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FELICIDADE

COMO OS GRANDES SÁBIOS PODEM NOS AJUDAR A VIVER MELHOR

A filosofia objetiva as pessoas a viverem melhor, tornando viável a busca da felicidade, e útil na
vida prática. “O ofício da filosofia é serenar as tempestades da alma” (Montaigne).
O aristocrata romano Boécio era rico e poderoso, mas acusado de traição, foi condenado à morte.
Inteligente, havia decorado livros de filosofia desde a infância e, preso, começou a recorrer à sua
“biblioteca invisível”. Esperando a sentença de morte, escreveu um clássico da literatura A
Consolação da Filosofia, “A felicidade pode entrar em toda parte se suportarmos tudo sem queixas”,
escreveu ele. A filosofia consola, inspira e ensina.
Demócrito escreveu o livro Sobre o Prazer, cuja primeira frase “Ocupe-se de pouco para ser feliz”
abre o seu conceito de que sobrecarregar a agenda sobrecarrega o espírito, e traz angústia. Deve-se
fazer por dia apenas aquilo que é realmente necessário. Em Meditações, disse que devemos evitar
os gestos inúteis e os pensamentos desnecessários. “Controlarmos a mente, esse cavalo selvagem,
em vez de sermos controlados por ela”.
Os filósofos também apontam a aceitação dos tropeços, porque são inevitáveis, ensinado pelo
filósofo Zenão, que fundou o estoicismo, (bravura na adversidade). É o equilíbrio, a calma diante do
revés ou da vitória. A sua escola tinha símbolos que representavam o triunfo da sabedoria sobre a
brutalidade.
O estoicismo defendia uma vida natural e simples no estilo e comportamento de vida. E tinha a
lógica da aceitação e resignação, pois agastar-se com os fatos, pioravam o espírito da pessoa.
Zenão não deixou livros para hoje, mas ótimas frases, como “A natureza nos deu dois ouvidos e
apenas uma boca para que ouvíssemos mais e falássemos menos”.
Aceitar as coisas como elas são, é ingrediente para ser feliz. “Não se deve pedir que os
acontecimentos ocorram como você quer, mas deve-se querê-los como ocorrem: assim sua vida será
feliz”. disse Epíteto, filósofo e ex-escravo. Descartes também disse “É mais fácil mudar seus
desejos do que mudar a ordem do mundo”. Exemplo, no meio de um congestionamento, não há o
que ser feito, ouça uma música então.
Epíteto também diz que devemos ocupar somente com o que está sobre nosso controle. O nosso
estado de espírito é moldado pela forma como encaramos os fatos. “Todas as minhas esperanças
estão em mim”. (Horácio) e “É digno de piedade quem depende dos outros”. (Montaigne).
Horácio afirma que o sábio vive apenas o presente, pois o futuro é fonte de desassossego. “A
imprevidência é uma das maiores marcas da sabedoria”. (Epicuro). Ele defendia o controle das
ambições e dos desejos, pois quanto mais se tem, mais se quer, o que gera frustração.
Epicuro pregava a simplicidade em tudo, até nas palavras, pois quem diz muito faz “mais ruído
que sentido” Sêneca. Montaigne também dizia “O mundo é apenas tagarelice e nunca vi homem que
não dissesse antes mais do que menos do que devia”.
Você tropeça e percebe a alegria dos seus falsos amigos, seja simples e ria, afinal é a vida como
ela é. Schopenhauer em Aforismos para a sabedoria de vida disse “Acima de tudo, o que nos torna
mais imediatamente felizes é a jovialidade do ânimo, pois essa boa qualidade recompensa a si
mesmo de modo instantâneo...”
Esta virtude, como outras, é obtida com suor e paciência, pois ela é um hábito. Exemplo é
Demóstenes que se transformou num dos melhores oradores da humanidade após muitos exercícios
diários e tremendo esforço.
A vida feliz também é conturbada pelo medo da morte. Sêneca desprezava a morte não por
morbidez “E por mais que te espantes, aprender a viver não é mais do que aprender a morrer”. Mas
sim porque quem despreza vive, paradoxalmente, melhor, não pesa o terror. “Imagine que cada dia
vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava”, sábio da
Antiguidade.
Memento mori: lembre-se que vai morrer. “O remédio do homem vulgar é pensar que não vai
morrer” Montaigne. Assim, quanto menos se pensa na morte, mais somos assombrados por ela.
Marco Aurélio também defendia pensar-se na morte de forma natural “Cada um vive apenas o
momento presente, breve. Exíguo, pois, é o que cada um vive. Exíguo o caminho a terá onde vive.
Exígua, até a mais longa memória na posteridade, essa mesma transmitida por uma sucessão de
homúnculos morrediços, quem nem a si próprio conhecem, quanto menos a alguém falecido há
muito”. Assim, pregavam não alimentar rancores e evitar brigas, pois “Teimar e contestar
obstinadamente são defeitos peculiares às almas vulgares. Ao passo que voltar atrás, corrigir-se,
abandonar uma opinião errada no ardor da discussão são qualidades raras das almas fortes e dos
espíritos filosóficos”. Montaigne.
Falam também do medo do envelhecimento e a luta inútil pela juventude eterna. Segundo Cícero
“Todos os homens desejam alcançar a velhice, mas ao ficarem velhos se lamentam. Eis aí a
conseqüência da estupidez”. E arremata “Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam
facilmente a idade, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em
qualquer idade”.
Cícero ajudou a enxergar a velhice com bons olhos, mostrando que devemos permanecer
intelectualmente ativos e mostra a beleza de cada fase da vida: a fraqueza das crianças, o ímpeto dos
jovens, a seriedade dos adultos, a maturidade da velhice. Para ele, “a memória declina se não a
cultivamos ou se carecemos de vivacidade de espírito”.

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