimentos Criadores: A peça é cheia de frases marcantes e com toda
certeza, deixarei registrado aqui:

“O que você queria que eu fizesse? A vida não é como a gente quer, e se fosse, não
seria nem criada e nem operaria!” -Malu

“Ele ao menos me dava uma casa de verdade, e você só me promete uma gaiola lá no
terceiro andar!” -Malu

“Sinto que eu não sou mais o mesmo!” -Justino

Traz algo que me marca muita, que é o pedido de benção, a peça traz a negação do
Justino por ver que a Malu escolheu vender sua honra, ele nega a ela o que ele viveu
ensinando, chega um momento que ele a devolve a benção, como forma de
reconciliação. Onde o super objetivo no fim em um geral, tirando que a peça quer
justamente alfinetar o governo! É a questão que todos ali lutam por uma coisa só no
fim que é viver!

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