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Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Capitulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Com Londres finalmente em paz, resta apenas uma ameaça para a
estabilidade da monarquia... A rainha está sem herdeiro.
— Sua Majestade.
As palavras ecoaram pelo corredor do retrato. Alexandra ficou
imóvel. Ela esperava encontrar seus aposentos e tomar uma xícara de chá
particular. Para onde quer que ela olhasse hoje em dia, havia alguém
perseguindo-a para chamar a atenção.
— Príncipe Ivan, — ela disse, virando-se lentamente. Suas damas de
companhia chamaram sua atenção e ela as dispensou com um aceno de
cabeça. — Que prazer.
— Você está bem? — Ele exigiu, caminhando em direção a ela. — O
duque de Malloryn disse que alguém tentou matar você. E eles usaram
meu broche para fazer isso!
— Estou bem —, disse ela. Ele sempre parecia tão emocionado, e ela
estava ficando um pouco cansada de acalmá-lo. — Tivemos sorte que o
duque de Malloryn estava comigo e foi capaz de me defender.
Ele se ajoelhou aos pés dela. — Eu não sabia, Sua Majestade. Achei
que fosse apenas um broche. Só um presente. Eu não percebi que estava
sendo feito de idiota.
— Você se lembrou de quem o direcionou àquele joalheiro em
particular?
O príncipe ergueu os olhos com uma expressão ferida no rosto. —
Como digo ao seu duque, não. Ela era apenas outra senhora na corte. Eu
presto pouca atenção a elas.
Ele prestava atenção suficiente, ela notou, embora ela não duvidasse
da verdade de suas palavras. Ele não era o tipo de homem que foca no
rosto de uma dama quando está falando com ela.
— Por favor, diga que você me perdoa. — Ele implorou, pegando
sua mão.
— Claro que te perdoo. — Ela respondeu suavemente, desejando
que ele se levantasse. Ela não era dada a tais demonstrações emocionais.
Ele obedeceu, pondo-se de pé com uma rapidez que a assustou e
pegou sua mão. — Eu nunca iria desferir tal golpe contra você. Estou aqui
como um enviado da Rússia e nunca colocaria o destino do meu país em
tal perigo. Nem ousaria arriscar um fio de cabelo em sua cabeça.
— Claro que não.
Ele apertou a mão dela em seu rosto. — Eu volto a supor, mas mal
consegui dormir ou pensar desde que ouvi a notícia. Eu odiaria que você
me considerasse culpado, depois de tudo o que compartilhamos.
— Príncipe Ivan...
Ele a beijou.
Alexandra se acalmou, mas não foi tão imediatamente nojento
quanto ela temia originalmente. Embora certamente não tão doce quanto
os beijos de Gideon.
Ela não sabia o que fazer. O príncipe Ivan estava claramente
interessado em buscar uma aliança. E os laços com a Rússia poderiam ser
benéficos. Havia uma grande quantidade de tratados comerciais para
explorar.
E nenhum outro príncipe ou duque aqui para a exibição a tinha
perseguido com tanto fervor. Embora a presença dele não fizesse seu
coração palpitar, ela sentiu que ele poderia ter sido controlado. Um desfile
de amantes em sua cama o manteria distraído enquanto ela governava o
reino, e eles apenas ocasionalmente teriam motivos para se encontrarem.
Essa aliança poderia ser boa para a Grã-Bretanha.
O beijo de Ivan se aprofundou, como se ele esperasse que ela o
afastasse imediatamente.
Ela colocou as mãos no peito dele, com a intenção de fazer
exatamente isso.
Os passos diminuíram e um suspiro de choque ecoou pela sala no
momento em que Alexandra tentava escapar da língua de Ivan. Ela se
afastou do Príncipe Ivan com pressa, apenas para encontrar seu amante
parado na porta.
O choque no rosto de Gideon a escaldou.
— Gideon...
Ele rapidamente mascarou a forte emoção que ela tinha visto. — Me
desculpe. Eu não sabia que havia alguém nesta ala. — Baixando a cabeça,
ele se afastou dela, e ela odiava a maneira como ele não encontrava seus
olhos. — Vou deixar você... com isso.
— Gideon. — Ela começou atrás dele, mas ele estava praticamente
fugindo pelo corredor, suas longas pernas comendo os tapetes e as abas
do casaco chamejando atrás dele.
Sua mão abaixou quando ela notou a forma curvada como ele
segurava seus ombros. Ela o machucou. Ele sabia que ela estava sendo
cortejada por outro homem, seu futuro oferecido a outro, mas uma coisa
era saber, outra era ver.
Ela se sentiu mal.
O que ela ia fazer? O príncipe Ivan havia mostrado claramente suas
intenções. A Rússia seria uma boa combinação para seu império.
Mas cada centímetro de seu coração exigia que ela perseguisse Sir
Gideon e tentasse explicar.
— Acho que talvez agora ele saiba que não sou apenas um amigo da
rainha. — O príncipe Ivan exibiu um sorriso de satisfação quando deu um
passo ao lado dela, colocando a mão em suas costas e esfregando-as.
Ela queria gritar.
A rainha olhava para o nada enquanto relaxava em seu banho.
O que ela ia fazer? O príncipe Ivan havia mostrado suas intenções
com bastante clareza, e Gideon... Deuses, Gideon. Ela não pôde deixar de
ver seu rosto novamente, quando ele se deparou com outro homem
beijando-a. Ela não o tinha visto desde então, não importava o quanto ela
tivesse procurado por ele. Isso a fez sentir-se mal.
A água de repente caiu em cascata sobre sua cabeça e ombros.
Alexandra estalou e se endireitou. — Você está tentando me afogar?
Mina apoiou o traseiro na borda da banheira, abaixando a jarra. —
Eu estava lavando seu cabelo. Não é minha culpa que você esteja
distraída. Eu te avisei. Duas vezes.
Alexandra acalmou-se com uma leve pressão dos lábios. — Você
votou em mim para ter um marido, então tecnicamente, é sua culpa. O que
você esperava?
— Você ignorou alegremente todos os seus pretendentes —
respondeu Mina, entregando uma toalha de rosto a Alexandra. — E ainda
assim você está claramente desejando alguém. Vou confessar, nunca te vi
assim.
— Não estou sonhando com ninguém. — Alexandra rosnou.
Mina arqueou uma sobrancelha que dizia, com bastante clareza, o
que ela pensava dessa afirmação. — Eu pensei que não tínhamos segredos
uma da outra?
— Isso foi antes de você me lançar para o diabo.
— Achei que você tivesse me perdoado pelo meu voto?
Alexandra desviou o olhar. Não foi culpa de Mina que os eventos do
dia tivessem acontecido como aconteceram. A culpa cresceu dentro dela
e, embora soubesse que estava atacando injustamente, não conseguiu se
desculpar.
Mina se ajoelhou ao lado da banheira, segurando a mão de
Alexandra entre as dela. — Quem é que te causa tal consternação?
Ela suspirou e desabou contra a banheira. — O Príncipe Ivan estava
praticamente ajoelhado hoje. — Ela levou a mão aos lábios, sentindo de
novo aquele beijo sem brilho e desejando poder substituí-lo pelo de
Gideon. — Como monarca governante, devo ser a única a pedir
oficialmente sua mão, mas sei qual será sua resposta.
— Príncipe Ivan? — Mina disse evasivamente.
— Ele é um sangue azul. — Ela apontou.
— O que importa se seu futuro marido tem sangue azul? Um
humano seria aceitável.
O coração de Alexandra deu um salto.
— O Escalão ficaria em pé de guerra. Um consorte humano
representa um risco, quando eu sou uma rainha humana. Preciso escolher
alguém que a maioria de Londres aceite. Tem havido muita
agitação. Muito sangue e lágrimas. Meu povo merece paz e prosperidade.
— Escolher um consorte humano não vai iniciar uma guerra, —
Mina rebateu. — E todos nós entenderemos por que você não desejaria
outro sangue azul em sua cama.
Alexandra mexeu as pernas na água.
Ela se sentiu quase sem fôlego. Era verdade?
— Você realmente acha que o Escalão aceitaria um consorte
humano?
— Existem maneiras de gerenciá-los —, respondeu Mina. —
Coloque Malloryn sobre os poucos agitadores que restaram.
— Malloryn? Minha nossa. Não posso arriscar aliená-los. Eles já
estão com medo dele. E mal nos recuperamos da tentativa de golpe de
Lorde Balfour. A paz é tão tênue.
Ela não se atreveria a fazer nada para arriscar.
— Então deixe seu conselho lidar com isso, — Mina insistiu. — É
para isso que estamos lá. Para apoiar você. Existem muitas Grandes Casas
que perderam toda a sua linhagem na tentativa de golpe. As propriedades
permanecem vazias e os títulos definham. Não há nada que um aristocrata
de sangue azul goste mais do que a oportunidade de melhorar sua
posição. Presenteie algumas propriedades que a coroa mantém sob
custódia. Nomeie um punhado de leais sangues azuis com Sir. Balance um
ducado na frente de alguns dos outros... mas apenas se eles se
comportarem.
Isso poderia ser possível?
Ela estava encarando a guerra na cara por tanto tempo que a
congelou. O conflito de sangue humano e azul estava tão arraigado nos
últimos anos que ela sentiu como se andasse em uma corda bamba estreita
entre eles.
— Os plebeus adorariam um consorte humano, — ela disse
lentamente. — E se eu conseguir controlar o Escalão, isso... pode ser
possível.
— Embora não seja irmão do duque de Alba —, brincou Mina. —
Não se ele não puder entender você.
— Não? Parece o marido perfeito para mim. Desde que possamos
conceber um herdeiro, não importa se posso falar com ele ou não. Quanto
mais interesses ele tiver fora do casamento, melhor. Este não será um
casamento por amor.
As palavras soaram quase mecanicamente, mas ela não pôde deixar
de pensar em Gideon. Seu coração disparou e ela esperava que Mina não
tivesse ouvido. Querida amiga ou não, ela não podia trair seus crescentes
sentimentos por ele. Ainda não. Ainda parecia tão novo e tão... tênue.
Afinal, ele disse a ela na cara que não desejava ser seu
consorte. Mesmo se o Escalão pudesse aceitar, ele negaria?
Havia um buraco de chumbo na cavidade de seu abdômen.
Mina acariciou o queixo com um dedo. — Brincadeiras à parte,
sugiro que se case com o homem que está deixando essas marcas em sua
garganta.
Alexandra deu um tapa na pele ali. Certamente não.
Mina riu enquanto se levantava. — Eu pensei assim. Case-se com
aquele que está beijando você nos cantos privados. Você nunca vai se
arrepender.
Gideon,
Eu preciso falar com você. Marque uma reunião comigo o mais rápido
possível.
E foi isso.
A formalidade da carta fez seu coração afundar.
Ela estava cortando laços com ele? Ela desejava informá-lo
gentilmente de que aceitara o terno do Príncipe Ivan?
Ou era a formalidade um meio de esconder seus pensamentos - e
coração, espero - daqueles que poderiam interceptar tal carta?
Uma batida forte veio na porta.
— Entre. — Gideon chamou, amassando a carta dela em seu punho.
Seu homem de negócios apareceu, impecável de preto. — Devo
mandar chamar a carruagem, Sir Gideon?
Ele ainda não sabia a resposta para isso. — Eu...
Longos segundos se passaram.
Hansen pigarreou. — É só que... parece que está acontecendo
alguma coisa no pátio. Pode levar algum tempo para organizar as coisas,
com toda a confusão.
— Tumulto?
— Notícias, senhor.
— Que notícias? — Ele perguntou bruscamente.
Simpatia distorceu a expressão de Hansen. Poucos sabiam de suas
afeições, mas Hansen era um servo leal e sem dúvida percebeu os
sentimentos de seu mestre. — Fala-se entre os servos que a rainha vai dar
uma boa notícia ao final do dia. Ela mandou chamar o príncipe Ivan há
uma hora, e eles estão caminhando juntos no jardim. Sozinhos. Todo o
palácio está esperando para ouvir a palavra de sua conversa.
O chão caiu debaixo dele.
Gideon afundou lentamente em uma poltrona. Ele não podia nem
culpar Alexandra pelo vazio em que seu coração estava. Ele sabia que ela
estava destinada a outro. Ele sabia que outro homem acabaria com sua
mão - e com sorte seu coração. Ela precisava se casar.
E ele nunca poderia ser o único a levá-la como esposa.
Ele era muito humano, sua linhagem virtualmente sem valor. Eles
nunca tiveram uma chance, e no fundo de seu coração, ele sempre soube
disso.
Mas uma coisa era saber, e outra bem diferente era ver realmente
acontecendo, bem diante de seus olhos.
— Senhor? — Hansen murmurou.
Seu punho enrolou em torno de sua carta. — Mandem buscar as
carruagens —, disse ele bruscamente. — E então vou pedir que você
entregue uma carta para mim.
Um último adeus à mulher que amava.
— Sua graça.
Malloryn parou quando Charlie o alcançou. — O príncipe?
— Se foi. — O rosto de Charlie estava carrancudo. — Ele chegou aos
campos de aviação antes que eu pudesse alcançá-lo. Não sei quanto
dinheiro ele investiu nele, mas um dirigível russo conseguiu partir, apesar
da falta de papelada.
Malloryn ficou imóvel. Ele pensava que Ivan era inocente de
qualquer envolvimento nas tentativas de assassinato, mas por que fugir?
Com a mente acelerada, ele se virou para Charlie. — Só o
príncipe? Ou toda a comitiva estava com ele?
— Apenas o príncipe e seu homem, Danil. O resto dos russos ainda
está em seus aposentos, e Herbert e Clara mencionaram que a grã-duquesa
está furiosa. Aparentemente, ele informou a ela que a rainha
provavelmente iria propor, e ela... uh... destruiu tudo.
— Então, ela não sabe o resultado da conversa. — O que significava
que o príncipe Ivan não a visitava desde que a rainha rejeitou seu
processo. — Ivan sabe mais do que deveria, mas o resto do grupo são
apenas tolos.
— Como eu também imaginei, Sua Graça.
Uma mulher loira contou ao príncipe sobre os broches de
escaravelho. Uma loira voluptuosa. Na época, Malloryn tinha assumido
que o príncipe era apenas um engodo, mas agora?
Pode ter sido uma mentira para distrair Malloryn e seus Renegados.
— Traga-me a grã-duquesa —, disse ele a Charlie. — Coloque-a na
suíte azul. Eu quero ter uma palavra com ela.
Charlie estremeceu. — Ela é um pouco assustadora, Sua Graça.
Malloryn sorriu. — Eu também sou.
Embora ele duvidasse que teria que ameaçá-la. Uma mulher
desprezada provavelmente desejaria agredir seu ex-amante de qualquer
meio possível.
Ele quase podia sentir as rodas girando.
Ele teria um nome no final do dia. Ele sabia disso.