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No início do século XIX, o número de escravos na Bahia cresce, impulsionado pela expansão
dos cultivos destinados à exportação. Entre os africanos trazidos pelo tráfico, o grupo daqueles
que as autoridades coloniais chamam de huassás começa a criar problemas entre 1806 e 1807,
período em que é descoberta uma tentativa de conspiração por eles organizada. Descoberta a
ameaça, as autoridades agem com extrema rapidez: prendem e executam os líderes do
movimento, açoitam publicamente dez escravos que integram o grupo, restringem a circulação
de cativos e livres, impõem o toque de recolher e mandam vigiar as fontes públicas, tanto por
estas serem um ponto de encontro diário dos cativos como por temer um possível
envenenamento da água.
Mas, apesar dos esforços das autoridades, as fugas continuam a acontecer e o perigo
potencial dos quilombos não demora em se transformar em ameaça real.Apesar do rigor das
medidas impostas nos meses seguintes, em 1810, o governo da Bahia é chamado a suprimir
mais uma rebelião e, quatro anos depois, una nova grande revolta explode a norte dos limites
urbanos de Salvador.
A Bahia só não explode porque a elite reprime duramente livres e escravos, canaliza o
descontentamento popular para sentimentos antiportugueses, protege a ordem escravista
mantendo a discriminação racial e isola as lutas dos negros das que ganham corpo nas
camadas pobres da população.Sufocada a rebelião, o governo da província endurece suas
ações. O rigor destas medidas consegue impedir por algum tempo ações insurrecionais
significativas.
A revolta que os malês preparam na sombra e cuja ameaça vai se tornar pública no início de
1835.A data escolhida para o levante é o domingo 25 de janeiro, festa de Nossa Senhora da
Guia. Derrotada a rebelião, os vencedores têm sede de vingança. Um clima de histeria,
perseguição e violência contra os africanos toma conta de Salvador e de seus arredores.