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1. Introdução...............................................................................................................................3
3. Conclusão................................................................................................................................9
4. Bibliografia...........................................................................................................................10
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1. Introdução
A língua portuguesa é falada em vários cantos do mundo e nos países africanos de língua
oficial portuguesa como língua oficial e língua segunda. Neste contexto, há variantes entre o
português falado em todos os países mencionados, nomeadamente nas áreas de sintaxe,
fonologia e léxico. No Português moçambicano há situações de transferência de construções
gramaticais das Línguas Bantus (LB) para Língua Portuguesa, Professores se esforçam
corrigindo a fala dos alunos numa tentativa de atingir a performance europeia resultado que
não é conseguido. Esse processo linguístico GONÇALVES, (2005.7) designa por nativização
do português ou ainda moçambicanização do português. Com este trabalho pretende-se trazer
alguns factores que condicionam a ocorrência deste fenómeno linguístico tendo em conta que
Moçambique é um país multilingue. E tem como objectivo geral conhecer as variações
frásicas existentes entre o português falado em Moçambique e o português europeu e
específicos, identificar os diferentes tipos de estrutura sintáctica das frases do PM comparado
com PE; descrever as propriedades das variedades linguísticas entre o PM e o Português
padrão.
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Segundo CRYSTAL (2005:37) quando uma comunidade adopta uma língua nova, e começa
a usá-la em relação a todas as áreas da vida, vai inevitavelmente haver muita adaptação
Lexical.
(1) “...procurou até encontrou...” (PM) VS “...procurou até que encontrou/ até encontrar…”
(PE).
(2) “...houve um dia que roubaram...” (PM) VS “...houve um dia em que roubaram...” (PE).
(3) “...disse também de que deveríamos trazer...” (PM) VS “...disse também que
deveríamos...” (PE).
A Morfologia é uma disciplina que descreve e analisa a estrutura interna das palavras e os
processos morfológicos da variação e de formação das palavras. Podemos destacar alguns
exemplos de variação morfossintáctica no PM. O primeiro caso é o que vemos em seguida.
2.2.1 As preposições
b) “O pai volta em casa às sete” (PM) VS “O pai volta para casa às sete” (PE).
Para além da variação morfológica que vimos anteriormente, o PM apresenta variação a nível
sintáctico. Pesquisas de DIAS (1991: 2005; 2009) mostram que há vários casos de variação se
compararmos com o PE. Vejamos alguns exemplos de GONÇALVES (2005:55):
2.3.1 Desvios ao PE
a) “Eles elogiaram a uma pessoa” (PM) VS “Eles elogiaram uma pessoa” (PE).
Os exemplos de Gonçalves provêm de um corpus oral, facto que nos leva a crer que há
diferenças entre a escrita e a fala. O que acontece em muitos casos é a transferência da fala
para a escrita, fato que leva ao distanciamento em relação à norma-padrão. Vejamos outros
exemplos de GONÇALVES (2001: 986):
Aqui nota-se a ausência de artigos nas frases do PM, que são exigidos pela norma padrão
europeia.
c) “A participação não era assim tão grande que no futebol” VS “A participação não era
assim tão grande como no futebol” (PE).
d) “O homem era forte que batia toda gente” VS “O homem era tão forte que batia toda
gente” (PE). Estes exemplos sustentam que a variedade moçambicana é uma realidade e os
aspectos sintácticos são os mais camuflados se compararmos com o léxico.
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Nota-se que o valor semântico deste verbo se desdobrou, desviando-se do que a norma padrão
europeia preconiza.
Apesar de a escola ser considerada a guardiã da norma e do bom uso linguístico não consegue
controlar certas formas características no meio social em que o indivíduo está inserido.
Vejamos alguns exemplos de Dias (2009: 393):
São subconjuntos do léxico formado por formas livres primitivas. Vejamos alguns
exemplos do PM: marrar (estudar); naice (bom); chapa (transporte semicoletivo);
barulhar (fazer barulho), cheia (jogo de encher a garrafa com arreia), chamboco
(chicote), célula (grupo de organização política/partido), bicha (fazer fila), depressar
(andar rápido), fotar (tirar foto), confusionar (criar confusão, provocar). BAGNO,
2009.
Se por acaso um dos interlocutores não entende uma das unidades lexicais pode haver
problemas de comunicação. No dia-a-dia, dependendo do lugar, da idade, do nível social, o
léxico tende a mudar.
Ex:
a) A pessoa [que eu dei recado] não estava lá. (PM)
c) Mais do que duas horas é o tempo [que nós precisamos para fazer o teste]. (PM)
d) Mais do que duas horas é o tempo de que nós precisamos para fazer o teste]. (PE)
Nas frases acima nota-se que foram omissas as preposições a e de no PM o que contradiz as
normas do PE, nas quais, as preposições a e de ocorrem. A singularidade destas frases do PM
tem a ver com o facto de a preposição que rege o SP ser nula, ou seja, não existe realização
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Ex: Calipso! Ele tem a mania / de que alho faz bem a saúde.
3. Conclusão
4. Bibliografia
BAGNO, M. (2009) Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 51 ed. São Paulo: Ed.
Loyola,.
BORBA, F. da S. (2005) Introdução aos estudos linguísticos. 14 Ed. São Paulo: Pontes.