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VANESSA PESSOA DE LIMA BRANDÃO

OS BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO


APLICADO ÀS EMPRESAS DE TRANSPORTE

Cidade
Ano

Lauro de Freitas
2022
VANESSA PESSOA DE LIMA BRANDÃO

OS BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO


APLICADO ÀS EMPRESAS DE TRANSPORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Unime


como requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Administração.

Orientador: Isabella Santos

Lauro de Freitas
2022
VANESSA PESSOA DE LIMA BRANDÃO

OS BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO APLICADO


ÀS EMPRESAS DE TRANSPORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Unime, como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Administração.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Lauro de Freitas, 2022.


BRANDÃO, Vanessa Pessoa de Lima. Os Benefícios do Planejamento Estratégico
aplicado às empresas de transporte. 2022. 30f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Administração) – Unime, Lauro de Freitas, 2022.

RESUMO

O setor de transportes no Brasil é um dos mais completos setores da economia no


que se refere à sua consolidação no mercado nacional. Nesse contexto, destaca-se o
modal do Transporte Rodoviário, que é peça fundamental para o abastecimento
interno do país. Entretanto, isso não significa que o mesmo não possua desafios, pois
existem problemas envolvendo a concorrência acirrada e o custo da realização das
entregas. Nesse sentido, o presente trabalho se propôs a estudar a Ferramenta do
Planejamento Estratégico enquanto uma ferramenta para solucionar as deficiências
do setor de transportes, chegando à conclusão de que o Planejamento Estratégico é
eficiente no que se refere a manter o grau de produtividade e o nível de qualidade no
setor de transportes.

Palavras-chave: Transporte Rodoviário. Planejamento Estratégico. Economia


Brasileira. Gestão de Transportes.
BRANDÃO, Vanessa Pessoa de Lima. The Benefits of Strategic Planning applied
to transport companies. 2022. 30f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Administração) – Unime, Lauro de Freitas, 2022.

ABSTRACT

The transport sector in Brazil is one of the most complete sectors of the economy in
terms of its consolidation in the national market. In this context, the Road Transport
modal stands out, since it is a fundamental part of the country's internal supply.
However, this does not mean that it does not have challenges, because there are
problems involving fierce competition and the cost of delivering deliveries. In this
sense, the present work proposes to study the Strategic Planning Tool as a tool to
solve the deficiencies of the transport sector, reaching the conclusion that the
Strategic Planning is efficient in terms of maintaining the degree of productivity and
the level of quality in the transport sector.

Keywords: Road transport. Strategic planning. Brazilian economy. Transport


Management.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Os Aspectos do Planejamento Estratégico ...........................................21


13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
2. O SETOR DE TRANSPORTES NO BRASIL .................................................... 16
3. A FERRAMENTA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..................................... 20
4. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE .. 24
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 28
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
14

1. INTRODUÇÃO

Toda empresa, independente de qual setor seja, enfrenta muitos desafios na


execução de suas tarefas e alcance de seus objetivos, o que torna necessário o
conhecimento das ferramentas da administração para sanar essas deficiências e
oferecer melhor aparato técnico.
No caso das empresas de transporte, são muitos os desafios, que vão desde a
necessidade de planejamento correto das viagens, com otimização dos recursos
como combustíveis e trabalho humano, até a elaboração de estratégias competitivas
capazes de manter a empresa com vantagem dentro do mercado.
O setor de transportes como nós conhecemos hoje é entendido como sendo
uma demonstração do modo como o Brasil foi governado, ou seja, com a ênfase em
satisfazer o mercado externo em detrimento do abastecimento do mercado próprio.
Prova disso é que a maioria das mercadorias nacionais têm como destino outros
países, em especial as commodities.
Ainda sobre os transportes no Brasil, também podemos dizer que existe um
excesso de demanda no modal do transporte rodoviário, o que demonstra como o país
é extremamente dependente desse modal. Ademais, é preciso destacar que a
predominância do modal rodoviário também é uma consequência de um planejamento
estatal que decidiu e investiu nessa forma de fazer entregas.
Porém, não se pode acreditar que a consolidação do setor de transportes como
um dos que mais lucra no Brasil seja uma evidência de que ele não tenha problemas.
Afinal, assim como todo setor econômico, os transportes no Brasil precisam lidar com
o enorme desafio de abastecer uma população interna muito grande, bem como de
suprir o volume das exportações.
Diante disso, é fundamental que se pense quais estratégias de gestão podem
ser usadas para potencializar o desempenho dessa indústria, que já é grande, e assim
conseguir gerar mais empregos e renda para o país.
No caso do presente trabalho, estudou-se a ferramenta de Planejamento
Estratégico como uma alternativa para conseguir entregar melhores resultados. Isso
porque o objetivo do Planejamento Estratégico e justamente evitar a força de
situações imprevisíveis, além de impedir a mortalidade precoce de empresas.
15

Assim, esse trabalho irá se dedicar a estudar como poderia se dar uma situação
de aplicação do Planejamento Estratégico no contexto específico das empresas de
transportes, considerando todas as especificidades dessas empresas e seus desafios.
Em termos de Justificativa entende-se que dada a importância do setor de
transportes para um país como o Brasil, de extrema dependência do setor rodoviário,
é importante que esse setor funcione em sua plena capacidade a ponto de suprir o
volume de demanda de entregas com qualidade. Nesse sentido, é imprescindível o
desenvolvimento de novos estudos sobre maneiras de aperfeiçoamento específico
para esse setor. Logo, o presente trabalho visa ser uma contribuição para o avanço
do debate sobre a qualidade no setor de transportes. Sua importância se dá
justamente por conta da necessidade de se pensar em novos caminhos para se fazer
logística de transportes no Brasil, visto que se demanda muito desse serviço em todo
o solo nacional. Ademais, espera-se contribuir com a comunidade acadêmica por meio
de um material teórico de qualidade, com o cumprimento dos requisitos
Desse modo, levanta-se a seguinte pergunta como Problema de Pesquisa:
“Como o Planejamento Estratégico consegue ajudar as empresas de transporte a
obter melhor desempenho de mercado?”.
Para responder a essa pergunta. Recorre-se ao seguinte Objetivo Geral:
Compreender a Aplicação do Planejamento Estratégico em Empresas de Transporte
e seus benefícios. Enquanto Objetivos Específicos foram: Estudar a dinâmica do
funcionamento de Empresas de Transporte no Brasil e sua importância no mercado
brasileiro; Conceituar a ferramenta Planejamento Estratégico e suas possíveis
aplicações em uma empresa do setor de transportes; e por fim entender como essa
ferramenta poderá sanar as deficiências das empresas de transportes.
O trabalho foi sintetizado tendo como metodologia a Revisão de Literatura, de
modo a revisitar o que já se foi discutido sobre o setor de transportes no Brasil, bem
como sobre o Planejamento Estratégico aplicado diretamente a esse setor. Trata-se,
portanto, de uma medida qualitativa, que se utiliza como principais autores Rocha
(2008) e Becker, Giovanela e Furtado (2016).
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2. O SETOR DE TRANSPORTES NO BRASIL

Neste capítulo, busca-se compreender o funcionamento do setor de transportes


no Brasil, em especial o transporte rodoviário de carga, em todas as suas
especificidades. Ademais, busca-se trazer um entendimento sobre como o Brasil é um
país dependente desse modal e como é preciso investir nele para que o país cresça.
Segundo Colavite e Konishi (2015), existem cinco modais de transportes de
cargas dentro do contexto brasileiro, que são eles: rodoviário, ferroviário, aquaviário,
dutoviário e aéreo. Cada um desses modais é de suma importância para o
funcionamento da economia brasileira, ao passo que o desequilíbrio entre eles gera
problemas importantes para a economia do nosso país.
O desequilíbrio do uso destes modais é prejudicial para o Brasil, uma
vez que atrapalha o escoamento da produção, devido a perdas durante
a origem e o destino levando a prejuízos altíssimos que, facilmente,
poderiam ser evitados (COLAVITE, KONISHI, 2015 p. 2).

No Brasil, os modais de transportes são, sobretudo, ligados ao escoamento da


produção de comodities, em especial as agrícolas, que têm como destino o mercado
exterior. Nesse sentido, é importante relembrar que o Brasil é um país extremamente
dependente do setor primário e com ênfase ao mercado externo.
É isso o que afirma Rocha (2015) ao afirmar que o setor dos transportes no
Brasil apresenta uma realidade que vem da colonização, portanto de uma economia
de exportação. Assim, de certa forma todos os modais do setor irão contribuir para o
andamento dessas mercadorias para fora do Brasil, mesmo o transporte rodoviário,
visto que esse pode levar produtos para portos, por exemplo, cujos navios tem como
destino outros países do mundo.
Para melhor compreender essa relação dos transportes com a colonização, é
de suma importância relacionar esse entendimento com aquilo que o Professor Caio
Prado Júnior explica em seu livro “Formação do Brasil Contemporâneo”. No caso,
Caio apresenta que o sentido da colonização é o mercado externo, portanto, não
existe muito interesse de pleno abastecimento do mercado interno.
De certa forma, o modal do Transporte Rodoviário, embora contribua com esse
esquema de produção para o exterior, consegue ser o único capaz de abastecer
internamente o país. Rocha (2015) afirma que após a Segunda Guerra Mundial, o
modal rodoviário ganha um privilégio sobre os demais modelos, que é justamente a
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atração de cargas em geral para realizar o abastecimento do mercado interno que,


nessa época, estava em constante crescimento.
Ademais, nas décadas seguintes, o Brasil experimentou a implantação das
rodovias por quilômetro, bem como teve a criação do Fundo Rodoviário Nacional –
(FRN), o que firmou o ritmo acelerado de crescimento da infraestrutura rodoviária no
país (GRACIANO, 1971, apud SCHIMIDT, 2011).
Dessa forma, podemos perceber que aquilo que experimentamos no país hoje,
que é a predominância do modal rodoviário sobre os demais, é fruto de um
investimento, sobretudo setor público, para consolidar esse modelo. Justamente por
isso, podemos afirmar que o modal rodoviário tem direta participação no crescimento
econômico do país.
Por isso, no período de 1950 a 1970, o sistema rodoviário teve um papel
fundamental no crescimento econômico, momento que foram efetuados
grandes investimentos no setor. Influenciando a localização de grandes
atividades industriais, agrícolas e extrativas, um fator importante para o
crescimento de uma região é o investimento em transporte (ROCHA, 2015,
p. 13).

Logo, conseguimos atingir neste ponto qual foi a importância desse modelo
para o desenvolvimento do Brasil. Ademais, até nos tempos atuais se vê que a grande
parte do serviço de transportes para o mercado interno é feito por meio do modal
rodoviário. Mas, antes de seguir com essa discussão, é fundamental compreender um
pouco mais do que é esse modal rodoviário, sobretudo a partir de uma definição
coerente.
Segundo Ferreira e Ribeiro (2002), o transporte rodoviário é aquele realizado
por veículos automotores sobre rodas e pode tanto ser feito por meio de vias
pavimentadas quanto não pavimentadas, além de ser de grandes ou curtas distâncias.
Ainda segundo os autores, esse é o modal que possibilita o transporte integrado no
ambiente interno no Brasil. Entretanto, tem como um adendo o fato de que só
consegue transportar cargas pequenas, quando posto em comparação com o
transporte aquático feito por um navio, por exemplo.
Por meio dessa definição é possível ver como o modal rodoviário consegue ser
bastante flexível e versátil no cumprimento de sua função. Por exemplo, podemos citar
entregas de correspondências pessoais, compras on-line, até cargas ditas maiores,
como o transporte de gasolina, etanol, sem mencionar o abastecimento interno de
commodities agrícolas e gêneros alimentares.
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Entretanto, a ampla participação desse modal em detrimento dos demais não


pode ser o suficiente para negar que exista uma série de desafios a se enfrentar, tanto
para otimizar esse setor tão importante, quanto para possibilitar um aumento
significativo do potencial do mesmo. Sobre a deficiência do modal rodoviário no Brasil,
a CNT afirma o seguinte:
Contudo, ainda existem muitos desafios a serem superados. O maior deles é
a falta de investimento em infraestrutura, que prejudica toda a cadeia
produtiva brasileira. A deficiência e o número insuficiente de rodovias, portos,
aeroportos e ferrovias; a falta de manutenção das vias; a má qualidade dos
pavimentos; a reduzida malha metroferroviária; o baixo estímulo
governamental ao transporte coletivo; e a dificuldade de navegação nos rios
são exemplos dos gargalos logísticos que trazem sérios prejuízos à nação. A
CNT estima que a necessidade imediata de recursos para investimentos em
projetos prioritários em todos os modais, mobilidade urbana e terminais
alcance R$ 865 bilhões (CNT, 2022, p. 14).

Para além dos problemas estruturais, faz-se necessário também compreender


o quanto que o transporte rodoviário enfrenta problemas que precisam ser resolvidos
dentro do campo da gestão e da administração. Afinal, trata-se de um setor com
muitas especificidades e tarefas que precisam ser realizadas dentro de um prazo pré-
estabelecido.
Para seu pleno funcionamento, o setor de transportes precisa levar em
consideração, por exemplo, os custos relativos à realização do serviço. Entre os
custos variáveis, podemos citar os relacionados a combustíveis, além de mão-de-
obra.
Oliveira (2014) cita algumas das preocupações acerca da administração na
gestão de transporte ao relatar algumas das tecnologias disponíveis para a realização
no setor de serviços. Assim, a autora enfatiza sobre a importância do desenvolvimento
de técnicas específicas que visem diminuir a incidência de falhas nesse setor, além
de garantir seu pleno funcionamento para suprir uma demanda que é tão grande:
A Gestão é o ato efetivo de gerir ou gerenciar, ou seja, administrar com o
objetivo de atingir objetivos. Assim, a gestão de transportes é a administração
das translações de bens e serviços de um lugar para o outro e depende de
todos os meios e infraestruturas implicados nos movimentos de pessoas e
bens. Por meio dos transportes é que se escoam todos os bens e serviços e
as riquezas produzidas nos países (OLIVEIRA, 2014, p. 53).

Para melhor compreender sobre a importância de uma boa gestão numa


empresa de transportes, faz-se necessário ter em mente a quantidade de processos
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que esse setor precisa lidar diretamente, além de que no Brasil a demanda por
serviços de transporte é realmente muito grande.
Sem mencionar o problema das distâncias enormes de um país de tamanho
continental, o que exige melhor elaboração de rotas e lidar com os preços dos
combustíveis que podem encarecer muito mais a viagem do que ela seria. Tudo isso
enquanto se pensa em estratégias para fazer a entrega com qualidade e no tempo
certo.
Portanto, é de suma importância analisar quais instrumentos a administração
conta para fazer a gestão no setor de transportes. Uma dessas ferramentas é o
Planejamento Estratégico, o qual será definido no próximo capítulo.
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3. A FERRAMENTA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A administração busca apresentar soluções para problemas que se relacionam


ao funcionamento das empresas. Portanto, o grande objetivo é fazê-las resistentes às
imprevisibilidades do mercado, bem como traçar objetivos de crescimento, em termos
econômicos e de relevância, para o futuro.
Dito isso, o Planejamento Estratégico é uma ferramenta eficaz para alcançar
esses objetivos. É isso o que delimita Becker, Giovanela e Furtado (2016) que
apresentam essa ferramenta como uma forma de se alcançar objetivos de longo prazo
e que são capazes de afetar a direção e a visibilidade da empresa.
Para que as empresas estejam preparadas para o futuro, o planejamento
estratégico é essencial. Através do planejamento estratégico os gestores das
empresas passam a pensar no que fazer, como fazer, quando, para quem,
por que e onde, sendo assim, analisa-se o reflexo que as ações feitas no
presente terão no futuro [...] Planejar de forma estratégica consiste em
conhecer o presente, acompanhando suas mudanças, identificando quais
são as limitações que a empresa possui e buscar meios, alternativas que
orientem a empresa para que o futuro seja melhor (BECKER, GIOVANELA,
FURTADO, 2016, p. 45).

Portanto, podemos entender que se trata de uma ferramenta capaz de


compreender quais os possíveis problemas que cada empresa é capaz de enfrentar
para ajuda-la nessas possíveis ocasiões. Ou seja, é uma forma de aproximar o futuro,
trazendo-o para o presente, para refletir sobre o que será necessário de se realizar.
Em contrapartida, a ausência desse planejamento pode ser fatal para que uma
empresa chegue a uma mortalidade precoce, ainda mais se considerarmos a
volatilidade do mercado nos moldes capitalistas contemporâneos. Dessa forma, optar
pela realização do Planejamento Estratégico pode ser uma decisão fundamental para
manter a empresa em seu pleno funcionamento.
Para isso, será preciso realizar uma análise profunda quanto ao funcionamento
dessa empresa, a sua natureza para então identificar as possíveis rotas no futuro.
Justamente por isso que o Planejamento estratégico deve analisar o ambiente interno
e também externo que envolvem a organização, de forma a direcionar o caminho que
ela deverá seguir e monitorar suas ações, com a garantia de que todas as etapas de
planejamento foram cumpridas (BECKER, GIOVANELA, FURTADO, 2016).
Mas antes de buscar definir como funciona o Planejamento Estratégico, torna-
se necessário apresentar uma definição que seja mais formal sobre o assunto:
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Planejamento Estratégico é um processo sistemático de autoconhecimento e


desenvolvimento organizacional, visto que, ao definir condições futuras
almejadas, deve possuir, como premissa, uma análise apurada sobre sua
situação em relação ao ambiente. Além disso, como conjunto de
procedimentos formais, exige a elaboração de planos de ação, com o
estabelecimento de responsáveis, custos e prazos, a fim de que seja possível
o acompanhamento de atividades, gerando flexibilidade para atualização e
aprimoramento do planejamento instituído (PROPLAN, 2020, p. 8).

Portanto, o Planejamento Estratégico conseguirá apresentar um norte para o


empreendedor por meio da própria análise de sua empresa e do mercado na qual ela
está inserida. Trata-se, dessa forma, de um mecanismo fundamental de gestão que é
capaz de ajudar a estabilizar as atividades de um negócio.
Ademais, a compreensão do que é essa ferramenta deverá perpassar por seus
aspectos, ou seja, quais são as características fundamentais que tornam o
Planejamento Estratégico aquilo que ele de fato é. No Quadro 1, encontramos quais
são esses aspectos:

Quadro 1 – Os Aspectos do Planejamento Estratégico

DINAMISMO O Planejamento estratégico é


essencialmente dinâmico, pois traduz um
conjunto de atividades, processos e
procedimentos que se sucedem ao longo
do tempo. Além disso, baseia-se em
informações mutáveis, como, por
exemplo, as Condições Ambientais,
sendo atualizado periodicamente.

SISTEMISMO O Planejamento Estratégico é um grande


sistema, formado por elementos distintos
que, relacionados e independentes, criam
um contexto produtivo. As parte do todo
não podem ser tidas como isoladas, de
forma que devem estar sempre alinhadas.
COLETIVISMO O Planejamento Estratégico exige ampla
participação da comunidade, pois é
importante que todos os setores estejam
representados, a fim de construir um
consenso. O planejamento não deve ser
construído somente pela cúpula.
CONTINUIDADE Diferente de um projeto, o Planejamento
Estratégico é cíclico e não possui um fim
definido, de modo que, durante o
processo, são criados mecanismos para
revisão, ajuste e continuidade.
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MÉDIO E LONGO PRAZO O Planejamento Estratégico é orientado


para o futuro, pois as decisões tomadas
visam a sustentabilidade e perpetuação
da organização.
Fonte: PROPLAN (2020, p. 9).

Por meio da delimitação desses aspectos foi possível compreender como o


Planejamento Estratégico atua: foco no futuro com a elaboração de metas e objetivos,
por meio de um movimento cíclico de revisão das metas enquanto se trabalha para
cumpri-las.
Oliveira (2010) apresenta quatro fases principais para o desenvolvimento do
Planejamento Estratégico, sendo eles: O Diagnóstico Estratégico, a Missão da
Empresa, os Instrumentos Prescritivos e Quantitativos e o Controle e Avaliação.
A primeira fase, de Identificação de Visão, se determina quais as condições
atuais da empresa, portanto se observa-se como tem se dado o seu funcionamento e
como ela se porta perante a realidade externa e interna. Ademais, podemos definir
essa etapa como aquela na qual existe a identificação dos desejos da empresa,
portanto a sua Visão, além de seu conjunto de princípios, crenças e ética, portanto os
Valores (BECKER, GIOVANELA, FURTADO, 2016).
Já a segunda fase, será aquela na qual se definirá a missão da empresa, que
pode ser definida como a sua razão de existir e de estar no mercado, portanto aquilo
que a empresa tem para oferecer no contexto em que está (BECKER, GIOVANELA,
FURTADO, 2016). Oliveira (2010) apresenta algumas das etapas dessa fase:
•Estabelecimento da Missão da Empresa: Identifica-se o motivo de existir da
empresa;
•Estabelecimento dos Propósitos Atuais e Potenciais: Define-se em quais
setores a empresa se estabelece, de modo que se encaixem dentro da missão;
•Estruturação e Debate de Cenários: Pensar a possível evolução do ambiente
externo;
•Estabelecimento da Postura Estratégica: Forma como a empresa pretende se
portar perante o ambiente;
•Estabelecimento das Macroestratégias e Macropolíticas: Sendo as
macroestratégias aquelas referentes às ações necessárias para se obter vantagem
competitiva, enquanto as macropolíticas fazem referência à tomada de decisão.
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Já na terceira fase, se estabelece os Instrumentos Prescritivos e também


Quantitativos. No caso, os Prescritivos dizem respeito a como se realizará a missão
da empresa, enquanto que os quantitativos constituem o planejamento do orçamento
que é necessário para se chegar ao ponto que se deseja (BECKER, GIOVANELA,
FURTADO, 2016).
Por último, temos a quarta fase, que consiste em levantar e organizar como
está indo a situação, ou seja, como a empresa está agindo para alcançar os objetivos
e o que pode ser melhorado. Nessa fase é possível fazer com que se repense as
estratégias escolhidas, analisar como está o andamento dessa fase para então
redefini-las se necessário (BECKER, GIOVANELA, FURTADO, 2016).
Ao cumprir todas essas etapas, a empresa poderá se preparar melhor para uma
eventual situação caótica. Além disso, dá um norte quanto ao lugar ao qual a empresa
deseja chegar, o que faz com que todos os processos ganhem todos um objetivo em
comum. No próximo capítulo, será feito um debate quanto a possível aplicação do
Planejamento Estratégico numa empresa do setor de Transportes.
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4. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE

No capítulo 2, foi discutido um pouco sobre a importância do modal rodoviário


para a economia brasileira, entretanto, também se discutiu que a sua relevância não
impede que esse setor não sofra com imprevistos no mercado ou não possua seus
próprios desafios que envolvem a sua dinâmica própria.
Na verdade, o tamanho considerável do setor de transportes, em suas diversas
especificidades, modalidades e também públicos, faz com que exista um tamanho de
problemas proporcionais, portanto muito grandes, para serem resolvidos num tempo
geralmente bem pequeno.
Inclusive, o setor de transportes não pode sequer parar por alguns dias, já que
as demandas não param. Em casos de bloqueios de estrada por motivos de desastres
naturais, por exemplo, o abastecimento interno do país pode ser seriamente
comprometido, a começar pelo abastecimento de alimentos, que depende bastante
do modal rodoviário. Por isso, um gestor ou administrador que se proponha a trabalhar
em uma empresa de transportes precisa ter a dimensão da tarefa que tem em suas
mãos.
Sobre isso, Silva (2013) aponta que, na verdade, o setor de transportes precisa
enfrentar muitas batalhas, sobretudo quanto ao modal rodoviário. Nesse sentido, o
autor destaca que existe falta de regulamentação do setor, bem como problemas de
excesso de oferta dentro do modal, além da exigência cada vez maior dos
consumidores e clientes finais desse setor, que cada vez mais demandam qualidade
de serviço e entrega a um preço que é pouco.
Por exemplo, o recente aumento considerável dos pedidos de produtos pela
internet move uma cadeia muito grande dentro do setor de transportes e que envolvem
diversos modais, mas com predominância do rodoviário, quando em mercado interno.
Com o advento da internet, o consumidor se vê muito mais atraído pela ideia de
comodidade e estará disposto a pagar bem caso a entrega seja rápida. Entretanto, a
entrega rápida demanda muito esforço por parte das empresas de transporte.
Diante dessa questão, fica explícita a necessidade de se elaborar fundamentos
sólidos que impeçam a empresa de sucumbir perante esses desafios. E esses
fundamentos podem ser justamente a gestão estratégica de qualidade:
Os clientes exigem cada vez mais dos transportadores, que não conseguem
colocar preços que remunerem seus custos, devido ao excesso de oferta,
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gerado pela baixa barreira de entrada de novas empresas no setor [...]. Nesse
contexto, a importância da gestão estratégica e do planejamento estratégico
nas empresas de transporte de carga é fundamental, tendo em vista que
essas empresas precisam estar muito preparadas para um ambiente tão
competitivo (SILVA, 2013, p. 17).

Ademais, o autor também delimita que existe uma ausência de conteúdos que
relacionem diretamente o setor dos transportes com a ferramenta do Planejamento
Estratégico. Essa ausência demonstra uma própria deficiência do campo acadêmico
e de pesquisa de avaliar quais são os impactos dessa ferramenta que é tão requisitada
com o setor.
Santos (2017, p. 33) aponta que a maior contribuição do Planejamento
Estratégico para uma empresa do setor de transportes, que se utiliza muito da
logística, reside justamente na redução dos impactos referentes à grande
concorrência ao qual esse setor se insere. Afinal, existe cada vez mais oferta de
serviços logísticos, o que torna a concorrência muito alta.
Nesse contexto, é preciso lembrar que a grande concorrência também é uma
consequência do que foi debatido no capítulo 2, que é a alta dependência do Brasil
aos serviços de transporte rodoviário no Brasil. Ou seja, o abastecimento interno feito
quase que exclusivamente pelo transporte rodoviário faz com que vários
empreendedores vejam nesse modal uma oportunidade de ganhar dinheiro,
entretanto, isso também faz com que haja aumento significativo da concorrência.
Ao implementar o Planejamento Estratégico numa empresa de Transportes,
será possível minimizar os efeitos da concorrência, visto que será possível planejar
melhor o diferencial da empresa em relação aos concorrentes, bem como reduzir os
custos e observar oportunidades para garantir maior vantagem competitiva. Tudo isso
irá cooperar para a diminuição dos efeitos da concorrência (SANTOS, 2017).
Além disso, é importante considerar que o setor rodoviário possui uma série de
custos, fixos e variáveis, que fazem com que o preço da prestação de serviço seja um
tanto mais alto do que aquilo que os consumidores finais gostariam de pagar. Nesse
sentido, a busca por alternativas para driblar a desvalorização por meio do preço deve,
necessariamente, considerar o Planejamento Estratégico.
As empresas do segmento rodoviário buscam a cada dia encontrar
alternativas para reduzir custos em suas operações, visto que o retorno
financeiro não segue a inflação da matéria-prima e todos os requisitos
necessário para se manter dentro da legislação. Nesse sentido, o
planejamento estratégico para as empresas de transporte rodoviário tem
fundamental importância na medida em que se construa um diagnóstico de
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toda a estratégia da organização para identificar os riscos pertinentes ao


negócio (SANTOS, 2017, p. 33).

Lidar com todas essas demandas de forma simultânea exige que haja melhor
elaboração daquilo que a empresa é, de quais são os seus objetivos, e quais os
trabalhos que estão sendo feitos para se alcançar o máximo possível em
desempenho. Para isso, o Planejamento Estratégico cai como uma luva, sendo capaz
de resolver vários problemas através de um método só.
Ademais, o Planejamento Estratégico conseguirá trazer a resolução desses
problemas futuros para o presente, tentando considerar o máximo de cenários
possíveis e de respostas possíveis aos problemas advindos do mercado (DANIEL, et
al, 2019). Isso irá garantir à gestão das empresas de transporte que se tenha maior
segurança em relação aos passos que deverão ser tomados a seguir, com melhor
garantia de sucesso no cenário nacional.
Daniel et al (2019) explica que o primeiro passo do Planejamento Estratégico é
justamente o início do desenvolvimento do pensamento de onde a empresa deseja
chegar. Essa ação inicial por si só já é capaz de delimitar muitas das ações que a
empresa irá tomar daí pra frente. Dito isto, a revisão de todas as metas precisa ser
revista para acompanhar quais tem sido os resultados da empresa.
O Planejamento estratégico inicia-se com a elaboração do Pensamento
Estratégico da organização e com a análise do ambiente, cria a consciência
das oportunidades e ameaças, dos pontos fortes e fracos para o cumprimento
da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de
direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e
evitar riscos. Assim, o Planejamento Estratégico tem que ser feito de maneira
a integrar todos os setores da empresa, unificando a tomada de decisões
para a melhor administração da organização (DANIEL ET AL, 2019, P. 14).

Assim, torna-se possível pensar que a utilização do Planejamento Estratégico


para o uso em empresas de transporte, com ênfase no modal rodoviário, pode ser
justamente o que se precisa para combater os desafios característicos a empresas
desse tipo.
Entre esses desafios o principal destaque é a competitividade e o desafio de
repassar os valores da inflação para o pagamento dos clientes finais. Por meio do
Planejamento Estratégico é possível repensar qual o diferencial dessa empresa para
o mercado, o modo como ela pode se comportar para garantir a fidelização do cliente
e rever todos os processos sempre que necessário até se chegar ao melhor resultado
possível.
27

Mas para além disso, as empresas de transporte que experimentam a


implantação do Planejamento Estratégico podem experimentar melhores
oportunidades de crescimento, acréscimo no nível de qualidade, além de fazer com
que a empresa se torne relevante no cenário nacional.
Em retorno à questão da competitividade, pode-se citar como a qualidade pode
ser um fator diferencial que destaque uma empresa em detrimento de outra. Portanto,
recorrer ao Planejamento Estratégico enquanto uma ferramenta de melhoria da
qualidade em todos os serviços fará com que a empresa ganhe notoriedade entre os
consumidores, o que certamente resultará numa preferência por parte dos
consumidores e, consequentemente, de maior receita.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou compreender quais as dinâmicas intrínsecas ao


setor de serviços, com ênfase no modal rodoviário. Dessa forma, analisou-se a
importância do mesmo para a dinâmica econômica brasileira, além do seu histórico
de desenvolvimento junto ao mercado.
Com isso foi possível concluir que o modal rodoviário tem extrema importância
para o mercado brasileiro, sobretudo se considerarmos que o Brasil é um país que
historicamente se desenvolveu de modo a privilegiar o transporte rodoviário em
detrimento dos demais modais. Para isso, foi feito muito investimento público, com a
criação de estradas, especialmente durante as décadas de 1950 e 1960.
Entretanto, esse privilégio não pode de forma alguma ser entendido como uma
ausência de problemas, muito pelo contrário! Na verdade, o modal rodoviário possui
uma série de desafios, sendo o principal deles a ampla concorrência com o qual sofre,
já que cada vez mais surgem novas empresas de transporte rodoviário no Brasil.
Perante essa situação, estudou-se o uso do planejamento estratégico como
uma forma de driblar os desafios. Isso porque o planejamento estratégico se
apresenta como uma ferramenta completa capaz de compreender qual a razão pela
qual a empresa existe, o que precisa ser feito para se alcançar esse alvo e
principalmente como tem sido os resultados dessas metas.
Por meio do conteúdo levantado foi possível perceber que a elaboração do
Planejamento em todas as suas fases será o suficiente para deter o fator
imprevisibilidade, o qual é muito presente no setor de transportes, principalmente no
modal rodoviário, que conta com diversos aumentos de preços dos seus custos, seja
eles fixos ou variáveis.
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REFERÊNCIAS

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