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Universidade Anhanguera

Campus São João de Meriti

BACHARELADO EM DIREITO

TÓPICO 6: TRABALHO DE DIREITO PENAL

KALLEB FARIAS DA SILVA (8 - 8.2.2)


MARIA JULIANA C. SOUSA (9- 9.6)
MARIANA COSTA TAVARES DA SILVA (9.7.3 - 9.8.1.3)
JHONATHAN BARROSO M. BERNARDO (9.8.1.4 - 9.9.3)
ERICK GOMES DE OLIVEIRA ( 9.9.5 - 9.11)
JULIA BEATRIZ DO CARMO MOREIRA
(9.8.2, 9.7.1, 9.7.2, 9.11.5, 9.9.4, 8.2,8.3)
2023.09
RIO DE JANEIRO

Professor orientador: Dr. Jorge Azevedo Doria

KALLEB FARIAS DA SILVA (8 - 8.2.2)


MARIA JULIANA C. SOUSA (9- 9.6)
MARIANA COSTA TAVARES DA SILVA (9.7.3 - 9.8.1.3)
JHONATHAN BARROSO M. BERNARDO (9.8.1.4 - 9.9.3)
ERICK GOMES DE OLIVEIRA (9.9.5 - 9.11)
JULIA BEATRIZ DO CARMO MOREIRA
(9.8.2, 9.7.1, 9.7.2, 9.11.5, 9.9.4, 8.2,8.3)

TÓPICO 6: TRABALHO DE DIREITO PENAL

Trabalho de pesquisa e resumo apresentado ao Curso


de bacharel em Direito da Faculdade Anhanguera,
campus São João de Meriti, a ser utilizado com fins
de avaliação em sala de aula.
Orientador: Professor Jorge Azevedo Dória
SUMÁRIO

. Introdução
. 8- Nexo causal
. 8.1 - Teoria da equivalência dos antecedentes
. 8.2.1 - Condições absolutamente independentes
. 8.2.2 - Causas relativamente independentes
. 9 - Iter Criminis
. 9.1 - Cogitação
. 9.2 - Preparação
. 9.3 - Execução
. 9.4 - Consumação
. 9.5 - Exaurimento
. 9.6 - Iter criminis nos crimes culposos
. 9.7.3 - Teoria para fundamentação da punibilidade de tentativa
. 9.7.4 - Infrações penais que não admitem a tentativa
. 9.7.5 - Tentativa nos crimes omissivos improprios ou comissivos por omissão
. 9.7.6 - Tentativa e dolo eventual
. 9.8 - Desistência voluntária e arrependimento eficaz
. 9.8.1 - Desistência voluntária
. 9.8.1.4 - Arrependimento eficaz
. 9.8.1.5 - Separação entre a desistência voluntaria
10 e do arrependimento eficaz

. 9.8.1.6 - Natureza jurídica da desistência voluntaria e do arrependimento eficaz


.9.8.1.7 - comunicabilidade da desistência voluntaria e do arrependimento eficaz aos
participantes do crime

. 9.9 - Arrependimento posterior


. 9.9.1 - Arrependimento posterior em crimes culposos ou com violência imprópria
. 9.9.2 - Reparação ou restituição integral x reparação ou restituição parcial
. 9.9.3 - Critérios delimitadores da diminuição da pena
. 9.9.5 - Hipóteses anômalas de arrependimento posterior
. 9.9.6 - Arrependimento atenuante de pena
. 9.9.11 - Crime impossível
. 9.11.1 - Natureza jurídica do crime impossível
. 9.11.2 - Teorias delimitadoras do crime impossível
. 9.11.3 - Hipóteses de tentativa inidônea
. 9.11.4 - Crime impossível e delito putativo
. 9.8.1.4 - Tentativa
. 9.7.1 - Natureza jurídica da tentativa
. 9.7.2 - Espécies de tentativa
. 9 .11.5 - Crime impossível em face da súmula
. 9.9.4 - Comunicabilidade do arrependimento
. 8.2 - Condições para ocorrência de um resultado
. 8.3 - Teoria da imputação objetiva
. Conclusão
. Referências

INTRODUÇÃO

O presente trabalho se trata do tópico 6 (seis), mais concretamente se refere a uma coletânea de
resumos sobre diferentes temas jurídicos, como por exemplo, iter criminis, cogitação,
arrependimento eficaz, arrependimento posterior, crime impossível, entre outros. O objetivo deste
10 do direito penal, de maneira que se venha ter
trabalho é de forma sucinta resumir temas recorrentes
um entendimento prévio a respeito de todos os 45
(quarenta e cinco) sub tópicos listados neste trabalho.
O trabalho foi subdividido em sub tópicos, ambos abordando aspectos concretos, além de
conter resumos de autoria própria, levando em consideração as aulas até o momento ministradas.
A metodologia utilizada foi a de escrita autoral, com pesquisas bibliográficas com o intuito
de enriquecimento textual.

Aluno(a): KALLEB FARIAS DA SILVA

8. NEXO CAUSAL:

O nexo causal, também conhecido como teoria da equivalência dos antecedentes, é uma das teorias
presentes dentro da relação de causalidade, e é também a utilizada no sistema penal brasileiro.

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

A teoria utiliza uma espécie de “linha temporal” de investigação, a fim de elucidar e identificar a
ação/ omissão causadora do resultado, portanto, esta teoria nada mais é do que o elo entre uma
conduta praticada por um sujeito e o resultado desta conduta, (relação de: intenção - ato), como está
10
prescrito no art. 13 do código penal, uma ação somente é imputável a quem lhe deu a causa. Ou
seja, suponhamos que em uma rodovia bastante movimentada, Wallace quer atravessar. Porém
quando Wallace vai atravessar é atingido por um veículo o qual Matheus estava dirigindo.
Entretanto, na investigação do caso, observou-se que Wallace atravessou fora da faixa de pedestres,
e que Matheus estava dirigindo dentro do limite de velocidade. Utilizando a lógica do nexo causal,
se Wallace não estivesse atravessando fora da sinalização devida, o resultado não ocorreria.

8.1 TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES:

Esta teoria estabelece que tudo aquilo do qual uma ação ou omissão possui impacto direto para que
ocorresse um resultado, como uma “investigação” de toda uma linha de ações e/ou omissões, onde
os atos que não influenciam diretamente no resultado são descartados, e são “destacados” os que de
forma direta resultaram, apontando os fatos diretamente relevantes para o resultado.
Exemplo: Um caso de lesão corporal em que um vizinho agride o outro em razão do som alto. Dois
vizinhos, Arlindo e Arleu, de acordo com os autos, os vizinhos vinham tendo conflitos constantes
devido a som alto, e no dia 29 de Janeiro de 2011, no estopim do atrito, Arleu foi a uma loja de
artigos esportivos. E pediu para Tiago, o vendedor da loja, um taco de beisebol. Depois de comprar
o taco foi diretamente para a residência de Arlindo o chamou, assim que ele abriu o portão, Arleu
desferiu um golpe com o taco no rosto de Arlindo, causando múltiplas fraturas em seu rosto, e logo
Arlindo caiu desacordado.

8.2.1 CONDIÇÕES ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES:

As causas absolutamente independentes rompem o nexo causal, visto que quem pratica o resultado
responde pelos atos praticados. As causas de acordo com a Teoria Geral do Direito Penal se dividem
em três:

i. Preexistente: O indivíduo responde por uma causa anterior ao resultado. EX: Uma gangue de
ladrões assalta um banco, e baleiam um refém, porém é constatado que a causa da morte é um
ataque cardíaco causado pelo susto que o pobre refém levou, e não pelo tiro que ele levou.
ii. Concomitante: São eventos que ocorrem separadamente, sem influência mútua, mesmo que
ocorram ao mesmo tempo. EX: Um homem é esfaqueado por duas pessoas ao mesmo tempo, leva
uma facada no pulmão e outra na jugular, porém a facada que matou o pobre coitado foi a na
jugular.
iii. Superveniente: Uma causa absolutamente independente superveniente se refere a uma causa que
ocorre após um evento original, sem nenhuma relação com esse evento original e que produz um
resultado separado e independente. EX: Um homem é baleado, cai no chão no meio da rodovia, e
como diz o ditado popular “não há nada tão ruim que não possa piorar”, e o rapaz é atropelado. É
apurado que a causa da morte foi o atropelamento, não o tiro.

8.2.2 CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES:

Causas relativamente independentes são eventos ou fatores que têm alguma relação, mas não uma
relação direta ou imediata, com um determinado resultado ou efeito. Ou seja, causas relativamente
independentes são fatores que desempenham papéis separados, mas podem estar conectados
indiretamente em um determinado evento ou resultado. E tal qual as absolutamente independentes,
se dividem pelos mesmos tipos.
i. Preexistente: São fatores ou eventos que existem independentemente de um evento específico e
que podem contribuir para esse evento, mas não são a única causa. Essas causas já estão presentes
antes do evento e podem influenciar o resultado, mas não são a única explicação para o evento. EX:
Uma pessoa tem hemofilia (um tipo de doença 10 que qualquer hemorragia, independente da
intensidade, pode se tornar muito fatal), e leva uma leve facada, e morre devido a sua doença.
ii. Concomitantes: Causas relativamente independentes concomitantes se referem a eventos ou
fatores que ocorrem simultaneamente ou em conjunto e que, o agente responde pelo resultado,
abrangendo o nexo causal (sem a ação, não se obteria o resultado) EX:

Dois criminosos eletrocutam uma pessoa com uma voltagem de 300 volts cada um sabendo que
aquela era a voltagem necessária para eliminar ela (600 volts).
iii. Supervenientes: Causas relativamente independentes supervenientes são eventos que acontecem
depois de um acontecimento inicial, mas não são a causa direta desse acontecimento. Eles podem
influenciar ou afetar as consequências desse acontecimento, mas não o causaram diretamente. Elas
se dividem em dois tipos, as que causam o resultado por si, e as que não causam. Causa
relativamente independente superveniente que não produz o resultado por si só: Ocorre depois da
conduta, porém tem relação direta com o resultado. EX: Um homem toma uma facada e é socorrido
pela ambulância a caminho do hospital para ser socorrido, porém veio a óbito por complicações na
cirurgia.

Causa relativamente independente que causa o resultado por si só: São fatos que, de
acordo com o parágrafo §1 do Art.13:
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984), ou seja, ela por sua vez pode causar o resultado separadamente. EX:
Um homem sofre um acidente, e o no hospital, morre em um incêndio que houve
no hospital.

JURISPRUDÊNCIA:

Informativo de Jurisprudência n. 484 Período: Período 1º a 15 de julho de


2023. Publicação: 2 de agosto de 2023 acesse a versão em PDF Índice Direito
Administrativo • Incêndio em estação de tratamento de esgoto — vítima de
inalação de fumaça tóxica – responsabilidade objetiva da prestadora de
serviço público.
Direito Administrativo Incêndio em estação de tratamento de esgoto — vítima de
inalação de fumaça tóxica – responsabilidade objetiva da prestadora de serviço
público A responsabilidade decorrente da atuação de companhia de saneamento é
objetiva, impondo-se o dever de

indenizar companheira e dependentes de vítima fatal de inalação de fumaça


tóxica, mormente quando demonstrado o nexo causal — falta do dever de
cuidado na vigilância sobre o reservatório de esgoto, lugar em que se originou
incêndio de grandes proporções. Na hipótese, mãe e filhos ingressaram com ação
de indenização por danos morais e obrigação de fazer contra a Companhia de
Saneamento Ambiental do Distrito Federal — Caesb, em razão do falecimento
do companheiro e pai dos autores. Segundo os requerentes, fumaça tóxica,
proveniente de incêndio ocorrido em um dos reservatórios de lodo seco da
estação de esgoto da demandada, encobriu por vários dias boa parte de uma
quadra de Planaltina, local onde residem, ensejando problemas respiratórios aos
moradores. Destacaram que seu pai e companheiro, acometido por asma, ao
10
inalar a fumaça nociva, sofreu surto asmático acompanhado de parada
cardiorrespiratória, vindo a falecer durante o tratamento hospitalar. O Juízo
singular julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a empresa de
saneamento ao pagamento de cem mil reais, para cada um dos autores, a título de
reparação
extrapatrimonial e à pensão mensal no importe de dois terços do salário-mínimo, a ser rateado entre
os quatro requerentes até a data em que a
vítima completaria 65 anos, observado o término do pensionamento em relação
aos três filhos quando atingirem 24 anos de idade.
Inconformada, a sociedade de economia mista interpôs apelação. Na análise do
recurso, os Desembargadores esclareceram que a responsabilidade da prestadora
de serviço público é objetiva, nos moldes do art. 37, § 6º, da Constituição
Federal, de maneira que, para sua configuração, prescinde da prova do dolo ou
culpa, bastando a comprovação de nexo de causalidade entre o defeito do
serviço e o acidente. Nessa linha, destacaram que, pelo prisma da concessão ou
da
permissão do serviço público à pessoa jurídica de direito privado, aplica se a teoria do risco
administrativo, a qual, diferentemente da teoria do
risco integral, admite causas de exclusão da responsabilidade — tal como a
culpa exclusiva da vítima do evento danoso. Todavia os

Julgadores verificaram que há prova robusta de que o incêndio deflagrado no


mencionado reservatório foi a causa da dispersão da fumaça por toda a região
próxima à estação de tratamento de esgoto, fato que ocasionou a inalação das
partículas tóxicas pelo pai e companheiro dos autores, agravando seu quadro
asmático e culminando com sua morte. Com efeito, registraram que, por meio de
prova técnica, demonstrou-se que a vítima, a despeito do quadro asmático,
trabalhara normalmente no dia do evento em que sofrerá a insuficiência
respiratória aguda, a qual ocorreu no final da noite, já em sua residência,
situação que reflete os nexos de temporalidade e concausalidade entre a
exposição ao agente ambiental agressor e a exacerbação do seu quadro de saúde.
Além disso, a Turma destacou que o incêndio não teria ocorrido caso a
demandada tivesse adotado o dever de cuidado na vigilância da incolumidade do
local de sua propriedade, a fim de evitar o evento ambiental que se expandiu em
grandes proporções. Dessa forma, por reconhecer que a exposição à fumaça
tóxica gerada pela combustão de vegetação e de lodo de esgoto deflagraram a
crise asmática do falecido, o Colegiado negou provimento ao recurso.
Acórdão 1713060, 07129074720178070018, Relator: Des. FÁBIO
EDUARDO MARQUES, Quinta Turma Cível, data de julgamento:
7/6/2023, publicado no PJe: 3/7/2023.

NOTÍCIA:

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2012/maio/condena do-
homem-acusado-de-emprestar-arma-a-menor-para-pratica-de-crime

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, Fernanda Lara de; BARBETA, Edvania Fátima Fontes


Godoy. Teoria Jurídica do Direito Penal. 2016
10

Aluno(a): Maria Juliana C. Sousa

“ITER CRIMINIS”
A expressão em latim “Iter Criminis”, pode ser traduzida literalmente como “caminho do crime”. A
mesma, refere-se às etapas necessariamente percorridas pelo sujeito/criminoso para a conclusão do
ato, mas nem sempre percorre todas elas.

Esta possui em regra, quatro etapas:

9.1 Cogitação:

É uma etapa constituída por fatos não exteriorizados, sendo um momento “interno” da infração
penal já que ocorre de forma subjetiva, apenas na sua imaginação/pensamento e por isso não há
criminalização nessa etapa. A cogitação é uma etapa obrigatória no crime doloso, entendendo isso
como uma premeditação, onde o indivíduo age com consciência e vontade (segundo a Teoria da
Representação). Ainda assim, não é considerada crime já que de acordo com o Princípio da
Ofensividade, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta a um bem jurídico penalmente
tutelado.

9.2 Preparação:

Segunda etapa do percurso do crime, onde há a exteriorização da conduta tendo atos materiais e
concretos que visam a realização do ato criminoso. Por exemplo, o indivíduo que adquire uma arma
de fogo para matar alguém com quem tenha um desafeto, caracterizando um ato preparatório para
crime de homicídio. Em regra, não é um ato punido, mas pode ser criminalizado como crime
autônomo e penalizado por porte ilegal de arma de fogo.

9.3 Execução: Terceira etapa (obrigatória) do Iter Criminis, ocorrendo quando o indivíduo dá
início a realização do crime, interferindo na esfera do bem jurídico alheio. Assim, permitindo a
intervenção do Direito Penal (pelo menos) por meio da tentativa.
Há certa dificuldade em delimitar quando começa 10 a execução, surgindo teorias doutrinárias para
apontar quando começa e termina os atos de execução.
Essas teorias se dividiram inicialmente em duas: Teoria Subjetiva e Teoria Objetiva.

a. Teoria Subjetiva: Tinha como parâmetro a intenção do agente. Sendo que é muito difícil constatar
sua real intenção e por isso, do ponto de vista prático, a Doutrina não utiliza esse critério para
apuração do início da execução.

b. Teoria Objetiva: Baseia-se na interpretação do caso concreto, visando identificar em que


momento exato o agente deu início a realização do crime e sem levar em conta a subjetividade
relativa ao seu dolo, já que durante todas as etapas do caminho do crime o seu dolo é o mesmo.

A Teoria Objetiva se divide em dois grupos: Teoria Objetivo Formal e Teoria Objetivo Material;
existindo ainda um terceiro grupo, chamado de Teoria Objetivo Individual, que complementa e
soluciona os déficits de ambas já citadas.

1. Teoria Objetivo-Formal: Segundo essa teoria, a execução tem início com a prática do verbo do
crime (quando o agente realiza a conduta prevista no tipo penal concretizando o fato). É uma teoria
vaga porque não leva em consideração a intenção da gente.
2. Teoria Objetivo-Material: De acordo com essa teoria, o ato executório se dá momentos antes da
prática do verbo, ou seja, após o término da preparação. Nessa concepção, o primeiro ato após a
preparação já pode ser considerado o início do crime. Quando comparado com a Teoria Objetivo-
Formal, ela antecipa muito início da execução e isso se torna um problema pois aprecia
grandemente o início da realização do fato, causando a perda da prática concreta do verbo típico.
3. Teoria Objetivo Individual: Nesse critério, o início da execução ocorreu momentos antes da
realização material do crime, onde se analisa o último momento antes da prática

concreta do verbo. Por exemplo: em casos de homicídio, o verbo “matar” podendo ser avaliado de
forma mais precisa o elemento subjetivo típico, o dolo ou a culpa (como o puxar do gatilho em
crimes com arma de fogo).

9.4 Consumação:

Segundo o art. 14, I, do Código Penal, considera-se consumado o crime “quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal”. Ou seja, a consumação ocorre quando o crime se
completa e é realizado por inteiro, alcançando o objetivo doloso do autor (caso
o objetivo não se concretize por circunstâncias que não dependem da vontade do agente,
caracteriza-se a tentativa).

É a última etapa do Iter Criminis segundo a doutrina majoritária.


10

9.5 Exaurimento:

Não é uma etapa do Iter Criminis (pelo menos pela doutrina majoritária) pois ocorre após o crime.
Nesse cenário, exaurimento é o esgotamento do crime, onde todas as etapas presentes no “caminho
do crime” foram alcançadas. Acaba sendo irrelevante para crimes naturalísticos e de conduta, onde
não existe resultado material.
Já no crime formal, o exaurimento ocorre em diversos momentos. A consumação se dá como a parte
integral da conduta relevante, prevista no código penal e o exaurimento surge na hipótese de obter o
resultado naturalístico.
No crime formal, o exaurimento implica diretamente na dosimetria da pena, agravando a situação
do agente.

9.6 Iter Criminis nos crimes culposos:


A doutrina nacional na sua totalidade refere-se ao Iter criminis exclusivamente como crime típico de
dolo, afirmando que apenas nessa modalidade de crime existem as etapas do percurso do crime
(cogitação, preparação, execução e consumação), excluindo-se dos crimes culposos. Entretanto, o
crime culposo permite análises referentes ao Iter Criminis, levando em consideração que o crime
culposo possui duas espécies:
a. Crime culposo de culpa inconsciente: onde o sujeito não sabe que o resultado vai acontecer, mas
poderia ter previsto (previsibilidade do resultado), agindo com falta de cautela.

Nesse caso, não se aplica o Iter Criminis, já que ocorreu de forma inconsciente.

b. Crime culposo consciente: O sujeito tem consciência (previsão) de que o resultado (concreto)
pode vir a acontecer, mas repudia/ignora o possível resultado e parte para a realização do ato, que
acaba gerando o resultado esperado.

Comparado com as etapas do crime, essa previsão se assemelha com a cogitação que vemos nas
etapas de crime de dolo, bem como a preparação para executar a ação culposa consciente, que por
fim gera o resultado/consumação. Ou seja, quando falamos de culpa consciente, temos etapas a
serem cumpridas pelo agente que se assemelham/conectam com as etapas do iter criminis presentes
nos crimes de dolo.

Exemplo midiático da presença do Iter Criminis no crime culposo:

https://globoplay.globo.com/v/1057596/ Sequestro no
ônibus 174, Rio de Janeiro, 2002.
Nesse caso, vemos semelhança nos atos do policial que atinge a refém.
O mesmo cogitou em praticar o ato, ignorando o fato que poderia feri-la, preparou-se para realizar a
conduta esperando o momento que julgava “ideal” para agir, executou a ação que estava
premeditando (desferiu os disparos) e por fim consumou/realizou o seu objetivo.

10
Jurisprudência relevante ao caso citado:

PROCESSO HC
391990 / SP
HABEAS CORPUS
2017/0055073-0 RELATOR
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ (1158)
ÓRGÃO JULGADOR
T6 - SEXTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
18/10/2018
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 07/11/2018
EMENTA
HABEAS CORPUS. *HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO E HOMICÍDIO CULPOSO.*
PENA-BASE. VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO. AFASTAMENTO DA CULPABILIDADE E
DAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS DO CRIME. CONFISSÃO QUALIFICADA.
INCIDÊNCIA DO ART. 65, III, "D", DO CP. CAUSA DE AUMENTO DO ART. 121, § 4°, DO CP.
CARACTERIZAÇÃO. DIMINUIÇÃO MÁXIMA PELA TENTATIVA.

*ITER CRIMINIS.* ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA PARA CORRIGIR


ILEGALIDADES NA DOSIMETRIA. 1. Por ocasião da análise das circunstâncias judiciais
estabelecidas no art. 59 do Código Penal, o órgão jurisdicional tem o dever de motivar, com lastro
em elementos concretos dos autos, eventual elevação da pena-base. 2. O registro de elemento
secundário mais grave da conduta, a denotar modus operandi incomum do homicídio culposo e do
homicídio qualificado tentado (elevado número de tiros), justifica a análise negativa das
circunstâncias dos crimes.

3. Nos crimes perpetrados contra a vida, o sofrimento é resultado inerente ao tipo penal. O Juiz, sem
especificar consequências traumáticas específicas ou, por exemplo, graves

prejuízos financeiros suportados pelo núcleo familiar em decorrência da morte, não pode considerar
de forma negativa a vetorial em apreço.

4. Impõe-se o afastamento da análise desfavorável da culpabilidade, se o julgador deixou de


mensurar, em grau de intensidade, o maior grau de censurabilidade da conduta. 5. A confissão do
acusado, ainda que qualificada, se utilizada para a formação da convicção judicial, atrai a aplicação
do art. 65, III, "d", do Código Penal.

6. Correto o aumento da pena, em razão da incidência do art. 121, § 4°, do CP, se comprovado que o
agente fugiu do local do homicídio culposo sem prestar imediato socorro à vítima.

7. O Plenário do Júri reconheceu a legítima defesa putativa com excesso culposo. Mesmo que o réu
tenha acreditado que foi o ofendido que o agrediu primeiro, seu erro era vencível e ele criou o risco
de resultado ao agir com falta de moderação na repulsa. Cabia a ele evitar o perigo de morte
ocasionado por seu comportamento anterior, quando já havia cessado a agressão erroneamente
suposta.

8. A diminuição da pena pela tentativa deve considerar o *iter criminis percorrido pelo agente para a
consumação do delito.* A sentença incorre em 10erro, pois nenhum dos tiros atingiu a vítima
sobrevivente. Sem notícia de que o homicídio qualificado tentado se aproximou de sua consecução
completa, cabível a redução no percentual máximo em virtude da aplicação do art. 14, II, do CP.

9. Ordem parcialmente concedida para afastar a consideração negativa das circunstâncias judiciais
do art. 59 do CP relacionadas às consequências dos crimes e à culpabilidade, reconhecer a confissão
espontânea e diminuir a pena do crime de homicídio qualificado no grau máximo, em razão da
tentativa.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta
Turma, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram
com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nefi Cordeiro. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Antonio Saldanha Palheiro.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES À EMENTA

"Este Superior Tribunal possui o entendimento de que, se a confissão do acusado foi utilizada para
corroborar o acervo probatório, deve incidir a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do Código Penal.
É irrelevante o fato de a confissão ter sido espontânea ou não, total ou parcial, simples ou
qualificada, ou mesmo que tenha havido posterior retratação". REFERÊNCIA LEGISLATIVA
LEG:FED DEL:002848 ANO:1940
***** CP-40 CÓDIGO PENAL
ART:00014 INC:00002 ART:00059 ART:00065 INC:00003
LET:D ART:00121 PAR:00004
JURISPRUDÊNCIA CITADA
(TENTATIVA - CRITÉRIO REDUTOR) STJ - HC 411868-RS

Referências Bibliográficas:

RODRIGUES, Cristiano. Manual de Direito Penal – 2ª ed. Indaiatuba, SP. Editora Foco, 2021.

10

Aluno(a): Mariana Costa Tavares Da Silva

9.7.3- TEORIA PARA FUNDAMENTAÇÃO DA PUNIBILIDADE NA TENTATIVA:

A punibilidade na tentativa ocorre quando alguém tenta cometer um crime, mas não o
consegue concluir totalmente. Em muitos sistemas legais, incluindo o brasileiro, a tentativa
de cometer um crime pode ser punível, desde que sejam atendidos certos requisitos, como a
existência de uma ação inequívoca em direção à realização do crime.
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime
consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

EXEMPLO:
Tentativa de homicídio: Quando alguém tenta matar outra pessoa, mas não

consegue consumar o ato, ainda pode ser responsabilizado criminalmente pela tentativa
de homicídio.

9.7.4- INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM A TENTATIVA:

Homicídio doloso (com intenção): Em muitos sistemas legais, o homicídio doloso (com
intenção de matar) não admite a tentativa, o que significa que a pessoa só pode ser
acusada quando efetivamente causar a morte de outra pessoa.
10
Estupro: Em alguns países, o estupro pode não admitir a tentativa, e a pessoa só pode ser
processada se o ato sexual for efetivamente consumado.

Roubo qualificado: Em algumas jurisdições, o roubo qualificado pode não permitir a


tentativa, e a pessoa só pode ser acusada quando efetivamente concluir o ato de roubo
qualificado.

Extorsão mediante sequestro: Em casos de extorsão mediante sequestro, a tentativa


pode não ser aceita em algumas jurisdições, e a pessoa só pode ser processada quando
o sequestro e a extorsão forem efetivamente realizados.

Ameaça de morte: Em alguns sistemas legais, as ameaças de morte podem não ser consideradas
tentativas de homicídio, mesmo que haja uma clara intenção de matar alguém. A pessoa só pode
ser processada se efetivamente causar danos à vítima. Nesses casos, conforme determina o
artigo 14, parágrafo único, do Código Penal, ao crime tentado será aplicada a pena do crime
consumado, diminuída de um a dois terços.

9.7.5- TENTATIVA NOS CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR


OMISSÃO:

O crime omissivo impróprio (também chamado de comissivo por omissão), consiste na omissão ou
não execução de uma atividade predeterminada e juridicamente exigida do

agente. São tidos como crimes de evento, isto porque o sujeito que deveria evitar o injusto é punido
com o tipo penal correspondente ao resultado. Nesse contexto, a figura do garantidor assume
especial cometimento dos delitos desta modalidade. Em regra, a omissão não constitui crime.
Entretanto, há situações em que o não agir configura violação ao tipo penal incriminador, dado a
lesão ou possibilidade de lesão a bem de outrem causado pela omissão. Nessa situação, temos os
crimes omissivos próprios e impróprios. Crime omissivo próprio são crimes de mera conduta, vez
que independe de resultado. Como exemplo, podemos citar o delito de omissão de socorro (artigo
135 do CP), abandono material (artigo 244 do CP), entre outros. Do outro, os crimes omissivos
impróprios são crimes de resultado. Não tem uma tipologia própria, vez que se inserem na
tipificação comum dos crimes de resultado, como homicídio, lesão corporal.
9.7.6- TENTATIVA E DOLO EVENTUAL:

Tentativa: A tentativa ocorre quando alguém realiza atos preparatórios para cometer um crime, mas
não consegue consumar o crime. Em outras palavras, a pessoa age com a intenção de cometer um
crime, dá início à execução desse crime, mas por algum motivo externo à sua vontade, o crime não é
concluído. A tentativa é punível em muitos sistemas legais e pode resultar em penas mais leves do
que a consumação do crime, mas ainda implica responsabilidade criminal.

Dolo Eventual: O dolo eventual é um estado mental em que o agente compreende que existe a
possibilidade de que seu comportamento resulte10 em um crime, mas age mesmo assim, assumindo o
risco de que o resultado proibido ocorra. Em outras palavras, o agente não deseja o resultado, mas
está ciente de que ele pode acontecer e age de qualquer maneira.

NOTÍCIA:

Motociclista avança sinal vermelho e atropela pedestre ao celular, que atravessava na faixa, em
Curitiba
Redação Bem Paraná com Blog Plantão de Polícia | 13/06/2023 às 08h47

“Um atropelamento de uma moto deixou um pedestre em estado grave e o motociclista ferido na
Avenida Presidente Kennedy, com a rua Goiás, no bairro Água Verde, em Curitiba, nesta manhã de
terça-feira, 13 de junho.”

https://www.bemparana.com.br/publicacao/blogs/plantaodepolicia/motociclista-avanca- sinal-
vermelho-e-atropela-pedestre-ao-celular-que-atravessa-na-faixa-em-curitiba/

9.8- DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ:

Prevê o art. 15 as hipóteses de desistência voluntária e arrependimento eficaz: “O agente que,


voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.” Refere-se a lei aos casos de tentativa abandonada em que, por
razões de política criminal, segundo alguns, se estimula o agente a não consumar o delito. Usando
uma expressão de Liszt, há “uma ponte de ouro” para o agente retroceder.

Embora alguns entendam que o dispositivo trata de casos de isenção de pena ou extinção da
punibilidade, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz traduzem a exclusão da tipicidade;
no fato não há tentativa típica. Interrompida a execução “por vontade do agente” ou se por vontade
deste não há consumação, é evidente a falta de adequação típica pelo não preenchimento do
segundo elemento da tentativa que é a “não consumação por circunstâncias alheias à vontade do
agente”. Assinala-se até que o dispositivo seria desnecessário diante da conceituação da tentativa na
lei penal; ele, porém, espanca qualquer dúvida quanto à possibilidade de punirem-se os atos já
praticados.

9.8.1- DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Na desistência voluntária, o agente, embora tenha iniciado a execução, não a leva adiante,
desistindo da realização típica. Exemplos são o do sujeito que ingressa na casa da vítima e desiste
da subtração que pretendia efetuar, do que efetua apenas um disparo ou um golpe e, dispondo ainda
de munição e tendo a vítima a sua mercê, voluntariamente não efetuar novos disparos ou não
desfere novos golpes etc. Para que ocorra a hipótese prevista no dispositivo, a desistência deve ser
voluntária, ou seja, que o agente não tenha sido coagido, moral ou materialmente, à interrupção do
iter criminis. Não há desistência voluntária e sim tentativa punível se, por exemplo, a vítima se
desvencilhar da situação; se o agente desiste pelo risco de ser surpreendido em flagrante diante do
funcionamento do sistema de alarme; se fica atemorizado porque pessoas se aproximam, pelos
gritos da vítima, por sua reação, pela intervenção de terceiros etc.” (MIRABETE, Julio Fabbrini;
FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal: parte geral: arts. 1º a 120 do CP - volume 1. 34ª ed.
São Paulo: Atlas, 2019, p. 152)
10

JURISPRUDÊNCIA:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TENTATIVA DE


HOMICÍDIO QUALIFICADO. ART. 121, § 2º, I e IV, C/C ART. 14, II, DO CPB. PRONÚNCIA.
PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE LESÃO CORPORAL.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI
COMPROVADA. PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RECONHECIDA
DE OFÍCIO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONHECIDO E PROVIDO.
RECONHECIMENTO, EX OFÍCIO, DA PRESCRIÇÃO.
1- A defesa requer, em síntese,que seja reconhecida a desistência voluntária do Recorrente, nos
termos da 1ª parte do art. 15 do CPB devendo este responder pelos crimes de lesão corporal,
procedendo a desclassificação na forma do art. 419 do CPP.
2- Assim, nessa fase processual, é possível o acolhimento da tese desclassificatória desde que
evidenciada a ausência de ânimus necandi, sob pena de invadir a competência dos

jurados. De mais a mais, nos termos do art. 15 do CPB, o agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução só responde pelos atos já praticados.
3- A figura da desistência voluntária encontra amparo em elementos constantes dos autos, ficando
nítida a ideia de que o delito não se consumou porque o próprio apelante, voluntariamente, desistiu
de seu intento criminoso e deixou de praticar os atos de execução que eventualmente poderia ter
realizado para matar a vítima, pois mesmo vendo ela se levantando e saindo, cessou as agressões e
retirou-se do local, sem a interferência de terceiros, não configurando o ânimus necandi por parte do
acusado.
4- Nesse contexto, é de se concluir que há comprovação da ausência do animus necandi e até
mesmo da ocorrência da desistência voluntária, pelo menos é o que se percebe das declarações da
própria vítima de modo que deve a conduta ser desclassificada para o tipo penal previsto no art. 129,
§ 2º do CPB.
5- Realizada a desclassificação do crime de tentativa de homicídio para o delito de lesão corporal
grave, tendo em vista que das lesões resultou perda ou inutilização do membro, sentido ou função,
passo a analisar a prescrição considerando a pena máxima em abstrato cominado ao delito.
6- Na espécie, verifica-se que a pena máxima cominada ao delito do art. 129, § 2º, do CP é de 08
anos de reclusão, remetendo ao prazo prescricional de 12 (doze) anos, nos termos do art. 109, III do
CPB. Entretanto, o réu era menor de 21 anos à época dos fatos (vide fl. 09), de modo que o prazo
reduz-se pela metade, restando assim em 06 (seis) anos. 7- Compulsando os autos, tem-se que a
denúncia foi recebida em 05/05/2004 (fls. 40). O acusado não foi localizado tendo sido determinada
a sua citação por edital (fls. 53) e não tendo comparecido à audiência, foi decretada a suspensão do
processo e do prazo prescricional em 03.08.2004. No dia 04.11.2011 o acusado foi encontrado e
preso e depois o processo teve seu curso regular restabelecido. 8- A decisão de pronúncia foi
proferida em 15.12.2017, sendo publicada em 18.12.2017 (fls. 270) de modo que da data do término
na suspensão do feito até a publicação da decisão de pronúncia, transcorreu prazo superior a 6 (seis)
anos. 9- Nesse contexto, mostra-se imperativo o reconhecimento da extinção da punibilidade do
Apelante em relação ao delito do 129, § 2º do CPB, pela ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva do Estado, em sua modalidade retroativa, conforme inciso VI, do art. 107, do CPB. 10-
Recurso em sentido estrito conhecido e provido. Reconhecimento da prescrição, de ofício.

ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes10


autos, acorda a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará, em conhecer do presente recurso dando-lhe provimento, para
desclassificar a conduta descrita na denúncia para o delito de lesão corporal e, de ofício, decretar a
extinção da punibilidade, em face da prescrição da pretensão punitiva, nos termos do voto do Des.
Relator. Fortaleza, 19 de outubro de 2021 DESEMBARGADOR HENRIQUE JORGE HOLANDA
SILVEIRA Relator

9.8.1.1- DIFERENÇA ENTRE VOLUNTARIEDADE E ESPONTANEIDADE DA DESISTÊNCIA

Voluntariedade da Desistência: Isso significa que alguém escolhe conscientemente desistir de algo,
tomando uma decisão deliberada. A pessoa age de acordo com sua própria vontade e decisão,
mesmo que possa haver razões ou incentivos externos que a levem a desistir.

Espontaneidade da Desistência: Isso ocorre quando alguém desiste de algo de forma natural e sem
planejamento prévio. Pode ser uma ação impulsiva ou resultado de circunstâncias imprevistas, mas
a pessoa não toma a decisão conscientemente, como no caso da voluntariedade. Em resumo, a
voluntariedade envolve uma escolha deliberada, enquanto a espontaneidade envolve desistir de algo
sem planejamento prévio ou motivação consciente.

9.8.1.3- HIPÓTESES DE INADMISSIBILIDADE DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Irrevogabilidade do ato: Se a lei ou as circunstâncias tornarem o ato irrevogável, a desistência


voluntária não será admitida. Por exemplo, em um contrato que já foi executado e não permite a
rescisão unilateral, a desistência voluntária pode ser inadmissível.
Dolo ou Coação: Se a desistência voluntária for resultado de dolo (fraude) ou coação (ameaça), ela
pode ser considerada inadmissível. Por exemplo, se alguém for coagido a desistir de um contrato
devido a ameaças de violência, essa desistência pode ser anulada.

Regras Específicas: Em alguns contratos ou acordos, podem existir regras específicas que proíbem a
desistência voluntária ou estabelecem condições para a sua admissibilidade. Essas regras devem ser
respeitadas.
Interesse Público: Em casos que envolvam o interesse público, como em processos criminais, a
desistência voluntária pode ser inadmissível se prejudicar a administração da justiça ou a segurança
pública.

REFERÊNCIAS:

Jusbrasil.com.br
Tjdft.jus.br

10

Aluno(a): Jhonathan Barroso M. Bernardo


9.8.1.4- Arrependimento eficaz:

O arrependimento eficaz, este encontrado no Art. 15 do Código Penal, relata que “O agente que
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos praticados”. Portanto, suponhamos que o indivíduo queira cometer um delito,
porém o mesmo impede de forma voluntária impedindo a consumação do delito. Neste caso, como
previsto no Art. 16, o indivíduo poderá ter sua pena isenta ou reduzida de um a dois terços. Vale
ressaltar que o arrependimento eficaz e uma causa de exclusão de punibilidade, ocorrendo quando o
indivíduo desiste de um crime que está prestes a cometer ou impede que o resultado se produza,
podendo ele passar pelas fases de cogitação, preparação e após a execução toma uma atitude
voluntaria e evitar a consumação do delito, seja ele um estupro por exemplo ou um homicidio.

9.8.1.5- Separação entre a desistência voluntária e do arrependimento eficaz:

O Art 15, do Código Penal, relata a respeito de ambos os tópicos, no caso da desistência voluntária
trata-se de um indivíduo que após ter iniciado seu ato de execução do crime, desiste
voluntariamente de continuar com a realização do ato delituoso. Desta forma se qualificando
como causa de exclusão de punibilidade como está previsto no Art. 16. O arrependimento eficaz por
sua vez acontece quando o indivíduo após iniciar a execução do delito, age de forma voluntária
tomando uma decisão que impede a consumação do delito. Portanto, há uma separação
entre desistência voluntária e arrependimento eficaz mesmo que pequena sendo ambos descritos no
mesmo artigo do código penal o 15 (quinze).

9.8.1.6- Natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz:

À natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz consiste no que está


exposto no Art.15 do Código Penal, onde se trata de uma questão de desistência voluntária e de
decisão voluntária impeditiva do ato de consumação respectivamente. Vale ressaltar a discussão
quanto à atipicidade (ausência de tipicidade), onde só é condenável de crime quem pratica crime,
logo quem não cometeu não pode ser condenado, tendo em vista que o ato de cogitação e impunível,
o ato de preparação so e punivel em caso de terrorismo e no caso após a execução há desistência
voluntaria ou arrependimento eficaz impedindo o resultado, ou seja, não houve crime. Exemplo: um
indivíduo arromba e invade uma casa (execução), porém ao entrar com intuito de pegar um relógio,
o mesmo nota que este relógio é igual ao de seu falecido pai e se arrepende no ato, não roubando o
relógio, desta forma não consumado o crime de furto, mas sim de invasão a domicílio conforme
Art.150 do Código penal. Note que o indivíduo não responderá por crime de furto pois o mesmo não
o consumou o ato, mas caso preso responderá pelo crime consumado que foi o de invasão em
domicílio.

9.8.1.7- Comunicabilidade da desistência voluntária e do arrependimento eficaz aos


participantes do crime:
10

À comunicabilidade da desistência voluntária e do arrependimento eficaz aos participantes do


crime, se trata de uma questão que envolve a defesa da manutenção da responsabilidade do
participante no que tange a tentativa abandonada pelo indivíduo e a corrente que sustenta que a
comunicação deve ser efetuada para que haja exclusão de tipicidade (reunião, em um fato, de todos
os elementos que definem legalmente um delito), em relação aos demais envolvidos. Desta forma
pode-se compreender que a desistência voluntária se trata resumidamente da interrupção do ato
executório pelo indivíduo,

diferentemente do arrependimento eficaz onde a execução já foi encerrada, mas o indivíduo impede
a produção do resultado, ou seja após a execução até o fim, após a atividade executória o mesmo
arrepende-se e impede o resultado.
9.9- Arrependimento posterior:

O arrependimento posterior, previsto no Art. 16 do Código Penal, relata que, “Nos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. Ou
seja, o arrependimento posterior trata-se por exemplo de um indivíduo que ao realizar o crime
decide voluntariamente reparar os danos causados por ele a pessoa ou grupo de pessoas. Exemplo: o
indivíduo assalta uma mulher e rouba sua bolsa, porém o mesmo decide devolver o item subtraído.
Vale ressaltar que se o crime for cometido sem violência ou ameaça de vida a pessoa, o indivíduo
restituindo o item ou reparando o dano causado, antes de ser iniciado a ação penal, a pena
será reduzida de um a dois terços, pois o arrependimento posterior consiste em uma causa
obrigatória de redução de pena.

9.9.1 - Arrependimento posterior em crimes culposo ou com violência imprópria:

O arrependimento posterior, se constitui conforme o Art. 16 do Código Penal, que prevê no caso de
reparação do dano ou restituição antes de ser iniciado a ação penal, por ato voluntário, e se o crime
for cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa, há uma redução de pena. Entretanto, em
crimes culposos ou com violência imprópria, o arrependimento posterior não é cabível pois se
entende que para que o mesmo seja possível é necessário que haja reparação total do dano ou
restituição do item por exemplo que fora roubado. Ou seja, o indivíduo pratica o crime, há o
resultado, porém o mesmo voluntariamente repara os danos cometidos, ato esse que não é cabível
em ato de violência imprópria pois o mesmo pode causar danos irreparáveis à vítima, como por
exemplo um estupro.

10
9.9.2- Reparação ou restituição integral x reparação ou restituição parcial:

À reparação ou restituição integral, se trata do conceito de responsabilidade que relata uma situação
em que a vítima tem o direito de ser indenizada de forma total, ou seja, integralmente, seja um dano
material como, dinheiro, carro, joias ou até mesmo reparação de dano moral, tendo desta forma uma
responsabilidade civil. Entretanto, a reparação não se limita somente às indenizações, mas inclui
restituição do bem ou direito como a condição de saúde mental e de vida por exemplo.
Observa-se que em contrapartida, a reparação ou restituição parcial não é uma aplicação de
reparação integral pois a mesma não cumbre os requisitos do que está previsto no Art. 16 do Código
Penal, onde arrependimento posterior pode ocasionar em uma redução de pena, caso ele cumpra os
requisitos de restituição e reparação integral do dano causado.

9.9.3- Critérios delimitadores da diminuição da pena:


É notório que, cometido o delito e seguidamente detido, o indivíduo é encaminhado para
julgamento e posteriormente julgado, podendo ser utilizados alguns critérios que terão impacto
sobre a pena, exemplos como a menoridade e a reincidência são critérios utilizados no momento de
decisão do juiz. Portanto, seguindo uma lógica há primeiramente uma pena- base, aplicação de
agravantes ou atenuantes e após, o juiz analisa considerar as causas seja para aumento ou
diminuição de pena. Vale ressaltar, por exemplo, o indivíduo comete um crime, porém é réu
primário e o objeto é de pequeno valor, o indivíduo estará sujeito ao Art. 155, § 2°, onde o juiz
poderá substituir a pena de reclusão pela detenção, podendo diminuir de um a dois terços ou pode
também aplicar apenas uma multa.

Jurisprudência:

Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS:


AgRg no HC XXXXX RS XXXX/XXXXX-1

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE INCÊNDIO.


ARREPENDIMENTO POSTERIOR. REPARAÇÃO INTEGRAL DO DANO. REVOLVIMENTO
FÁTICO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. 1. A causa de diminuição
de pena prevista no art. 16 do Código Penal (arrependimento posterior) exige a reparação integral,
voluntária e tempestiva do dano, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Precedente. 2. Na hipótese, desconstituir a conclusão das instâncias ordinárias, de que não houve a
reparação integral do dano, é inviável, uma vez que tal

providência implica o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, procedimento


incompatível com os estreitos limites da via eleita. 3. Agravo regimental desprovido.

Acórdão:
10
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros
da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Sebastião
Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz e Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª
Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

(STJ - AgRg no HC: XXXXX RS XXXXX/XXXXX-1, Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA


PALHEIRO, Data de Julgamento: 20/04/2021, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
27/04/2021)

Exemplo midiático da presença do Arrependimento posterior, 9.9:

“Ladrão Rouba, Se Arrepende, Devolve E Manda Carta Para A Vítima”

https://www.onoticiado.com.br/2023/06/06/curiosidades/ladrao-arrependido/
REFERÊNCIAS:

Jusbrasil.com.br
Tjdft.jus.br
Código penal, 6ª edição, editora: Senado Federal Aluno(a):
Erick Gomes de Oliveira
9.9.5 Hipóteses anômalas de Arrependimento Posterior
ANOMALIA: Irregularidade; anormalidade; defeito.

Artigo 16 do código penal brasileiro, trata-se do arrependimento posterior. Este artigo possibilita
que o agente, praticante do crime, tenha a sua pena reduzida de um a dois terços para crimes que
não tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.

Visto este aspecto, para que seja válido o artigo 16 do código penal em favor do agente, deve-se
haver reparo do dano ou restituição da coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. Seguindo
assim, as hipóteses anômalas:
1) Supondo que Joãozinho, com o intuito de furtar uma residência em São João de Meriti, arrombe a
porta desta silenciosamente em segredo e, ao entrar, percebe que não há ninguém presente e que os
móveis são falsos, sendo todos de papelão. Nesse instante, Joãozinho se dá conta de que a casa era
apenas uma fachada, na verdade desprovida de qualquer objeto de valor que ele pudesse furtar.
Sentindo-se enganado e desinteressado em prosseguir com o crime, decide abandonar a ação
criminosa, mesmo que tecnicamente já tenha invadido o imóvel. Dar-se então o arrependimento
posterior.
2) Ressarcimento imaterial. Imaginemos que Garibaldy tenha cometido um furto em uma joalheria
no shopping, levando consigo uma peça valiosa. Logo depois do crime, ao examinar a peça com
mais atenção, percebe que não se trata de um material original, mas sim de um folheado ao qual a
reprodução é de baixa qualidade. Sentindo-se desapontado, a pessoa decide devolver o material e
ressarcir o proprietário, mesmo que o delito já 10tenha sido consumado. Essa atitude insólita de
arrependimento posterior implicaria em um ressarcimento imaterial, uma vez que o valor real do
objeto não corresponde ao valor originalmente estimado.

9.9.6 Arrependimento Atenuante de Pena:

O arrependimento após a consumação do crime, com ressarcimento do bem a vítima,


indevidamente, apropriado ou danificado, seja este, não causando lesões à vida da vítima, causa a
atenuação da pena do acusado. Pois, a justiça identifica que o mesmo demonstrou remorso ao
consumar o fato. E sendo este crime, cometido, sem que haja sido feito qualquer tipo de violência
ou grave ameaça contra pessoa, podendo ser a pena reduzida de um a dois terços para o então
acusado.

9.11 Crime impossível

Artigo 17 do CP – Crime Impossível O fato do crime impossível se dá pela incapacidade de


consumação do crime, mesmo que haja o dolo no fato, seja ela de qualquer natureza. Alguns
exemplos que podem ajudar a ilustrar o artigo são:

- Um homicídio por arma de fogo desmuniciada;

- Tentativa de homicídio por envenenamento com substância não letal;

- Cometer um ato ilícito com faca de papel. Certamente, não se pode estabelecer como meio
ineficaz aquele que, na prática, demonstra eficácia. O artigo 17 do código penal diz: " Não se pune a
tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime." Aplicação do crime impossível dá-se apenas em três casos
específicos aplicáveis ao artigo 17° do CP:

1°) Crime impossível por agente provocador. Nesse caso é como uma cena forjada. Que consiste
naquele em que o agente provocador (Autoridade policial, vítima ou terceiro) induz o sujeito a
cometer o delito, porém cuidar para que o resultado não ocorra. Sendo este um crime impossível,
assim, impunível a tentativa.
2°) Crime impossível pela total inadequação do objeto. É quando um objeto material (a pessoa ou
coisa sobre a qual recai a ação do agente) que não possui capacidade inerente de produzir, de
qualquer que seja o dando, um ataque ou perigo de lesão a pessoa.

3°) Absoluta impropriedade do objeto. Se um crime não pode ser cometido porque o objeto final é
absolutamente impróprio, também é um crime impossível tendo a sua consumação imprópria, por
exemplo, se Joãozinho pega o revólver antigo de seu avô e, por ter perdido uma partida de futebol,
atira em Zé Pequeno que aparentava estar dormindo em seu quarto, mas horas antes sofreu um
ataque cardíaco, não resistindo e morrendo no leito de sua cama. Joãozinho não sabendo do ocorrido
e ainda com muita raiva decidiu atirar contra o corpo de Zé pequeno, assim cometendo um, até
então, homicídio doloso previsto no art. 121 do CP. Após investigações, foi descoberto pela equipe
de investigação que Zé pequeno morreu do então ataque cardíaco e não pelos projéteis que o
atingiram. Dessa forma,

10 pois, entra em vigor o artigo 17 do CP.


isentando Joãozinho do crime de homicídio doloso,
Isentando-o de pena por crime impossível.

JURISPRUDÊNCIA:

Falsificação de documento realizada de forma grosseira - crime impossível "1. A falsidade grosseira
da carteira de identidade apresentada pelo réu, constatada, de plano, pela autoridade policial, impõe
o reconhecimento de crime impossível e a absolvição por atipicidade da conduta, pois absoluta a
impropriedade do documento público adulterado de ofender a fé pública, bem jurídico tutelado pelo
tipo penal previsto no art. 304, caput, c/c 297, ambos do Código Penal." Acórdão 1253091,
00009508620188070008, Relator: WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, 3ª Turma Criminal, data
de julgamento: 28/5/2020, publicado no DJE: 8/6/2020.

Órgão 3ª Turma Criminal


Processo N. APELAÇÃO CRIMINAL 0000950-86.2018.8.07.0008
APELANTE(S) RUBENS DE SOUSA LIMA
APELADO(S) MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Relator Desembargador WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR
Revisor Desembargador SEBASTIÃO COELHO
Acórdão Nº 1253091
EMENTA
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA. USO DE RG FALSO.
FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CRIME IMPOSSÍVEL. DADOS
BIOGRÁFICOS CONSTANTES DO DOCUMENTO FALSO CORRESPONDENTES AO
PRONTUÁRIO CIVIL DO RÉU, À EXCEÇÃO DA DATA DE NASCIMENTO. AUSÊNCIA DE
POTENCIALIDADE LESIVA APTA A ABALAR A FÉ PÚBLICA. ABSOLVIÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. 1. A falsidade grosseira da carteira de identidade apresentada pelo réu,
constatada, de plano, pela autoridade policial, impõe o reconhecimento de crime impossível e a

absolvição por atipicidade da conduta, pois absoluta a impropriedade do documento público


adulterado
de ofender a fé pública, bem jurídico tutelado pelo tipo penal previsto no art. 304, caput, c/c 297,
ambos do Código Penal. 2. Recurso conhecido e provido; réu absolvido, com fulcro no art. 386, III,
do
CPP.
ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR - Relator, SEBASTIÃO COELHO

- Revisor e DEMÉTRIUS GOMES CAVALCANTI - 1º Vogal, sob a Presidência do Senhor


Desembargador JESUINO RISSATO, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. PROVIDO.
UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
10
Brasília (DF), 28 de Maio de 2020
Desembargador WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR
Relator
RELATÓRIO
Adoto, de início, o histórico contido no parecer da Il. Procuradoria de Justiça (ID:15450084): Trata-
se de apelação interposta por Rubens de Sousa Lima em face da sentença proferida pelo juízo da
Primeira Vara Criminal do Paranoá (ID 14850377), que o condenou como incurso nas penas do art.
297, c/c o art. 304, do Código Penal, fixando-lhe a pena privativa de liberdade de 02 (dois) anos de
reclusão, a ser cumprida no regime inicial aberto –

substituída por 02 (duas) restritivas de direito –, acrescida de 10 (dez) dias-multa, à razão mínima.
O apelante (razões no ID 14850381) postula a sua absolvição, com base na atipicidade da conduta.
Argumenta que falta à sua conduta o elemento subjetivo do tipo, tendo em vista que, “por mais que
tenha apresentado o documento falso, não sabia de tal fato afirmando que foi seu irmão quem
supostamente o adulterou para ir a uma festa”.
Acrescenta que não haveria motivo plausível para que escolhesse, voluntária e conscientemente,
apresentar documento falso na Delegacia de Polícia do Paranoá e que “não haveria necessidade para
a referida adulteração, vez que a única informação alterada, conforme laudo de fls. 33/36, era a data
de nascimento”. Nesse diapasão, pontua que “a data de nascimento adulterada em nada influência
na retirada do veículo de propriedade do réu que havia sido furtado”.
O Órgão do Ministério Público atuante no 1º grau não apresentou contrarrazões (ID 14850385).
(grifo nosso)
A Procuradoria de Justiça oficiou pelo conhecimento e provimento do apelo com a absolvição do
réu,
ex vi do art. 386, III, do CPP. É
o relatório.

9.11.1 - Natureza Jurídica do Crime Impossível:

• A Natureza jurídica do crime um possível e de: causa excludente da tipicidade. A Natureza


Jurídica do Crime Impossível é de causa excludente da tipicidade (quando o fator causador da
ilicitude é atípico em relação a penalidade prevista em lei) por não haver uma possibilidade de
ocorrer a penalidade de um crime que não fora cometido. Dessa forma, fica imputável, do crime, o
acusado pelo artigo 17 do código penal brasileiro. Visto que, por exemplo, é impossível efetuar a
consumação do artigo do artigo 121, sendo o crime de homicídio, a um cadáver, pois, este já não se
encontra no estado de pessoa/ser humano,

causando assim a impossibilidade do crime previsto no art.121 e entrando em vigor o artigo 17 do


código penal causando a excludente da tipicidade ao fato apresentado.

9.11.2 - Teorias Delimitadoras do Crime Impossível:


10 De acordo com esta teoria, mesmo que todas as
Teoria Subjetiva ou da inevitabilidade de Resultado:
circunstâncias sejam favoráveis para produzir o resultado, se a vontade ou ação do ator for ineficaz
para alcançar esse resultado, então o crime não pode ser cometido. Em outras palavras, a prática do
crime foi evitada por motivos alheios ao controle do agente. Por exemplo, se alguém atira em outra
pessoa com uma arma carregada, mas não sabe que a arma está com defeito e não dispara o projétil,
o resultado pretendido (lesão corporal/homicídio) não pode ser alcançado.

Teoria do objeto ineficaz: De acordo com esta teoria, um crime impossível ocorre quando o objeto
sobre o qual recai a ação do perpetrador é completamente inadequado ao resultado pretendido. Ou
seja, o item em questão é tão ineficaz ou inútil que não há possibilidade real de a conduta criminosa
atingir o seu objetivo. Por exemplo, se alguém tentar envenenar uma pessoa com um líquido que na
verdade é água pura, o efeito pretendido (intoxicação) é absolutamente impossível de alcançar.

Um caso que é delimitador do crime impossível é o fato da conduta do agente e sua periculosidade
e, se já foi reincidente ou não.

Afirma-se no CP brasileiro que só serão puníveis os atos que forem praticados pelo acusado se os
meios utilizados forem relativamente impróprios (aqueles que não podem possuir eficácia no
momento do ocorrido). E sendo de natureza absolutamente imprópria ocorrerá o crime impossível.

9.11.3 - Hipóteses de tentativa inidônea:

A mira desajustada: Em uma situação em que uma pessoa, com intenção de causar dano, atira em
um alvo pensando que é uma pessoa. No entanto, a arma está com defeito e os disparos não têm
qualquer efeito além de barulho. Como a pessoa mirava em um objeto inanimado, seu ato não teria
potencial para cometer qualquer crime, tornando-o impossível.

O empurrão desastrado: Imagine alguém tentando empurrar uma porta com tanta força que acredita
que, se ela atingir alguém do outro lado, seria um ato criminoso. No entanto, desconhecida para essa
pessoa, a porta está travada e ninguém está do outro lado. Mesmo que ela tente atingir alguém, não
há vítima presente no momento, tornando o crime impossível.

Item 9.11.4 - CRIME IMPOSSÍVEL E DELITO PUTATIVO.

No crime impossível, ocorre a consumação do crime. Enquanto no crime putativo tanto pode
ocorrer seu exaurimento quanto a sua consumação.

O delito putativo ocorre quando alguém acredita, de forma equivocada, que está cometendo um
crime, mas na verdade não está. Assim, essa pessoa age movida por uma ideia errônea, acreditando
equivocadamente que sua ação é ilegal. Por exemplo, se alguém encontra um objeto valioso na rua,
pensa que é ilegal possuí este e, mesmo assim, decide pega, mesmo que na verdade não haja uma lei
que proíba essa ação (quando não é possível identificar o dono do objeto).

NOTÍCIA SOBRE CRIME IMPOSSÍVEL:

10 em João Pessoa.
Homem invade velório e atira contra caixão de jovem
https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2015/05/homem-invade-velorio-e-atira-
contracaixao-de-jovem-em-joao-pessoa.html

REFERÊNCIAS:

www.jusbrasil.com.br
www.tjdft.com.br
www.conjur.com.br
www.g1.globo.com
Código Penal Brasileiro.

Aluno(a): Julia Beatriz do Carmo Moreira

10
9.8.1.2 TENTATIVA:

O autor pratica atos com a intenção de cometer o delito, mas consumação não se concretiza por
circunstâncias alheias à sua vontade.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: O autor interrompe a execução da conduta por vontade própria.


A desistência voluntária não precisa ser espontânea e por isso pode ser motivada por fatores
externos, desde que a decisão final seja do autor. Se alguém tenta roubar um banco, mas é impedido
por um segurança antes de conseguir levar o dinheiro, essa pessoa comete uma tentativa de roubo.
por outro lado, se essa mesma pessoa decide desistir do roubo antes de entrar no banco ela cometeu
uma desistência voluntária.

9.7.1 NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA:

Diminuição de pena, norma de extensão de pena.o autor tentou matar alguém,mas não conseguiu
por motivos alheios a sua vontade não praticou a consumação, mas a norma de extensão encaixa a
conduta no d penal, ele tentou matar, dentro dos atos, quanto mais próximo da consumação o autor
chegou, menor será a diminuição da pena.

9.7.2 ESPÉCIES DE TENTATIVA:

ART. 14, II
TENTATIVA PERFEITA (OU ACABADA).
TENTATIVA IMPERFEITA (OU INACABADA);

EXEMPLO:” O AUTOR inicia o furto do rádio de um determinado veículo, inclusive com


arrombamento do veículo. Contudo, ao observar a polícia se aproximando, resolve fugir. Na
tentativa perfeita (ou acabada), por sua vez, todos os atos executórios são realizados. 7 ainda assim,
o crime não se consuma. É, também por isso, chamado de crime falho. Exemplo: Tenta matar
ministrando veneno na comida. ingere a comida com veneno, passa mal, mas é salvo no hospital.
Pena do crime tentado será a pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. Tentativa branca;
Tentativa cruenta. A tentativa branca é aquela que NÃO produz resultado naturalístico, ao passo
que a tentativa cruenta é aquela que produz resultado naturalístico.

9.11.5 CRIME IMPOSSÍVEL EM FACE DA SÚMULA:

Art.17. Crime impossível é aquele em que, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. A Súmula 567 do STJ estabelece que o
sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto. A Súmula 145 do STF estabelece que não há crime quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação.

9.9.4 COMUNICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO:

10
Arrependimento posterior é um instituto jurídico que se aplica a crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa antes do recebimento da denúncia
ou queixa. Esse instituto pode levar à diminuição da pena.

8.2 CONDIÇÕES PARA OCORRÊNCIA DE UM RESULTADO:

O resultado é um conceito fundamental no Direito Penal, pois é a partir dele que é possível
identificar a prática de um crime. O resultado pode ser definido como o efeito produzido pela
conduta do agente que pode levar à configuração de um crime. É importante destacar que o
resultado pode ser naturalístico ou jurídico, e que a análise do resultado depende do caso concreto e
das circunstâncias da conduta do agente. Além disso, é importante ressaltar que a existência do
resultado não é suficiente para caracterizar um crime. É necessário que o resultado seja previsto em
lei como crime e que o agente tenha agido com dolo ou culpa.
8.3 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

A imputação objetiva se apresenta como um complemento corretivo das teorias causais. A


imputação de um fato é a relação entre acontecimento e vontade. Significa, na verdade, atribuir
juridicamente a alguém a realização de uma conduta criadora de um relevante risco proibido e a
produção de um resultado jurídico. A imputação como um juízo sobre o fato não é,
consequentemente, um juízo causal, mas teleológico. O conceito de finalidade não

deve ser interpretado de um ponto de vista subjetivo, mas sim objetivo não se imputa só o que era
querido e conhecido pelo agente, mas também o que era conhecido e, portanto, passível de ser
abarcado pela vontade. Em síntese: o fato é a realização da vontade; e a imputação, o juízo que
relaciona o fato com a vontade. De acordo com a teoria da imputação objetiva, o comportamento e o
resultado normativo só podem ser atribuídos ao sujeito quando: - A conduta criou ao bem (jurídico)
um risco 7 juridicamente desaprovado e relevante; 2- o perigo realizou-se no resultado. O evento é
considerado no sentido normativo ou jurídico e não naturalístico. O alcance do tipo incriminador
abrange o gênero de resultado produzido.

JURISPRUDÊNCIA:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR. CRIME DE CIRCULAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. NECESSIDADE. TIPICIDADE
OBJETIVA. DÚVIDA. TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA. AUTOCOLOCAÇÃO EM
RISCO PELA VÍTIMA. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. INABILITAÇÃO DO RÉU.
IRRELEVÂNCIA. RISCO NÃO PERMITIDO CRIADO NÃO REALIZADO NO RESULTADO
DANOSO.

Pela teoria da imputação objetiva, afasta-se a tipicidade objetiva da conduta em casos de


autocolocação em risco pela vítima, tais como a hipótese em que o motorista, na condução de seu
veículo, é surpreendido pela vítima que, de inopino, se lança com sua bicicleta à frente do
automóvel, militando em favor do acusado, neste caso, ainda, o princípio da confiança. Não se pode
reconhecer a tipicidade da conduta pelo fato de o motorista não ser habilitado ou estar em
velocidade acima da permitida se, no caso concreto, esse risco não permitido por ele criado não
10se dado independentemente dessa circunstância,
tiver se realizado no resultado danoso, o qual teria
pelo que, pela própria teoria da "conditio sine qua non", tais fatores não podem ser tidos como causa
do crime.

Notícia: https://youtu.be/w02mc30iKu4?
si=kfTTWg0

REFERÊNCIAS:

www.jusbrasil.com.br
10

CONCLUSÃO:

Conclui-se que, o trabalho teve como objetivo exemplificar e resumir diversos tópicos de suma
importância para a introdução ao estudo do direito penal, onde podemos ter um entendimento
melhor de assuntos já tratados em aula, além de já pesquisar e buscar compreender assuntos que
futuramente serão tema de aula.
10

Referências:

- www.jusbrasil.com.br
- www.tjdft.com.br
- www.conjur.com.br
- www.g1.globo.com

- Código Penal Brasileiro.

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