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Evolução biológica

Estas mudanças lentas e graduais, induzidas nos


Teorias evolutivas organismos pelo ambiente e acumuladas ao longo
do tempo em muitas gerações, levam ao
Fixismo aparecimento de novas espécies.

Esta conceção defendia que as espécies


se mantinham inalteradas desde a sua
criação, ou seja, eram fixas e imutáveis.
Criticas
As evidências mostram que as características
Em meados do século XIX e no século XX,
várias teorias evolutivas tentaram explicar adquiridas durante a vida dos indivíduos não são
os mecanismos de evolução das espécies. transmissíveis à descendência, ao contrário do
que Lamarck defendia.

Por outro lado, a ideia de que os organismos têm


um impulso inato para se tornarem mais
Teoria evolutiva de Lamarck complexos, satisfazendo as necessidades de
mudança que o ambiente lhes impõem, não é
↪ Propôs uma explicação sobre o sustentada por qualquer evidência.
mecanismo pelo qual as espécies evoluem
ao longo do tempo

Para o lamarckismo, as mudanças ambientais


criam nos organismos a necessidade de
desenvolverem estruturas que lhes
permitam a adaptação às novas condições.

De acordo com esta conceção, as mudanças


nos organismos ocorrem segundo a:

Lei do uso e do desuso de órgãos - o uso


continuado de um órgão provoca o seu
desenvolvimento, e, no caso do seu desuso, a sua
atrofia ou, eventualmente, o seu
desaparecimento. Nesta perspetiva, a
necessidade de adaptação ao ambiente cria o
órgão ou provoca a sua regressão.

Lei da herança dos caracteres adquiridos - as


características resultantes do uso ou do desuso de
órgãos são transmitidas aos descendentes
Teoria Evolutiva de Darwin Seleção artificial – obtenção de
variedades domésticas de animais e de
↪ argumenta que as espécies evoluem lenta e plantas através do cruzamento de
gradualmente, ao longo do tempo, por um indivíduos selecionados.
mecanismo de seleção natural

Principais influências  Variabilidade intraespecífica.


Os indivíduos de uma dada população
apresentam uma grande variedade de
Biogeografia – dados sobre a distribuição características, morfológicas ou
geográfica das diferentes espécies outras
(tentilhões de Darwin, nas Galápagos).

Estes dados permitiram relacionar o ambiente  Sobrevivência diferencial.


de cada ilha com uma característica particular
Os indivíduos portadores de
resultante da adaptação a esse meio, levando características favoráveis tendem a
Darwin a considerar a existência de uma sobreviver mais tempo; os que
espécie ancestral, comum às diferentes possuem características desfavoráveis
espécies atuais desses grupos de animais. são eliminados
Geologia – a partir do conhecimento dos  Reprodução diferencial.
princípios do uniformitarismo e do atualismo,
Darwin percebeu que a Terra seria muito mais Os indivíduos mais aptos, portadores de
antiga do que se pensava, o que se ajustava à variações favoráveis, reproduzem-se
possibilidade de uma transformação lenta e mais, transmitindo à descendência as
gradual das espécies. suas características

A partir da comparação de algumas formas A seleção natural


fósseis encontradas em diferentes estratos, Resultante da relação dos organismos da
atribuiu as variações que os mesmos população com o ambiente, atuando ao
apresentavam a transformações lentas e longo de muitas gerações, conduz à
graduais sofridas por esses organismos ao acumulação lenta e gradual de
longo do tempo. modificações nas características de
uma população, podendo levar ao
Demografia – o ensaio sobre a população aparecimento de novas espécies
humana de Thomas Malthus permitiu a
Darwin compreender que, apesar de as
populações naturais de todas as espécies Criticas
produzirem um elevado número de
descendentes, os seus efetivos populacionais A teoria de Darwin não explica de forma
não aumentam, dada a competição por convincente a origem das variações que
recursos limitados, ou seja, a luta pela os indivíduos de uma população
apresentam.
sobrevivência.
Esta lacuna decorre do escasso
Esta conclusão levou a considerar que as conhecimento dos mecanismos de
populações naturais estariam sujeitas a um transmissão hereditária na época em
processo de seleção imposto pelo ambiente. que a teoria foi apresentada
Teoria sintética da evolução ou Por outro lado, tendo em conta que os
neodarwinismo indivíduos menos aptos se reproduzem
menos, os seus genes vão diminuindo a
↪ Esta teoria veio explicitar não só a frequência na descendência.
origem das variações nas populações
sujeitas à seleção natural mas também A variação do fundo genético constitui
outros fatores que conduzem à evolução uma consequência da seleção natural,
sendo, por isso, um dos principais
A origem da variabilidade indicadores da ocorrência de evolução.
intraespecífica, que Darwin tinha
reconhecido nas populações como O fundo genético pode ser alterado ao
pressuposto fundamental para o processo longo do tempo, devido a desvios
evolutivo, não tinha sido esclarecida no aleatórios na frequência das variantes
contexto da sua teoria. de alguns genes (deriva genética).

Este aspeto foi alvo de clarificação pelos Este fenómeno não depende da seleção
neodarwinistas, que passaram a considerar natural, uma vez que não se relaciona com
as variações no seio das populações como a capacidade adaptativa dos organismos de
resultantes de: uma população

⇒ Mutações genéticas, que conduzem ao


aparecimento de novos genes ou à
alteração dos que já existem.
As mutações levam a expressão de novas
características em alguns indivíduos,
constituindo, assim, a fonte primária da
variabilidade genética.

⇒ Recombinação genética, resultante do


crossing-over entre cromossomas
homólogos e da sua separação aleatória
durante a meiose, conduzindo ao
aparecimento de combinações únicas de
genes nos gâmetas.
A fusão ao acaso dos gametas na
fecundação dá origem a uma descendência
com múltiplas combinações genéticas, o
que se traduz numa elevada variabilidade
de características nas populações.

Uma vez que a seleção natural atua sobre


os indivíduos de uma população, os mais
aptos produzem mais descendentes,
verificando-se, através deles, uma maior
passagem para as gerações seguintes de
genes que conferem maior capacidade de
adaptação ao ambiente.
Processos de evolução
Evolução divergente

A divergência evolutiva, ou evolução Biogeografia


divergente, resulta da evolução de
várias espécies atuais a partir de uma ⇒ Uma situação de isolamento geográfico
espécie ancestral comum. entre dois ou mais grupos populacionais de
uma mesma espécie, sujeitos a diferentes
Este processo é apoiado por vários pressões seletivas, pode levar à
argumentos. acumulação progressiva de variações entre
essas populações. Este processo pode,
Anatomia comparada eventualmente, conduzir à formação de
duas espécies diferentes.
⇒ Os órgãos homólogos são evidências
importantes de relações de parentesco ⇒ Os neodarwinistas consideraram que as
evolutivo entre espécies que evoluíram a populações que vivem em ambientes
partir de um ancestral comum. diferentes acumulam diferenças genéticas
em resultado de processos diferenciados de
⇒ Estes órgãos possuem a mesma seleção natural.
origem embrionária, a mesma estrutura
Ao longo do tempo, essas diferenças
básica e posição idêntica no organismo,
tornam-se de tal forma acentuadas que
podendo desempenhar funções distintas.
acabam por impedir o fluxo de genes
⇒ A sua existência constitui um entre as populações, (reprodução)
argumento a favor da evolução divergente, mesmo que venham novamente a poder
uma vez que realçam a existência de contactar entre si
ancestrais comuns entre as diferentes
formas de vida consideradas.

⇒ À medida que várias populações de uma Paleontologia


espécie ancestral se adaptam a ambientes ⇒ O estudo do registo fóssil tem
onde são sujeitas a diferentes pressões evidenciado a ligação existente entre os
seletivas, estes órgãos evoluem de forma organismos, ilustrando o percurso
diferente a partir de uma estrutura básica evolutivo de espécies relacionadas e
do ancestral comum. tornando clara a divergência que as
⇒ Os órgãos vestigiais constituem mesmas foram sofrendo ao longo do
tempo.
estruturas com desempenho funcional
irrelevante ou não funcionais.(ex.: coxis ⇒ Alguns fósseis, designados por formas
nos humanos) Essas estruturas são sintéticas, ou intermédias, apresentam
vestígios de características associadas a características de dois grupos distintos,
uma função nos ancestrais de um dado levando a inferir a divergência evolutiva
organismo. entre eles.
⇒ Nos animais, algumas homologias
anatómicas que evidenciam uma evolução
divergente só podem ser observadas nos
embriões.
Bioquímica e genética constituem órgãos análogos, uma vez que,
apesar de possuírem uma origem
⇒ Reforçam a ideia de origem comum dos embrionária e uma estrutura básica
diferentes grupos de seres vivos. Todas as diferentes, têm semelhanças morfológicas,
formas de vida usam a mesma linguagem permitindo o desempenho de uma mesma
genética de DNA e de RNA, traduzida função.
num código genético praticamente
universal. Para além disso, apresentam
muitos outros aspetos moleculares em
comum. Bioquímica
⇒ Desta forma, é possível utilizar as Estudo das sequências de nucleótidos do
homologias moleculares para inferir o DNA.
grau de parentesco evolutivo entre os
diferentes grupos, determinando, assim, o
maior ou menor grau de divergência entre
eles.

⇒ A divergência evolutiva pode também


ser determinada por comparação de
sequências de nucleótidos de porções
homólogas de DNA, obtidas através da
técnica de hibridação.

Evolução convergente

A convergência evolutiva ou evolução


convergente é um processo evolutivo
através do qual organismos não
relacionados, ocupando ambientes
semelhantes, desenvolvem características
semelhantes em resultado de pressões
seletivas idênticas.

Dos argumentos que apoiam a


convergência evolutiva, destacam-se a:

Anatomia comparada
⇒ Em muitas situações, organismos
afastados em termos evolutivos podem
exibir semelhanças anatómicas.
Estruturas como o bico dos colibris e a
armadura bucal das borboletas adultas
permitem sugar o néctar das flores,
Origem das células
eucarióticas Modelo endossimbiótico

O aparecimento destas células permitiu a ↪ as células eucarióticas terão resultado da


evolução de muitos organismos ecológica incorporação de células procarióticas por
e morfologicamente bem distintos de parte de outras células procarióticas de
quaisquer procariontes, incluindo os dimensão superior, com as quais passaram
eucariontes unicelulares e multicelulares. a estabelecer relações de simbiose
intracelular (endossimbiose).

Modelo autogénico
⇒ A diversidade de dados surgida na
↪ considera que a evolução das células altura veio revelar a grande semelhança de
eucarióticas, ou pelo menos, de algumas alguns organelos, como mitocôndrias e
das suas estrutura, resultou de cloroplastos, com algumas células
invaginações sucessivas da membrana procarióticas, permitindo inferir uma
celular de células procarióticas ancestrais origem procariótica para estes organelos.

As invaginações teriam dado origem a Sumário do modelo:


membranas especializadas que levaram
ao aparecimento dos organelos e à ↬ células procarióticas sem parede celular
especialização funcional desses (células hospedeiras) terão englobado, por
compartimentos membranares. fagocitose, outras células procarióticas de
menor dimensão (simbiontes) com
⇒ Este modelo acolhe a aceitação de determinada especificidade metabólica;
alguns investigadores, sobretudo no que
diz respeito à origem do núcleo, bem como ↬ as células englobadas persistiram na
do retículo endoplasmático. célula hospedeira e passaram a estabelecer
com ela relações de simbiose;
⇒ A invaginação da membrana celular em
organismos procariontes desprovidos de ↬ a vantagem adaptativa resultante da
parede celular rígida permitiu associação determinou o sucesso evolutivo
circunscrever o material genético da célula desses conjuntos, fazendo com que as
ao interior de um invólucro membranar células simbiontes evoluíssem para
que viria a constituir o núcleo. organelos das células hospedeiras,
tornando-as células eucarióticas.
Argumentos a favor do modelo Atualmente, verifica-se uma tendência
endossimbiótico para a conciliação dos dois modelos,
assumindo-se que o núcleo e o sistema
⇒ A existência de dimensões semelhantes endomembranar poderão ter evoluído de
e de ribossomas igualmente idênticos nos acordo com o modelo autogénico e as
organelos e nos procariontes mitocôndrias e os cloroplastos, de acordo
com o modelo endossimbiótico
⇒ a presença de moléculas de DNA com
uma estrutura circular e não associado a
histonas, quer nos organelos quer nos
procariontes

⇒ a divisão autónoma dos organelos,


relativamente à divisão das células, por
bipartição, tal como acontece nos
procariontes
⇒ as membranas internas dos organelos
com enzimas e sistemas de transporte
semelhantes aos que encontram na
membrana dos procariontes atuais

⇒ a síntese proteica nestes organelos ser


inibida por substâncias que também a
inibem nos procariontes, mas não por
inibidores de eucariontes

⇒ o aminoácido iniciador das cadeias


polipeptídicas durante a síntese proteica,
que ocorre no interior dos organelos, ser a
formilmetionina, como nas bactérias, e não
a metionina, como nos eucariontes

Factos por classificar

↝ Certas proteínas dos cloroplastos e das


mitocôndrias serem codificadas pelo DNA
nuclear mostra que houve migração de
material genético dos ancestrais destes
organelos para o núcleo.

↝ A explicação da origem do núcleo por


endossimbiose apresenta também vários
problemas, sendo o principal o facto de
nenhuma célula procariótica conhecida
atualmente ser limitada de forma
semelhante ao invólucro nuclear, com
poros na sua estrutura.

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