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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA
ARQUITETURA E URBANISMO

Adryan Matheus Lisboa Silva


João Pedro Batista Sá
Rykelme Pablo Gomes Santos
Ygor Thiago Tavares Santos

RELATÓRIO DE PROJETO ACÚSTICO E EQUIPAMENTOS

PROJETO ARQUITETÔNICO IV

ARAPIRACA - AL
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS ARAPIRACA
ARQUITETURA E URBANISMO
2

ADRYAN MATHEUS LISBOA SILVA


JOÃO PEDRO BATISTA SÁ
RYKELME PABLO GOMES SANTOS
YGOR THIAGO TAVARES SANTOS

RELATÓRIO DE ESTUDO ACÚSTICO EM COMPLEXO CULTURAL E


DESCRIÇÃO CONCEITUAL DOS EQUIPAMENTOS DESENVOLVIDOS DURANTE
A DISCIPLINA DE PROJETO ARQUITETÔNICO IV

Relatório submetido como objeto de


avaliação para obtenção da nota na
primeira etapa da disciplina de Projeto
Arquitetônico IV, curso de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade Federal de
Alagoas, Campus Arapiraca.

Orientadores: Profª. Dra. Elisabeth de


Albuquerque Cavalcanti Duarte
Gonçalves e Profª. Dra. Simone
Carnaúba Torres.

ARAPIRACA - AL
2023
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1. PROJETO ACÚSTICO - TEATRO

1.1. Apresentação do objeto de estudo;

O projeto acústico foi dimensionado para um teatro com capacidade para 475
pessoas, situado em centro de convenções com implantação em um terreno dentro
dos limites da UFAL Arapiraca. A tipologia escolhida para o palco foi a de semi
arena e o layout de disposição dos assentos surgiu gradualmente a partir de uma
série de croquis, tendo como objetivos principais a otimização da curva de
visibilidade em todos os pontos, formas que proporcionam uma propagação
favorável de som para atingir um bom desempenho acústico e, também, um apelo
estético contemporâneo e consoante com os partidos conceituais adotados no
projeto do restante dos equipamentos que formam o complexo cultural.

Figura 1 - Perspectiva interna do teatro (inacabado)

Fonte: Autoral.
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Figura 2 - Perspectiva interna do teatro: vista superior (layout sem escadas)

Fonte: Autoral.

1.2. Primeira etapa: raios sonoros;

No estudo de raios sonoros, foi traçado um corte longitudinal do teatro que


recebeu os vetores dos raios para análise do comportamento do som na forma crua.
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Figura 3 - Corte longitudinal do teatro sem projeto acústico

Fonte: Autoral.

A ausência de difusores aliada à forma inclinada do forro fazem com que a


propagação dos raios sonoros não seja distribuída a todos os pontos do teatro,
assumindo um padrão de reflexão único que só contempla parte da plateia,
prejudicando as primeiras fileiras e causando potenciais problemas de reverberação
nas últimas fileiras pela interação com a parede do fundo. Não percebe-se
concentração dos raios sonoros.
A partir dessas percepções e com o estudo de referências projetuais, a
equipe concebeu um formato autoral de difusores para melhor distribuição dos raios
sonoros no teatro. Os difusores são formas curvas feitas de madeira e que ficam
destacadas do forro através de uma estrutura treliçada, sendo distribuídos de
maneira estratégica refletir os vetores de raios sonoros em todos os pontos
necessários.
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Figura 4 - Corte longitudinal do teatro com projeto acústico

Fonte: Autoral.

Após o posicionamento dos difusores/refletores, percebe-se o rebatimento


dos vetores em diferentes pontos da plateia, que passa a ser totalmente
contemplada. Considerando que os difusores não estão diretamente conectados ao
forro e que existem vãos entre eles que são propícios para que o som “escape”, o
forro do teatro recebeu um material de absorção, o gesso acústico perfurado com lã
de vidro, que também auxilia no atingimento do tempo adequado de reverberação.

1.3. Segunda etapa: posicionamento das estratégias de absorção, reflexão e


difusão;

Apesar de perceber um quadro inicial favorável para o desempenho acústico


mesmo sem o dimensionamento do projeto de absorção e reflexão/difusão por
causa do layout proposto para o teatro, algumas problemáticas relevantes ainda
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precisaram ser solucionadas para atingir a melhor performance.

Figura 5 - Corte longitudinal do teatro sem projeto acústico

Fonte: Autoral.

Para corrigir os erros mencionados, foram posicionados refletores/difusores e


materiais de absorção.

1.3.1. Cálculo de reverberação: estratégias de absorção adotadas

Para além dos equipamentos listados no conteúdo gráfico da seção 1.3.2, é


necessário citar, também, a utilização de material de absorção no forro, composto
por gesso perfurado com lã de vidro e o piso e as poltronas feitos de madeira,
ambos para auxiliar no atingimento do tempo adequado de reverberação. Além
disso, as paredes laterais do teatro onde os difusores estão posicionados serão
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constituídas pelo sistema de drywall, também perfurada com lã de vidro, também


para ajudar na absorção e tempo de reverberação.

Para a realização do cálculo é necessário estabelecer alguns valores do interior do


Teatro:

Comprimento: 26,50m
Largura: 34,60m
Altura: 7,60m

Coeficientes de reverberação:

Parede drywall com gesso acústico e perfurado com lã de vidro: 0,92;


Forro de gesso acústico e perfurado com lã de vidro: 0,92;
Paredes laterais com madeira maciça: 0,17;
Chão com madeira maciça: 0,17;
Mobiliário de madeira: 0,02;
Plateia: 0,02.

Áreas:

At = 0.92.(26,70.14,5) = 357m²

Apl = 0,17.(2.19.7,60) = 49,096m²


Ap = 0,92.(2.34,60.7,60) = 483,84m²
Ac = 0,17.(26,5.34,60) = 155,87m²
Am = 0,02.475 = 9,5m²
Ap = 0,02.475 = 9,5m²

ÁREA FINAL = 1.065,22m²


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TEMPO DE REVERBERAÇÃO:

Tr = 0,16
Volume: 26,5.34,6.7,6 = 6.968,44m³
Tr = 0,16.6968,44/1.065,22
Tr = 1,046s

1.3.1. Propagação de som: estratégias de difusão/reflexão e absorção


adotadas

Para garantir a propagação ideal do som que contemplasse todos os pontos


dos assentos, os seguintes equipamentos acústicos foram posicionados:

Figura 6 - Corte longitudinal do teatro com projeto acústico

Fonte: Autoral.
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Figuras 7 e 8 - Difusores autorais empregados nas paredes laterais do teatro

Fonte: Autoral.

Figuras 9 e 10 - Difusor da linha constelação empregado nas paredes laterais do teatro e medidas

Fonte: Catálogo “corpos celestes” por Guto Requena.

1.4. Curva de visibilidade;


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Foi realizado, também, um estudo preliminar da curva de visibilidade
da plateia até o palco.

Figura 11 - Corte longitudinal do teatro com indicação da curva de visibilidade

Fonte: Autoral.
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1.5. Caracterização de fachada;

Figura 12 - Perspectiva fachada principal do centro cultural

Fonte: Autoral.

O teatro inspirado na árvore sagrada de Buda, a figueira Banyan, é um


estudo de volume com forte caracterização arquitetônica provinda do biomimetismo.
Para trazer a sensação de uma grande leva de galhos segurandos as “asas do
edifício” da mesma forma que a imponente figueira, foi usado uma estrutura
metálica de aço inoxidável em formatos variados em uma espécie de mosaico
moderno. A coberta é composta de uma grande malha de tecido PTFE e alumínio
com o intuito de dar a sensação de leveza para a edificação e alimentar a ideia de
várias asas nos variados níveis existentes. Grandes janelas, conexão com jardins
internos/externos e formas curvilíneas para quebrar a linearidade do edifício são
alguns dos elementos que compõem esse primeiro processo do estudo inicial para
fachada do teatro. É importante lembrar que a fachada ainda passará por um
desenvolvimento mais detalhado.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS: FLUXOS ENTRE EDIFÍCIOS


E PROPOSTA PARA REVITALIZAÇÃO DO PRESÍDIO

Como proposta para a revitalização do terreno e da edificação do presídio,


seguindo a ideia de promover o vínculo comunitário, será implementada uma área
que traga como motriz principal a integração do espaço do campus e os alunos,
ressaltando uma conexão entre espaço-pessoa. A proposta visa, também, abraçar e
valorizar o acervo e produção da universidade, buscando fomentar um acervo de
preservação e contemplação para as áreas de ensino presentes no campus
Arapiraca, ressaltando e ampliando espaços já existentes.
Falando da materialidade, a proposta se resume em criar um espaço de
circulação dinâmica que mescle pontos comerciais com lojas e locais para
alimentação, áreas de contemplação e descanso e uma ala inteiramente dedicada
para funcionamento do herbário já existente na UFAL, em uma sala confinada do
bloco B, formando, por fim, uma espécie de “vila” que complemente a experiência
obtida pelos equipamentos do complexo. Expandir a experiência educacional
universitária é um pilar central do projeto. O antigo presídio será, então,
transformado em um local multifuncional, oferecendo oportunidades para
manifestações culturais e atividades acadêmicas e econômicas.
Para isso, um projeto de reforma será proposto conservando a maior parte da
estrutura já existente da edificação e revitalizando áreas estratégicas que ajudem a
estabelecer maior conexão do prédio com seu entorno.
A proposta é relevante para o projeto pois as edificações que compõe o
complexo cultural possuem “rasgos” que favorecem a caminhabilidade do visitante
pelo terreno e podem funcionar como mecanismo de recusa e recompensa, onde o
transeunte realizará seu percurso cultural e poderá, logo após, atravessar o terreno
e complementar sua experiência dentro da vila, absorvendo para além do conteúdo
exposto ou das performances desempenhadas: mas também os prédios, sua
materialidade e o sítio que os abriga.
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Figura 13 - Planta baixa com indicação dos rasgos dos edifícios

Fonte: Autoral.
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3. MUSEU: TIPOLOGIA E CONCEITUAÇÃO, MATERIAL DE EXPOSIÇÃO E


FLUXOS, CARACTERIZAÇÃO DE FACHADA

3.1. Tipologia do equipamento e acervo;

O do complexo cultural é um ecomuseu; tipologia museológica originada da


França e posteriormente trazida ao Brasil pelo ecomuseu de Itaipu em 1987. A
tipologia consiste em um espaço de exposição e contemplação diretamente
conectado com a comunidade que o circunda, geralmente empregado em
comunidades, favelas e bairros periféricos com o objetivo de impulsionar a cultura e
artes locais e recebendo, inclusive, a nomenclatura alternativa de “museu
comunitário”.
Para o projeto do complexo cultural, a tipologia foi escolhida com o objetivo
de promover a integração entre os frequentadores do campus e a valorização da
produção artística e científica que acontece dentro e fora de seus muros, abrigando
produtos e atividades que surjam a partir das atividades acadêmicas ou dos
diversos projetos desempenhados pelo corpo de alunos e professores, bem como
exposições temáticas relevantes de artistas que serão convidados para utilização do
espaço.
O acervo do museu pode contar com: quadros, esculturas, maquetes,
instalações provisórias, fotografias, literatura e formas de arte não materiais como
performances de música, dança, poesia e exibições de material audiovisual.

3.2. Conceituação e fluxos;

Buscando traduzir em materialidade a promoção da integração acadêmica


sugerida pela tipologia, o museu assume uma forma com foco intenso nos
percursos e circulações, com diversos fluxos possíveis e que podem oferecer uma
experiência completamente diferente a cada nova visita, além de contar com
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diversos rasgos para o exterior buscando conectar ainda mais os visitantes
com a comunidade e o sítio que abrigam a edificação.
Os visitantes podem optar constantemente por onde começar e continuar o
percurso, com circulações verticais variadas que ajudam a dinamizar a experiência.
O museu conta, porém, com indicações do fluxo recomendado para a melhor
experiência em casos de exposições especiais e eventos.
Figura 14 - Percurso possível para explorar o museu

Fonte: Autoral.
Figura 15 - Percurso possível para explorar o museu

Fonte: Autoral.
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Figura 16 - Percurso possível para explorar o museu

Fonte: Autoral.

3.3. Caracterização de fachada;

Na concepção de fachada do museu, prevalece a ideia de um elemento focal


que vem a partir da escada helicoidal de aspecto bruto, conectada a uma plataforma
que reforça a ideia de “rasgo” que divide o edifício em dois e permite uma passagem
direta do transeunte até a outra parte do terreno. Quebrando o rebatimento da
fachada com a especificação de materiais, os dois “lados” do ecomuseu apresentam
propostas estéticas diferentes que se conectam com os conceitos trazidos para todo
o complexo.
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Figura 17 - Caracterização de materiais e conceitos para fachada frontal

Fonte: Autoral.

É importante salientar que as imagens ainda não estão contextualizadas com


o entorno e tratam-se apenas de um estudo inicial da aplicação de materiais,
passível de alterações inclusive no formato de coberta e nos caminhos para maior
integração com a edificação do centro cultural. O nome da edificação também não
foi firmado, até o momento.
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Figura 18 - Vista geral com administrativo

Fonte: Autoral.

OBS.: Todas as imagens apresentadas no relatório estão disponíveis em


pasta no drive.

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