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A compliance e a ética corporativa

A ética corporativa deve orientar as diretrizes comportamentais dentro da organização, visto


que é fundamental para evidenciar a transparência da empresa em suas ações e perante todos
os stakeholders.

Desse modo, quando falamos em ética, normalmente esta vem galgada da proposição de um
código de ética, código de conduta e procedimentos, bem como políticas internas que venham
a delinear as diretrizes éticas da empresa como um todo, inclusive perante seus stakeholders.
Quando se trata da ação de uma empresa, é preciso entender que esta é formada por pessoas
que serão as responsáveis por tornar concretas as diretrizes éticas da organização. Desse
modo, a conscientização ética refletirá na conduta dos agentes internos, o que repercutirá
externamente à sociedade e ao mundo, a respeito da posição da organização.

Todos da organização, independentemente do grau hierárquico (empregados, diretores,


conselheiros, acionistas, sócios), devem atentar-se às diretrizes éticas. Diante disso, para que
um modelo ético se consolide de maneira mais contundente, de forma a preceituar a
integridade plena da corporação, é primordial que os integrantes de alto escalão sejam os
primeiros a se enquadrar nas concepções éticas, a fim de tornarem-se sempre exemplo para
aqueles que estão em grau hierárquico inferior.

Em decorrência disso, a ética é essencial no contexto corporativo, momento em que vai se


encontrando com a concepção de compliance consolidado no Brasil, nos últimos anos. Uma
vez que o compliance já existia em um contexto internacional, como em muitas empresas
multinacionais que se encontram no Brasil, a sua implementação e importância no mundo
corporativo passou a se consolidar agora, com a promulgação da Lei da Empresa Limpa ou Lei
de Anticorrupção, Lei n. 12.846, de 1º de agosto de 2013, e Decreto n. 8.420, de 18 de março
de 2015.

O termo em inglês compliance, essencialmente, significa estar em conformidade com normas e


regulamentos em geral, sejam eles externos ou internos. Salientamos que a conformidade, na
perspectiva externa, encontra-se relacionada ao respeitar e cumprir leis, decretos, normas,
resoluções em geral quando determinados por ato governamental. No que tange ao aspecto
interno, cabe destacar as normas internas das empresas elaboradas e alinhadas ao seu
planejamento estratégico.

Com a adoção de procedimentos de autorregulamentação – como o desenvolvimento de


códigos de conduta pelas empresas, desde que conexos à estratégia e com base na ética,
integridade e responsabilidade –, a empresa já começa a se a adequar à visão da concepção do
compliance, em razão da visão da ética corporativa que se consolida.

A Lei n. 12.846 e o Decreto n. 8.420 tiveram as suas perspectivas estruturadas na lei


anticorrupção dos Estados Unidos (Foreign Corrupt Practices Act – FCPA), bem como do Reino
Unido (Bribery Act), além de outros documentos internacionais ratificados pelo Brasil,
oriundos de encontros como Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (ONU),
Convenção Interamericana contra a Corrupção (OEA), Convenção sobre o Combate da
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais
(OCDE).

O programa de compliance na Lei Anticorrupção é denominado de Programa de Integridade e


se encontra no artigo 41 do Decreto n. 8.420, que entende o compliance como: mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e
na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de
detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a
administração pública, nacional ou estrangeira (BRASIL, 2017).

O compliance vem consolidar as práticas de ética e integridade, minimização de riscos, além da


detecção de desvios, fraudes e irregularidades na perspectiva corporativa.

Essa concepção de compliance é extremamente relevante, visto que, nos dias atuais, trata-se
de algo primordial a ser implementado nas empresas. Ainda que anos atrás isso não era algo
presente no Brasil, suas bases já iniciaram-se na visão da ética corporativa e governança.
Ademais, destacam-se os princípios do Pacto Global e, dentre eles, o combate à corrupção
vem ao encontro de um dos propósitos de um programa de compliance.

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