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TCC ISAIAS. Final
TCC ISAIAS. Final
CURSO DE DIREITO
FORTALEZA – CE
2023.2
ISAÍAS ALVES DE LIMA JÚNIOR
FORTALEZA – CE
2023.2
34 Júnior, Isaias Alves de Lima
J95l A lei de drogas e sua proteção aos usuários e dependentes
de drogas disposto no capítulo II da lei n° 13.840/19. Isaias Alves
de Lima Júnior. 2023.
36f.
Popularly known as the "Drug Law," Law No. 13,840/19 is part of the National System of
Public Policies on Drugs. The system is responsible for producing public policies and
measures for the prevention and combat of drug use and addiction, so the aforementioned
law is much more than a mere criminal regulator, addressing the social, medical, and
behavioral nuances of drug users. Beyond criminal definitions, the law takes measures not
only related to prevention but also establishes measures for the rehabilitation of drug
addicts. It should be noted that Law No. 13,840/19 is an amendment to Law 11,343/06, so
it created new legal foundations aiming to address all the variations and issues arising from
drug use in Brazil. This study aims to establish a discussion about what the new legislation
covers regarding prevention, rehabilitation, and reintegration of users, as a more subjective
perspective beyond just the criminal aspects of the matter.
Keywords: Drug Law. Drug Dependents. Public Policies.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1. DA PREVENÇÃO ................................................................................................ 12
1.1. A prevenção de crianças e adolescentes ao acesso de drogas
.................................................................................................................................. 14
1.2. A adoção das medidas do plano nacional dentro do prazo de duração
.................................................................................................................................. 16
2. DA INTERNAÇÃO ............................................................................................... 19
2.1. O contexto histórico das internações e a classificação da dependência química
como doença............................................................................................................. 20
2.2 do devido tratamento humanizado da dependência química por meios
psicoterapêuticos ...................................................................................................... 22
3. DA REINSERÇÃO SOCIAL ................................................................................. 25
3.1. A ressocialização familiar ................................................................................... 25
3.2. A ressocialização profissional............................................................................. 28
3.3. A ressocialização educacional............................................................................ 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 33
10
INTRODUÇÃO
1. DA PREVENÇÃO
Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para tratar do
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, definir as condições de
atenção aos usuários ou dependentes de drogas e tratar do financiamento
das políticas sobre drogas e dá outras providências.
[...]
Art. 3º [...]
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras,
critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos,
programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os
Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios.1 (BRASIL,2019)
1
BRASIL. Presidência da República. Secretaria-geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 13.840, de 5 de
junho de 2019. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/316373/internacao-compulsoria-do-
dependente-quimico-com-o-advento-da-lei-13-840-19. Acesso em: 28 out. 2023.
13
Sobre tal afirmativa, cumpre esclarecer que, no mundo todo, os mais diversos
governos aplicam a adoção de providências que buscam “tratar” a base de formação
da sociedade, para que ao fim do projeto desfrute dos resultados as novas crianças
que agora estarão inseridas em um novo contexto alterado pelas crianças do passado.
Dessa maneira, pensou o governo da Finlândia ao revolucionar seu sistema
educacional nas décadas de 60 a 70. A revolução do ensino ocorreu principalmente
por meio da adoção do ensino universal e gratuito à sociedade, bem como por meio
da supervalorização da docência.
O acesso gratuito ao ambiente escolar trouxe impactos imensos aos
finlandeses, de maneira que havia uma equidade das condições sociais, ainda que
continuasse existindo pobres e ricos, estes se encontravam na escola por tratar-se de
um ambiente universal.
Já que todas as classes podem ser encontradas no mesmo ambiente escolar,
muito se questiona acerca da qualidade de ensino. Por isso, diferente do Brasil, a
profissão do professor é a atividade principal que pode ser exercida por um cidadão.
Assim, o governo não mede esforços para a qualificação do corpo docente
presente do ensino fundamental à universidade, ressalta-se que no fundamental o
requisito mínimo para que se possa lecionar é o mestrado.
Tanto é um fato que Jarkko Wickstrom, diretor de Operações da Finland
University na América Latina, declarou em entrevista ao Nova Escola o que se segue:
A gente usava o material que tinha. [...] Há uma onda de inovação educacional
em que o pessoal presta muita atenção na sala de aula” [...] “As escolas
investem muito nisso, chamam de espaços inovadores. Mas é a mudança de
paradigma para o conteúdo e a aprendizagem? Quem lidera mesmo esse
processo é o professor. E nós sempre nos concentramos nisso. 2
(WICKSTROM, 2019).
Todo o contexto paralelo aqui apresentado tem por finalidade dar um exemplo
prático para explicar como a Lei de Drogas pretende trabalhar na prevenção do
consumo e dependência de drogas, por meio da educação e do ambiente familiar.
2
WICKSTROM, Jarkko. Entrevista à revista Nova Escola. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/15363/o-que-ninguem-te-conta-sobre-a-educacao-na-finlandia. Acesso
em: 4 de jul. 2023
14
3
Gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2022/05/brasil-tem-o-
primeiro-plano-nacional-de-politicas-sobre-o-uso-e-o-combate-as-drogas. Acesso em: 4 de jul. 2023
15
4
G1. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/12/numero-de-jovens-
infratores-na-fundacao-casa-cai-pela-metade-em-sete-anos-em-sp-diz-governo.ghtml. Acesso em: 4
de jul. 2023 5 op. cit.
16
O PLANAD foi aprovado por meio da Resolução nº 8 de 27 de setembro de
2022, para uma competência de 5 anos, conforme prevê a Lei nº 13.840/19, que
definiu que a duração do plano deve ser de cinco anos, ou seja, 2022-2027. O primeiro
artigo sanciona a validação do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, referente ao
período de 2022 a 2027, o qual encontra-se publicado na totalidade no espaço online
designado pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, um órgão vinculado ao
Ministério da Justiça e Segurança Pública, acessível por intermédio do endereço
eletrônico: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-
drogas/subcapas-senad/conad/conselho-nacional-de-politicas-sobre-drogas-conad.
Nesse contexto, identificaram-se as ações do governo em andamento e aquelas
que necessitam ser promovidas. Elas se distribuem em diversas áreas, englobam
medidas preventivas, atenção à saúde, terapia e reintegração dos usuários na
sociedade.
Além disso, englobam a redução da disponibilidade de drogas, investigação e
avaliação, bem como o aprimoramento da gestão, governança e coordenação, para
que o tratamento das drogas apreendidas seja levado conforme aos ditames legais, a
fim de que seja promovida a incineração dos compostos químicos presentes nos
ilícitos.
Estes diferentes enfoques convergem para a realização de uma série de metas
estratégicas, com o propósito de resolver os desafios sociais relacionados tanto à
procura quanto à oferta de substâncias entorpecentes.
Vê-se que, uma vez que o plano é literalmente um planejamento a médio prazo
que visa a implementação dos ideais de afastamento do consumo e comercialização
das drogas, nada mais coerente que seja trabalhado desde a base, principalmente
dando conhecimento às crianças e adolescentes.
Assim, quanto às medidas preventivas, o plano traz em seu bojo:
5
Gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-
drogas/subcapas-senad/conad/conselho-nacional-de-politicas-sobre-drogas-conad. Acesso em: 23 de
jul. 2023
18
Um exemplo disto, além do já mencionado acontecido na Finlândia em meados
da década de 70, pode-se citar o ocorrido na Coreia do Sul na mesma época, teve
seu start quando a população e os governo passou a ver a educação como o elemento
principal para a mudança da realidade do país.
No tempo, a Coreia do Sul era um país muito parecido com o Brasil em
corrupção e subdesenvolvimento, mas após a implementação de um ensino de
altíssima qualidade, hoje, após cerca de 50 anos, o país obtém o melhor desempenho
no inquérito do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
Portanto, é pouco provável que, no aspecto da conscientização da prevenção
ao uso de drogas, o resultado esperado seja obtido em apenas cinco anos da
publicação do plano, mas, já pode ser tratado como um grande passo ao início da
adoção e pluralização dos ideais difundidos.
19
2. DA INTERNAÇÃO
VOLUNTÁRIA
INVOLUNTÁRIA
6
FOUCAULT, M. A história da loucura na idade clássica. SP: Perspectiva, 1978
21
7
Ibidem
22
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada,
o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização
de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde;
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação,
no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término determinado pelo
médico responsável;
IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer
tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento.
§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada
quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 8
(GOV.BR, 2022)
Pelo disposto, pode-se concluir que o legislador cuidou para que o recurso seja
utilizado em último caso, após o esgotamento de todos os recursos extra hospitalares.
Ainda no tópico, cabe trazer ao debate que, diferente do que pensa o senso
comum, a dependência química é uma DOENÇA, rotulada pela Classificação
Internacional de Doenças – CID. Veja-se:
8
op. cit.
9
MEDICINA NET. Disponível em:
https://www.medicinanet.com.br/pesquisa/cid10/nome/transtornos_mentais_e_comportamentais.htm.
Acesso em: 23 de jul. 2023
23
psicologia e psiquiatria como os métodos mais eficazes aliados à abstinência do uso de
drogas.
O tratamento da dependência deve passar por algumas etapas, e é justamente
por isso que a internação é a exceção à regra utilizada apenas na ocorrência da
ineficácia dos métodos tradicionais de tratamento.
As fases podem se dividir de diversas formas considerado o quadro do enfermo,
no entanto, via de regra, o tratamento para a dependência química consiste de pelo
menos 3 fases: a desintoxicação, a psicoterapia, a intervenção medicamentosa e,
excepcionalmente, a internação.
As fases são autoexplicativas, por isso, focar-se-á mais especificamente nas
questões terapêuticas do tratamento, na psicanálise e, caso necessário, na psiquiatria
por meio da medicação.
Por ora, não serão consideradas as dificuldades de acessibilidade aos
tratamentos, mas apenas a como a presença de psicólogos e psiquiatras são
facilitadores para o êxito da abordagem.
Logo no Art. 2º, § 2º da Lei de Drogas, define-se que o SISNAD atuará em
articulação com o Sistema Único de Saúde – SUS e com o Sistema Único de
Assistência Social – SUAS.
Logo, deve-se levar em vista a assistência social prestada pelo SUS, bem como
a disponibilização de profissionais capacitados para o atendimento do quadro de
dependência química.
Em matéria ao site Psicologia Hailton Yagiu, Marina Demartini trouxe a ação de
alguns tipos de drogas no cérebro humano, entre elas estão:
[...]
4. Cocaína
A cocaína é uma droga que entra na corrente sanguínea rapidamente e
bagunça o cérebro em questão de minutos. A primeira sensação gerada pelo
consumo da droga é uma onda de euforia, por conta da liberação de
dopamina no cérebro. Essa onda, no entanto, é curta, o que faz com que o
usuário queira usar a droga novamente em um curto período. Uma das partes
do cérebro mais afetadas pela cocaína é a memória. Uma pesquisa revelou
que ratos que receberam doses contínuas dessa droga tiveram uma série de
mudanças em uma região que contribui com a inibição e a tomada de decisão.
5. Crack
O crack é uma droga derivada da cocaína, mas que deve ser fumada devido
ao seu ponto de fusão. Ela causa a liberação de uma grande quantidade de
dopamina, que dispara sensações de prazer pelo corpo, gerando euforia e
estado de alerta. Tais substâncias são tão poderosas que chegam ao cérebro
em apenas oito segundos. Geralmente, a dopamina é reabsorvida por
neurônios, mas o crack bloqueia a absorção. Isso faz com que ela continue
estimulando os receptores por 10 minutos. Após esse período, os níveis de
dopamina caem tão rapidamente, que o usuário sente depressão profunda,
irritabilidade e paranoia. Além de tudo isso, em alguns casos, o uso de crack
pode levar ao “delírio parasitário” – um sentimento de que insetos estão
24
percorrendo a pele. Isso leva a um comportamento autodestrutivo do usuário
com mordidas e arranhões no próprio corpo.
6. LSD
LSD é a sigla de “Lysergsäurediethylamid”, palavra alemã para dietilamida do
ácido lisérgico. Ela é uma droga de laboratório e foi sintetizada pela primeira
vez em 1938, por acidente, pelo químico suíço Albert Hofmann. Em geral,
alucinógenos afetam a área do cérebro responsável por regular humor,
pensamentos e percepção. Além disso, eles também influenciam outras
regiões que controlam o modo como reagimos ao estresse. Entre os efeitos
de curto prazo do LSD estão: impulsividade, mudanças bruscas de emoções,
tontura e aumento da frequência de batimentos cardíacos. 10 (DEMARTINI,
2000)
10
DEMARTINI, Marina. Como 10 Drogas Lícitas (E Ilícitas) agem no Seu Cérebro. Psicologia Hailton
Yagiu. Disponível em: A ação das drogas no cérebro (psicologiahailtonyagiu.psc.br). Acesso em 12 ago.
2023.
25
3. DA REINSERÇÃO SOCIAL
11
JUSBRASIL. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=furto+para+custear+o+v%C3%ADcio+em+droga
s. Acesso em: 20 de ago. 2023
27
É de se levar em conta que os laços familiares são muito resistentes às
adversidades, por mais difíceis que elas sejam, mas o tamanho dos impactos advindo
de uma dependência química é incalculável.
A confluência de sentimentos como repugnância, compaixão, vexame e demais
emoções se entrelaçam com os laços inerentes aos relacionamentos familiares, de tal
maneira que, mesmo ao nutrir um afeto profundo por esse indivíduo, nem todos
conseguem separar-se completamente desses sentimentos após o processo de
tratamento.
Para Pacheco (2013, p.11)12: “os familiares adoecem junto com o DQ e, na
maioria das vezes, o estado emocional desse familiar interfere negativamente no
tratamento e faz com que o DQ tenha poucos recursos para se manter abstêmio.”
Em vista disso, os familiares são obrigados a alterar toda a rotina de
funcionamento do ciclo familiar para adaptar-se ao ciclo adaptativo do ex-usuário, não
muito raro, algumas vezes há reincidência, o que acaba por desgastar ainda mais os
membros da organização familiar, fato que proporciona o aumento da sensação de
desesperança.
Ressaltamos que o propósito do presente destaca que o vínculo familiar é um
dos alicerces mais significativos no que concerne à ressocialização. Se a pessoa
recém inserida não se sente à vontade em sua própria casa, qual expectativa se pode
ter em relação às outras esferas sociais? Para uma efetividade nos esforços
praticados pela família, vale destacar que seja utilizada uma série de métodos para a
realização da integração do usuário ao lar.
Entre elas, é necessário que os familiares entendam a dependência química,
as ações da droga utilizada no cérebro do usuário, quais as alterações neurológicas e
possíveis sequelas serão enfrentadas, se haverá necessidade de utilização
continuada de intervenção medicamentosa etc.
Além disso, também é possível destacar a extrema valia que todos os membros
da família também sejam acompanhados de tratamento psicológico, para auxiliar
frente à tomada de decisões e possíveis dificuldades inerentes à reabilitação.
Dúvidas não subsistem da importância do ciclo da família para a garantia da
proteção dos usuários e dependentes de drogas, uma vez que somente as medidas
estatais não são suficientes à integração deste ao convívio social, de forma que as
12
PACHECO, S. Intervenções Terapêuticas Utilizadas em Familiares de Dependentes Químicos e a
Eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental Utilizada Nesse Contexto. Curso de Especialização em
Terapia Cognitivo-Comportamental, 2013.
28
políticas públicas entram como facilitadores e inclusivas no acesso ao mercado de
trabalho e nas instituições educacionais.
Com isso em mente, é crucial considerar as complexidades presentes na
dinâmica familiar: os valores, origens, tradições e, especialmente, como ocorre o ciclo
familiar do ex-dependente, seja em um ambiente estruturado e capaz de prover as
medidas necessárias para o sucesso do tratamento. Esses elementos devem ser
analisados ao se levar em conta cada caso individual, caberá à equipe médica e
psicológica determinar as melhores condições para a reabilitação.
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre
outros:
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou
dependente de drogas, promovendo programas que priorizem a melhoria
de sua escolarização e a qualificação profissional;
[...]
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego,
renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção
profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimento
nas fases de tratamento ou acolhimento;
[...]
Art. 20 [...]
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional;
[...]
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sisnad terão
atendimento nos programas de educação profissional e tecnológica,
educação de jovens e adultos e alfabetização.
[...]
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de
atenção à saúde dependerá de:
[...]
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo:
III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação
profissional; (grifou-se) 13 (JUSBRASIL, 2019)
13
Ibid.
29
Cumpre versar a necessidade de abordar a responsabilidade do empregador
em garantir a contratação de pessoas com histórico de dependência, bem como em
proporcionar um ambiente de trabalho livre de discriminação e preconceito.
Vale destacar que, por muitas vezes, essas pessoas são jogadas à
marginalidade em decorrência de não encontrarem oportunidades no mercado de
trabalho com as condições trabalhistas previstas na Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, ficando destinadas à informalidade dos trabalhos sem registro.
Segundo o Uol, até o trimestre de agosto, a taxa de informalidade no Brasil era
39,7%, de forma que mais de 39 milhões de pessoas trabalham de forma informal e
estão fora do mercado formal de trabalho.
Sabe-se que a maioria das pessoas que recorrem à informalidade o fazem por
não terem capacitações, geração de empregos suficientes, por não passarem nas
vagas em virtude das condições físicas e etc.
Todavia, a Lei de Drogas tem exatamente o intuito da promoção de
disponibilização de vagas e projetos de capacitação para que os dependentes possam
mudar essa realidade.
A verdade é que deve se tratar de um esforço multiarticular, envolve ainda a
adoção das medidas governamentais por meio das empresas empregadoras, o
pagamento de salários justos e compatíveis com o mercado, o oferecimento de um
ambiente de trabalho livre de preconceito e embasado no respeito ao próximo.
O mercado de trabalho é um direito garantido de todo cidadão brasileiro,
devendo o governo priorizar a inserção dos dependentes no mercado de trabalho,
como vem ocorrendo com a vigência da Lei.
Conforme já exposto, trata-se de um plano de 5 anos onde ainda não é possível
mensurar os resultados das medidas implementadas por ser muito recente a data de
sanção.
Todavia, cumpre estabelecer que o passo dado com a criação dos dispositivos
acima discutidos é um grande momento para a proteção dos direitos dos dependentes
químicos, uma vez que a independência financeira é o maior pilar da vida adulta,
fazendo-se extremamente necessário para o custeio da parte continuada do
tratamento, seja dos medicamentos ou do acompanhamento psicológico do
dependente.
.
33
REFERÊNCIAS
Brasil tem o primeiro plano nacional de políticas sobre o uso e o combate às drogas,
25 mai. 2022. Disponível em: Brasil tem o primeiro plano nacional de políticas sobre o
uso e o combate às drogas (www.gov.br). Acesso em 09 ago. 2023.
Brasil tem recorde de 39,307 milhões de informais no trimestre até agosto. OUL, 30
set. 2022. Disponível em: Brasil tem recorde de 39,307 milhões de informais no
trimestre até agosto - 30/09/2022 - UOL Economia. Acesso em: 17 ago. 2023.
GALVÃO, César. Número de jovens infratores na Fundação Casa cai pela metade em
sete anos em SP, diz governo. G1 São Paulo. 12 out. 2021. Disponível em: Número
de jovens infratores na Fundação Casa cai pela metade em sete anos em SP, diz
governo | São Paulo | G1 (globo.com). Acesso em 09 ago. 2023.
SEMIR, Laís. O que ninguém te conta sobre a educação na Finlândia. Nova Escola,
2019. Disponível em: O que ninguém te conta sobre a Educação na Finlândia | Nova
Escola. Acesso em 09 ago. 2023.
Tudo sobre EJA: o que é e como funciona? Educa Mais Brasil, 26 out. 2018. Disponível
em: Tudo sobre EJA: o que é e como funciona? | Educa Mais Brasil. Acesso em: 17
ago. 2023.