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Escola Secundária do Restelo Disciplina: Geologia

A importância das teorias científicas - ciência/tecnologia na sociedade

Marie

Tharp
Turma 12.º D Ano letivo
2023/2024

Trabalho realizado por:


Grupo III:

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Margarida Birne, n. º 15
Maria do Carmo Sousa Coutinho, n. º 16
Maria do Carmo Coelho, n. º 17

Biografia
Marie Tharp, nascida em 30 de julho de 1920,
na cidade de Ypsilanti, Michigan, Estados Unidos,
filha de Bertha e William Tharp. Durante a sua vida,
Marie residiu em diversas cidades, incluindo Ypsilanti,
Nova York e Lamont.

O seu pai trabalhava para o Departamento de


Agricultura dos Estados Unidos, onde recolhia
amostras de solo e rochas. Desempenhava a função de Imagem 2: Jovem Marie Tharp
supervisor, dedicando-se à pesquisa e à cartografia.
Marie ajudava-o frequentemente nessas tarefas, o que lhe proporcionou uma introdução
ao mundo da cartografia.

Devido ao trabalho do pai, que implicava mudanças frequentes de casa, Marie


frequentou cerca de 17 escolas diferentes antes de concluir o ensino secundário. Tharp
nunca considerou a possibilidade de seguir carreira nos moldes do seu pai, uma vez que
as mulheres na sua época eram desincentivadas a juntar-se ao campo científico. As
opções de emprego para jovens mulheres naquela época eram bastante restritas e ela
acreditava que o seu caminho era ser professora, seguindo os passos da sua mãe.

Iniciou os seus estudos na universidade de Ohio, matriculando-se inicialmente


em música e inglês. Após a formatura, teve a rara oportunidade de participar num
programa de geologia em Michigan em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial.
Como havia muitos homens no serviço militar, apareceram oportunidades para que as
mulheres ocupassem determinados cargos. Obteve o mestrado em Geologia em 1944 na
universidade de Michigan e outra licenciatura em matemática em 1948 na Universidade
de Tulsa.

A carreira de Marie Tharp descolou quando começou a trabalhar no Lamont-


Doherty Geological Observatory da Universidade de Columbia, colaborando com o
geólogo Bruce Heezen. O seu trabalho crucial envolveu a análise de dados sísmicos e a
criação de mapas detalhados do fundo oceânico contribuindo, significativamente, para o
desenvolvimento da teoria da tectónica de placas. Ao longo de sua carreira, Marie Tharp
desempenhou o papel de cartógrafa e cientista de pesquisa no Observatório Lamont-
Doherty.

Contribuição para a ciência

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Apesar do ser humano não ter toda a informação sobre o fundo do mar, sabemos
que este não é uma paisagem plana. Tal como o mundo acima da água, contém vales,
montanhas, planícies… A nossa compreensão atual sobre o fundo oceânico é resultado
do trabalho de pesquisa de Marie Tharp, que desempenhou um papel fundamental na
transformação do entendimento geológico deste ambiente.

Em 1948, Tharp foi contratada como assistente técnica na Universidade de


Columbia, em Nova York, onde conheceu o aluno Bruce Heezen. Tharp e Heezen
formaram uma equipa de pesquisa com o propósito de analisar o relevo do fundo do
oceano Atlântico.

Naquela época, as mulheres não eram autorizadas a participar em expedições a


bordo de navios de investigação científica. Portanto, Bruce Heezen aproveitou as
medições do sonar, algumas das quais foram financiadas pela National Geographic, para
estudar a topografia do fundo oceânico. Enquanto isso, na Universidade de Columbia,
Marie Tharp dedicou-se a transformar em mapas os dados e medições provenientes de
centenas de outras expedições.

Heezen desempenhou um papel crucial na recolha de dados de sonar em navios,


que eram utilizados para medir a profundidade do oceano. Embora o sonar seja uma
tecnologia comum nos dias de hoje, na época, era um procedimento extraordinário.
Inicialmente, as medições de profundidade eram conduzidas de forma diferente. Os
pesquisadores lançavam uma corda com um peso na extremidade. Quando atingia o
fundo, a profundidade era registada, e a corda era recolhida de volta ao navio. Esse
método apresentava várias desvantagens, sendo demorado e complexo.

Com a utilização do sonar, o navio produzia ondas sonoras e media o tempo que
as ondas levavam para ir e voltar ao fundo do mar. Conhecendo a velocidade do som na
água, os pesquisadores podiam calcular a profundidade oceânica por meio de simples
cálculos matemáticos. Graças ao sonar, Heezen conseguiu recolher bastante informação,
mas foi Tharp a responsável pela sua análise.

Tharp fez diagramas desenhados à mão


que traçavam os caminhos dos navios e as
suas medidas de profundidade. De seguida,
juntando-os, deu origem aos primeiros mapas
topográficos do fundo do mar. Nesse
processo, deparou-se com uma descoberta
inesperada: uma fenda no centro do Oceano
Imagem 3: Tharp a desenhar os mapas do fundo Atlântico, com dimensões de quilómetros de
oceânico. largura e centenas de metros de profundidade.

A cientista pensava que esta fenda se assemelhava a um vale de rifte, uma


característica geológica previamente observada em terra, formada quando duas placas
tectónicas se afastam por limites divergentes. No entanto, naquela época, a ideia de que
as placas se poderiam separar e que os continentes estavam em constante movimento
não tinha consenso.

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Diversos cientistas, incluindo Heezen, sustentavam a teoria da "Expansão


Terrestre", que afirmava que os continentes se estavam a afastar devido ao aumento do
volume da Terra, comparável ao insuflar de um balão. Foi somente quando Tharp
apresentou evidências que ela refutou essa ideia.

Interpretando os mapas que desenhou, Tharp explicou a existência de um rifte e


da dorsal média oceânica, que conclui que setores da crusta terrestre (fragmentos das
placas tectónicas) se deslocavam divergentemente devido às correntes de convecção
(movimentação do magma presente no manto terrestre resultante das mudanças de
temperatura do material).

Inicialmente, a descoberta de Tharp foi subestimada, até mesmo pelo seu


colaborador de pesquisa, Bruce Heezen, que chegou a desqualificá-la como "conversa
de raparigas". Heezen solicitou que ela revisse os cálculos e mapeasse novamente as
imagens e Tharp obteve os mesmos resultados.

“A teoria da deriva continental foi quase uma espécie de heresia científica”,


diria Marie mais tarde.

A cientista solicitou auxílio a outro assistente de


laboratório envolvido na elaboração de um mapa de epicentros
de sismos. Estes mapas revelam que a maioria dos sismos
ocorre em proximidade com a zona de rifte. Considerando que
os sismos podem resultar do movimento das placas
tectónicas, essa constatação evidencia que o rifte atua
como uma divisória entre duas placas tectónicas
distintas.

Em 1957, os dois cientistas divulgaram o Imagem 4: Ilustração da


primeiro mapa do fundo do Atlântico, revelando ao localização dos sismos pelo rifte
mundo a complexa topografia submarina, coberta por Atlântico.
montanhas, que compõem a dorsal média oceânica, um fenómeno geológico com mais
de 60.000 quilômetros de extensão, e evidenciaram a presença de um rifte, onde duas
placas tectónicas se afastam nos limites divergentes.

Em 1977, Tharp e Heezen publicaram o primeiro


mapa abrangente do fundo oceânico, conhecido como o
"Leito Marinho Mundial", uma obra financiada pela
Marinha dos EUA e pela National Geographic. Este mapa
representou a primeira reprodução global das características
dos oceanos. O trabalho desses cientistas foi fundamental
para confirmar a Teoria da Tectónica de Placas, uma ideia
controversa na época, que propunha o movimento dos
Imagem 5: Tharp e Heezen analizam continentes ao longo do tempo.
em conjunto o mapa que desenharam
A sua descoberta revolucionou a nossa
compreensão do funcionamento geológico do nosso planeta, entre diversas outras
implicações, explica porque é que a Terra não está a aumentar de volume, ou como não

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são criados materiais, mas sim, reciclados e reutilizados. Sem os mapas de Tharp,
poderíamos ter levado muito mais tempo para chegar a essa conclusão.

“Foi uma oportunidade única na vida, única na história do mundo, para


qualquer pessoa, mas sobretudo para uma mulher na década de 1940”, escreveu Tharp.

Apesar das contribuições revolucionárias, o nome de Tharp permanecia quase


desconhecido, enquanto Heezen recebeu sozinho a maior parte do crédito pelo trabalho
que realizaram em conjunto. Tharp iniciou sua carreira numa época em que
pouquíssimas mulheres se tornavam cientistas. Devido ao seu género, ela enfrentou
várias formas de discriminação que tornaram seu trabalho mais desafiador. Aliás, ela
nem era permitida nos navios que recolhiam a informação acerca do fundo oceânico que
ela utilizava para fazer os seus mapas. Somente em 1968 conseguiu embarcar num
navio de pesquisa.

Tharp faleceu em 23 de agosto de 2006, vítima


de cancro da mama. Até ao seu último momento,
persistiu em estudar o fundo do mar, trabalhando,
continuamente, em mapas cada vez mais detalhados.
Embora ainda tenhamos muito que aprender sobre o
oceano, Marie Tharp deu-nos um enorme “empurrão
na direção certa”.
Imagem 6: Tharp ao lado de um globo que
Nos dias de hoje, Marie é reconhecida pela demonstra o rifte Atlântico.
cientista revolucionária que ela era. Em 1997, a
“Library of Congress” nomeou-a como uma das quatro maiores cartógrafas do século
XX. Também foi incluída entre as 20 mulheres que contribuíram para abrir caminho
para as novas gerações de exploradores pela National Geographic.

Razão de escolha

Selecionamos Marie Tharp como cientista estudada devido ao impacto


significativo que teve no campo da oceanografia e geologia marinha. A sua colaboração
pioneira com Bruce Heezen resultou na criação dos primeiros mapas abrangentes do
fundo oceânico, revelando características geológicas fundamentais e fornecendo
evidências cruciais para a teoria da tectónica de placas.

Além disso, o percurso de Tharp é inspirador, considerando as barreiras que


enfrentou como mulher num meio científico predominantemente masculino na sua
época. A sua persistência, habilidade analítica e contribuições notáveis tornam Marie
Tharp uma figura cativante e merecedora de estudo, refletindo não apenas avanços
científicos, mas também a importância da igualdade de género na pesquisa académica.

Bibliografia

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Sites
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Tharp
 http://cienciaviva.org.br/index.php/2021/03/26/oceanicas-pioneiras-marie-tharp/
 https://marietharp.ldeo.columbia.edu/about-marie-tharp
 https://everydaypower.com/marie-tharp-quotes/
 https://www.nationalgeographic.pt/historia/estas-mulheres-ajudaram-a-abrir-caminho-
para-as-novas-geracoes-exploradoras-da-national-geographic_2428
 https://www.tempo.pt/noticias/actualidade/11-de-fevereiro-dia-internacional-das-
mulheres-e-raparigas-na-ciencia-desigualdade-genero.html
 https://marietharp.ldeo.columbia.edu/about-marie-tharp
 https://speccoll.library.arizona.edu/exhibits/marie-tharp
 https://exploration.marinersmuseum.org/subject/marie-tharp/

Imagens
1. Image created from a photograph provided by Lamont-Doherty Earth Observatory and
the estate of Marie Tharp and using the World Ocean Floor Panorama, Bruce C. Heezen
and Marie Tharp, 1977. Copyright by Marie Tharp 1977/2003. Reproduced by
permission of Marie Tharp Maps LLC and Lamont-Doherty Earth Observatory.

2. On the 100th anniversary of her birth, Marie Tharp’s grit and brilliance are as legendary
as her work. Reproduced with permission from Marie Tharp Maps LLC and Lamont-
Doherty Earth Observatory.

3. Marie Tharp working on a map of the ocean floor at Columbia in the 1960s. Credit-
Lamont-Doherty Earth Observatory.

4. FileMap of earthquakes, Data source: Search Earthquake Archives, USGS

5. After processing the echo sounding data, Marie drew her maps with pencil and ink
manually. Bruce Heezen standing in the background Photograph by Joe Covello,
National Geographic.

6. Marie Tharp, July 2001. (Credit: Lamont-Doherty Earth Observatory and the estate of
Marie Tharp)

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