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Freud & Aprendizgem

O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM SOB A ÓTICA
FREUDIANA.
João Victor Elias

¹Artigo apresentado à disciplina PSI 133 – Psicologia da Aprendizagem


² Graduando em Psicologia – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VIÇOSA.

RESUMO

Este artigo tem como objetivo fazer uma revisão


bibliográfica a respeito de como se dá o processo de aprendizagem
na perspectiva teórica psicanalítica Freudiana, uma vez que o
autor teve grande importância na sua contribuição de forma a
entendermos melhor tal atividade, iniciado no âmbito educativo
escolar no quesito ensino-aprendizagem de professores e alunos.
Como método de investigação teórica, muito nos baseamos no
conceito de transferência formulado por Freud afim de
esclarecermos a ligação desse fenômeno e sua funcionalidade no
aprendizado.
Palavras-chave: Aprendizagem; Freud; Transferência; Psicanálise,
Educação.

ABSTRACT

1
This article aims to make a bibliographic review on how the
learning process takes place from the Freudian psychoanalytical
theoretical perspective, since the author had great importance in
his contribution in order to better understand this activity,
initiated in the school educational field in the teaching-
learning of teachers and students. As a method of theoretical
investigation, we based much on the concept of transference
formulated by Freud in order to clarify the connection of this
phenomenon and its functionality in learning.
Keywords: Learning; Freud; Transference; Psychoanalytical;
Education

METÓDOS

Constituído de uma revisão narrativa das literaturas


citadas, realizou-se uma pesquisa à livros, artigos científicos e
demais obras a respeito do assunto, selecionados através de uma
busca no banco de dados dos sites Scientific Eletronic Libray
Online (Scielo) e Google Scholar.

INTRODUÇÃO

Freud no início de sua carreira com auxílio da hipnose,


juntamente com Charcot, atendia mulheres consideradas com
histeria, vista como doença na época, o que levou-o a propor
desde então uma profilaxia em realação à mesma, por meios de
processos educativos porém sem o uso abusivo da autoridade. De
acordo com Kupfler , tal proposta visava diminuir
autoritariamente a moralidade sexual da época, pois haviam
questões e desejos pré matrimoniais ou pulsões primitivas que
eram reprimidas e estariam fortemente atreladas às manifestações

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dos eventos nas histéricas por conta do recalque (KUPFER, 1992,
p. 37).
Tais mulheres que, inicialmente eram crianças que sofriam
com uma educação abusiva e severa imposta pelos educadores da
época, Freud acreditava, segundo Monteiro, que tais métodos
vinham sendo insistentemente utilizados e dita em forma de
crítica a necessidade de uma melhor eficacia perante eles, devido
a grande persistência por parte dos educadores em relação a
unicidade do uso da ferramenta de adequação e respeito a fase do
desenvolvimento em que se encontravam. (MONTEIRO, 2002, p. 1)
Há um canal no YouTube que defende o fato desse mesmo
interesse de auxiliar a área educacional com a psicanálise ter
sido perdido ao longo do tempo por Freud, uma vez que tal
persistência criticada por ele se manteve. Mas logo em seguida
Anna Freud retoma tal interesse e o insere no contexto
pedagogico, presente por um tempo, porém novamente abandonado por
não ter contribuições ou utilidades naquele tempo e contexto
(DIDATICS, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A crítica Freudiana de acordo com Monteiro propunha uma


intervenção no trabalho dos educadores, pois considerava o atual
formato inadequado e cheio de limitações, uma vez que o tempo
didático investido ali era considerado desperdiçado e as
realidades cognitivas e emocionais dos alunos nunca seriam
equiparadas ou semelhantes as do seu orientador, não havendo
assim possibilidade de uma transferência, que Freud logo em
seguida, declara essencial e primordial no processo-relação de
educar (MONTEIRO, 2002, p. 1-2).
A ação dos pais de depositar sua esperança e
responsabilidade nas ciências educativas como mediadora de

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conhecimento e saber juntamente ao interesse investido nos filhos
é muito bem vista e coerente na aposta e inserção dos mesmos nas
instituições escolares, fazendo com que seja então iniciado o ato
de transferência, sendo o educador o principal personagem desse
processo, como Lira cita em um trecho:
Podemos nos detes a falar do investimento que os pais de
Freud, em especial sua mãe, depositaram no mesmo. Fazendo
com que valores sobre educação fossem tidos como ideal de
eu para o Freud. (2012, p. 3)

Aprender então se torna derivado da transferência entre


esses lados, revelando uma necessidade da existência de um outro,
já que o educador passa a ser escolhido insconscientemente como
objeto depositário do desejo do aluno aferrado a um elemento
particular, direcionando tal pulsão para apropriar-se de
conhecimento, fazendo com que o aluno à partir desse ponto teça
sua proximidade e crie sua identidade a partir dessa tradição
cultural, e não suprir os desejos, valores e ideias impostos à
ele. (MONTEIRO, 2002).
Porém tal local exige certa renuncia por parte do educador
de sua posição narscísica do local e sujeito de saber para que
seja feita tal mediação entre aluno e o conhecimento, dito que é
tida como uma condição inicial da aprendizagem, pois, há nele
desejos inconscientes que impulsionam-o à esse local de mestre
que justificam assim sua presença mas não o induzem-no a
renuncia-los à essa tarefa que é incômoda por ter seu sentido
como pessoa ali anulado, sendo assim, reforçando o dito Freudiano
que ensinar é uma das três coisas impossíveis do mundo. (KUPFER,
1992).
Kupfer também cita que Freud considera importantíssimo
deixar de suprir as pulsões, principalmente no contexto e
utilidade de transforma-las em sublimação e sem a mesma, não
temos cultura (1992, p. 44). Além disso, Monteiro nos mostra uma

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quebra na primeira condição da aprendizgem por parte do educador,
quando o mesmo abdica e torna-se espectador da sua própria figura
na presença dos seus alunos, perdendo seu local de saber e poder
da condição social (2002, p. 4).
A sublimação é tida como uma continuidade primordial da
transferência quando pensamos nos seus valores culturalmente
atribuidos e que têm valor tanto para ela quanto para a
sociedade, e acaba sendo estimulada no processo de modelagem das
pulsões escópicas, contribuindo para uma melhor passagem pelas
fases do desenvolvimento psicossexual freudiano (KUPFER, 1992).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIDATICS. Freud (6) – Transferência e educação. YouTube. 18 de


dez. de 2017. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?
v=iMiizJ1YkQA&feature=youtu.be>. Acesso em: 21 de abr. de 2020.

FREUD, Sigmund. Obras Complementares, vol. 11: Totem e Tabu,


Contribuição à história do movimento psicanalítico e outros
textos (1912-1914), Edição 2012, Editora: Companhia das Letras,
2012.

KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação: O mestre do


impossível. São Paulo, 1989. Editora: Scipione, 1992.

LAJONQUIERE, Leandro de. Sigmund freud, a educação e as


crianças. Estilos clin., São Paulo , v. 7, n. 12, p. 112-129,
2002 .

LIRA, Jessica; ROCHA, Julliana. Freud: contribuições acerca da


aprendizagem e suas implicações educacionais. Vínculo-Revista do
NESME, v. 9, n. 2, p. 39-43, 2012.

5
MONTEIRO, Elisabete Aparecida. A transferência e a ação
educativa. Estilos da Clínica, v. 7, n. 13, p. 12-17, 2002.

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