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10º ANO PEDRO JUNIOR LITERATURA

Exercícios sobre “Campo Geral”

As questões 1 e 2 referem-se ao texto abaixo:

Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim…
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora!
Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e
diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da
terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E
tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo… O senhor tinha retirado dele os óculos, e
Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim
assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim também
carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José
Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia descompassado, ele careceu
de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás,
mexeu: – “Miguilim, você é piticego…” E ele respondeu: – “Donazinha…” Quando voltou, o
doutor José Lourenço já tinha ido embora.
(Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. “Campo Geral”).

Questão 1– (ITA) A narrativa:


I. Desenvolve-se num universo fantástico, corroborado pela subversão da linguagem.
II. Não retrata as experiências afetivas entre Miguilim e as outras personagens, pois o foco
está nas ações dele.
III. É escrita em terceira pessoa, mas a história é filtrada pela perspectiva do menino
Miguilim.

Diagramação e/ou salvo por último.:LAVOUSYER SOUSA


Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II.
d) apenas III.
e) todas.

Questão 2– (ITA) Os diminutivos do segmento contribuem para criar uma linguagem


a) afetada.
b) afetiva.
c) arcaica.
d) objetiva.
e) rebuscada.

Questão 3- (EEWB) Leia o trecho abaixo, de Campo Geral, e assinale a alternativa incorreta:
“Ah, tio Terêz devia de ir embora, de ligeiro, ligeiro, se não o Pai já devia estar voltando por
causa da chuva, podia sair homem morto daquela casa, Vovó Izidra xingava tio Terêz de
“Caim” que matou Abel, Miguilim tremia receando os desatinos das pessoas grandes, tio
Terêz podia correr, sair escondido, pela porta da cozinha… Que fosse como se já tivesse ido
há muito tempo…”

a) O narrador figura–se como um adulto, a fim de contar efetivamente a história, mas


visualiza os fatos como se pertencesse ao íntimo do universo infantil, diminuindo a distância
entre as duas realidades.
b) A intertextualidade presente no trecho, a repreensão de Vovó Izidra em relação ao ato do
filho, é uma das várias referências à religião feitas ao longo da obra, justificáveis pelas fortes
tradições sertanejas.
c) A expressão de ligeiro, ainda que apresente o modo com o qual Tio Terêz devia de ir
embora, não pode ser considerada um adjunto adverbial do verbo ir, pois tem a estrutura de
locução adjetiva.
d) O que tem funções distintas no trecho: o primeiro é um pronome relativo que retoma o
nome Caim e o segundo é uma partícula expletiva ou de realce, podendo ser suprimida sem
que o sentido se altere.

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Questão 4– (EEWB) Observe os dois trechos abaixo, o primeiro de Campo Geral, o segundo
de Miopia Progressiva:
“Ser menino, a gente não valia para querer mandar coisa nenhuma.”
“Em suma, eles se entendiam, os membros de sua família; e entendiam-se à sua custa.”

Analisando os trechos percebemos que os meninos se diferem quanto a(o):


a) autonomia financeira.
b) posição ocupada na família.
c) região onde moram.
d) número de integrantes da família.

Questão 5– (UFG) – Diversos motivos narrativos compõem a trama de “Campo Geral”, texto
da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa. Qual o motivo narrativo principal para a
composição do enredo desse conto?

a) As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.


b) A instabilidade sentimental da mãe de Miguilim.
c) A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
d) A rivalidade entre o Tio Terêz e o pai de Miguilim.
e) A solidariedade entre os irmãos de Miguilim.

Questão 6 – (UFRGS) – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações


sobre sentimentos de personagens de Campo Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de
Guimarães Rosa.

( ) Miguilim odiava seu Pai, pela violência das surras e castigos que ele lhe impunha: mandar
embora a cadela ou soltar os passarinhos que estavam nas gaiolas.
( ) As rezas da avó e os feitiços de Mãitina enfim surtiram efeito: Miguilim passou a se sentir
culpado pela morte do irmão.
( ) Miguilim detestava o Mutum, mas, com a ajuda dos óculos do doutor, acabou finalmente
descobrindo que se tratava de um lugar bonito.
( ) Dito sentiu inveja de Miguilim porque Papaco-o-Paco era capaz de dizer “ – Miguilim,
Miguilim, me dá um beijim”, mas não conseguia pronunciar “Dito”.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) F – V – F – F.

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b) F – V – F – V.
c) V – V – F – V.
d) V – F – V – V.
e) V – F – V – F.

Questão 7 – Leia o trecho a seguir, retirado da obra Campo Geral, de Guimarães Rosa.

Chegou, e não falou nada. Não tomou a benção. Pai estava lá. — “O que é que este
menino xixilado está pensando? Tu toma a benção?!” Tomou a benção, baixinho, surdo.
Ficava olhando para o chão. Pai já estava encostado nele, como um boi bravo. Miguilim
desquis de estremecer, ficou em pau, como estava. Já tinha resolvido: Pai ia bater, ele
aguentava, não chorava, Pai batia até matar. Mas, na hora de morrer, ele rogava praga
sentida. Aí Pai ia ver o que acontecia. Todos se chegaram para perto, até o tio Osmundo
Cessim, Miguilim esperava. Duro.

Mas Pai não bateu em Miguilim. O que ele fez foi sair, foi pegar as gaiolas, uma por
uma, abrindo, soltando embora os passarinhos, os passarinhos de Miguilim, depois pisava
nas gaiolas e espedaçava. Todo o mundo calado. Miguilim não arredou do lugar. Pai tinha
soltado os passarinhos todos, até o casalzinho de tico-ticos-reis que Miguilim pegara sozinho,
por ideia dele mesmo, com peneira, na porta-da-cozinha, uma vez. Miguilim ainda esperou
para ver se Pai vinha contra ele recomeçado. Mas não veio. Então Miguilim saiu. Foi ao
fundo da horta, onde tinha um brinquedo de rodinha-d’água —sentou o pé, rebentou. Foi no
cajueiro, onde estavam pendurados os alçapões de pegar passarinhos, e quebrou com
todos. Depois veio, ajuntou os brinquedos que tinha, todas as coisas guardadas —os tentos
de olho-de-boi e maria-preta, a pedra de cristal preto, uma carretilha de cisterna, um besouro
verde com chifres, outro grande, dourado, uma folha de mica tigrada, a garrafinha vazia, o
couro de cobra-pinima, a caixinha de madeira de cedro, a tesourinha quebrada, os carretéis,
a caixa de papelão, os barbantes, o pedaço de chumbo, e outras coisas, que nem quis espiar
—e jogou tudo fora, no terreiro. E então foi para o paiol. Queria ter mais raiva. Mas o que não
lhe deixava a ideia era o casal de tico-ticos-reis, o macho tão altaneirozinho bonito —
upupava aquele topete vermelho, todo, quando ia cantar. Miguilim tinha inventado de pôr a
peneira meia em pé, encostada num toquinho de pau, amostrara arroz por debaixo, e pôde
ficar de longe, segurando a pontinha de embira que estava lá amarrada no toquinho de pau,
tico-tico-rei veio comer arroz, coração de Miguilim também, também, ele tinha puxado a
embira... Agora, chorava.

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(Campo Geral, Guimarães Rosa)

A narrativa de Campo Geral

I. é escrita em terceira pessoa, mas também permeada por discursos indiretos livres que
colocam o pensamento de Miguilim no meio das falas do narrador.

II. apresenta uma dificuldade de comunicação entre os adultos e as crianças, que nem
sempre se compreendem ou se relacionam de maneira boa.

III. tem diferentes momentos em que os animais e a natureza são fundamentais para a
compreensão das relações, como nas duas vezes em que o pai solta os animais de Miguilim.

Estão corretas as afirmativas


A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) nenhuma está correta.
E) todas estão corretas.

Questão 8 – A questão refere-se à obra “Campo Geral”, incluída no livro Manuelzão e


Miguilim, de João Guimarães Rosa.

Assinale a alternativa INCORRETA em relação à narrativa de Guimarães Rosa.

A) A dimensão mítica da estória é acentuada pela presença de seu Aristeu, figura solar, que
reconhece Miguilim como sujeito virtual da aquisição de sua sabedoria.
B) A partir da morte de Dito, Miguilim tem motivação para inventar estórias, evadindo-se,
assim, da triste realidade de pobreza e de perda.
C) O desejo de saber o certo, de separar o bom do mau é um aspecto que pontua a trajetória
psicológica do protagonista Miguilim.
D) Os conflitos entre os pais de Miguilim remetem a aspectos bíblicos e trágicos,
intensificando o caráter universalista da narrativa.

Texto para as questões 9 e 10.

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Só a Rosa parecia capaz de compreender no meio do sentir, mas um sentimento
sabido e um compreendido adivinhado. Porque o que Miguilim queria era assim como algum
sinal do Dito morto ainda no Dito vivo, ou do Dito vivo mesmo no Dito morto. Só a Rosa foi
quem uma vez disse que o Dito era uma alminha que via o Céu por detrás do morro, e que
por isso estava marcado para não ficar muito tempo mais aqui. E disse que o Dito falava com
cada pessoa como se ela fosse uma, diferente; mas que gostava de todas, como se todas
fossem iguais. E disse que o Dito nunca tinha mudado, enquanto em vida, e por isso, se a
gente tivesse um retratinho dele, podia se ver como os traços do retrato agora mudavam.
Mas ela já tinha perguntado, ninguém não tinha um retratinho do Dito. E disse que o Dito
parecia uma pessoinha velha, muito velha em nova.
(João Guimarães Rosa. Campo Geral.)

Questão 9 – (Fuvest, 2021) Sabendo que o quiasmo é uma figura de estilo formada por uma
dupla antítese cujos termos se cruzam, identifique um exemplo de quiasmo no texto e
explique a sua construção.
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Trata-se da expressão “Dito morto ainda no Dito vivo, ou do Dito vivo mesmo no Dito morto”.
O primeiro trecho da expressão (“Dito morto ainda no Dito vivo”) se refere a um prenúncio da
morte iminente de Dito, que eventualmente aconteceria. Tal sinal nota-se na fala de Rosa,
que afirma que “Dito era uma alminha que via o céu por detrás do morro” e que “estava
marcado para não ficar muito tempo mais aqui”. O segundo trecho da expressão (“Dito vivo
mesmo no Dito morto”) se relaciona ao legado deixado por Dito após a sua morte, ou seja, a
permanência de Dito nas lições e ensinamentos deixados por ele para Miguilim. Tal legado
se percebe no trecho “se a gente tivesse um retratinho dele, podia se ver como os traços do
retrato agora mudavam”. As mudanças no retrato simbolizam metaforicamente o
amadurecimento, mesmo após a morte, do personagem.

Deve-se considerar ainda a presença de outro quiasmo no texto: “uma pessoinha velha,
muito velha em nova”, em que o termo “pessoinha” carrega o sentido de “criança” e é
qualificado pelo adjetivo “velha”. Em seguida, Dito é caracterizado como uma pessoa “muito
velha em nova”, gerando o cruzamento que caracteriza o quiasmo. Aqui, o recurso aponta
para a condição de maturidade precoce de Dito, que, mesmo sendo mais novo que Miguilim,
dava-lhe conselhos e lições de vida ("Sempre alegre, Miguilim!").

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Por fim, cabe a observação de que o enunciado incorre em imprecisão ao definir o quiasmo
como uma “dupla antítese”. Na verdade, o quiasmo é uma estrutura em que dois elementos
de uma frase são repetidos de maneira inversa numa segunda.
Questão 10 – Nas palavras do crítico Paulo Rónai, o escritor Guimarães Rosa sonda as suas
personagens "num momento de crise, quando, acuadas pelo amor, pela doença ou pela
morte, procuram desesperadamente tomar consciência de si mesmas e buscam o sentido de
sua vida". Como a ausência do Dito desperta a inquietação de Miguilim?
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A inquietação de Miguilim foi despertada pela melancolia e pela tristeza causadas pela morte
do Dito, seu irmão, melhor amigo e confidente. A perda de Dito representa a ausência de
uma figura que o guiava e que respondia a seus questionamentos. A Miguilim, Dito possuía
um entendimento profundo das coisas e uma maturidade muito além da sua idade. A perda
do irmão leva Miguilim a fazer perguntas sobre a sua própria realidade, colaborando no seu
processo de amadurecimento, que se consagraria com a sua saída do Mutum.

Questão 11. (UFG) Diversos motivos narrativos compõem a trama de "Campo Geral", texto
da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa. Qual o motivo narrativo principal para a
composição do enredo desse conto?
A. As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.
B. A instabilidade sentimental da mãe de Miguilim.
C. A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
D. A rivalidade entre o Tio Terêz e o pai de Miguilim.
E. A solidariedade entre os irmãos de Miguilim

Texto para as duas próximas questões

Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora!
Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e
diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da

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terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E
tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e
Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim
assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim também
carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José
Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia descompassado, ele careceu
de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás,
mexeu: – “Miguilim, você é piticego...” E ele respondeu: – “Donazinha...”
Quando voltou, o doutor José Lourenço já tinha ido embora. (Guimarães Rosa. Manuelzão e
Miguilim. “Campo Geral”)

Questão 12. (ITA) A narrativa


I. desenvolve-se num universo fantástico, corroborado pela subversão da linguagem.
II. não retrata as experiências afetivas entre Miguilim e as outras personagens, pois o foco
está nas ações dele.
III. é escrita em terceira pessoa, mas a história é filtrada pela perspectiva do menino Miguilim.
Está(ão) correta(s)
A. Apenas I.
B. Apenas I e II.
C. Apenas II.
D. Apenas III.
E. Todas.

Questão 13. (ITA) Os diminutivos do segmento contribuem para criar uma linguagem
A. Afetada.
B. Afetiva.
C. Arcaica.
D. Objetiva.
E. Rebuscada.

Questão 14. (UEG) ― “Mãe, que é que fizeram com o resto da roupinha do Dito?” ― agora
ele queria saber. ― “Está guardada, Miguilim. Depois ela ainda vai servir para Tomezinho.”
“― Mãe, e as alpercatinhas do Dito?” “― Também, Miguilim. Agora descansa.” Miguilim tinha
mesmo que descansar, perdera a força de aluir com um dedo. Suava. Suava.
ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilim: (Corpo de baile). 11 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001. p. 143.

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A respeito da prosa de Guimarães Rosa, na obra Manuelzão e Miguilim, exemplificada pelo
trecho citado de “Campo geral”, assinale a alternativa INCORRETA:
A. O uso de palavras no diminutivo, como “roupinha”, “alpercatinhas”, “Tomezinho”,
nesse trecho, revela o clima de afetividade que permeia o universo infantil da
personagem Miguilim, em meio aos costumes rudes em que ele nasce, cresce e vai
descobrindo o mundo.
B. “A rola fôgo-apagou cantava continuado, o dia, mesmo na calada do calor, quando
dormiam os outros pássaros.” Nesse trecho de “Uma história de amor”, percebe-se um
uso mais convencional e menos inovador da língua, o que se opõe à narrativa de
“Campo geral”.
C. As inovações, no aspecto lingüístico, apresentam-se na exploração criativa das
possibilidades da língua, como ocorre na sugestividade sonora da repetição em
“Suava. Suava.” Ou na expressividade sintáticosemântica do verbo aluir, em “Miguilim
tinha mesmo que descansar, perdera a força de aluir com um dedo.”
D. Ainda na passagem “Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a força de aluir
com um dedo” e em toda a narrativa de “Campo geral” é notória a simpatia que o
narrador tem por seu protagonista.

Questão 15. (IFNMG) Com base em seus conhecimentos acerca da prosa 1roduzida por
Guimarães Rosa, pode-se afirmar que as características comuns a sua escrita comparecem
nesse trecho, EXCETO:
A. Uso de neologismos e de uma linguagem escrita muito parecida com a linguagem oral.
B. Escrita sem rigor estético, cheia de erros de português, a fim de criticar a falta de
cultura do homem sertanejo.
C. Narrativa com ideais filosóficos que levam à reflexão da existência humana.
D. Os fatos narrados têm como cenário o sertão mineiro, por isso são retratados hábitos,
paisagens e dialetos típicos dessa região.

Questão 16. (Fuvest) Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chica, Tomezinho.
Sorriu para Tio Terêz: – “Tio Terêz, o senhor parece com Pai...” Todos choravam. O doutor
limpou a goela, disse: – “Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se
enchem d’água...” Miguilim entregou a ele os óculos outra vez. Um soluçozinho veio. Dito e a
Cuca Pingo-de-Ouro. E o Pai. SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM... SEMPRE ALEGRE,
MIGUILIM... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o beijava. A Rosa punha-lhe doces-
de-leite nas algibeiras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto, falava.
In: Manuelzão e Miguilim; João Guimarães Rosa.

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Neste trecho de “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, as expressões em maiúsculo retomam,
ao final da narrativa,
A. Os versos sertanejos cantados pelo vaqueiro Salúz, em seu desejo de consolar
Miguilim.
B. A mensagem inicial de Tio Terêz, unindo, assim, o princípio e o fim da história.
C. As lições de conformidade e alegria de Mãitina a Miguilim, enraizados no catolicismo
popular.
D. A derradeira lição da sabedoria do Dito, reforçada depois por seu Aristeu.
E. O ensinamento do Grivo, cuja pobreza extrema era, no entanto, fonte de doçura e
alegria.

Questão 17. (Fuvest) Considere atentamente as seguintes afirmações sobre a novela


“Campo geral” (“Miguilim”), de Guimarães Rosa:
I. A sabedoria precoce do pequeno Dito é decisiva para o aprendizado de Miguilim, seja nas
experiências imediatas do cotidiano, seja na investigação do valor e do sentido profundos
dessas experiências.
II. Por meio da personagem Miguilim, o autor nos mostra que a vida rústica do sertanejo é
pobre como experiência - o que pode ser compensado pela imaginação poética de quem
sabe desligar-se daquela vida.
III. No momento final da narrativa, é em sentido literal e simbólico que um novo mundo se
revela para Miguilim - mundo que também se abre para uma vida de novas experiências.
A leitura atenta da novela permite concluir que apenas:
A. As afirmações I e III são corretas.
B. As afirmações I e II são corretas.
C. As afirmações II e III são corretas.
D. A afirmação II é correta.
E. A afirmação III é correta.

Questão 18. (UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações


sobre sentimentos de personagens de Campo Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de
Guimarães Rosa.
( ) Miguilim odiava seu Pai, pela violência das surras e castigos que ele lhe impunha: mandar
embora a cadela, ou soltar os passarinhos que estavam nas gaiolas.
( ) As rezas da avó e os feitiços de Mãitina enfim surtiram efeito: Miguilim passou a se sentir
culpado pela morte do irmão.

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( ) Miguilim detestava o Mutum, mas, com a ajuda dos óculos do doutor, acabou finalmente
descobrindo que se tratava de um lugar bonito.
( ) Dito sentiu inveja de Miguilim porque Papaco-o-Paco era capaz de dizer “ – Miguilim,
Miguilim, me dá um beijim”, mas não conseguia pronunciar “Dito”.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A. F – V – F – F.
B. F – V – F – V.
C. V – V – F – V.
D. V – F – V – V.
E. V – F – V – F.

Questão 19. (ENEM) “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de
fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem
junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo. – Deus te abençoe,
pequenino. Como é teu nome? – Miguilim. Eu sou irmão do Dito. – E o seu irmão Dito é o
dono daqui? – Não, meu senhor. O Ditinho está em glória. O homem esbarrava o avanço do
cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia: – Ah, não sabia,
não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é que há, Miguilim? Miguilim queria ver se o
homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava. – Por que você aperta
os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa? –
É Mãe, e os meninos... Estava Mãe, estava Tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro
se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas
coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: – Miguilim, espia daí: quantos dedos da
minha mão você está enxergando? E agora?”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da


perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência,
inclusive espacial, fica explicitado em:

A. O homem trouxe o cavalo cá bem junto.


B. Ele era de óculos, corado, alto (...).
C. O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...).
D. Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele (...).
E. Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.

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Questão 20. (PUCCamp) Na novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, o leitor
compreenderá que as sofridas experiências de menino no Mutum permitirão que o
protagonista, quando adulto,
A. Procure esquecê-las, valorizando a vida que passou a ter depois de superar as
privações de sua infância vazia.
B. A elas se refira de modo a compensar aqueles momentos negativos com as fantasias
que agora lhes acrescenta.
C. As retome para valorizar o aprendizado profundo da infância, que inclui as perdas
afetivas e o ganho de quem as descobre.
D. As retome para analisar sua fragilidade de criança, em meio às condições penosas
daquela rotina sem revelações.

Questão 21. (UFRGS) Com base no texto Campo Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de
João Guimarães Rosa, associe adequadamente cada uma das descrições da coluna da
esquerda, abaixo, ao respectivo personagem, citado na coluna da direita.
( ) Tinha má índole; pregava peças nos outros e tinha interesse nos assuntos da sexualidade.
( ) Destacava-se pela sensatez e pela coragem; queria tudo observar e dava respostas
sábias.
( ) Vestia-se de preto e chamava atenção pela magreza; gostava do escuro e de rezar.
( ) Pensava muito na morte; era sensível, solitário e não compreendia o mundo dos adultos.
1 - Dito
2 - Patori
3 - Maitiña
4 - Miguilim
5 - Vovó Izidra

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


A. 3 – 4 – 5 – 2
B. 4 – 1 – 3 – 5.
C. 5 – 2 – 3 – 4.
D. 2 – 1 – 5 – 4.
E. 2 – 4 – 1 – 3.

Questão 22. (Faculdade Ciências Médicas-MG) A questão refere-se à obra “Campo Geral”,
incluída no livro Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa, indicada para este
concurso.

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“Resta explicar, rapazes, por que ligo tanto à Medicina. É ainda uma questão de pachorra,
uma espécie de mal-aventurada dor-de-corno. Ninguém ignora que uma das... pegas infantis
mais vulgarizadas no Brasil, e talvez no mundo, é perguntarem ao rapazinho o que ele vai
ser na vida. Foi o que fizeram também comigo uma vez, eu não teria dez anos. Fiquei
atrapalhado, com muita vergonha de mim, e de repente escapei: – Vou ser médico. [...] Me
tornei médico às avessas, isto é, doente. Mais ou menos imaginário. Sou duma perfeição
perfeccional no descrever os sintomas das doenças. Das minhas doenças. E finalmente a
Medicina entorpeceu minhas leituras. [...] E quando encontro, em leituras outras, qualquer
referência sobre Medicina, ficho.”
(ANDRADE, Mário de. Namoros com a medicina. São Paulo: Martins; Brasília, INL, 1972,
p.7-8.)
Mário de Andrade certamente ficharia as passagens a seguir, transcritas de “Campo Geral”,
EXCETO:
A. “Mas o Dito, de repente, pegava a fazer caretas sem querer, parecia que ia dar
ataque. Miguilim chamava Vovó Izidra. Não era nada. Era só a cara da doença na
carinha dele.”
B. “Era Vovó Izidra, moendo pó em seu fornilho, que era o moinho-de-mão, de pedra-
sabão, com o pião no meio, mexia com o moente, que era pau cheiroso de sassafrás.”
C. “Vovó Izidra espremia no corte talo de bálsamo da horta, depois puderam amarrar um
pano em cima de outro, muitos panos, apertados.”
D. “Vovó Izidra fez um pano molhado, com folhas-santas amassadas, amarrou na cabeça
dele.”

Questão 23. (UFMG) Leia este texto:


“Vede, eis a pedra brilhante dada ao contemplativo; ela traz um nome novo, que ninguém
conhece, a não ser aquele que a recebe.” (Ruysbroek, o Admirável)
O uso de expressões populares são frequentes em Campo Geral.
Assinale a alternativa em que essa afirmativa NÃO se confirma.
A. “ Vez em quando, comiam, de sal, ou cocadas de buriti, dôce de leite, (...)”
B. “Ter um lugarim, reunir certa quantidade de meninos de por aqui por em volta, tão
precisados, assim é que vale. O bom real é o legal de todos...”
C. “Só Drelina era quem queria gostar: - “Fumaça percura é formosura...”
D. “Tomezinho e o Dito corriam, no pátio, cada um com uma vara de pau, eram
cavalinhos que tinham até nomes dados”

Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão 14.

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Estava Mãe, estava tio Terêz, estavam todos.
O senhor alto e claro se apeou.
O outro, que vinha com ele, era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.
Depois perguntava a ele mesmo:
– “Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando?
E agora?”Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se
esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta.
Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora! Miguilim olhou.
Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas,
as
Árvores, as caras das pessoas.
Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas
passeando no
Chão de uma distância.
E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo...
O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como
Era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada: mas o senhor dizia que aquilo era do
modo
Mesmo, só que Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café
com
Eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia
Descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria pretinha, à Mãitina. A
Chica
Veio correndo atrás, mexeu:
– Miguilim, você é piticego...
” E ele respondeu:
– “Donazinha...”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

Questão 24. (UFMG)

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texto 1
A cegueira e o saber 6

Leio notícia de que foi inaugurado em Paris um restaurante onde as pessoas têm
A oportunidade de viver a experiência da vida de um cego, pois aí os clientes comem
No mais completo escuro. Chama-se, apropriadamente, Dans Le noir (“No escuro”).
Os garçons são cegos, e não apenas servem, mas atuam como guias levando os
Fregueses até suas mesas. O restaurante está na moda. Situa-se ali perto do Beaubourg
E até o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin foi experimentar comer no escuro.
A coisa ocorre assim: “Antes de entrar na sala totalmente escura, os clientes
Deixam em armários com cadeados, no bar do restaurante, relógios, isqueiros,
Celulares e qualquer outro objeto que emita a mínima luz. Os pratos também são
Escolhidos antes de entrar no recinto. Entre as opções, ‘ menu surpresa’, que só
Será descoberto quando o garfo for levado à boca”. A experiência supera qualquer
Instalação. As pessoas passam por três ambientes com cortinas nos quais a luz vai
Rareando até a sala escura, onde há muito barulho, pois, para compensar a falta de
Visão, as pessoas falam alto. A surpresa aumenta quando o cliente descobre que tem
Outras pessoas à sua mesa.
Foi um ex-banqueiro e consultor de marketing social quem teve essa idéia.
E diz a matéria veiculada num site da BBC e mandada pela médica brasileira Mônica
Campos, residente nos Estados Unidos, que alguns clientes acham-se ridículos durante
A experiência, outros têm crise de choro e angústia, mas o fato é que o restaurante
Está sempre lotado. As pessoas pagam para não ver.
É pitoresco, mas repito: as pessoas pagam para não ver, pagam para comerem
No escuro.
Não deixa de ser sintomático que se abra um restaurante onde os que veem
Vão experimentar a cegueira, exatamente numa cultura de hipervisualização. Como
Se estivéssemos fatigados de ver, agora queremos não-ver. Que seja por algumas
Horas, não importa. É como se a poluição visual tivesse chegado a tal extremo, que
Se sente a necessidade de recuperar outros sentidos, experimentando o “desver”
Para, quem sabe, ver de novo.
Tomo esse restaurante como uma metáfora paradoxal de nossa época. A
Modernidade que descobriu e aperfeiçoou a fotografia, e que, tendo conseguido
Essa façanha, mobilizou-a criando o cinema e logo a seguir instalou a televisão
Dentro de nossas casas para que víssemos o mundo e o universo 24 horas por dia;
A mesma modernidade que vem com essa enxurrada de letras e palavras em camisetas,

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Vitrines, anúncios luminosos, que nos manda imagens dos planetas mais distantes
E de detalhes das guerras e misérias mais horrendas; essa modernidade que é um
Constante espetáculo de striptease, no qual o público e o privado, ou melhor, a sala de
Visitas e a privada se acoplaram, essa modernidade, de tanto ver, já não vê. O mundo
É projetado como clipe de imagens esfaceladas acompanhadas por um ruído ou ritmo
Qualquer. E, de repente, na “Cidade Luz ”, pagamos caro para comer no escuro.

SANTA’NNA, Affonso Romano de. A cegueira e o saber 6. IN_: A cegueira e o saber. Rio de
Janeiro: Rocco, 2006, p. 26-27. (Fragmento).
Em todas as alternativas abaixo, apresentam-se afirmativas que associam elementos da
narrativa de Campo Geral ao texto 1.
Preencha os parênteses em branco usando V para afirmativas verdadeiras e F para
afirmativas FALSAS.
I - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em espaços distintos. ( )
II - O narrador do texto 1 é o mesmo que o narrador de Campo Geral. ( )
III - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em um tempo mítico. ( )
IV - Em ambos os textos, o ato de comer ultrapassa o paladar. ( )
V - No texto 1, as experiências são fabricadas; em Campo Geral, são naturais. ( )
Assinale a sequência CORRETA.
A. V F F F V
B. V V F F F
C. F F V F V
D. F V F F F

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