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Sumário

Introdução ........................................................................................ 7

- Parte I -
Ritos e rituais .................................................................................... 13
Magia sagrada x sugestão mental .................................................. 23
Tipos da Missa no Antigo Testamento ........................................ 33
Da necessidade da Santa Missa ........................................ ............. 45

- Parte II -
O simbolismo da Santa Missa ....................................................... 53
O que é a liturgia ............................................................................. 61
O tempo litúrgico ............................................................................ 67
Simbolismo do corpo humano ..................................................... 75
Simbolismo das cores ..................................................................... 89

- Parte III -
As partes da Missa ........................................................................... 99
Ritos iniciais ...................................................................................... 99
Liturgia da Palavra ........................................................................... 105
Liturgia Eucarística .......................................................................... 109
Ritos finais ........................................................................................ 118
- Parte IV -
O milagre da transubstanciação .................................................... 123
Alquimia na liturgia ......................................................................... 131
Efeitos da Santa Missa .................................................................... 139
Semana Santa e Tríduo Pascal ....................................................... 145
“Ele falava do templo do seu corpo” ........................................... 153
Calendário litúrgico e ordem do cosmo ....................................... 161

Apêndice
Ordinário da Santa Missa para leigos ........................................... 175

Índice de passagens bíblicas ........................................................... 187

Bibliografia ........................................................................................190
Introdução
“Farás um véu de púrpura violeta,
de púrpura escarlate, de carmesim
e de linho retorcido, sobre o qual
serão artisticamente bordados
querubins. (...) é alí, atrás do véu,
que colocarás a arca da aliança”

Êxodo 26,31.33

Ao entardecer do décimo quarto dia do mês de Nissan — o primei-


ro do calendário judaico —, ou na primeira lua cheia após o equinó-
cio de primavera, Cristo, do alto da Cruz, estando para entregar seu
espírito no maior sacrifício que um homem-Deus poderia realizar,
pela restauração da amizade do homem com Deus, rasga de cima a
baixo o véu do templo de Jerusalém que separava o “Santo dos San-
tos”, onde habitava a presença de Deus e a arca da aliança, da parte
reservada aos sacerdotes. Este acontecimento nos diz que a morte
de Cristo na Cruz não apenas possibilitou a restauração da amizade
com Deus, mas veio revelar a todos os segredos do Antigo Testa-
mento na pessoa de Jesus. Abrindo a entrada do Santo dos Santos,
Jesus está abrindo para todos o conhecimento da Verdade de Deus,
sem exceção. Quer dizer que qualquer pessoa que deseja conhecer o
sagrado, estando dentro do templo, isto é, dentro de uma cosmovi-
são judaico-cristã, certamente o encontrará, sem nenhum obstáculo

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da religião, muito menos do próprio Deus, pois Ele veio até nós e
retirou o véu que o escondia. A partir de então, não há mais conhe-
cimento esotérico reservado apenas aos superiores dentre os inicia-
dos e todo o conhecimento está disponível àqueles que o desejam.
Em Cristo, os mistérios simbólicos foram revelados. Portanto, agora
é possível compreender o porquê destes sinais ao redor da morte de
Jesus; a cruz, a lua cheia após o equinócio, o início do primeiro mês,
a hora nona — correspondente às quinze horas —, todos os demais
símbolos do Antigo e Novo Testamentos da Sagrada Escritura e os
símbolos culturais batizados pela Igreja em seus rituais.
Com o rasgar do véu, Jesus realiza aquilo que o apóstolo Paulo
disse para Timóteo que é o desejo de Deus, que “todos os homens
cheguem ao conhecimento da Verdade” (1Tm 2,4). Cristo revela-se
a si mesmo e toda a história do Antigo Testamento com suas pala-
vras, ensinamentos e parábolas, gestos e milagres.
A Igreja, em sua sabedoria, também desenvolveu a liturgia de
modo semelhante ao modo como Deus escreveu o Antigo Testa-
mento e a vida de Cristo, rodeada de símbolos. Símbolos estes que
carregam uma gama de significados com a finalidade de nos aproxi-
mar das verdades que estão além do véu dos sacramentos.
O livro que o leitor tem nas mãos é a lâmpada que o guiará
dentro do “Santo dos Santos” da Santa Missa. Aqui hei de iluminar
seu trajeto, revelando o significado de todos os símbolos que giram
em torno do Santo Sacrifício Eucarístico.
Os gestos e palavras do sacerdote e da comunidade não são
simples repetições sem sentido como dizem os Protestantes. Cada
detalhe do rito da Missa carrega uma série de significados que têm
por finalidade nos aproximar verdadeiramente do Cristo que se
imola sobre o altar.

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ALÉM DO VÉU: SOBRE O PODER DA SANT A M I S S A

Quando tomei consciência disso, meu olhar para a Missa mu-


dou completamente. Mesmo nunca tendo assistido a Santa Missa
em rito tridentino, ao longo dos dez anos de estudo de liturgia, sim-
bólica, doutrina e tradição da Igreja, fui capaz de enxergar a gran-
deza da Missa no rito de Paulo VI; apesar dos erros e abusos de
alguns sacerdotes, que sempre aconteceram na Igreja — não pense
que o rito antigo era infalível diante dos sacerdotes desobedientes
ao Missal —, a beleza da Celebração Eucarística é sedutora e ine-
briante. Tenho um grande amor pela Missa e seus símbolos e ouso
dizer que foi a Missa que se revelou a mim. Desde muito cedo fui
ensinado por minha mãe a ir para as Missas aos domingos e, ten-
do passado por uma adolescência rebelde e caminhado em outras
religiões e seitas, ainda assim não deixava de ir às Missas em alguns
domingos. Quando minha conversão se deu, em 2012, passei a ser-
vir como coroinha (ou “coroão”, pois já tinha passado e muito da
idade de servir) em minha paróquia e a estudar liturgia. Desde então,
a Missa parecia falar comigo. Não acontecia nada de extraordinário
ou místico. O que quero dizer é que meu amor pela Missa nasceu
desde muito cedo e este amor foi fazendo com que os símbolos da
Divina Liturgia se revelassem docilmente a mim. Mas isso unido aos
estudos, é claro.
Um acontecimento que chamou minha atenção foi o com-
portamento de uma criança desconhecida numa Missa, na paróquia
Catedral de minha cidade. Era domingo à noite e a criança, que
aparentava ter dois ou três anos de idade, estava bastante inquieta
no colo de uma mulher, que eu não sei dizer se era sua mãe, pois
eu estava uns dois bancos atrás de ambas. A criança passou a ce-
lebração quase toda do mesmo modo, até que veio a consagração.
A comunidade quase toda se colocou de joelhos, exceto algumas
senhoras, e esta mulher com a criança. Curiosamente, não havia ne-
nhum coroinha para tocar o carrilhão durante a elevação do corpo

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e do sangue de Cristo na consagração, mas, lá na Catedral, tocam-se


os sinos da torre também neste momento. Porém, a torre fica na
frente da igreja, atrás do povo. Quando os sinos tocaram, a criança
parou de se remexer, virou para a frente e ficou um bom tempo
olhando para o altar. É obvio que ela, por ainda não ter o uso da
razão, não entendia o que estava acontecendo ali, mas o que a fez
se mover para olhar para o altar foram os símbolos. Mesmo que os
sinos soassem atrás de nós, eles apontavam para a mesma direção
que o povo estava olhando, de joelhos e em silêncio. Entendi, então,
que foram estes dois símbolos que moveram a atenção da pequena
criança. Se apenas dois símbolos (os sinos e a postura do povo)
mostraram uma beleza que foi capaz de chamar a atenção de uma
criança pequena, a Missa inteira é capaz de nos fazer compreender
a grandeza do sacrifício pascal de Cristo, é capaz de nos revelar Seu
amor e verdade redentora.
A finalidade deste livro é dar a você, leitor, o entendimento
profundo acerca da divina liturgia, é fazer com que o amor, vindo do
próprio Jesus crucificado, possa extasiá-lo. Não é um conhecimento
das rubricas dos rituais, pois não tenho a pretensão de ensinar aquilo
que pode ser encontrado facilmente nos livros de liturgia — por não
ser do meu interesse “chover no molhado” e por saber que este tipo
de conhecimento, antes do que quero dar a você, enrijece aquele
que assiste e transforma a liturgia numa formalidade pela letra e não
pelo rito celebrado. O trabalho deste livro é fazer com que a liturgia
permaneça viva, é fazer com que os símbolos não só atinjam o seu
objetivo dentro da ordem imposta pela Igreja, mas que também fa-
çam sentido para os que celebram e assistem a Santa Missa, é fazer
com você o que os símbolos fizeram com aquela criança: chamar a
atenção para o que de fato está acontecendo durante a Celebração
Eucarística.

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