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7.

DIRETRIZES

7.1 GRADE CURRICULAR

Através de visitas a escolas como a AIC e SENAC, pesquisas em escolas fora da cidade de São Paulo e
conversas com profissionais da área, chegou-se a uma grade curricular que corresponde a um programa básico de atividades.

A grade (figura 90) é feita através de cursos regulares, fixos, que mantém a continuidade de alunos na escola
durante o ano e uma grade com cursos, oficinas e workshops curtos que acontecem em tempo espaçados ou intercalados.

GRADE CURRICULAR REGULAR


TEÓRICA
Teoria e História do Cinema
Linguagem e Estilo Cinematográficos
Roteiro Cinematográfico
PRÉ-PRODUÇÃO E EXIBIÇÃO
Captação de Recursos
Planejamento de Filmagens
Planejamento Orçamentário

PRODUÇÃO
Direção do Filme
Assistente de Direção
Direção de Arte – cenografia/ figurino/ maquiagem

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Figura 90 - Grade
Assistente de ArteCurricular
Fonte: da autora
Cenografia
Figurino
Maquiagem
Direção de Fotografia
Operador de Câmera
Assistente de Fotografia
Sonorização – Design de Som
Iluminação
Continuidade
PÓS-PRODUÇÃO
Digitalização de Imagem e Som
Edição de Imagem
Edição de Som - Mixagem
Montagem
Sincronização
Mixagem
Finalização – Montagem do negativo/ Film Transfer (volta para a película)/ Marcação de Luz / Correções/ Final Cut
Distribuição e Exibição.

São disciplinas distribuídas através do curso escolhido que podem formar cineastas, diretores de filme, diretores
de arte, diretores de fotografia, roteiristas e técnicos das áreas escolhidas. A grade curricular permite que se pense nos espaços

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e eu suas dimensões de acordo com as necessidades reais de um programa, que se crie um organograma para esquematizar a
distribuição dos espaços entre eles.

Através da grade, os espaços são pensados e divididos através de um organograma (figura 91), onde se
prioriza a relação entre eles e as circulações que podem gerar. Foi possível a partir daí criar uma circulação principal divida em
horizontal e vertical, por onde os espaços se distribuiriam.

Com a evolução do organograma, três partes distintas aparecem, uma direcionada a produção cinematográfica,
outra para o ensino e teoria e o último voltado para a convivência e o acesso ao público através do filme pronto.

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ORGANOGRAMA

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7.2 PROGRAMA DE ÁREAS

Através da grade curricular e do organograma estudados aparecem as necessidades físicas do objeto de


estudo, como a criação de espaços específicos e os de suporte para as atividades cinematográficas e didáticos, além dos
espaços necessários para o funcionamento de uma escola, como a administração e apoio. Imagina-se aulas com 20 a 25
alunos, turmas pequenas. Portanto, o programa fica sendo:

M2 UNID M2 TOTAL ESPAÇOS


764 TEÓRICO – Pós e pré-produção ( Escola)
39.60 118.90 Sala de Aula c/ espaços abertos
147.80 Biblioteca
21.90 43.80 Estúdio de som + Ilha de edição
44.40 Edição – inform
11.10 22.20 Ilha edição
22.00 Apoio
128.50 Circulação
33.00 Sala de vídeo peq
60.00 Varanda
884 PRÁTICO – Produção e pós-produção (Cinema)
290.30 Estúdio
131.40 Depósito cenográfico

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Figura 92- Quadro de áreas
81.40 Oficina cenográfica
Fonte: da autora
104.90 Ateliê cenog./figurino –
78.00 Oficina figurino
90.00 Apoio
42.60 Circulação
620 SEMI-PÚBLICA – Cidade
166.50 Lanchonete
161.50 Sala de vídeo
67.80 Apoio
143.00 Administração
1301,20 PÁTIOS
348.50 Praça
535.31 Átrio
417.60 Espaço cenográfico

3.569.14 Total área construída sem subsolo

Com a circulação pretende-se tornar estes espaços unificados e ao mesmo tempo criar um certo espaçamento
entre as diferentes atividades. No estudo foi possível visualizar a distinção dos espaços gerados por uma escola de cinema.
Muitos dos ambientes são fechados para eles mesmos, sem aberturas de janelas, devido a necessidade de isolamento e
tratamento acústico, gerando paredes cegas em vários pontos ao longo da fachada do edifício.

Pretende-se também que com o desenho de implantação da escola exista um respiro no término da Avenida
Matarazzo,uma avenida em processo de verticalização intenso, e também na Rua Clélia, que apesar do estreita mantém um alto

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fluxo de carros ao longo do dia. Esta idéia gera uma implantação onde a calçada chega e avança no terreno da escola,
tornando-a parte integrante do ambiente em que está implantada.

8. PROJETO

Como foi dito, o desenho de implantação da escola é baseado na divisão do espaços em setores de acordo as
atividades neles realizados.

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E através do programa de espaços e do organograma, uma circulação principal se torna a diretriz básica do
projeto, que além de permitir a divisão por setores, se torna elo de comunicação de todos os espaços e eventos da escola.

Essa setorização permite que se distribua de forma organizada os espaços no terreno. De modo que a parte
prática, artesanal, que se extende desde o início da historia do cinema até os dias de hoje se encontre agrupada, no interior do
terreno, no pavimento térreo. A parte pensante, introspectiva, criativa da escola se encontra no pavimento superior, elevada no
terreno, por ela se entende a pré e a pós produção. E a parte destinada também à cidade, que é semi- pública, se encontra na
parte mais exposta do terreno, chegando ao cruzamento das três ruas que desenham o local da implantação, e todos os
espaços abertos e sendo ligados através dos pátios.

O desenho de implantação do projeto reflete seu uso, o acesso à escola se dá através do centro do terreno,
pelas duas vias paralelas a ele e que se cruzam no término deste, a Rua Clélia e a Rua Carlos Vicari. É através de um átrio
formado pelo pavimento superior que se entra na escola e se distribui o fluxo de pessoas, este átrio vem como elemento de
ligação das diferentes atividades que ocorrem na escola.

De um lado, o espaço prático, onde entre ateliês, oficina e estúdio as pessoas aprendem na pratica a realidade
de uma produção cinematográfica, este lado do terreno é onde a linguagem do cinema predomina, é nele que permite que se
retorne ao inicio da produção cinematográfica, onde elas somente eram feitas de forma material, artesanal e em pequena
escala, é onde também ocorre a parte denomidada produção de um filme.

Acima do átrio, no pavimento superior, é onde a linguagem da escola predomina o lugar do ensino, do silencio,
do saber, o lado introspectivo, o lugar voltado para a teoria. Neste piso se encontram as salas de aula, as salas de edição e
biblioteca e estares, é a parte de pré e pós produção de um filme.

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E do lado oposto ao estúdio está o prédio que abriga o cinema e a lanchonete, espaços que tendem a ser os
locais de encontro, de discussões sobre cinema, um lugar que predomina o coletivo sobre o individual, a conversa a respeito
sobre o produto pronto, o lugar onde se expõe o que foi produzido. É o espaço que o público acessa, por onde se vê o trabalho
que se torna invisível atrás das imagens de um filme.

Entre estes espaços (figura 93) surgem os pátios, para sobrepor o vazio sobre o cheio, para tornar a escola
fluída e visível, para permitir uma quebra da rigidez dos blocos. Foi evitado o uso de circulações que fossem feitas através de
corredores, e com isso os espaços foram abertos, proporcionando um espaço com formas mais limpas.

E é também através do uso de materiais que essa mudança dos espaços também se reflete. No térreo, onde há
o processo de produção, que se estende semelhante desde o inicio do século, há o uso de concreto, alvenaria, das cores preto
e branco, fazendo uma analogia à história do cinema e da arquitetura do século passado. E no pavimento superior, espaço do
ensino e do conhecimento, onde as mudanças de pensamento e de tecnologia avançam rapidamente, há o uso do aço, que
permite aos espaços maior flexibilidade e leveza. Usado sobre a forma de tirantes que elevam o pavimento superior do chão
através da treliça também metálica sustentada pelos quatro pilares de concreto que surgem desde o subsolo.

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