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Simulado de Linguagens

IT0124 - (Enem)
Sinhá

Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco


Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
[…]
Por que talhar meu corpo Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no
Eu não olhei Sinhá Universo...
Para que que vosmincê Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer
Meus olhos vai furar Porque sou do tamanho do que vejo
Eu choro em iorubá E não do tamanho da minha altura...
Mas oro por Jesus (Alberto Caeiro)
Para que que vassuncê
Me tira a luz. A tira "Hagar" e o poema de Alberto Caeiro (um dos
CHICO BUAROUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro: heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com
Biscoito Fino, 2011 (fragmento). linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a
compreensão que temos do mundo é condicionada,
No fragmento da letra da canção, o vocabulário essencialmente,
empregado e a situação retratada são relevantes para o
a) pelo alcance de cada cultura.
patrimônio linguístico e identitário do país, na medida
em que b) pela capacidade visual do observador.
c) pelo senso de humor de cada um.
a) remetem à violência física e simbólica contra os povos
d) pela idade do observador.
escravizados.
e) pela altura do ponto de observação.
b) valorizam as influências da cultura africana sobre a
música nacional.
c) relativizam o sincretismo constitutivo das práticas
religiosas brasileiras.
L0168 - (Ibmecrj)
A Semana de Arte Moderna foi um movimento definidor
d) narram os infortúnios da relação amorosa entre da concepção contemporânea de “cultura brasileira”,
membros de classes sociais diferentes. quando foram propostas pela primeira vez muitas das
e) problematizam as diferentes visões de mundo na ideias ainda correntes sobre a relação do país com a
sociedade durante o período colonial. tradição nacional e as influências estrangeiras. Neste ano
de 2012, esse movimento completa 90 anos. Da Semana

L0245 -
participaram jovens artistas como os escritores Oswald
(Enem)

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de Andrade, Anita Malfati, Mario de Andrade e Manuel Slam do Corpo é um encontro pensado para surdos e
Bandeira, esses dois últimos autores dos poemas abaixo. ouvintes, existente desde 2014, em São Paulo. Uma
iniciativa pioneira do grupo Corposinalizante, criado em
Texto I 2008. (Antes de seguirmos, vale a explicação: o termo
slam vem do inglês e significa – numa nova acepção para
VOU ME EMBORA o verbo geralmente utilizado para dizer “bater com força”
Mario de Andrade – a “poesia falada nos ritmos das palavras e da cidade”).
(Fragmento) Nos saraus, o primeiro objetivo foi o de botar os poemas
em Libras na roda, colocar os surdos para circular e
Vou-me embora, vou-me embora entender esse encontro entre a poesia e a língua de
Vou-me embora pra Belém sinais, compreender o encontro dessas duas línguas.
Vou colher cravos e rosas Poemas de autoria própria, três minutos, um microfone.
Volto a semana que vem Sem figurino, nem adereços, nem acompanhamento
(...) musical. O que vale é modular a voz e o corpo, um
Vou-me embora paz na terra trabalho artesanal de tornar a palavra “visível”, numa
Paz na terra repartida arena cujo objetivo maior é o de emocionar a plateia,
Uns têm terra, muita terra tirar o público da passividade, seja pelo humor, horror,
Outros nem pra uma dormida caos, doçura e outras tantas sensações.
Não tenho onde cair morto NOVELLI, O. Poesia incorporada. Revista Continente, n.
Fiz gorar a inteligência 189. set. 2016 (adaptado).
Vou reentrar no meu povo Na prática artística mencionada no texto, o corpo assume
Reprincipiar minha ciência papel de destaque ao articular diferentes linguagens com
(...) o intuito de

Texto II a) imprimir ritmo e visibilidade à expressão poética.


b) redefinir o espaço de circulação da poesia urbana.
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA c) estimular produções autorais de usuários de Libras.
Manuel Bandeira d) traduzir expressões verbais para a língua de sinais.
(Fragmento) e) proporcionar performances estéticas de pessoas
surdas.
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
IT0123 -(Enem)
O pavão vermelho
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
Aqui não sou feliz
está morando em meu quintal agora.
(...)
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Expressões e palavras assumem diferentes significados
dependendo do contexto em que estão sendo utilizadas.
Clarim de lacre, este pavão vermelho
A expressão “Vou-me embora” assume, nos textos I e
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
II,os seguintes sentidos de busca, respectivamente:
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a) da independência financeira e da liberdade a uma chama do lábaro da aurora.
condicional
b) da expressão nacionalista e do paraíso perdido É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
c) do conhecimento da pátria e da independência
neste pavão pomposo e de chavelho.
financeira
d) do conhecimento do povo e da liberdade de expressão
Pavões lilases possuí outrora.
linguística
Depois que amei este pavão vermelho,
e) da felicidade e do conhecimento da cultura popular os meus outros pavões foram-se embora.
COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador:

IT0037 -
Conselho Estadual de Cultura. 2001.
(Enem)

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Na construção do soneto, as cores representam um
recurso poético que configura uma imagem com a qual o
eu lírico

a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.


b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza.
c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.
d) metaforiza a conquista de sua plena realização.
e) expressa uma visão de mundo mística e
espiritualizada.

IT0076 - (Enem)

De acordo com os conceitos e regras propostos pelo


menino, é correto afirmar que:

a) formas nominais passam a ser usadas como formas


verbais e vice-versa; daí a sua esquisitice.
b) "esquisita" e "foi verbado" mostram que as formas
verbais criadas obedecem ao paradigma da primeira
conjugação, a dos verbos terminados em "-ar".
c) do nome "substantivo" pode ser formado o verbo
"substantivar" e do nome "adjetivo", o verbo
"adjetivizar".
d) o processo de formação de palavras citado é o de
derivação parassintética, que corresponde ao
acréscimo simultâneo de prefixos e sufixos aos nomes.
e) "Verbar esquisita o idioma" é uma frase com
predicado nominal, cujo núcleo é um adjetivo.
Os textos publicitários são produzidos para cumprir

IT0001 -
determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse
cartaz estão voltados para a conscientização dos (Enem)
brasileiros sobre a necessidade de A volta do marido pródigo
a) as crianças frequentarem a escola regularmente.
– Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
b) a formação leitora começar na infância.
– Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...]
c) a alfabetização acontecer na idade certa. Lá além, Generoso cotuca Tercino:
d) a literatura ter o seu mercado consumidor – [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega,
ampliado. ainda é todo enfeitado e salamistrão!...
e) as escolas desenvolverem campanhas a favor da – Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com
leitura. uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem...
– Hum...

GR0031 -
– Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e
(Mackenzie) ainda faço este povo trabalhar...
[...]

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Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com
pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé. esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele
Pragueja: costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:
– Quem não tem brio engorda! — Se não deu certo, é porque ainda não chegou
– É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... – opina Sidu. no fim.
– Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo... Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a
– diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. – “P’ra quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a
uns, as vacas morrem ... p’ra outros até boi pega a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair
parir...”. da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou
Seu Marra já concordou: depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de
– Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias
aponto o dia todo. Que é a última vez!... E agora, deixa de do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela
conversa fiada e vai pegando a ferramenta! ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los.
Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na
Esse texto tem importância singular como patrimônio bengala e saía para uma volta, um encontro eventual
linguístico para a preservação da cultura nacional devido com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora
depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre
a) à menção a enfermidades que indicam falta de
de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados,
cuidado pessoal. podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho
b) à referência a profissões já extintas que caracterizam a nunca deixava de trazer.
vida no campo. Costumava se distrair realizando pequenos consertos
c) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de domésticos: uma boia de descarga, a bucha de uma
sua personalidade. torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da
d) ao emprego de ditados populares que resgatam necessária habilidade e de uma preciosa caixa de
memórias e saberes coletivos. ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi
e) às descrições de costumes regionais que desmistificam com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa,
crenças e superstições. ter à mão pelo menos um alicate e
uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às
voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai,
GR0053 - (Efomm)
hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava
atrasando. Depois de remexer durante vários dias em
Como Dizia Meu Pai
suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao
Já se tomou hábito meu, em meio a uma conversa,
remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que
preceder algum comentário por uma introdução:
alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar
— Como dizia meu pai...
sem atrasos, e as batidas a soar em horas
Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia,
desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.
sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a
Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio,
alguma opinião.
que tanto podia ser indício de paz de espírito como do
De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a
esforço para controlar a perturbação diante de algum
opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato
aborrecimento.
corresponder a alguma coisa que Seu Domingos
— As coisas são como são e não como deviam ser.
costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira —
Ou como gostaríamos que fossem.
que insensivelmente vou me tomando com o correr dos
Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando
anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos,
diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir.
me identificando com a herança espiritual que dele
Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de
recebi.
nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de
Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando
Deus – embora jamais fosse assim eloquente em suas
descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias,
conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas
repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um
de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:
gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou
— O que não tem solução, solucionado está.
concebendo, para nortear meu pensamento, um
E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao
princípio que, se não foi enunciado por ele, só pode ter
cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho
sido inspirado por sua presença dentro de mim.
Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda
— No fim tudo dá certo...
mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava

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dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer a) “Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá
nada para isso, espere, que mudará por si. de palhinha da varanda, como namorados, trocando
[...] notícias do dia.” (9°§)
Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo, b) “Depois de remexer durante vários dias em suas
às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao
teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que
caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não alegou não fazerem falta.” (10°§)
sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e
c) “Costumava se distrair realizando pequenos
que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a
consertos domésticos: uma boia de descarga, a bucha
aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra,
de uma torneira, um fusível queimado.” (10°§)
enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme
que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos d) ''Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a
perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a
elas podem dar. De repente fui fulminado por uma escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao
verdade tão absoluta que tive de parar, completamente cair da tarde [...].” (9°§)
zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No e) “Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos
entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca
como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de deixava de trazer.” (9°§)
gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado:

IT0019 -
— Só há um meio de resolver qualquer problema
nosso: é resolver primeiro o do outro. (Enem)
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do O humor e a língua
seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de
uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase
representante de umas firmas inglesas, era procurador em sua constituição linguística. Por isso, embora a
de partes — solene designação para uma atividade que afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio
hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A que posso garantir que se trata de uma verdade quase
princípio os amigos, conhecidos, e depois até banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos
desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um melhores retratos dos valores e problemas de uma
conselho ou receber dele uma orientação. sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados
Era de se ver a romaria no seu escritório todas as impressionantes para quem quer saber o que é e como
manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os
abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas com os quais uma sociedade se debate, uma
problemas do filho — era gente assim que vinha buscar coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade,
com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola,
aflição. O próprio Governador, que não o conhecia casamento, política), morte, tudo isso está sempre
pessoalmente, certa vez o consultou através de um presente nas piadas que circulam anonimamente e que
secretário, sobre questão administrativa que o são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o
atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida
de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou atenção a esse material, que poderia substituir com
avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta vantagem muitas entrevistas e pesquisas participantes.
me faz. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma coleção de
de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está piadas do que qualquer outro corpus.
aqui a meu lado, com o seu sorriso bom. POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
SABINO, Fernando. A volta por cima. In: Obra Reunida v.
III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto A piada é um gênero textual que figura entre os mais
adaptado) recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição
oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
Com base no texto, responda à questão que se segue.
Assinale a opção em que a flexão de grau do substantivo
destacado é utilizada exclusivamente para pôr em
primeiro plano uma linguagem que demonstra valor
afetivo.

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a) sua função humorística. Havia a promessa do mar
b) sua ocorrência universal. e bondes tilintavam,
abafando o calor
c) sua diversidade temática.
que soprava no vento
d) seu papel como veículo de preconceitos. e o vento vinha de Minas.
e) seu potencial como objeto de investigação.
Meus paralíticos sonhos desgosto de viver

IT0077 -
(a vida para mim é vontade de morrer)
(Enem) faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi na Galeria Cruzeiro quente quente
dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento
privado, o espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um mineiro,
novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações, nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com
autocríticas, correções entram no próprio texto. isso.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001
(adaptado). Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
a) confissão, que relata experiências de transformação. que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um choraram.
tema.
c) carta, que comunica informações para um O mar batia em meu peito, já não sabia no cais.
conhecido. A rua acabou, quede árvores? a cidade sou eu
d) meditação, que propõe preparações para o a cidade sou eu
conhecimento. sou eu a cidade
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes meu amor.
interlocutores.

Em relação aos dois poemas, é correto afirmar que:


L0177 -(Upf) a) “Poema que aconteceu” expressa a dedicação do
Leia “Poema que aconteceu” e “Coração numeroso”, poeta à criação poética.
poemas que integram a obra Alguma poesia, de Carlos b) No poema “Coração numeroso”, o eu lírico se
Drummond de Andrade. apresenta amargurado e melancólico.
c) O vocabulário de “Poema que aconteceu” é típico da
Poema que aconteceu
retórica romântica.
d) A linguagem formal e o discurso indireto estão
Nenhum desejo neste domingo
presentes em “Coração numeroso”.
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente e) Ao adotar o ideal da impessoalidade, os poemas
os homens ficaram calados transparecem tendências do Parnasianismo.
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema IT0025 - (Enem)


não sabe que está escrevendo TEXTO l
mas é possível que se soubesse
nem ligasse. Ditado popular é uma frase sentenciosa, concisa, de
verdade comprovada, baseada na secular experiência do
povo, exposta de forma poética, contendo uma norma de
Coração numeroso conduta ou qualquer outro ensinamento.
WEITZEL, A. H. Folclore literário e linguístico. Juiz de Fora:
Foi no Rio. Esdeva, 1984 (fragmento).
Eu passava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas TEXTO II
inumeráveis.

@professorferretto @prof_ferretto 6
Rindo brincalhona, dando-lhe tapinhas nas costas, prima
Constança disse isto, dorme no assunto, ouça o A aproximação entre a letra da canção e a crítica de
travesseiro, não tem melhor conselheiro. Adorno indica o(a)

a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural.


Enquanto prima Biela dormia no assunto, toda a casa se
alvoroçava. b) baixa renovação da indústria de entretenimento.
c) influência da música americana na cultura brasileira.
[Prima Constança] ia rezar, pedir a Deus para iluminar d) fusão entre elementos da indústria cultural e da
prima Biela. Mas ia também tomar suas providências. cultura popular.
Casamento e mortalha, no céu se talha. Deus escreve e) declínio da forma musical em prol de outros meios de
direito por linhas tortas. O que for soará. Dizia os ditados entretenimento.
todos, procurando interpretar os desígnios de Deus,
transformar os seus desejos nos desígnios de Deus. Se
achava um instrumento de Deus.
DOURADO, A. Uma vida em segredo. Rio de Janeiro:
L0062 - (Ifsp)
Leia um trecho do poema Ilha da Maré, do escritor
Francisco Alves, 1990 (fragmento).
brasileiro Manuel Botelho de Oliveira.
E, tratando das próprias, os coqueiros,
O uso que prima Constança faz dos ditados populares, no
galhardos e frondosos
texto II, constitui uma maneira de utilizar o tipo de saber
criam cocos gostosos;
definido no texto l, porque
e andou tão liberal a natureza
a) cita-os pela força do hábito. que lhes deu por grandeza,
b) os aceita como verdade absoluta. não só para bebida, mas sustento,
o néctar doce, o cândido alimento.
c) aciona-os para justificar suas ações.
De várias cores são os cajus belos,
d) toma-os para solucionar um problema.
uns são vermelhos, outros amarelos,
e) considera-os como uma orientação divina. e como vários são nas várias cores,
também se mostram vários nos sabores;

IT0281 -
e criam a castanha,
(Enem) que é melhor que a de França, Itália, Espanha.
TEXTO I (COHN, Sergio. Poesia.br Rio de Janeiro: Azougue, 2012.)
A melhor banda de todos os tempos da última semana Podemos relacionar os versos desse poema ao
O melhor disco brasileiro de música americana Quinhentismo Nacional, pois
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
a) o eu lírico repudia a presença de colonizadores
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez
portugueses em nossa terra.
maiores fracassos
Não importa contradição b) a fauna e a flora tropicais são descritas de maneira
O que importa é televisão minuciosa e idealizada.
Dizem que não há nada que você não se acostume c) o poeta enriqueceu devido à exportação de produtos
Cala a boca e aumenta o volume então. brasileiros para a metrópole.
MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os d) a exuberância e a diversidade da natureza tropical são
tempos da última semana. exaltadas pelo poeta.
São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento). e) a natureza farta e bela é o cenário onde ocorrem os
encontros amorosos do eu lírico.
TEXTO II
O fetichismo na música e a regressão da audição
Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a
seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje
IT0167 - (Enem)
num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia
perguntar: para quem a música de entretenimento serve
ainda como entretenimento? Ao invés de entreter,
parece que tal música contribui ainda mais para o
emudecimento dos homens, para a morte da linguagem
como expressão, para a incapacidade de comunicação.
ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural,
1999.

@professorferretto @prof_ferretto 7
a) conclusão.
b) concessão.
c) explicação.
d) contradição.
e) condição.

IT0148 - (Enem)
Atualmente os jovens estão imersos numa sociedade
permeada pela tecnologia. Nesse contexto, os jogos
digitais são artefatos muito empregados. Videogames
ativos ou exergames foram introduzidos como forma de
permitir que o corpo controlasse tais jogos. Como
resultado, passaram a ser vistos como uma ferramenta
auxiliar na adoção de um estilo de vida menos
sedentário, com efeitos positivos sobre a saúde. Tem-se
defendido que os exergames podem contribuir para a
Opportunity é o nome de um veículo explorador que prática regular de atividade física moderada, bem como
aterrissou em Marte com a missão de enviar informações promover a interação entre jogadores, reduzindo o
à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à) sentimento de isolamento social. Por outro lado,
argumenta-se que os exergames não podem substituir a
a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros experiência real das práticas corporais, pois não motivam
planetas. a longo prazo a prática permanente de atividades físicas.
b) exploração indiscriminada de outros planetas. FINCO, M. D.; REATEGUI, E. B.; ZARO, M. A. Laboratório
c) circulação digital excessiva de autorretratos. de exergames: um espaço complementar para as aulas de
d) vulgarização das descobertas espaciais. educação física. Movimento, n. 3, 2015 (adaptado).
e) mecanização das atividades humanas.
Pela sua interatividade, os exergames apresentam-se
como possibilidade para estimular o(a)
GR0243 - (Fuvest) a) exercitação física, promovendo a saúde.
O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no b) vivência de exercícios físicos sistemáticos.
Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as fake
c) envolvimento com atividades físicas ao longo da vida.
news são 70% mais propensas a serem retweetadas do
d) jogo por meio de comandos fornecidos pelo
que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante
videogame.
do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário
do que muitos pensam, esses robôs não são os grandes e) disputa entre jogadores, contribuindo para o
responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo individualismo.
comparando com outros robozinhos: tanto os que
espalham informações mentirosas quanto aqueles que
divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo GR0238 - (Fmj)
número de pessoas. Leia o trecho do artigo “Flertando com o desconhecido”,
(Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham de Marcelo Gleiser.
6 vezes mais rápido que notícias verdadeiras”. Muita gente acha que a ciência é uma atividade
Maio/2019.) sem emoções, destituída de drama, fria e racional. Na
verdade, é justamente o oposto. A premissa da ciência é
No período “Nem mesmo comparando com outros a nossa ignorância, nossa vulnerabilidade em relação ao
robozinhos: tanto os que espalham informações desconhecido, ao que não sabemos. Muitas vezes,
mentirosas quanto aqueles que divulgam dados quando experimentos revelam novos aspectos da
verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, Natureza que sequer haviam sido conjecturados, a
os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma sensação de tatearmos no escuro pode levar ao
desespero. E agora? Se nossas teorias não podem
explicar o que estamos observando, como ir adiante?
Nenhum exemplo na história da ciência ilustra melhor
esse drama do que o nascimento da física quântica, que

@professorferretto @prof_ferretto 8
descreve o comportamento dos átomos e das partículas alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma
subatômicas, e que está por trás de toda a revolução música que espelha a vida do homem no campo, e a
digital que rege a sociedade moderna. música não mente. O que mudou não foi a música, mas a
Ao final do século XIX, a física estava com muito vida no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz
prestígio. A mecânica de Newton, a teoria exalava uma solidão, um certo distanciamento do país
eletromagnética de Faraday e Maxwell, a compreensão “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje,
dos fenômenos térmicos, tudo levava a crer que a ciência num interior conectado, globalizado e rico como o que
estava perto de chegar ao seu objetivo final, a temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música
compreensão de toda a Natureza. Para a surpresa de reflete seu próprio tempo.
muitos, experimentos revelaram fenômenos que não BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os
podiam ser explicados pelas teorias da chamada era caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).
clássica. Não se sabia, por exemplo, se átomos eram ou
não entidades reais, já que a física clássica previa que A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte
seriam instáveis. Gradualmente, ficou claro que uma aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro:
nova física era necessária para lidar com o mundo do
a) Crescimento do sistema de produção extensiva.
muito pequeno. Mas que física seria essa? Ninguém
queria mudanças muito radicais. Ou quase ninguém. b) Expansão de atividades das novas ruralidades.
A primeira ideia da nova era veio de Max Planck. c) Persistência de relações de trabalho compulsório.
Eis como Planck relatou em 1900 seu estado emocional d) Contenção da política de subsídios agrícolas.
ao propor a ideia do quantum (o menor valor que certas e) Fortalecimento do modelo de organização
grandezas físicas podem apresentar): “Resumidamente, cooperativa.
posso descrever minha atitude como um ato de
desespero, já que por natureza sou uma pessoa pacífica e
contrária a aventuras irresponsáveis.” O uso da palavra
“desespero” é revelador. Planck viu-se forçado a propor
IT0010 - (Enem)
Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais
algo novo, que ia contra tudo o que havia aprendido até
longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira
então e que acreditava ser correto sobre a Natureza.
vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus
Abandonar o velho e propor o novo requer muita
dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de
coragem intelectual. E muita humildade, algo que faltava
Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro
aos que achavam que a física estava quase completa.
dos persas”, suscitou na minha imaginação uma
Planck sabia que a física tem como missão explicar o
paisagem fabulosa, um país de delícias, como o
mundo natural, mesmo que a explicação contrarie nossas
de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte
ideias preconcebidas. Nunca devemos arrogar que nossas
anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua
ideias tenham precedência sobre o que a Natureza nos
do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais
diz.
aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em
(O caldeirão azul, 2019. Adaptado.)
minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito
do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me
“Planck sabia que a física tem como missão explicar o
embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira
mundo natural, mesmo que a explicação contrarie nossas
célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei.
ideias preconcebidas.” (3º parágrafo)
Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de
Em relação ao trecho que o antecede, o trecho
desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de
sublinhado expressa ideia de
evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem
a) consequência. esforço como se já estivesse pronto dentro de mim.
b) condição. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a
minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai
c) conclusão.
desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não
d) concessão.
de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’,
e) causa. uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de
Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

IT0280 -
BANDEIRA, M. Itinerário da Pasárgada. Rio de Janeiro:
(Enem) Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984
Participei de uma entrevista com o músico Renato
Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as Os processos de interação comunicativa preveem a
diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A presença ativa de múltiplos elementos da comunicação,
resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença entre os quais se destacam as funções da linguagem.

@professorferretto @prof_ferretto 9
Nesse fragmento, a função da linguagem predominante visa sensibilizar o leitor porque
é
a) adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida
a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de oferece.
angústia que o levaram à criação poética. b) exemplifica o fato criticado no texto com uma situação
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do concreta.
nome empregado em um famoso poema de c) contrapõe situações de aceleração e de serenidade na
Bandeira. vida das pessoas.
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários d) questiona o clichê sobre a rapidez e a aceleração da
sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus vida moderna.
poemas. e) apresenta soluções para a cultura da correria que as
d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos pessoas vivenciam hoje.
de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

L0162 -
e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores
sobre sua dificuldade de compor um poema. (Enem)

IT0078 - (Enem)
Devagar, devagarinho

Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afobados e


voltados para o próprio umbigo, operamos,
automatizados, falas robóticas e silêncios glaciais. Ilustra
bem esse estado de espírito a música Sinal fechado
(1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois
sujeitos que se encontram inesperadamente em um sinal
de trânsito. A conversa entre ambos, porém, se deu
rápida e rasteira. Logo, os personagens se despedem,
com a promessa de se verem em outra oportunidade. Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores, cujas telas
Percebe-se um registro de comunicação vazia e foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Tal
superficial, cuja tônica foi o contato ligeiro e superficial como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos,
construído pelos interlocutores: “Olá, como vai? / Eu vou porém com um estilo peculiar. Considerando-se as obras
indo, e você, tudo bem? / Tudo bem, eu vou indo apresentadas, o artista brasileiro
correndo, / pegar meu lugar no futuro. E você? / Tudo
a) estava preocupado em retratar detalhes da cena.
bem, eu vou indo em busca de um sono / tranquilo,
b) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
quem sabe? / Quanto tempo... / Pois é, quanto tempo... /
Me perdoe a pressa / é a alma dos nossos negócios... / c) optou por fazer uma escultura minimalista,
Oh! Não tem de quê. / Eu também só ando a cem”. diferentemente de Michelangelo.
O culto à velocidade, no contexto apresentado, se coloca d) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos
como fruto de um imediatismo processual que celebra o traços europeus, típicos de Michelangelo.
alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios e) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo,
necessários para atingir determinado propósito. Tal uma vez que retratou a mesma cena bíblica.
conjuntura favorece a lei do menor esforço – a

IT0033 -
comodidade – e prejudica a lei do maior esforço – a
dignidade. (Enem)
Como modelo alternativo à cultura fast, temos o TEXTO I
movimento slow life, cujo propósito, resumidamente, é
conscientizar as pessoas de que a pressa é inimiga da Antigamente
perfeição e do prazer, buscando assim reeducar seus
sentidos para desfrutar melhor os sabores da vida. Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos
SILVA, M. F. L. Boletim UFMG, n. 1749, set. 2011 pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair
(adaptado). nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não
devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir
Nesse artigo de opinião, a apresentação da letra da nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem
canção Sinal fechado é uma estratégia argumentativa que de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda

@professorferretto @prof_ferretto 10
cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-
penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais
mestre, mesmo que não entendesse patavina da outrora produtivos não mais o são no português
instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava brasileiro atual. Esse fenômeno revela que
botina de botões para comparecer todo liró ao copo
a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos
d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse,
para se referir a fatos e coisas do cotidiano.
para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício,
jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita b) o português brasileiro se constitui evitando a
cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de ampliação do léxico proveniente do português
molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e europeu.
engambelar os coiós, e antes que se pudesse tudo em c) a heterogeneidade do português leva a uma
pratos limpos, ele abria o arco. estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de janeiro: nova d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para
Aguilar, 1983 (fragmento). ser reconhecido como língua independente.
e) o léxico do português representa uma realidade
TEXTO II linguística variável e diversificada.

IT0014 -(Enem)
Senhor Juiz

O instrumento do “crime” que se arrola


Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.

Será crime, afinal, será pecado,


Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?

Mande, pois, libertá-lo da agonia


(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.

É o apelo que aqui lhe dirigimos,


Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento
Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set.
2020 (adaptado).

Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor da


linguagem jurídica,

@professorferretto @prof_ferretto 11
a) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de Flor é a palavra
sentidos denotativos. flor; verso inscrito
b) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera no verso, como as
do direito. manhãs no tempo.
c) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a
Flor é o salto
gravidade do delito.
da ave para o voo:
d) exemplifica como o texto em forma de cordel o salto fora do sono
compromete a solicitação pretendida. quando seu tecido
e) esclarece que os termos “crime” e “processo de se rompe; é uma explosão
contravenção” são sinônimos. posta a funcionar,
como uma máquina,

IT0122 -
uma jarra de flores.
(Enem) MELO NETO, J. C. Psicologia da composição.
Se for possível, manda-me dizer: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
– É lua cheia. A casa está vazia –
Manda-me dizer, e o paraíso A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da
Há de ficar mais perto, e mais recente linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse
Me há de parecer teu rosto incerto. fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da
Manda-me buscar se tens o dia geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação
Tão longo como a noite. Se é verdade poética de
Que sem mim só vês monotonia.
a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela
E se te lembras do brilho das marés
pode ser comparada, a fim de assumir novos
De alguns peixes rosados
significados.
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer: b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às
– É lua nova – vanguardas do início do século XX.
E revestida de luz te volto a ver. c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São imagem historicamente ligada à palavra poética.
Paulo: Cia. das Letras, 2018 d) uma máquina, levando em consideração a relevância
do discurso técnico-científico pós-Revolução
Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um Industrial.
desejo que remete ao e) um tecido, visto que sua composição depende de
elementos intrínsecos ao eu lírico.
a) ceticismo quanto à possibilidade do reencontro.
b) tédio provocado pela distância física do ser amado.
c) sonho de autorrealização desenhado pela memória.
d) julgamento implícito das atitudes de quem se afasta.
IT0157 - (Enem)

e) questionamento sobre o significado do amor


ausente.

L0211 - (Enem)
Antiode

Poesia, não será esse


o sentido em que
ainda te escrevo:

flor! (Te escrevo:


flor! Não uma A internet proporcionou o surgimento de novos
flor, nem aquela paradigmas sociais e impulsionou a modificação de
flor-virtude – em outros já estabelecidos nas esferas da comunicação e da
disfarçados urinóis). informação. A principal consequência criticada na tirinha
sobre esse processo é a

@professorferretto @prof_ferretto 12
a) criação de memes. notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma
b) ampliação da blogosfera. estação espacial.
[...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a
c) supremacia das ideias cibernéticas.
comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do
d) comercialização de pontos de vista. top em matéria de computador portátil.
e) banalização do comércio eletrônico. No sábado, recebi um embrulho complicado que
necessitava de um manual de instruções para ser aberto.

IT0061 -
[...] De repente, como vem acontecendo nos últimos
(Enem) tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim
o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o
jardim de infância.
Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma
tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro,
arrumados em divisões, havia lápis coloridos, um
apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e
uma borracha para apagar meus erros.
[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que
nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]
O notebook que agora abro é negro e, em matéria de
cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular,
a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde
outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho
que piorei de estojo e de vida.
CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo:
Objetiva, 2009 (adaptado).

No texto, há marcas da função da linguagem que nele


predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar
em foco o(a)

a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto estético


do mundo das artes.
b) código, transformando a linguagem utilizada no texto
na própria temática abordada.
c) contexto, fazendo das informações presentes no texto
A associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa seu aspecto essencial.
e do cão configura recurso expressivo que busca d) enunciador, buscando expressar sua atitude em
relação ao conteúdo do enunciado.
a) estimular denúncias de maus-tratos contra animais.
e) interlocutor, considerando-o responsável pelo
b) desvincular o conceito de descarte da ideia de
direcionamento dado à narrativa pelo enunciador.
negligência.
c) incentivar campanhas de adoção de animais em
situação de rua.
d) sensibilizar o público em relação ao abandono de
L0140 - (Enem)
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário
animais domésticos. público, certo de que a língua portuguesa é emprestada
e) alertar a população sobre as sanções legais acerca de ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o
uma prática criminosa. escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se
veem na humilhante contingência de sofrer

IT0004 -
continuamente censuras ásperas dos proprietários da
(Enem) língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os
Estojo escolar autores e os escritores, com especialidade os gramáticos,
não se entendem no tocante à correção gramatical,
Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os
canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do
eletrônicas, bastava telefonar e eu receberia um direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o

@professorferretto @prof_ferretto 13
Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua a) convivência frágil ligando pessoas financeiramente
oficial e nacional do povo brasileiro. dependentes.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível b) tensa hierarquia familiar equilibrada graças à presença
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. da matriarca.
2012
c) pacto de atitudes e valores mantidos à custa de
ocultações e hipocrisias.
Nessa petição da pitoresca personagem do romance de
Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela d) tradicional conflito de gerações protagonizado pela
narradora e seus tios.
a) situação social de enunciação representada. e) velada discriminação racial refletida na procura de
b) divergência teórica entre gramáticos e literatos. casamentos com europeus.
c) pouca representatividade das línguas indígenas.
d) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
e) tentativa de solicitação do documento demandado. L0221 -(Enem)
Reclame

L0229 - (Enem)
Se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As
... ou transforme o mundo
mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram
maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah,
ótica olho vivo
difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família,
agradece a preferência
dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa
CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006.
família, frisava, lançado em redor olhares complacentes,
lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que
Chacal é um dos representantes da geração poética de
sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
1970. A produção literária dessa geração, considerada
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas
marginal e engajada, de que é representativo o poema
Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou
apresentado, valoriza
com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não
passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. a) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso.
Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia b) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem
falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o publicitária.
convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o
c) a construção do poema, em detrimento do
convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem
conteúdo.
mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou
Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com d) a experimentação formal dos neossimbolistas.
violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, e) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica.
mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

L0208 -
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de
Janeiro: Rocco, 1999. (Fuvest)
Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho,
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno”
Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. – cara de bobo de fazenda, do segundo tipo –; porque
No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote
um(a) baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola,
meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de
fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para
mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso
manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de
caburé*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue
aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que
boi lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares
pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia;
olhinhos de viés e nariz peba, mongol.
Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.

@professorferretto @prof_ferretto 14
*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço IT0006 - (Enem)
Os linguistas têm notado a expansão do tratamento
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor,
fragmento, permite afirmar que mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o
professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se
a) há clara antipatia do narrador para com a personagem,
incomodar com a informalidade, inconcebível em seus
que por isso é caracterizada como “bobo de
tempos de estudante. O você, porém, não reinará
fazenda”.
sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a
o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o
refletir a mescla de culturas própria ao estilo do
tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo
livro.
Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos
c) a expressão “caburé insalubre” denota o determinismo formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line
biológico que norteia o livro. de uma instituição universitária, quase todas de poetas,
d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim políticos e outras personalidades do final do século XIX e
da narrativa Manuel Fulô sofre derrota na luta física. início do XX.
e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés” Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso
para caracterizar a personagem como ingênua. em: 21 abr. 2015 (adaptado).

No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram


IT0192 - (Enem) ao longo do tempo e que atualmente têm empregos
diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que
Quatro olhos, quatro mãos e duas cabeças formam a
dupla de grafiteiros “Osgemeos”. Eles cresceram a) a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à
pintando muros do bairro Cambuci, em São Paulo, e idade da pessoa que usa o pronome.
agora têm suas obras expostas na conceituada Deitch
b) a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você”
Gallery, em Nova Iorque, prova de que o grafite feito no
caracteriza a diversidade da língua.
Brasil é apreciado por outras culturas. Muitos lugares
c) o pronome “tu” tem sido empregado em situações
abandonados e sem manutenção pelas prefeituras das
informais por todo o país.
cidades tornam-se mais agradáveis e humanos com os
grafites pintados nos muros. Atualmente, instituições d) a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia
públicas educativas recorrem ao grafite como forma de a inexistência da distinção entre níveis de
expressão artística, o que propicia a inclusão social de formalidade.
adolescentes carentes, demonstrando que o grafite é e) o emprego de “você” em documentos escritos
considerado uma categoria de arte aceita e reconhecida demonstra que a língua tende a se manter
pelo campo da cultura e pela sociedade local e inalterada.
internacional.

IT0040 -
Disponível em: http://www.flickr.com. Acesso em: 10 set.
2008 (adaptado). (Enem)
Esporte e cultura: análise acerca da esportivização de
No processo social de reconhecimento de valores práticas corporais nos jogos indígenas
culturais, considera-se que Nos Jogos dos Povos Indígenas, observa-se que as
práticas corporais realizadas envolvem elementos
a) grafite é o mesmo que pichação e suja a cidade, sendo
tradicionais (como as pinturas e adornos corporais) e
diferente da obra dos artistas.
modernos (como a regulamentação, a fiscalização e a
b) a população das grandes metrópoles depara-se com
padronização). O arco e flecha e a lança, por exemplo,
muitos problemas sociais, como os grafites e as
são instrumentos tradicionalmente utilizados para a caça
pichações. e a defesa da comunidade na aldeia. Na ocasião do
c) atualmente, a arte não pode ser usada para inclusão evento, esses artefatos foram produzidos pela própria
social, ao contrário do grafite. etnia, porém sua estruturação como “modalidade
d) os grafiteiros podem conseguir projeção internacional, esportiva” promoveu uma semelhança entre as técnicas
demonstrando que a arte do grafite não tem fronteiras apresentadas, com o sentido único da competição.
culturais. ALMEIDA, A. J. M.; SUASSUNA, D. M. F. A. Pensar a
e) lugares abandonados e sem manutenção tornam-se prática, n. 1, jan.-abr. 2010 (adaptado).
ainda mais desagradáveis com a aplicação do grafite.

@professorferretto @prof_ferretto 15
A relação entre os elementos tradicionais e modernos
nos Jogos dos Povos Indígenas desencadeou a

a) padronização de pinturas e adornos corporais.


b) sobreposição de elementos tradicionais sobre os
modernos.
c) individuação das técnicas apresentadas em diferentes
modalidades.
d) legitimação das práticas corporais indígenas como
modalidade esportiva.
e) preservação dos significados próprios das práticas
corporais em cada cultura.

GR0044 - (Unifor)
A morte do jangadeiro A realidade virtual é uma tecnologia de informação que,
Ao sopro do terral abrindo a vela conforme sugere a imagem, tem como uma de suas
Na esteira azul das águas arrastada, principais funções
Segue veloz a intrépida jangada,
Entre os uivos do mar que se encapela. a) promover a manipulação eficiente de conhecimentos e
informações de difícil compreensão no mundo físico.
Prudente, o jangadeiro se acautela b) conduzir escolhas profissionais da área de ciência da
Contra os mil acidentes da jornada; computação, oferecendo um leque de opções de
Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada atuação.
O vento, a chuva, os raios, a procela. c) transferir conhecimento da inteligência artificial para
as áreas tradicionais, como as das ciências exatas e
Súbito, um raio o prostra e, furioso, naturais.
Da jangada o despeja na água escura d) levar o ser humano a experimentar mentalmente
E, em brancos véus de espuma, desdiloso outras realidades, para as quais é transportado sem
sair de seu próprio lugar.
Envolve e traga a onda intumescida,
e) delimitar tecnologias exclusivas de jogos virtuais, a fim
Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura
de oferecer maior emoção ao jogador por meio de
O mesmo mar que o pão lhe dera em vida.
outras realidades.
Pe. Antônio Tomás

Assinale, de acordo com o soneto do Pe. Antônio Tomás,


a alternativa em que o vocábulo onomatopaico traduz, IT0026 -
(Enem)
no texto, o perigo, a traição e a ferocidade do mar diante Em bom português
da frágil embarcação:
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas
a) Raios. secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada
b) Uivos. (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do
c) Véus. singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria
linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma
d) Acidentes.
parte do léxico cai em desuso.
e) Mortalha.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas,

IT0147 - (Enem)
chamou minha atenção para os que falam assim:
— Assisti a uma fita de cinema com um artista que
representa muito bem.

Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão


dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem.
E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de
roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol
em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de

@professorferretto @prof_ferretto 16
comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em
resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na detrimento das antigas.
calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua b) a utilização de inovações no léxico é percebida na
esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher. comparação de gerações.
SABINO, F. Folha de S.Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado).
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes
caracteriza diversidade geográfica.
A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes
classes socioculturais. O texto exemplifica essa d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos
característica da língua, evidenciando que identificadores da classe social a que pertence o
falante.
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes
faixas etárias é frequente em todas as regiões.

@professorferretto @prof_ferretto 17

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