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Busca Por Felicidade e Sentido de Vida N
Busca Por Felicidade e Sentido de Vida N
Olhar da Logoterapia1
Search for Happiness and Sense of Life in the Consumer Society in the Look of Logotherapy
Abstract
This work aims to discuss the situation of contemporary man, front of the investments of hypermodern society with
regard to the exaggerated consumption (hyperconsumption) and illusory sensations of happiness, pleasure and meaning
of life from this practice. It problematizes the reasons that lead the hypermodern man to the acquisition and to imbue
the meaning of things in the search for happiness, actions that have led him to experience the mass neurosis of our
time - the existential vacuum. Thus, the constitution of subjectivity of the individuals and their emotional health front
this consumerist reality was analyzed. Through logotherapy, doctrine created by Viktor Emil Frankl, and its general
concepts, the understanding of the derivation of pleasure and true happiness, from a genuine meaning in life was sought,
as well as the elucidation of the propitiation of a healthy existence from exercise of responsibility and freedom in the
face of life choices. Logotherapy, therefore, has much to contribute as psychotherapy and also as a complement to
other psychotherapies regarding the meeting of hypermodern man with meaning, happiness and pleasure, because, when
considering the insertion of logos (meaning) consequently considers the existence and reflection on it, making it possible
to overcome the lack of meaning.
Keywords:: Hypermodern society, Happiness, Meaning of life, Logotherapy.
Afiliação dos autores: † Psicóloga, Graduada pela Universidade Severino Sombra, Vassouras, RJ, Brasil.
‡ Doutora em Psicologia, Professora do Curso de Psicologia da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
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O presente texto tem como base um Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Psicologia da USS.
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indivíduos podem sim pensar em um sentido. E ressalta: “Nós chamamos de vontade de sentido
“uma vez que tanto a satisfação como a frustração das simplesmente àquilo que é frustrado no homem sempre
necessidades mais baixas podem provocar o homem que ele é tomado pelo sentimento de falta de sentido
a procura de um sentido, devemos concluir que a e de vazio”. (FRANKL, 1991, p. 25) É a vontade de
necessidade de um sentido é independente das outras sentido que orienta a superação de tais frustrações
necessidades”. (FRANKL, 2005, p. 27) quando o indivíduo se entrega à sua procura e encontra,
A felicidade, por sua vez, também carece de um não “um”, mas “o” sentido no que realiza, não nele
sentido para ser, e isso quer dizer que, “com uma razão mesmo, mas fora dele, num encontro genuíno com o
para ser feliz, a felicidade surge automaticamente como outro. (MOREIRA e HOLANDA, 2010)
efeito colateral”. (PEREIRA, 2007, p. 129) Diante disso, O esforço humano em buscar a felicidade, dessa
aquele que persegue fixamente ideias sobre “felicidade”, forma, acaba por ser inútil no olhar logoterapêutico.
“prazer” ou “poder” ou que tem outro objetivo que Sobre essa busca persistente, Kierkegaard metaforizou:
supere a realização de um sentido primeiro, se afasta “a porta da felicidade abre-se ‘para fora’, ou seja, ela
ainda mais de alcançar tal objetivo. Buscar diretamente fecha-se exatamente para quem tenta empurrá-la para
uma felicidade integral é visto pela Logoterapia como, dentro”. (MOREIRA e HOLANDA, 2010) Também
possivelmente, uma motivação patogênica, que Frankl Frankl (2013), sobre essa expectativa de felicidade,
compreende a partir do que denominou “princípio auto utilizou o recurso metafórico do bumerangue para
anulativo”, ou seja, quanto mais se persegue uma ideia explicar que este só retorna a quem o lançou se não
como suficiente e completa, em substituição ao vivenciar tiver encontrado um alvo. E, portanto, não seria preciso
o sentido propriamente dito, mais ainda o indivíduo se conduta outra que diferisse de somente esperar a
afasta do que a priore lhe motivava. chegada da felicidade, pois quando ela se depara com
A máxima de Frankl de que “Não se deve buscar a um sentido, ela fica.
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este se percebe cada vez mais vazio e insatisfeito, já que ou pulsão que lhe ditasse o que deveria fazer; e o fato
tais sensações se esvaem com rapidez, levando-o a um das convenções, tradições e valores, que poderiam
círculo vicioso hiperconsumista. (MATOS, 2012) orientá-lo em como agir, estarem desaparecendo com o
Sobre essa característica contemporânea, Frankl passar das gerações e, em consequência, “ele mal sabe
(1978, p. 57) afirmaria que “há muito dinheiro, não o que deseja fazer. Nesse estado de coisas, ou ele acaba
há objetivo de vida. As pessoas têm de que viver, não querendo fazer o que os outros fazem ou termina por
para que viver”, ratificando que o consumo é apenas a fazer o que os outros querem que ele faça. Isto é, ele se
forma que o homem contemporâneo encontrou de suprir torna vítima, respectivamente, ou do conformismo ou
superficialmente a falta de um sentido para a sua vida. do totalitarismo”. (FRANKL, 2013, p. 105)
(ZAMULAK, 2015) Ao não encontrar um propósito O ser humano, ao se conformar ou simplesmente
maior em sua existência, se torna uma marionete da se submeter às demandas sociais se anula tão
sociedade, “um joguete nas mãos de chefes e sedutores enfaticamente quanto imerge num vácuo existencial.
autoritários e totalitários”. (FRANKL, 1986, p. 26) (FRANKL, 1984) Para Frankl, o vácuo existencial se
A resignação humana diante das contingências tornou a neurose de massa da atualidade, uma neurose
sociais gerou uma fuga das responsabilidades e coletiva, caracterizada pelo nulismo, que envolve: uma
um temor em vivenciar a liberdade imanente à sua atitude provisória, de não ter decisão fixa; uma postura
existência. Segundo Frankl (2005) é necessário que fatalista, por acreditar que não há o que fazer para
o indivíduo se posicione e responda ao que lhe é modificar a realidade (atitude passiva); o pensamento
apresentado, envolvendo-se nas situações que vivencia. coletivista, por não exercer a individualidade de pensar,
Porém, no contexto atual, o que se manifesta são agindo em consonância com a massa; e o fanatismo, por
indivíduos acomodados, que apenas reagem a estímulos ter suas opiniões, crenças e pensamentos engessados
ou obedecem aos seus “impulsos”. É, definitivamente, e não estar aberto a mudanças. (FRANKL, 1984;
uma maneira ilegítima de existir. SILVEIRA e GRADIM, 2015)
A Logoterapia, nesse âmbito, considera Entretanto, os sintomas da neurose coletiva podem
imprescindível ao ser humano retomar a consciência se resumir à esquiva da prática da responsabilidade e ao
de ser-responsável, colocando-a como característica medo de vivenciar a liberdade. (SILVEIRA e GRADIM,
vital para a sua existência. (FRANKL, 1986) Essa 2015) O sentimento de falta de sentido (vácuo existencial)
conscientização, no entanto, só seria possível através da também não se caracterizaria, propriamente, como
espiritualidade – não a religiosa, mas aquela que, segundo patologia, mas como algo tipicamente humano (sadio),
Frankl, seria a quarta dimensão constituinte do humano ainda mais quando se leva em consideração a postura de
(FRANKL, 1990), pois, além das dimensões biológica, reconhecimento diante do vazio, configurando-se como
psicológica e social, partilhada por homens e animais, a uma “expressão de maturidade espiritual”.
dimensão noética (espiritual) é o que particularizaria a Frankl enfatiza, no entanto, que o posicionamento
existência humana. Portanto, pela dimensão espiritual ante ao vácuo existencial pode também originar
os indivíduos obedecem a uma vontade de sentido uma resposta patológica, se expressando, da mesma
que ultrapassa a satisfação individual para ser auto forma que o reconhecimento do vazio, como reação
transcendente, para realizar-se em algo que está fora de particularmente humana. (SILVEIRA e GRADIM,
si, no mundo, não a si mesmo. (FRANKL, 2013) Pois 2015) Assim, por considerar a singularidade humana,
“se realmente víssemos no prazer todo o sentido da vida, é possível entender que “só ao homem é dado ter a
em última análise a vida parecer-nos-ia sem sentido. Se vivência da sua existência como algo problemático; só
o prazer fosse o sentido da vida, a vida propriamente ele é capaz de experimentar a problematicidade do ser”.
não teria sentido algum”. (FRANKL, 1986, p. 69) (FRANKL, 1986, p. 56)
A configuração social hipermoderna, contudo, À expressão patológica da frustração existencial,
demonstra que a existência humana se volta cada Frankl denominou Neurose Noogênica, por ter origem
vez mais para o prazer, para a autorrealização como na dimensão noética (espiritual) do homem e se dar a
primazia. O ser humano tem encontrado no consumo partir de problemas existenciais (ROEHE, 2005). O
um atalho para se realizar. Porém, o prazer conquistado convívio com a sensação de vazio existencial por tempo
através das aquisições se esvai rapidamente e o que prolongado, assim como conflitos de valores, o ceticismo
resta é apenas o vazio existencial, já que autorrealizar- quanto a um sentido da vida ou a incapacidade em
se é uma consequência do encontro com um sentido alcança-lo, seriam os aspectos principais da configuração
verdadeiro. (FRANKL, 2013) dessa neurose. (KROEFF, 2011) Frankl destaca que nem
Frankl (2013) denominou de “vácuo existencial” toda neurose é de ordem noogênica, pois pode se dar a
o sentimento de vazio advindo das inúmeras queixas partir das outras dimensões que organizam o indivíduo.
que chegavam ao seu consultório. Mais que isso, Dessa forma, existiriam também neuroses sociogênicas,
considerou duas possibilidades de explicar a etiologia psicogênicas e, mesmo, iatrogênicas, “isto é, uma
do problema: o fato de o indivíduo não possuir instinto neurose causada pelo psicoterapeuta que pretende curá-
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la”. (FRANKL, 2013, p. 111) uma obra a que se dedica, a um homem quem ama, ou a
Sobre a neurose sociogênica pode-se atribuir, Deus, a quem serve.” (FRANKL, 1986, p. 45)
juntamente com o sentimento da falta de sentido, o A Logoterapia como psicoterapia,
de futilidade e absurdo diante da vida que, com seus especificamente, contribui para uma existência saudável
principais sintomas, constituiriam a chamada “tríade dos pacientes quando se direciona ao reconhecimento da
da neurose de massa”, formada pela depressão, a responsabilidade concernente a cada um, permitindo que
agressão e toxicodependência. (FRANKL, 1990) A eles próprios se posicionem diante do sintoma/sofrimento
sintomatologia da neurose coletiva, porém, pode se em questão e tomem decisões (SILVEIRA e GRADIM,
repetir ou modificar-se de acordo com a época, pois é 2015). Desse modo, “o papel do logoterapeuta consiste
provocada pelos apelos hodiernos, em um contexto em em ampliar e alargar o campo visual do paciente de
que “a sociedade industrial tem em vista diretamente forma que todo o espectro do significado e dos valores
satisfazer, se possível, a todas as necessidades humanas, se torne consciente e visível para ele” (FRANKL, 1977,
e seu efeito colateral, a sociedade de consumo, busca p. 173-174). “[...] a logoterapia procura direcionar e
até mesmo gerar necessidades, para poder, em seguida, orientar o paciente para um sentido concreto e pessoal”,
satisfazê-las.” (FRANKL, 2014, p. 283) para torná-lo “[...] capaz de descobrir o sentido da
É válido ressaltar, ademais, as características existência, de ampliarmos, por assim dizer, o seu campo
da tríade primeira estabelecida por Frankl, pois trata de visão, de forma que ele perceba o espectro completo
de patologias derivadas da ausência de sentido, e que de possibilidades de sentido e de valores pessoais e
muito se adequa a realidade atual. Sobre a depressão, concretos.” (FRANKL, 1991, p. 72)
Frankl (1990) enfatiza que a sua manifestação extrema, A finalidade da logoterapia “é incluir o logos
o suicídio, tem como principal motivação exatamente na psicoterapia” (FRANKL, 1978, p. 197), ou seja,
a sensação de falta de sentido. O mesmo ocorreria com incluir uma reflexão acerca da própria existência,
a agressão e a toxicodependência, que se iniciariam, conduzindo o paciente a ponderar as escolhas feitas
principalmente, partindo do pressuposto de que quanto frente à responsabilidade e a liberdade, a pensar sobre
maior for o sentimento de falta de sentido, maior a os sentidos e valores que norteiam a sua vida. “A
predisposição ao comportamento agressivo ou voltado responsabilidade do homem, conscientizada, assim, pela
à dependência de álcool e/ou outras drogas. análise da existência, é uma responsabilidade em vista
Tais características reforçam a continuidade e da irrepetibilidade e do referido ‘caráter de algo único’
a persistência dessas patologias e do vazio existencial da sua existência” (FRANKL, 1986, p. 118), tendo em
no indivíduo na sociedade hipermoderna. A neurose vista que “o seu destino não se repete. Ninguém tem as
coletiva contemporânea se daria na sequência de mesmas possibilidades que ele, nem ele próprio as volta
“faltas” de sentido que foram assolando os sujeitos com a ter” (FRANKL, 1986, p. 120), e nisto singulariza-se.
o passar do tempo e se concretiza na prática veemente A responsabilidade, no entanto, só se faz
da sociedade - o hiperconsumo -, que não preenche o pela liberdade, pois só se é ser-responsável, porque,
vazio existencial e a falta de sentido na vida. (FRANKL, primeiramente, se é ser-livre. Diante da liberdade,
1991) pode ser definido como o ser que se desprende, que
Sendo a vontade de sentido o motor da existência se liberta aos poucos do que o determina, “(enquanto
humana, o prazer nas aquisições estaria voltado para tipo determinado biologicamente, psicologicamente e
algo primitivo no indivíduo, um atalho para se chegar socialmente); quer dizer, como o ser que transcende todas
ao sentido genuíno, maquiado pelas falsas ofertas de as determinações, denominando-as ou configurando-as”
felicidade. O atalho da aquisição é, ao mesmo tempo, (FRANKL, 1986, p. 121), mas que depende de alguma
uma barreira para a realização desse sentido e o leva à forma delas.
frustração existencial, sentimento derivado da privação Ao remeter a responsabilidade e a liberdade
de sentido. (FRANKL, 1991) humana ao cenário hipermoderno, verificamos que o
Nessa perspectiva, a existência saudável, segundo indivíduo, ao se encontrar imerso na “massa”, perde a
a Logoterapia, se daria pelo redirecionamento da intenção peculiaridade e a singularidade de ser-responsável. Da
do indivíduo, que se distancia da autorrealização e mesma forma, quando se esquiva da inevitabilidade das
das determinações sociais de felicidade e prazer, para escolhas frente às possibilidades, acaba por agir “‘como
voltar-se para algo que não seja ele mesmo, “criando se’ não tivesse nenhuma escolha e nenhuma liberdade
um trabalho ou praticando um ato; experimentando algo de decidir. Mas isto de ‘fazer como se’ constitui boa
ou encontrando alguém; pela atitude que tomamos em parte da tragicomédia do homem” (FRANKL, 1986, p.
relação ao sofrimento inevitável” (FRANKL, 1984, 122), pois se anula e despersonaliza-se continuamente.
p. 51), por exemplo, e, assim, auto transcendendo. “A As manifestações dessa anulação existencial
essência da existência humana, diria eu, radica na sua se apresentam tanto na negação da liberdade e da
auto-transcendência. Ser homem significa dirigir-se e responsabilidade – que já se caracteriza como uma
ordenar-se a algo ou alguém: entregar-se o homem a falta de motivação primeira e fundamental de encontrar
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sentido para a vida –, como também pode apresentar- com um sentido para a sua vida. E considerando-
se diretamente numa forma apática de viver, que não se as repercussões do seu comportamento irrefletido
encontra sentido em sua existência. (KROEFF, 2011) frente à realidade consumista e o seu resultado – a
A logoterapia, então, pretende clarificar o olhar do neurose de massa da atualidade (o vácuo existencial)
paciente aos sentidos possíveis que se manifestam em –, a logoterapia apresenta possibilidades de se alcançar
suas vivências, que muitas vezes passam despercebidos. uma existência saudável nessa sociedade, a despeito de
Visa conscientizá-lo sobre a sua liberdade, pois é a tamanha interferência.
partir dela que se pode vislumbrar o “vir a ser” – o que Dessa forma, incluir o logos (sentido) em
pode se tornar – e a imensa gama de possibilidades que psicoterapia é um modo de incluir a reflexão sobre
poderão ou não ser concretizadas. Tem a intensão de a existência, colocar em evidência os “porquês”,
conscientiza-lo totalmente sobre sua responsabilidade permitindo a ponderação dos sentidos investidos nas
diante da vida, até mesmo quando decide não a exercer. ações – daí partiria a volição do exercício da liberdade
(KROEFF, 2011) e da responsabilidade frente às escolhas. Além disso,
Tratando-se das neuroses e das intervenções a logoterapia mostra-se específica para os casos de
cabíveis, Frankl enfatiza a necessidade de se identificar neurose noogênica (de origem espiritual), resultante
a dimensão afetada, para direcionar a psicoterapia mais da expressão patológica da frustração existencial,
adequada. E ao constituir-se de uma dimensão espiritual, que ocorre quando a sensação de vazio existencial se
somente pela logoterapia haveria tratamento para o prolonga a ponto de as motivações para viver quase
indivíduo, já que outras psicoterapias desconsideram tal desaparecerem e as aquisições não serem mais capazes
dimensão; assim, para as neuroses noogênicas, advindas de satisfazer, mesmo que momentaneamente.
dessa dimensão, a logoterapia seria concebida como Nesse cenário, o ser humano necessita, antes
específica. (KROEFF, 2011) de tudo, buscar um sentido para viver. De acordo
Enfim, como na sociedade hipermoderna a questão com a logoterapia, isso ocorre quando o desejo de
da falta de sentido tem tomado proporções devastadoras, autorrealização é deixado de lado e o ser humano se
não há dúvidas da enorme contribuição que a logoterapia destina a satisfazer-se no atendimento da carência do
tem a oferecer para uma existência saudável, ainda mais outro, não da sua própria. Além disso, o ser humano
quando o prazer e a felicidade se tornaram primários e precisa posicionar-se frente às ofertas da sociedade,
o significado (o sentido), secundário, embora devesse escolhendo, exercendo a sua liberdade e refletindo
ser protagonista e direcionador da existência. A maior sobre as escolhas, agindo com responsabilidade para
consequência disso, o vácuo existencial, “não só está que a felicidade e todo tipo de prazer sejam atingidos
crescendo, como também se espalhando” (FRANKL, como efeito de uma vida em que há sentido.
2013, p. 106), o que evidencia ainda mais o clamor por
sentindo. Referências bibliográficas
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1991.
A sociedade hipermoderna tem sido vista como o ______. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva, 1993.
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central dessa sociedade, o hiperconsumismo, tem
CAMPBELL, C. A ética romântica e o espírito do consumismo
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os a uma existência irresponsável e aprisionada
FRANKL, V. E. A presença ignorada de Deus. 13. ed. Petrópolis:
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nulismo existencial, o ser humano tem deixado de
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vivenciar as suas escolhas de modo singular, pois lhe Paulo: Papirus, 1990.
são apresentadas “receitas prontas” de aceitação, de
pertencimento, de felicidade e prazer, que ele reproduz ______. A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da
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cegamente, levando-o à falta de sentido.
Sob o olhar da logoterapia, foi possível encontrar ______. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de
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prazer e da felicidade, enfatizando que essa busca não
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prazer e felicidade não podem ser perseguidos, pois
______. Man’s search for meaning. New York: Poket Books,
são consequências do encontro primeiro do indivíduo 1977.
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