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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ARTES VISUAIS


DESIGN DE AMBIENTES

O DESIGN CENOGRÁFICO EM DIFERENTES ESPAÇOS:


TÉCNICAS E REQUISITOS DE MONTAGEM

Carolina Rodrigues Póvoa Martins

1- Atividades realizadas:

A primeira atividade a ser realizada foi uma revisão bibliográfica em livros e na


Internet acerca da cenografia, que em seguida foi direcionada para as técnicas
de montagem envolvidas nas diferentes abordagens cenográficas: teatro,
cinema, televisão e vitrine. Tais técnicas também foram associadas aos materiais
utilizados na cena, que podem variar em cada projeto. Além disso, foi estudado
a respeito da evolução dos cenários diante do desenvolvimento tecnológico no
passar do tempo, já que a computação gráfica ganha cada vez mais relevância.
Toda pesquisa foi associada a análises imagéticas, e foi fichada para a geração
de conteúdo.

2- Comparação entre o plano de trabalho original e o executado:

O plano de trabalho se insere no planejamento geral do projeto “Design


Cenográfico Analógico e Virtual”, e se especifica no título “O Design Cenográfico
em Diferentes Espaços”, cuja carga horária dedicada é de 8 horas semanais. A
metodologia se baseia resumidamente em quatro etapas: preparação, geração,
análise e, por fim, materialização e finalização. O plano executado, como
relatado anteriormente nas atividades, encontra-se na fase de geração,
construindo requisitos para as análises aprofundadas e materializações.
3- Outras atividades não previstas no plano, e que por ventura tenha
desenvolvido:

Foi realizada uma descrição do aclamado musical da Broadway “The Lion King”
(O Rei Leão), assistido pessoalmente no ano de 2011. O espetáculo foi escolhido
como estudo de caso, de modo a contribuir para a pesquisa: a peça possui
elementos cenográficos muito bem elaborados, executados através de técnicas
diversificadas.

4- Resultados:

A cenografia pode ser destinada ao teatro, ao cinema, à televisão, à vitrine, entre


outros seguimentos; e pode ser elaborada para atingir o público de diferentes
maneiras. Cada cenário possui um conceito, e as técnicas de montagem, assim
como os materiais, são selecionados e aplicados de modo a alcançar o propósito
do projeto. O avanço da tecnologia no passar dos anos tem forte influência sobre
os elementos que compõem o cenário: objetos, iluminação, sonoplastia, figurino,
maquiagem e efeitos visuais.

No início do que se conhece sobre cenografia, nos teatros da Grécia Antiga no


século V a.C., ela era exercida através de pinturas nas tendas, a skene, onde os
atores trocavam de roupa e de máscara. Na Idade Média, o espetáculo passou
para as praças públicas e o cenário era simultâneo, com representações
justapostas ao longo de um estrado. De volta aos teatros, no século XVI eram
realizadas montagens com o recurso da boca de cena emoldurando a técnica do
trompe l’oeil, uma tela pintada que preenchia o fundo do palco cuja intenção era
oferecer a ilusão do espaço aberto a partir da representação de jardins e outras
paisagens.

De modo geral, a essência do teatro utiliza a construção corpórea, com serviços


de marcenaria, serralheria, tapeçaria, pintura, entre outras formas de trabalhos
manuais. Materiais como a madeira, o papel e recursos têxteis foram explorados
por tais técnicas para os mais variados espetáculos, combinados com a
caracterização dos atores e valorizados pela iluminação. A eletricidade pôde
contribuir para a evolução do cenário, no qual a luz elétrica passa a modificar o
contexto da elaboração cenográfica. A iluminação pode seccionar os espaços do
palco, diminuir e aumentar a intensidade, e pode até mesmo funcionar sozinha
como cenário.

Maiores possibilidades na cenografia foram adquiridas com o surgimento do


cinema: as cenas podem ser produzidas em diferentes ambientes reais –
naturais e/ou com construções humanas – assim como em estúdios
cenográficos, ainda com recursos de ilusão tridimensional advindas do teatro. A
partir disso, a tecnologia introduziu novos recursos e técnicas na produção de
filmes. No universo cinematográfico foi aprimorada a técnica de efeitos
especiais, que podem ser efeitos mecânicos, os quais interagem com a cena:
são os próprios elementos físicos do cenário, modelos em miniatura, bonecos,
maquiagem e próteses. Também podem ser efeitos visuais a partir de
computação gráfica, ou CGI (Computer Graphic Imagery), que são adicionados
pós-produção. Além disso, os efeitos mecânicos e visuais computadorizados
podem se combinar para criar atmosferas ainda mais surpreendentes.

A título de exemplificação, há cenas nas quais podem estar presentes elementos


físicos como bonecos animatrônicos para interagirem com os atores, com
mecanização capaz de reproduzir respiração, olhares e mastigação; e também
utilizar a chroma key, uma técnica que instala um fundo colorido, em sua maioria
verde, para que seja substituído por outra imagem, seja estática ou em
movimento. A computação gráfica gera, manipula e analisa imagens através do
computador, e hoje auxilia, dentre várias áreas de atuação, a cenografia de
filmes e jogos: a simulação de ambientes, personagens e objetos são obtidos
por meio da modelagem tridimensional realizada em softwares específicos. Mais
um recurso de CGI para o cinema é o de dispositivos que captam os movimentos
reais do corpo e o transmitem para a tela do computador, para serem editados.

Já na televisão, poucos recursos cenográficos eram utilizados: cortinas,


cicloramas, fundo infinito, tapadeiras e outros dispositivos modulares. Com o
passar do tempo, foram inseridos projeções e imagens virtuais. Hoje, o
seguimento utiliza cada vez mais os recursos computadorizados, cujos cenários
de programas e telejornais são compostos também de chroma key: durante a
previsão do tempo, por exemplo, o mapa é inserido digitalmente. O cenário físico
com bancadas, desníveis no piso e iluminações decorativas é complementado
com o fundo verde e também com painéis de LED de dimensões diversificadas,
para garantir maior atratividade e interatividade. Do cinema, a TV também
herdou a gravação em ambientes externos, provocando um efeito mais
realístico. Do teatro, por sua vez, foram herdados as técnicas e os materiais
utilizados na construção cenográfica. A televisão pode contar com estúdios de
cenários únicos, assim como divididos em módulos.

As vitrines são casos em que o destaque, diferentemente dos segmentos já


citados, não possui movimentação. Objetos são estáticos e, nesse caso, a
cenografia tem o papel de destacá-los e torná-los convidativos aos clientes.
Desde muito tempo, amostras de produtos eram postas em frente às lojas e o
vitrinismo ainda conserva sua essência. Hoje, o cenário da vitrine considera não
só o produto, mas também o público-alvo para se comunicar de maneira efetiva.
Desse modo, a iluminação, os materiais, as cores e a disposição dos elementos
são pensados com rigor. Podem ser utilizados suportes, displays, manequins,
objetos suspensos, o produto em dimensões distorcidas (em tamanhos maiores
ou menores), assim como telões de LED. Ademais, a cenografia pode criar cenas
diversas, onde o produto seja um mero detalhe diante de toda composição.

Entre as fases iniciais da cenografia, de modo geral, está a projetação, na qual


as ideias são exprimidas por meio de desenhos e os elementos da cena passam
a ser definidos. O cenário com elementos físicos executados através da
marcenaria, serralheria, tapeçaria, pintura e escultura exigem uma série de
profissionais capacitados e uma grande demanda de tempo para cada detalhe.
Os objetos precisam de transporte e sua instalação requer gestão eficiente e
mão-de-obra preparada, principalmente para os elementos mais pesados, assim
como para os que são projetados para maiores alturas. Ademais, a montagem
de cenários pode requerer escadas, andaimes, correntes, cordas, sistemas de
roldanas, entre outros auxílios, que devem ser administrados com a devida
segurança.

O cenário virtual vem ganhando destaque nas produções, pois resolve questões
como o espaço físico limitante, e ainda se torna mais prático e, muitas vezes,
mais rápido nos processos de criação, produção, transporte, instalação,
manutenção e armazenamento. É indiscutível a gama de possibilidades que a
computação gráfica oferece à cenografia, mas também é importante ressaltar a
grandiosidade de um cenário real. Não se trata de dimensões extensas, mas sim
da qualidade dos elementos, assim como a maneira que se interagem e atingem
o público de modo positivo.

Como estudo de caso para a pesquisa, o musical The Lion King (O Rei Leão),
da Broadway em Nova Iorque, é um exemplo de espetáculo bem elaborado que
faz uso de efeitos mecânicos. A peça advém do aclamado filme de desenho
animado de 1994, que representa animais da savana africana por meio do
desenho à mão e do computador. O musical conta com designers para o cenário,
figurino, iluminação e som, cujos trabalhos foram desenvolvidos a partir de muito
estudo focado na obra cinematográfica e no continente africano. O palco não
apresenta grande quantidade de elementos, mas é muito valorizado pela
iluminação difusa ao fundo como um extenso céu, que se modifica quando é dia
ou noite, ou de acordo com as canções e as emoções sendo expressas.

Uma das poucas interferências nesse painel iluminado é um grandioso círculo


laranja que é erguido do chão, feito de uma sequência de cabos de madeira e
tecido, que dão textura ao sol. Outro efeito utilizado é uma elevação no piso em
forma de espiral: o chão se abre, uma escada se ergue em movimento circular e
quando os motores param, se torna a grande Pedra do Rei como referência ao
filme. Os demais elementos são carregados pelos atores em seus figurinos ricos
em detalhes: os personagens animais são representados por máscaras,
maquiagens e por bonecos, como marionetes controladas pelo corpo todo. Os
principais materiais são a madeira, a palha e os tecidos, cujas estampas
remetem ao continente africano. Tudo é complementado pela dança e pela
música, e a cenografia tem um papel fundamental na transmissão da história.
Referências Bibliográficas:

NERO, Cyro Del. Cenografia: Uma Breve Visita. São Paulo: Claridade, 2008.

HOWARD, Pamela. O que é Cenografia?. São Paulo: Edições SESC São


Paulo, 2015. 280 p.

ROSSINI, Elcio. Cenografia no teatro e nos espaços expositivos: uma


abordagem além da representação. São Paulo: Revista Transinformação (p.
157-164), 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tinf/v24n3/a01v24n3.pdf

COHEN, Marcelo; MANSSOUR, Isabel Harb. Introdução à Computação


Gráfica. Rita, 2006. 25 p. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Isabel_Manssour/publication/220162284_I
ntroducao_a_Computacao_Grafica/links/0c9605294848cdc559000000.pdf

A Cenografia Virtual na Televisão Brasileira. São Paulo: Instituto de Artes


Unicamp. 15 p. Disponível em:
https://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cinema%20V%EDdeo%20e%20TV/cenari
cenariosvi/a_cenografia_virtual_na_televisao_brasileira.pdf

FARINACCIO, Rafael. História dos efeitos especiais no cinema: o início na


virada do séc. XIX. 2018. Disponível em:
https://www.tecmundo.com.br/cultura-geek/130728-historia-efeitos-especiais-
cinema-1-inicio-virada-sec-xix.htm

Referências audiovisuais:

Pride of The Lion King – Behind the Scenes Documentary. The Walt Disney
Company. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5bLD2gZhmoU
The Lion King Behind the Scenes – Part 1. The Walt Disney Company.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ScFWa-RwC3Y

The Lion King Behind the Scenes – Part 2. The Walt Disney Company.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mJ64hpZZyIo

The Lion King Behind the Scenes – Part 3. The Walt Disney Company.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sraY1t1dUqU

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