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DIFICULDADES COMUNS DE
APRENDIZAGEM E PROBLEMAS
DE “ENSINAGEM”
“Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Monteiro Lobato.
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daqueles que já se apropriaram da leitura e podem sem dúvidas ser os agentes
influenciadores desta prática.
Entendendo essas circunstâncias, Cagliari (1998, p. 312) assevera que ler
é decifrar e buscar informações. Já se sabe que o segredo da alfabetização é a
leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, a decifrar a
escrita.
Nesta reflexão é valido pensar que os(as) alunos(as) necessitam
desenvolver duas habilidades primordiais: as mecânicas e as de caráter
comunicativo (Sánchez, 2010, p. 91), mas precisam achar sentido nesta prática.
Nesta perspectiva, para se aprender a ler e escrever é necessário
compreender esse processo e sua evolução de forma natural e gradativa, de
maneira que esta prática não se prenda apenas ao desenvolvimento de uma
habilidade motora e repetitiva. Que se pense como Vigotski (2007, p. 145) que
afirma que “o que se deve fazer é ensinar às crianças a linguagem escrita, e não
apenas a escrita das letras” e dessa forma, que este processo venha fazer sentido
ao aprendente, que vai compreendendo a beleza do ler e escrever, na
possibilidade de novas e encantadoras descobertas que remontam o mundo que
o cerca.
Nesta ótica, então deve haver uma reflexão concisa quanto ao ato de ler e
escrever, pois um conhecimento é decorrente do outro e não o inverso. Na prática
escolar, parte-se sempre do pressuposto de que o aluno já sabe decifrar a escrita,
por isso o termo “leitura” adquire outro sentido. “[...] Na alfabetização, a leitura
como decifração é o objeto maior a ser atingido” (Cagliari, 1998, p. 312).
Dentro do processo das práticas de alfabetização, que envolve a
ensinagem e o aprendizado da leitura e escrita, outra possibilidade, que sugere o
motivo de falha no processo pode ser levada em conta, que é a constatação de
transtornos de aprendizagem, que, na maioria das vezes, é a causa de certas
limitações percebidas nos estudantes, mas nem sempre levados em conta com a
seriedade que deveriam.
Muitos dos profissionais ainda não se encontram devidamente preparados,
para ter um olhar apurado quanto à temática, o que pode ser o agravante do
contexto aprendizado da leitura e escrita. Nesta perspectiva, cabe refletir que a
falta de informações sobre o tema pode impedir o reconhecimento e identificação
desses distúrbios nos alunos, resultando no diagnóstico tardio, trazendo
consequências negativas para o processo ensino aprendizagem (Custódio, 2013).
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Com isso, cabe aos profissionais estarem atentos aos possíveis fatores de
divergências ocorridas no processo para o quanto antes encaminhar para
avaliação e diagnósticos precisos, para poder intervir no processo com respaldo
necessário que garanta a evolução do aprendente.
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TEMA 3 – DISLEXIA
Dentro do grupo dos TFE, a dislexia possivelmente possa ser uma das
maiores ocasionadores de insucesso e/ou baixo rendimento escolar.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a Dislexia do
desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de
origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso
e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas
dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da
linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.
(Definição adotada pela International Dyslexia Association (IDA), em 2002, (ABD,
2016). Entende-se que essa pode ser considerada uma dificuldade na
aprendizagem da leitura pelo desajuste no reconhecimento dos fonemas e
símbolos gráficos resultando na complicação em compreender, decorrente disso,
os signos escritos e verbalizados.
Acredita-se que cerca de 10% a 15% da população não consiga ser
adequadamente alfabetizada por sofrer de dislexia (Sampaio; Freitas, 2014, p.
37), a causa do aparecimento de tantas dificuldades relacionadas ao atraso da
leitura e escrita. Essa atinge uma em cada cinco crianças, sendo mais frequente
nos meninos (Shaywtiz, Sampaio; Freitas, 2014, p. 37).
Do ponto de vista neuropsicológico a dislexia pode mostrar alterações nos
processamentos periféricos, que comprometem a análise visual – perceptiva e
central, que modifica o processamento linguístico (Olivier, 2011, p. 45), podendo
ser as Dislexias Centrais subdividas em:
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Via ou rota lexical: (leitura por localização) é a rota utilizada para a leitura de palavras familiares, que se
encontram pré-armazenadas na memória (no léxico ortográfico) decorrentes de repetidas experiências de
leitura. Logo que a pessoa reconhece a palavra, o sistema semântico é acessado permitindo compreender
seu significado e, depois disso, é possível produzir a pronúncia pelo sistema de produção fonológica de
palavra (Capovilla, 2007a, citado por Sampaio; Freitas, 2014, p. 39).
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para a leitura de palavras reais2 (Black; Behrmann, citado por Olivier, 2011,
p. 45).
Dislexia profunda: Muito parecida com a dislexia fonológica sendo que o
que a diferencia é que nessa especificidade ocorre a presença de
paralexias semânticas e maior facilidade em leitura de palavras concretas
e frequentes.
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Rota fonológica: (leitura por associação) é a rota utilizada para ler palavras pouco frequentes ou
desconhecidas e, para que estas palavras sejam lidas, é preciso segmentá-las em unidades menores,
grafemas e morfemas, associados aos respectivos sons. Depois disso, é feita a junção dos segmentos
fonológicos e se produz a pronúncia da palavra. Assim o acesso semântico é obtido (Capovilla, 2007a, citado
por Sampaio; Freitas, 2014, p.39).
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caso o tratamento é o mais fácil, pois pode ser revertido com descanso e
repouso.
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O desenvolvimento é o aprimoramento de alguns componentes, sendo
físico, mental, emocional, social, motor, ou seja, aprimorando o que era
simples para um estágio mais evoluído;
A maturação se refere às transformações que capacitam o organismo
alçar novos níveis de funcionamento. Com a maturação, cada dia que
passa, estamos mais preparados para executar novas tarefas (Portal
Educação. Disponível em: <www.portaleducacao.com.br>. Acesso em: 17
set. 2019).
A maturação ainda abrange os níveis físicos, psíquicos e sociais do sujeito
desde a infância até a fase final da vida adulta sendo que na adolescência estas
são mais destacadas, e ainda distintas em desenvolvimento entre os gêneros.
Este é o fator que distingue a idade biológica e cronológica dos indivíduos.
Ainda sobre a maturação, Coll, Marchesi, Palácios et. al. (2004) afirmam
que:
TEMA 5 – MÉTODOS
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Propondo uma reflexão, Sanchez (2010) afirma que:
Para tanto, é necessário perceber que as crianças estão expostas aos mais
variados tipos de leitura e escrita em seu cotidiano e neste caso, seguir para a
experimentação dos rabiscos, a formalização dos códigos é um processo que
deve ser trilhado com segurança, uma vez que a criança já possui a ideia da
escrita.
Quanto à leitura formalizada, sabe-se que essa é um processo de
decifração de códigos, a qual passa por um processo de decodificação, onde
ocorre o desenvolvimento do conhecimento (Andrade; Franco, 2006, p. 68). Desta
forma, é preciso que se entenda a complexidade desse processo multifacetado e
com diferentes encaminhamentos metodológicos, buscando novos pressupostos
educacionais que atendam a demanda dos alunos dos dias atuais.
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5.1 A leitura e escrita e as dificuldades de aprendizagem
O jornal a Folha de Londrina fez uma publicação, não muito recente, mas
interessante sobre estratégias de trabalho alternativas para alunos com
dificuldades de aprendizagem, o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI).
Este programa objetiva ensinar o aluno(a) a “pensar e aprender” de forma que se
organize em suas atividades, com base na Teoria da Modificabilidade Estrutural
Cognitiva, criada pelo psicólogo Reuven Feuerstein.
Taciana Saldanha que coordena o programa diz que o projeto funciona com
base em aulas extracurriculares, nas quais os estudantes são incentivados a
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procurar descobrir uma maneira própria de resolver os problemas, em grupo de
12 pessoas, por meio da forma colaborativa, debatem possíveis soluções de um
mesmo problema e cada um faz do jeito que mais se identificar, promovendo ao
término uma discussão avaliativa de tudo o que foi feito, em uma visão
integradora.
Segundo a coordenadora os questionamentos levantados no programa se
direcionam aos “métodos” de solução e estão relacionados ao sistema de
aprendizagem vivenciado na escola, procurando incentivar o(a) aluno(a) a gostar
de estudar (Baroni, 1996).
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, B. Neurodiversidade: um conceito que integra. Jornal UFG, 2018.
Disponível em: <http://jornal.ufg.br/n/92492-neurodiversidade-um-conceito-que-
integra>. Acesso em: 9 set. 2019.
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