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“Eu vos dou por herança; assim como o meu Pai me deu, o Reino, para que vos comais
e bebais à minha mesa em meu Reino...” (Lucas XXII, 29-30).
Quanto aos outros atos litúrgicos, ou são negligenciados, como não sendo
necessários na operação do sacramento, nem próprios para um estudo
teológico, ou senão (assim como no Catecismo citado), são interpretados
como “figurações” simbólicas de tal ou tal outro acontecimento do
ministério do Cristo, cuja comemoração “convém” aos fieis que assistem à
Liturgia.
Claro, e tal disjunção não é radical nem muito radicalmente afirmada, pois
o espírito da Tradição é poderoso de mais na Igreja para mudar as formas
da Liturgia recebidas na origem, ela é, porém bem real, a partir do
momento em que, segundo essa óptica, cessou – se de perceber que A
IGREJA EM SE – MESMA NÂO E APENAS A “DISPENSADORA” DOS
SACRAMENTOS, MAS QUE ELA TAMBEM E O SEU “OBJETO”. POR ELES, ELA
SE REALIZA COMO ELA – MESMA NESSE MUNDO COMO SACRAMENTO DO
REINO DE DEUS, VINDO EM PODER.
O mais cômodo é de começar a analise por uma noção que, tendo mesmo
assim um enorme papel nas diversas “discussões” sobre a Liturgia
permanece “confusa e vaporosa”; o símbolo. (16).
A razão disso reside no fato que o termo “símbolo” DESIGNA AQUI ALGO
DIFERENTE DA REALIDADE; e mais ainda, OPOSTO A REALIDADE. Vamos
ter oportunidade verificar que o acento que o Ocidente latim faz
tipicamente reposar sobre “PRESENCA REAL” do Cristo nas espécies
eucarísticas é essencialmente devido ao temor de REDUZIR essa presença
à categoria simbólica. Para suscitar tal temor, precisava que a palavra
“SIMBOLO” não significasse mais algo real e que ela representasse então a
sua antítese. Ou seja; quando temos uma “realidade”, o símbolo é inútil; e
inversamente, há símbolo ali onde não há realidade. Dali essa
interpretação do símbolo litúrgico como “FIGURACÂO”, coisa “necessária”
na medida mesmo em que o figurado não é real. Então, há 2000 anos, o
Senhor teria saído realmente para pregar; e hoje, nos representamos isso
simbolicamente, para lembrarmos o evento, seu significado para-nos, etc.
Mais uma vez, a intenção é muito piedosa e como tal, legitima. Porém,
esse “simbolismo” é frequentemente arbitrário e artificial (tal como a
“entrada” a Liturgia, que se torna símbolo de “saída”), ele reduz 80% dos
atos litúrgicos ao nível de cenas didáticas, como “a procissão acima de
uma jumenta” ou o espetáculo dos “adolescentes na fornalha da
Babilônia”.
IV (P. 25.)
V (P. 27).
Por isso aquele que crê em Cristo e que O recebe como “o Caminho, a
verdade e a Vida” vive na esperança do século futuro (HB. XIII 14). Pois
toda a alegria do cristianismo, a substancia pascal de sua fé encontra– se
justamente no fato que esse “século futuro”, seja futuro em relação a
“este mundo” já estâ revelado, doado e que ele “já estâ no meio de nos“.
VI (P. 29).
“Onde estâ a Igreja, ali estâ o Espírito santo e a plenitude da graça”. (19).
Tudo o que a Igreja tem estâ no Espírito Santo que nos eleva até o
santuário celeste, para o altar de Deus; “Nôs vimos à verdadeira Luz, nôs
recebemos o Espírito celeste...” (Hino depois da comunhão).
Enfim, a Igreja inteira estâ virada para o Espírito Santo, “Tesouro de bens e
doador da vida”, ela aspira a adquirir Ele e comungar com Ele, ela tem
sede d’ Ele, que é a plenitude da graça. Assim como, SEGUNDO SÂO
SERAFIM DE SAROV, A VIDA E A ASCESE DE TODO FIEL CONSISTE EM
APROPRIAR – SE DO ESPÎRITO SANTO, a vida da Igreja é feita desse mesmo
esforço para obter Ele, desse mesmo chamado, dessa mesma sede,
sempre regada e jamais satisfeita, do Espírito Santo.
“Vem ate nos Espírito Santo, fazendo nos participar de teus santos
dons, do dia sem declínio, e da vida divina, e da suave distribuição “... (Cfr.
Aurélio).
Dito isso, podemos voltar ao que foi declarado no inicio desse capitulo; a
Eucaristia é o Sacramento do Reino, a subida da igreja até “a Ceia do
Senhor, no Seu Reino”. Constatamos que essa definição era “omitida”
pelas explicações elaboradas que a teologia ortodoxa tinha retomado do
Ocidente, por causa principalmente da DECADÊNCIA, NA CONCIÊNCIA
CRISTÂ, DA NOCÂO DE SIMBOLO, QUE ERA ENTÂO COLOCADA EM
OPOSICÂO A NOCÂO DE REAL REDUZINDO – A ALEGORIA.
A primeira vista, o que esta sendo dito ali, parece – se como uma piedosa
serie de lugares comuns. Comparando – o com a fé e o “sentimento
religioso” da maioria de nossos contemporâneos, pode – se constatar um
verdadeiro abismo. Podemos declarar, sem exagero, que O REINO DE
DEUS, A NOCÂO CHAVE DO ANUNCIO EVANGELICO NÂO E MAIS HOJE O
CONTEUDO ESSENCIAL NEM O MOTOR INTERNO DA FE CRISTÂ.
Convém, porém, deixar claro que isso foi um processo complexo e longo, e
não apenas o efeito de “uma metamorfose” instantânea, e que, apesar de
sua popularidade, o “simbolismo figurativo” nunca conseguiu substituir –
se ao verdadeiro simbolismo litúrgico, enraizado na própria fé. Apesar do
desenvolvimento, na liturgia bizantina, do que eu chamei de “solenidade
exterior” (INTRODUCÂO A TEOLOGIA...), e mesmo se ela fosse carregada
de detalhes alegóricos e decorativos, da pompa do culto imperial e de um
sagrado misteriolôgico, a Liturgia no seu todo e a intuição primordial que
os fieis tinham dela continuavam a ser determinada pelo simbolismo do
Reino. Testemunha disso em particular o SENTIMENTO que os ortodoxos
têm do TEMPLO, com a iconografia que dele é inseparável, tais como se
formaram justamente na época de Byzance. Eles provavelmente são uma
expressão muito mais profunda do “SANTO DOS SANTOS” da experiência
eclesial bizantina que a literatura do seu tempo, que nunca conseguiu
ultrapassar a retórica da antiguidade tardia.
XI(P. 43.).
NB. No texto a cada vez que o senhor sublinhou no livro, usei a letra
majuscula.
1. Dom Gregory DIX. THE SAPE OF THE LITURGY. Dacre Press, West-
minster, 1945. H. Clurat, L’ assemblée chrétienne à l ‘ âge
apostolique. Paris, 1949.
2. Hierarchie ecclésiastique. III. PG. III, 424 B ; trad. Franç. M. De
Gandillac, Paris, 1980, Pg ; 262.
3. V. Voedenie o litourgitcheskgie oogoslovie ( Introductionà la
téologie liturgique) Paris, 1964, Pg 24-33. Church World Mission, St
Vladimir’sSeminary Press, Crestwood, 1979.
4. Trapeza Godsponia, 1952.
5. Eucharistia, Paris 1947.
6. Joâo Chrysostomo, Hom. Sur Matth. 32-33,6. PG.LVII, 384.CF.Juao
Mateos, Evolution historique de la liturgie de Saint J. Chrisôstome.
« Proche Orient Chrétien» XV (1965), Pg . 333 – 351.
7. J. Mateos. Op cit. Pg. 333.
8. G. Dix op cit. H. Schlier, art. Amen in Kittel, Teolog ; Wörterbuch
zum Neuen Testament, 1, 341. A. Baumstark, Liturgie comparée, 3°
edition, Chevetogne, 1953, Pg. 52, 85.
9. N. Afanassieff, op cit. A. Schmemann. Introduction...op cit, Pg 105
sq.Voir aussi du même, Sacrement and Symbol in For the Lifeof the
World (Creswood 1973) Pg. 135-151. (Introduction française de ce
livre Pour la Vie du Monde,Paris Tournai, 1969, ne contient pas cet
essai). V. Aussi ; Symbols e Symbolism in the Orthodox Liturgy.
10. « Now when then teachest, command and warn the poeple to be
constant assembling in the Church, and not withdraw themselves,
but always to assemblie, lest any man diminish the Church by not
assembbling » (Ateniense Christian Liturgy) Atenieene Christ.
Library, ed. By A. Roberts & J. Donaldson, H. 59, Pg. 124.
11.Trapeza Godspodnie ( La cène du Seigneur), op cit , Pg. 90.
12.Ver A. Schmemann, Introduction à la théologie Liturgique. Op cit ,
Pg 105 sq.. V aussi Martyrium( Recherches sur le culte des reliques e
de l’ art chrétien antique, vol. I. Architecture ; Collège de France,
1946 ; vol.II ; Iconographie, 1946). L. Ouspensky, La Théologie de l ‘
Icone dans l ‘ Eglise Orthodoxe, Paris , 1980. Yves Congar, Le
Mystère du Temple, Paris, 1958.
13.Oeuvres de Bliench Syméon, arch. De Thessalonique, in Ecrits des
Saints Pères et Docteurs de l ‘ Eglise, T. II, ST. Pétersbourg, 1856,
Pg . 174-175(Trad. du Russe) ; Peri Tou Hagiou Naou ( Du Saint
Temple), PG. CLV, 321D.
14.Métropolite Filareto de Moscou, Prostannyi Hristianskii Katihisis
Pravost. Katol. Vostotchn. Tserkvi, Moscou, 1909 ; Paris 1926,
Reproduction Jordanville, 1961 ; Pg. 86 sq. Voir A Katansky,
Dogmatieschekoie outchenie... (Doctrine dogmatique des 7
Sacrements de L ‘Eglise dans les oeuvres de Pères et docteurs de l ‘
Eglise), ST Pétersbourg, 1877. Voir J. Malachov ; Presoustchesvlenie
Sviat. Darov a TaintaeEucharistii, (La Conversion dans les saints
Dons dans l ‘ Eucharistie).Bogolovskif Vestnik, 1898, Pg ; 113-140.
Thomas d’ Aquin ; Les Sacrements . Paris Tournai, 1945. Dom
Vernier, A Key to the Doctrine of the Eucarist, La clef de la doctrine
eucharistique, lyon, 1942.( Trad .Fr. P. Roguet).
15.P. Cyprien(Kern) ; Eucharistia,Paris, 1947, Pg. 277sq.
16.Sur le symbolisme liturgique , voir R. Bornet, Les Commentaires
byzantins sur la Divine Liturgie du VII° au XV° siècle. Paris, 1966.
Dom Odo Casel, le Mystère du cCulte dans le Christianisme, Paris,
1946. B. Neunheuser, L’ Eucharistie, II ; Au Myen – Âge et à l ‘
époque moderne, Paris, 1966.
17.Dom Vonier ; op cit. Pg. 41-43.
18.Sur le caractère mystérique (ou sacramentel) du créé, v ; A.
Schmemann, Pour la Vie du Monde, op cit, .O que estou definindo
assim aparece mais claramente ( infelizmente sem ter sido
estudado a fundo !) na oração da Igreja ( salmos, Triodo da
Quaresma, Pentecostario, Octoèco, e outros textos litúrgicos .; “ Le
ciel est saisi d’ étonnement, la terre, de tremblements...)Dimensão
cósmica da Igreja.
19.Adv. Haer.III, 24, 1.
27. Justin le Martyr, APOLOGIE I, t ; XVII, 3-5 ; textos e documentos. Publ.
H. Hemmer& P. Lejay, Paris, 1904, Pg. 142-143 ( id.A. Hamman, La
Philosophie passe au Christ. L ‘ oeuvre de Justin, Paris1982, Pg. 94-95).
31. G. Van der Leeuw, La Religion dans son essence et ses manifestations,
Paris, 1948 . Pg. 421.
32. Athanase de Alexandria, Contre les Païens, 1 ; PGXXV, 4A ; SC 18 bis,
Paris, 1977, Pg. 46.
38. O P. Alexandre não teve tempo de redigir essa nota antes de sua
morte.
42. APOLOGIE ILXV, 3 ; Textos e docs... ; l.c. , Pg. 138; chez Hamman, op.
Cit. , Pg. 94.
43. La Tradition Apostolique, IV ; SC11 bis, Paris, 1968, Pg ; 90.
45. J. Chrysostomo, Homilia sobre a 11° carta aos Cor. , 18, 3; PG LXI,
(527).
47. Cfr. Lettres aos Philad. VI, 2 ; IV ; Efésios IV, 2; XIV, 1; XX, 2; Magnés. &,
2 ; « Je chante les Eglises, je leur souhaite l’ union avec la chair et l ‘ Esprit
de J. C. , notre éternelle vie, l ‘ union dans la foi et la charité »(Eu canto as
Igrejas, e desejo para elas a uniâo com a carne e o Espîrito de J. C., nossa
vida eterna , a união na fé e na caridade.) ( trad. Camelot, SC10, Paris,
1969, Pg. 81) e passim.
49. Unde ?
50. Idem.
61. A. KHOMIAKOV. (Oeuvres, op cit. T. II, Pg. 129. Idem O Tserkvi (De L ‘
Eglise), édit.,introd. E notas de L. Karsavine, Berlin, 1926, Pg. 75.