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Aula 03
Análise por Lugar das Raı́zes
2° Semestre de 2023
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Considerações Iniciais
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Considerações Iniciais
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Considerações Iniciais
Vamos começar a análise do método do lugar das raı́zes com um exem-
plo. Considere o seguinte sistema de controle, no qual K ∈ R+ (real e
positivo) e G (s) é uma função de transferência dada por
1
G (s) = .
s(s + 2)
Y (s) KG (s) K
T (s) = = = 2 .
R(s) 1 + KG (s) s + 2s + K
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Considerações Iniciais
s 2 + 2s + K = 0 .
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Considerações Iniciais
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Considerações Iniciais
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Considere o problema que se segue: dado um ponto s1 ∈ C no plano-s,
como saber se este ponto faz parte do gráfico de Lugar das Raı́zes de
um sistema G (s)?
Para resolver este problema, vamos considerar a equação caracterı́stica
em malha fechada no seguinte formato
1 + KG (s) = 0 → KG (s) = −1 .
Como G (s) é, geralmente, complexa (função de variável complexa),
podemos decompor a equação anterior de duas formas: uma equação
de módulo e uma equação de ângulo
|KG (s)| ∠KG (s) = 1∠ ± 180◦ (2k + 1) k = 0, 1, 2, . . . .
Isolando-se as equações, temos
1
|G (s)| =
K
◦
∠G (s) = ±180 (2k + 1) , k = 0, 1, 2, . . . .
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Os critérios de ângulo e de módulo podem ser vistos de uma outra maneira. Con-
sidere, sem perda de generalidade, que a função G (s) é dada por um zero e dois
pólos, da seguinte forma
s − z1
G (s) = .
(s − p1 )(s − p2 )
Se desejamos saber se s1 faz parte do LR, então temos
s1 − z1
G (s1 ) = .
(s1 − p1 )(s1 − p2 )
−−−−→ −−−−→
Geometricamente, no plano-s, G (s1 ) é composta por três vetores: s1 − z1 , s1 − p1
−−−−→
e s1 − p2 , ou seja, são vetores com inı́cio em pi (ou zi ) e fim em s1 . Tais vetores
possuem, evidentemente, um módulo rpi = |s1 − pi | (ou rzi = |s1 − zi |) e um ângulo
θpi = ∠(s1 − pi ) (ou θzi = ∠(s1 − zi )) formados em relação ao eixo real. Desta
forma, podemos decompor G (s1 ) em uma equação de módulo e uma equação de
ângulo
rz1
|G (s1 )| =
rp1 rp2
∠G (s1 ) = θz1 − θp1 − θp2 .
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Aplicando-se o critério de ângulo, para que o ponto s1 ∈ C faça parte do LR, temos
então que
θz1 − θp1 − θp2 = ±180◦ (2k + 1) , k = 0, 1, 2, . . . .
Se a condição acima for satisfeita, então pelo critério de módulo tem-se que o ganho
K que impõe a raiz s1 para a equação caracterı́stica é
rp1 rp2
K = .
rz1
Desta maneira, temos a seguinte definição:
Critério de Ângulo
Um ponto s1 ∈ C faz parte do diagrama de Lugar das Raı́zes se o somatório dos ângulos
dos vetores dos zeros menos o somatório dos ângulos dos vetores dos pólos for igual a
±180◦ ou um múltiplo 2k + 1, com k = 0, 1, 2, . . ., dele. Matematicamente, temos
m
X n
X
θzi − θpi = ±180◦ (2k + 1) k = 0, 1, 2, . . . .
i i
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Critério de Módulo
Dado que um ponto s1 ∈ C faz parte do diagrama de Lugar das Raı́zes, o ganho K que faz
com que s1 seja uma raiz da equação caracterı́stica é dado pelo produtório dos módulos
dos vetores dos pólos dividido pelo produtório dos módulos dos vetores dos zeros (ou 1
se não houver zeros finitos). Matematicamente, temos
n
Y
rpi
i
, se 0 < m ≤ n
m
Y
rzi
K = .
i
Yn
rpi , se m = 0
i
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Exemplo 3.1
Dado o sistema de controle ilustrado pela figura abaixo, com
1
G (s) = ,
s(s + 2)
determine se os seguintes pontos fazem parte do diagrama de Lugar das Raı́zes e, caso
afirmativo, qual o valor de K que impõe o pólo desejado em malha fechada:
(a) s1 = −3;
(b) s1 = −1 + j5;
(c) s1 = −2 + j5.
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Resolução do Exemplo 3.1:
Equação caracterı́stica
1 + KG (s) = 0
1
1+K =0
s(s + 2)
Método #1 – Definição
1
K = .
|G (s1 )|
Resolvendo a letra (a) – s1 = −3
1 1
G (−3) = = ≈ 0, 3333
(−3)(−3 + 2) 3
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
1 1 1
G (−1 + j5) = = = ≈ −0, 0385
(−1 + j5)(−1 + j5 + 2) (−1 + j5)(1 + j5) −26
1 1
G (−2 + j5) = = ≈ −0, 0345 + j0, 0138
(−2 + j5)(−2 + j5 + 2) (−2 + j5)(j5)
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Y
rpólos
K = Y .
rzeros
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.1:
Cálculo dos ângulos
θp1 = 180◦
θp2 = 180◦
Critério de ângulo
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.1:
Cálculo dos ângulos
5
θp1 = 180◦ − tan−1 = 101, 3099◦
1
5
θp2 = tan−1 = 78, 6901◦
1
Critério de ângulo
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.1:
Resolvendo a letra (c) – s1 = −2 + j5:
Exemplo 3.2
Considere o sistema de controle de um motor de corrente contı́nua, conforme ilustrado na figura a seguir. O objetivo é controlar
a velocidade do motor, em [rpm], utilizando-se de um sensor constituı́do por um tacogerador cuja função de transferência é
1
H(s) = [V/rpm] .
0, 75s + 150
Y (s) 8
GP (s) = = [rpm/V] ,
U(s) 0, 6s 2 + 1, 6s + 1
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Resolução do Exemplo 3.2:
Sabemos que o controlador proporcional é
GC (s) = KP .
Podemos reescrever o sensor H(s) e a planta GP (s) respectivamente como
1 1 1
H(s) = =
0, 75s + 150 0, 75 s + 200
8 8 1
GP (s) = = .
0, 6s 2 + 1, 6s + 1 0, 6 (s + 1)(s + 1, 6667)
Desta forma, a equação caracterı́stica é
1 + GC (s)GP (s)H(s) = 0
8 1 1 1
1 + KP =0,
0, 6 (s + 1)(s + 1, 6667) 0, 75 s + 200
a qual podemos ver na tradicional forma 1 + KG (s) = 0 simplesmente assumindo que
8 1 8KP
K = KP =
0, 6 0, 75 0, 45
1
G (s) =
(s + 1)(s + 1, 6667)(s + 200)
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.2:
Resolvemos a letra (a) aplicando o critério de ângulo (para s1 = −1, 2 + j2)
1
G (−1, 2 + j2) = .
−814, 8228 + j97, 8532
e desta maneira o ponto s1 = −1, 2 + j2 não atende o critério de ângulo e portanto não
faz parte do Lugar das Raı́zes.
Resolvemos a letra (b) também aplicando o critério de ângulo (para s1 = −1, 32 + j2, 09)
1
G (−1, 32 + j2, 09) = .
−890, 0131 + j1, 7257
e desta maneira o ponto s1 = −1, 32 + j2, 09 atende o critério de ângulo e portanto faz
parte do Lugar das Raı́zes.
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.2:
Para resolvermos a letra (c) aplicamos o critério de módulo, sabendo que o ponto s1 =
−1, 32 + j2, 09 faz parte do diagrama de Lugar das Raı́zes pois atende o critério de ângulo.
Sendo assim, temos
1 1
K = = ≈ 890 .
|G (−1, 32 + j2, 09)| 1, 1236 × 10−3
8KP 8KP
K = ⇒ 890 = ,
0, 45 0, 45
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.2:
Já o fator de amortecimento ζ é
πζ −π0, 534
−p p
Mp = e 1− ζ2 2
× 100% = e 1 − 0, 534 × 100% ≈ 13, 75% ,
4 4
ts = = ≈ 3, 03 [s] .
ζωn 0, 534 . 2, 4719
Para resolvermos a letra (e), partimos do ponto que, se o ponto s1 = −1, 32 + j2, 09 faz
parte do diagrama de Lugar das Raı́zes, então ele é solução para a equação caracterı́stica
1 + KG (s) = 0. Já calculamos que o ganho K que impõe estes pólos é K = 890, logo
1
1 + 890 =0.
(s + 1)(s + 1, 6667)(s + 200)
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.2:
Simplificando a equação anterior, chegaremos a
Procedendo-se a divisão de s 3 +202, 6667s 2 +535, 0067s +1223, 94 por s 2 +2, 64s +6, 1105,
veremos que o resto é zero e o quociente é dado por s + 200, 0267. Portanto, a terceira
raiz está localizada em s3 = −200, 0267.
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Determinando Pontos do Lugar das Raı́zes
Continuação da Resolução do Exemplo 3.2:
Uma maneira mais simples é utilizar a propriedade da solução da equação de 3◦ grau: dada
a equação de 3◦ grau (na variável s) na forma as 3 + bs 2 + cs + d = 0, pelas Fórmulas
de Vieta a soma de suas raı́zes é igual a −b/a, a soma do produto dois-a-dois das raı́zes é
−c/a e a multiplicação das raizes é −d/a. Logo, temos que
s1 + s2 + s3 = −b/a
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Regras Gerais de Construção
1ª Regra - Simetria
O lugar das raı́zes é um diagrama simétrico com respeito ao eixo real.
3ª Regra - Assı́ntotas
Se a função de transferência da malha aberta possui α = n − m zeros no infinito, α ≥ 1,
o lugar das raı́zes se aproxima das α assı́ntotas, na medida em que K → ∞, com ângulos
2k + 1
θ= ± 180◦ , k = 0, 1, 2, . . . , α − 1
α
e as assı́ntotas partem do eixo real no ponto
soma dos pólos finitos − soma dos zeros finitos
σa =
α
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Regras Gerais de Construção
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Regras Gerais de Construção
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Regras Gerais de Construção
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Regras Gerais de Construção
Exemplo 3.3
Dada a seguinte função de transferência da malha aberta
K
GC (s)GP (s)H(s) = ,
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
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Regras Gerais de Construção
1 + GC (s)GP (s)H(s) = 0 ,
1
1+K =0,
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
e logo:
1
G (s) = .
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
1ª Regra – Simetria: nesta regra não há nada a ser calculado, apenas lembrar que o Lugar
das Raı́zes é sempre simétrico com respeito ao eixo real.
2ª Regra – Inı́cio e Fim: os ramos do diagrama tem inı́cio nos pólos finitos da malha aberta
(ou seja, de G (s)) e fim nos zeros finitos ou não. Logo, os ramos tem inı́cio em s = 1,
s = −2 e s = −3, e fim nos zeros no infinito, uma vez que não há zeros finitos em malha
aberta.
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Regras Gerais de Construção
Continuação da Resolução do Exemplo 3.3:
3ª Regra – Assı́ntotas: uma vez que a malha aberta tem três pólos finitos (n = 3) e nenhum
zero finito (m = 0), e portanto terá três assı́ntotas (α = n − m = 3). Quando há três
assı́ntotas, os ângulos são:
±180◦ (2k + 1)
θ= , k = 0 ,1 ,2 .
3
Sendo assim, os ângulos das assintotas são θ = 60◦ , θ = −60◦ e θ = 180◦ (lembrar que
os ângulos das assı́ntotas são tabelados pelo número de assı́ntotas, e não pelo sistema em
si). O ponto onde as assı́ntotas partem do eixo real serão:
[1 + (−2) + (−3)] − 0
σa = ≈ −1, 3333 .
3
4ª Regra – Eixo Real: um ponto sobre o eixo real faz parte do Lugar das Raı́zes se à sua
direita o número de pólos e zeros sobre o eixo real for ı́mpar. Graficamente:
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Regras Gerais de Construção
d −(3s 2 + 8s + 1)
G (s) = =0
ds (s − 1)2 (s + 2)2 (s + 3)2
3s 2 + 8s + 1 = 0 .
Calculando-se as raı́zes da equação acima, tem-se que são s1 = −0, 1315 e s2 = −2, 5352.
Uma vez que s1 está sobre um trecho do eixo real que faz parte do LR e s2 não, conclui-se
que há apenas um ponto de separação, que é igual a σb = −0, 1315.
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Regras Gerais de Construção
Continuação da Resolução do Exemplo 3.3:
6ª Regra – Cruzamento com o Eixo Imaginário: a equação caracterı́stica é
1
1+K =0 → s 3 + 4s 2 + s + K − 6 = 0 .
s 3 + 4s 2 + s − 6
Montando-se a Tabela de Routh:
s3 1 1
s2 4 K −6
10 − K
s1
4
s0 K −6
Para qualquer ganho 6 < K < 10, o sistema é estável em malha fechada. Para K = 6, a
equação caracterı́stica fica
s 3 + 4s 2 + s = 0 ⇒ s(s 2 + 4s + 1) = 0 .
e então vemos que há um pólo na origem, ou seja, um dos ramos intercepta o eixo imaginário
na origem. Para K = 10, a linha s 1 na Tabela de Routh passa a ser nula, indicando que
haverá um polinômio par com os coeficientes da linha anterior igual a
Qp (s) = 4s 2 + 4
fatorando Q(s). Calculando-se as raı́zes de Qp (s), temos que s1,2 = ±j. Ou seja, em
K = 10, dois ramos interceptam o eixo imaginário nos pontos ±1.
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Regras Gerais de Construção
−jω 3 − 4ω 2 + jω + K − 6 = 0
Ambas as partes real e imaginária da equação anterior devem ser zero, logo:
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Regras Gerais de Construção
Lugar das Raı́zes gerado via MATLAB ® do Exemplo 3.3:
Root Locus
5
3
Imaginary Axis (seconds−1)
−1
−2
−3
−4
−5
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2
Real Axis (seconds−1)
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Regras Gerais de Construção
Exemplo 3.4
Dada a seguinte função de transferência da malha aberta:
K (s + 1)
GC (s)GP (s)H(s) = ,
s(s − 1)(s 2 + 4s + 16)
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Regras Gerais de Construção
Resolução do Exemplo 3.4:
√
Os pólos complexos são as raı́zes de s 2 + 4s + 16 = 0. Logo, são s√
3,4 = −2 ± j2 3.
Faremos o cálculo do ângulo de partida do pólo s3 = −2 + j2 3, sabendo que
pela propriedade da simetria em relação ao eixo real o outro ângulo é exatamente o
oposto do que iremos calcular.
Graficamente:
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Regras Gerais de Construção
Contnuação da Resolução do Exemplo 3.4:
Pelo critério de ângulo, devemos ter:
Como √
2 3
θz1 = 180◦ − tan−1 = 106, 1021◦
1
√
◦ −1 2 3
θp1 = 180 − tan = 130, 8934◦
3
√
◦ −1 2 3
θp2 = 180 − tan = 120◦
2
θp4 = 90◦ ,
√
logo, o ângulo de partida do polo s3 = −2 + j2 3 é θd = −54, 1973◦ , ou seja, o
ramo parte deste pólo “para baixo e à direita”.
√
O ângulo de partida do outro pólo, s4 = −2 − j2 3, é 54, 1973◦ , exatamente o
oposto do outro, e então o ramo parte deste pólo “para cima e à direita”.
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Regras Gerais de Construção
Figura de alguns diagramas de Lugar das Raı́zes comuns (Phillips):
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Regras Gerais de Construção
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Configurações Adicionais
Vimos que as técnicas para análise via diagrama de Lugar das Raı́zes e seu respectivo
esboço são determinadas quando a equação caracterı́stica é dada por
1 + KG (s) = 0 ,
1 + αG (s) = 0 .
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Configurações Adicionais
B(s)
1+α =0,
A(s)
e desta forma a função de transferência que deve ser levada em consideração
no método de Lugar das Raı́zes é
B(s)
G (s) = .
A(s)
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Configurações Adicionais
Exemplo 3.5
Dada o seguinte sistema de controle, no qual a função de transferência da planta é
1
GP (s) = ,
s(s + a)
e tanto a realimentação quanto o controlador são unitários (H(s) = 1 e GC (s) = 1), qual deveria
ser a função G (s) a ser utilizada, se fosse desejado conhecer a influência da variação do pólo em
malha aberta s = −a nos pólos da malha fechada através do método de Lugar das Raı́zes?
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Configurações Adicionais
Equação caracterı́stica:
s 2 + as + 1 = 0 ⇒ s 2 + 1 + as = 0 .
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Lugar das Raı́zes Complementar
Vimos, até então, a análise da técnica de Lugar das Raı́zes quando por definição o
parâmetro variante K é real e positivo, ou seja, 0 ≤ K < +∞. Entretanto, existe o
chamado de Lugar das Raı́zes Complementar, que é o lugar geométrico formado
pelas raı́zes da equação caracterı́stica quando o parâmetro K é real e negativo, ou
seja, −∞ < K ≤ 0. Para não criar confusão, o termo Lugar das Raı́zes será utilizado
para denotar o “Lugar das Raı́zes Convencional” (para 0 ≤ K < +∞), enquanto
que o termo Lugar das Raı́zes Complementar para −∞ < K ≤ 0.
Assumindo que K é real e negativo, podemos reescrever a equação caracterı́stica
para o Lugar das Raı́zes Complementar como
1 − KG (s) = 0 ,
e, então, novamente K é tratado como real e positivo (mas sabemos que é negativo,
o sinal menos já está “embutido” na equação!).
Desta forma, temos que
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Lugar das Raı́zes Complementar
Decompondo a equação anterior em duas equações (módulo e ângulo), temos
1
K =
|G (s)|
∠G (s) = ±360◦ k , k = 0, 1, 2, . . . .
Novamente, vemos que a equação de módulo (que é exatamente igual ao do Lugar das
Raı́zes) não fornece uma condição necessária e suficiente, pois qualquer valor do módulo
de G (s) torna K real e positivo. Entretanto, a equação de ângulo fornece uma condição
necessária e suficiente, pois independe de K . Sendo assim, para saber se um determinado
ponto s1 ∈ C faz parte do LR Complementar, aplicamos o critério (ou condição) de ângulo
revisitada
∠G (s1 ) = ±360◦ k , k = 0, 1, 2, . . . ,
e então definimos o conjunto Lugar das Raı́zes Complementar como
1ª Regra - Simetria
O Lugar das Raı́zes Complementar é um diagrama simétrico com respeito ao eixo real.
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Lugar das Raı́zes Complementar
3ª Regra - Assı́ntotas
Se a função de transferência da malha aberta possui α = n − m zeros no infinito, α ≥ 1,
o Lugar das Raı́zes Complementar se aproxima das α assı́ntotas, na medida em que
K → −∞, com ângulos
k
θ= ± 360◦ , k = 0, 1, 2, . . . ,
α
e as assı́ntotas partem do eixo real no ponto
soma dos pólos finitos − soma dos zeros finitos
σa =
α
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Lugar das Raı́zes Complementar
dG (s)
=0,
ds
ou equivalentemente de
dD(s) dN(s)
N(s) − D(s) = 0 ,
ds ds
onde N(s) é o numerador de G (s) e D(s) é o denominador de G (s). Note que toda raiz
encontrada é, na realidade, um ponto de separação, seja do Lugar das Raı́zes ou do Lugar
das Raı́zes Complementar. Logo, se é desejado esboçar o Lugar das Raı́zes Complementar,
basta checar se o ponto σb cumpre a 4ª Regra.
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Lugar das Raı́zes Complementar
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Lugar das Raı́zes Complementar
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Lugar das Raı́zes Complementar
Exemplo 3.6
Dada a seguinte função de transferência da malha aberta
K
GC (s)GP (s)H(s) = ,
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
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Lugar das Raı́zes Complementar
1
1−K =0,
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
e logo
1
G (s) = .
(s − 1)(s + 2)(s + 3)
1ª Regra – Simetria: nesta regra não há nada a ser calculado, apenas lembrar que o Lugar
das Raı́zes é sempre simétrico com respeito ao eixo real.
2ª Regra – Inı́cio e Fim: os ramos do diagrama tem inı́cio nos zeros finitos ou no infinito
da malha aberta (ou seja, de G (s)) e fim nos pólos finitos. Logo, os ramos tem inı́cio nos
zeros no infinito (uma vez que não há zeros finitos em malha aberta) e fim em s = 1,
s = −2 e s = −3.
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Lugar das Raı́zes Complementar
Continuação da Resolução do Exemplo 3.6:
3ª Regra – Assı́ntotas: uma vez que a malha aberta tem três pólos finitos (n = 3) e nenhum
zero finito (m = 0), e portanto haverá três assı́ntotas (α = n − m = 3). Quando há três
assı́ntotas, os ângulos são:
±360◦ k
θ= , k = 0 ,1 ,2 .
3
Sendo assim, os ângulos das assı́ntotas são θ = 0◦ , θ = 120◦ e θ = −120◦ (lembrar que
os ângulos das assı́ntotas são tabelados pelo número de assı́ntotas, e não pelo sistema em
si). O ponto onde as assı́ntotas partem do eixo real será:
[1 + (−2) + (−3)] − 0
σa = ≈ −1, 3333 .
3
4ª Regra – Eixo Real: um ponto sobre o eixo real faz parte do Lugar das Raı́zes Complemen-
tar se à sua direita o número de pólos e zeros sobre o eixo real não for ı́mpar. Graficamente:
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Lugar das Raı́zes Complementar
d −(3s 2 + 8s + 1)
G (s) = =0
ds (s − 1)2 (s + 2)2 (s + 3)2
3s 2 + 8s + 1 = 0 .
Calculando-se as raı́zes da equação acima, tem-se que são s1 = −0, 1315 e s2 = −2, 5352.
Uma vez que s2 está sobre um trecho do eixo real que faz parte do LR Complementar e s1
não, conclui-se que há apenas um ponto de separação, que é igual a σb = −2, 5352.
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Lugar das Raı́zes Complementar
1
1−K =0 → s 3 + 4s 2 + s − (K + 6) = 0 .
s 3 + 4s 2 + s − 6
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Lugar das Raı́zes Complementar
®
Continuação da Resolução do Exemplo 3.6: Lugar das Raı́zes Complementar gerado
via MATLAB do Exemplo 3.6:
Root Locus
10
6
Imaginary Axis (seconds−1)
−2
−4
−6
−8
−10
−8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8 10
Real Axis (seconds−1)
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