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Hídricas podem recuperar, no mínimo, 5%

do rendimento de turbinas
Medições da Rennosonic baseadas em ensaios de
unidades geradoras de 36 usinas mostram espaço para
repotenciação de PCHs e hidrelétricas

Por Fabio Couto Publicado em 19/03/2021


Uma amostra inédita obtida pelo EnergiaHoje, baseada em ensaios
de rendimento de unidades geradoras de 36 usinas hidrelétricas
feitos pela empresa mineira Rennosonic Tecnologia, especializada em
medições e análises em hidrelétricas e em redes de abastecimento
de água, constatou uma perda média de 5,11% do rendimento
nominal dessas turbinas em relação ao rendimento nominal de
projeto. Este seria o ganho mínimo que o concessionário da usina
teria com investimentos em sua modernização e repotenciação.

A lista contém turbinas que vão de 2 MW a 110 MW de potência,


sendo que na maior de todas a diferença entre o rendimento nominal
de projeto, que é de 93,16% da capacidade, e a constatada na
medição, de 87,55%, foi de 5,61 pontos percentuais. A maior perda
constatada, em uma turbina de 5,5 MW, foi de 23,28 pontos em
relação ao rendimento de projeto.

Os cálculos dos rendimentos foram feitos com base na medição das


vazões, a principal variável para se constatar a diferença de
rendimento das turbinas, segundo Caio Zarconi, diretor executivo da
empresa.

Metade das medições foi feita pelo método ultrassônico intrusivo e


metade pelo ultrassônico não intrusivo, considerados mais
avançados do que o método mais tradicional de medir vazões,
chamado Winter Kennedy.

Uma análise de 18 turbinas medidas pelo método Winter Kennedy e


pelo Ultrassônico Intrusivo constatou, no primeiro caso, rendimento
de 91,26% na média das unidades analisadas e de 88,17% no
segundo caso, uma diferença de 3,09 pontos. Zarconi explicou que
uma análise de vazão feita em uma grande usina com mais de 30 anos
de operação constatou que o rendimento projetado de 94% caiu para
90%.

Um estudo divulgado pela EPE em outubro de 2019, com base em


dados de 2018, constatou haver espaço para obras de repotenciação
em pelo menos 51 hidrelétricas, que totalizavam 49,9 mil MW.
“E por que, mesmo com essas constatações, as empresas não
investem, ou investem pouco, em modernização e repotenciação?”,
pergunta Zarconi. E responde: “O que constatamos é um problema
estrutural do MRE [Mecanismo de Realocação da Energia] que
desincentiva a usina a ser mais eficiente”, disse, ressaltando que a
forma de partilha da energia no “condomínio” de geradoras que
constitui o MRE acaba premiando a ineficiência.

Zarconi ressaltou que a modernização feita hoje, considerando as


tecnologias disponíveis, poderia mesmo elevar o rendimento das
usinas para além do rendimento previsto no projeto.

Em outubro de 2019 a Rennosonic, com base das constatações feitas


a partir das medições de rendimento feitas, enviou ao MME uma
contribuição à consulta pública nº 85/2019, que tratava da revisão
das garantias físicas das usinas.

A proposta era que a, como a legislação (Portaria MME 406/2017)


define que alterações no rendimento hidráulico da turbina é uma
característica relevante para a revisão da garantia física da usina, que
na hora de fazer a revisão fosse considerada não a “curva colina”
(pico de capacidade da turbina) oriunda do projeto, mas uma curva
baseada em metodologias que apresentem a realidade atual do
equipamento.

Segundo a proposta, esta seria uma forma de estimular o gerador a


investir na modernização da usina.

Para Vitor Pamplona, diretor Técnico da Rennosonic, entre as


medidas de modernização do setor em estudos, a separação entre
lastro e energia, em avançado estágio de análise, deverá ser uma das
definições mais importantes para estimular a modernização das
hidrelétricas.

Com sede em Itajubá (MG), cidade identificada historicamente como


o berço da expansão hidrelétrica no Brasil, a Rennosonic nasceu em
2008 na incubadora de empresas da Universidade Federal de Itajubá.
Desde então já realizou estudos e projetos, especialmente medições
hidrológicas, para 115 hidrelétricas no Brasil, Chile, Peru e República
Dominicana, atendendo a gigantes, como Itaipu Binacional até PCHs,
como a de Porto Góes, no rio Tietê.

Nesta última, pertencente à Empresa Metropolitana de Águas e


Energia (Emae), de São Paulo, a empresa mineira, que opera com uma
equipe de 17 colaboradores, está concluindo a análise da adução de
água para saber se as três comportas de adução atualmente abertas,
de um total de cinco, são suficientes para manter a usina operando na
capacidade máxima.

A Emae vinha constatando que a uma perda automática de


rendimento após algum tempo de geração na capacidade máxima,
que é de 24,8 MW.

# Emae EPE hidrelétricas PCH Rennosonic repotenciação

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