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Módulo 3
Módulo 4
Descrição
Objetivos
Módulo 1
Compreendendo o panorama
histórico
No início do século XX, os Estados Unidos da América se consolidaram
como a principal economia do mundo. O país viveu um grande
crescimento econômico após a Primeira Guerra Mundial, que teve fim
em 1918. A doutrina que orientava o Estado norte-americano era o
liberalismo econômico, sistema baseado em três pilares:
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Livre concorrência
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Defesa da propriedade privada
1 - O Estado de bem-estar social e a exploração do
trabalho check_circle_outline
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o panorama histórico e Não intervenção do Estado na
teórico sobre a exploração humana e o Estado de bem-estar social.
economia
Por alguns anos, esse modelo parecia de fato ser a melhor receita para
o sucesso no capitalismo, ao menos para empresários e financistas. A
produção industrial crescia vertiginosamente, bem como os lucros dos
proprietários de indústrias e dos investidores da bolsa de valores.
maior do bolo nacional. Mas como a As principais reformas trazidas por esse plano econômico, no entanto,
demanda da massa não podia estavam ligadas às relações de trabalho. O New Deal, instituído naquele
acompanhar a produtividade em país, estabeleceu:
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A criação de uma previdência social
para os aposentados
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A instauração do seguro-desemprego
em caso de demissão O Estado de bem-estar social e
Maior representante das ideias do liberalismo econômico, os Estados
Unidos da América até aquele momento não garantiam nenhum desses
as relações de trabalho
direitos aos trabalhadores, uma vez que isso seria visto como uma
intervenção do Estado na economia (HOBSBAWM, 2010, p. 97). O fato Embora o Brasil nunca tenha de fato experimentado um Estado de bem-
de o maior representante do liberalismo ter mudado os rumos de sua estar social, as políticas públicas pautadas nessa doutrina também
doutrina econômica acabou causando mudanças em todos os Estados tiveram alguma repercussão em nosso país. Em 1930, por exemplo,
capitalistas do mundo, gerando um movimento que o historiador Eric Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho e promulgou em 1943 a
Hobsbawm chamou de “a queda do liberalismo” (HOBSBAWM, 2010, p. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que determinava alguns
113). direitos fundamentais dos trabalhadores. Embora tenha passado por
uma série de transformações ao longo das décadas e esteja sendo
Além da crise econômica de 1929, outro fator que influenciou a adoção
profundamente enfraquecida pelas políticas neoliberais das décadas
dessas medidas foi o receio de que os trabalhadores de países
mais recentes, a CLT atualmente ainda é um marco no que se refere aos
capitalistas se organizassem de modo revolucionário, influenciados
direitos trabalhistas no Brasil.
pelo bloco socialista da União Soviética, onde o acesso a direitos como
emprego, saúde e educação já era universalizado.
policy Liberal
N E t d d b t i l lib i
Buscando resgatar as bases do pensamento liberal que havia
fracassado décadas atrás, esses economistas pregavam a ideia do
Abertura comercial e diminuição das regulação privada. Na regulação privada, é o empregador quem define,
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de definição das regras com base na ação dos trabalhadores, por meio
de negociação coletiva ou regulamentação estatal, que se traduz na
colocação de limites sobre a forma como o capital utiliza a força de
Diminuição das leis trabalhistas para trabalho. Ela compreende dois princípios básicos do direito do trabalho:
reduzir os custos dos empresários
contratantes. Primeiro princípio
check_circle_outline O trabalho não pode ser considerado como uma mercadoria qualquer,
pois quem vende a força de trabalho é uma pessoa humana e sua
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A relação entre capital e trabalho é marcada por uma assimetria, sendo
fundamental assegurar a existência do sindicato e da negociação ou a
intervenção do Estado para proteger o elo mais frágil da relação
Diminuição da presença do Estado no
mercado, com a privatização de
O autor considera que a regulação pública é fundamental, uma vez que
empresas estatais. a racionalidade econômica não tem como foco proteger a dignidade do
trabalhador (KREIN, 2018, p. 80). Essa regulação se mostra cada vez
O neoliberalismo tem como característica a ideologia de que a ação
mais necessária para enfrentar os desafios da contemporaneidade e as
individual seria a única possibilidade emancipadora, enquanto a
transformações mais recentes nas relações de trabalho.
perspectiva coletiva seria burocrática, autoritária e ultrapassada.
Algumas consequências disso para os trabalhadores no Brasil foram a Trabalhos mediados por plataformas digitais como aplicativos de
redução de empregos com carteira assinada e o crescimento de vagas entrega e de transporte, a exemplo de empresas como Uber, 99 Taxi,
precárias, sem benefícios sociais como férias, 13º salário, licença- Ifood, Rappi, entre muitas outras, têm apresentado diversos dilemas no
maternidade, FGTS etc. A ideia de que os indivíduos podem negociar os que se refere a direitos trabalhistas e dignidade dos trabalhadores.
termos de seus contratos com os empregadores acabou enfraquecendo
os sindicatos, por exemplo, que teriam um poder maior de barganha Para descrever o processo de surgimento dessas novas relações, têm
com os donos de empresa por representarem os trabalhadores sido usados termos como uberização ou plataformização do trabalho.
2 - Exclusão social, pobreza e emprego do país concentram uma renda maior do que a de todas as mulheres
negras adultas juntas, contingente este que representa 26% da
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as correlações entre
população adulta.
desemprego, subemprego e exclusão social.
Realidade social e pobreza no É possível perceber que o processo de “penalização da miséria” que o
sociólogo francês Louïc Wacquant viu como uma novidade na Europa,
Brasil com a adesão dos países europeus ao neoliberalismo, já não era tão
estranho ao Brasil. Segundo o autor, a penalização da miséria seria um
conjunto de práticas estatais por meio do qual “a ‘mão invisível’ do
O Brasil é um país de extremos. A colonização portuguesa e o processo mercado de trabalho precarizado conseguiu seu complemento
histórico que resultou no país como hoje o conhecemos foram institucional no ‘punho de ferro’ do Estado, que tem sido empregado
caracterizados pela violência para com os povos indígenas que aqui para controlar desordens geradas pela difusão da insegurança social”
habitavam, bem como pelo tráfico e pela escravização de povos (WACQUANT, 2008, p. 93-94).
africanos. Esse padrão sócio-histórico deixou marcas profundas que
podem ser sentidas ainda hoje. De acordo com o coeficiente de Gini, Resumindo
fórmula que permite a classificação da desigualdade social, o Brasil Wacquant chama atenção para o fato de que, com o neoliberalismo e a
está entre os dez países mais desiguais do mundo. precarização do mercado de trabalho, criou-se uma série de
instabilidades sociais como aumento da violência, da pobreza e da
fome, às quais o Estado neoliberal responde não com políticas sociais,
mas com a polícia e outros mecanismos de coerção.
Exclusão social
assume uma multiplicidade de
Em seu livro O Capital no século XXI, Thomas Piketty (2014) afirma que,
É dentro desse cenário de uma desigualdade desoladora que surgem os na sociedade contemporânea, estamos vivendo de maneira semelhante
excluídos sociais. A expressão exclusão social ficou popular entre os ao século XIX, quando havia um grande papel da herança na
estudiosos justamente depois do advento do neoliberalismo, como concentração de renda. Para esse autor, a desigualdade de renda
observa a pesquisadora Sarah Escorel: cresceu até o século XX, com exceção de um curto período entre a
Primeira e a Segunda Guerra Mundiais, quando as grandes fortunas
foram abaladas. Segundo Piketty (2014, p. 27), “a história da
desigualdade é moldada pela forma como os atores políticos, sociais e
econômicos enxergam o que é justo e o que não é, assim como pela
influência relativa de cada um desses atores e pelas escolhas coletivas
Exclusão social passou a ser usado
que disso decorrem. Ou seja, ela é fruto da combinação, do jogo de
para denominar o fenômeno
forças, de todos os atores envolvidos”.
integrante de uma ‘nova questão
social’, problemática específica do
final de século XX, cujo núcleo duro
foi identificado na crise do
assalariamento como mecanismo
de inserção social. Essa crise, por
sua vez, era oriunda de mudanças
no processo produtivo e na
dinâmica de acumulação capitalista
gerando a diminuição de empregos,
inviabilizando essa via de
constituição de solidariedades e de
inserção social, constituindo os
‘inválidos pela conjuntura’ e
provocando fraturas na coesão
social. A exclusão foi então
percebida como uma marca
profunda de disfunção societal que
profunda. Ameaça a sociedade de
uma fragmentação, que a tornaria
ingovernável, ou de uma polarização
entre os que podem associar
individualismo e independência,
porque sua posição social está
assegurada, e os que carregam sua
individualidade como uma cruz,
porque significa falta de vínculos e
ausência de proteções.
Desemprego e subemprego no
Piketty observou que a alta taxa de retorno do capital é um desafio para Brasil
a meritocracia e que atualmente há uma tendência forte de aumento da
desigualdade. Como solução, ele propõe a progressiva taxação do
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a pessoa
capital e das grandes fortunas e indica que as instituições reguladoras
desempregada da seguinte forma:
estejam articuladas globalmente para que não haja evasões fiscais.
Como observou Georgia Santos, a informalidade se tornou um traço (SANTOS, 2008, p. 156)
A partir da tabela acima, podemos perceber que, embora o desemprego precarização do trabalho.
Como observou o professor do Departamento de Serviço Social da C a falta de interesse da população em empreender.
Para criarmos uma sociedade mais justa, que reverta as desigualdades os desastres naturais que assolam o território
E
em vez de aprofundá-las, é preciso investimento não só na criação de nacional.
Questão 2
Falta pouco para atingir seus objetivos.
As mudanças estruturais na economia impactam diretamente o
mercado de trabalho, gerando com frequência um quadro
Vamos praticar alguns conceitos?
conhecido como “desemprego estrutural”. É correto afirmar que
essa modalidade de desemprego
Questão 1
O Brasil é um país profundamente desigual. Uma pesquisa recente tem como característica a sazonalidade, ou seja,
do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da A perdura apenas por alguns anos, geralmente em
USP, demonstrou que os 705 mil homens brancos que fazem parte ciclos de recessão econômica.
do 1% mais rico e representam 0,56% da população adulta do país
concentram uma renda maior do que a de todas as mulheres negras
adultas juntas, contingente este que representa 26% da população
adulta.
B
diversos fatores como a adoção de novas
tecnologias e as desigualdades de acesso ao
A questão social
emprego.
A questão social é um conceito utilizado para se referir ao fenômeno da
pobreza e das desigualdades nas sociedades capitalistas. Além da
pobreza, o racismo, o desemprego, a exclusão, a carência de serviços
é mais presente em países desenvolvidos como os
C que deveriam ser oferecidos pelo Estado e as desigualdades de gênero
Estados Unidos, Canadá e Suécia.
também integram o que se pensa contemporaneamente como questão
social.
ocorreu nos países da América Latina apenas A questão social surgiu no século XIX, na Europa, com a Revolução
D durante o período em que seus Estados foram Industrial e o surgimento das classes proletárias, cada vez mais
comandados por ditaduras militares. pauperizadas, em contraste com uma economia aquecida e com a ideia
de progresso inspirada pelo acrescente emprego da tecnologia no
processo de produção. Karl Marx acabou sendo, nesse contexto
histórico específico, o pensador de maior destaque na denúncia da
E é consequência das políticas de bem-estar social.
questão social e da exploração das classes trabalhadoras pela
burguesia (MARX, 2010).
Desigualdade social e
concentração de renda
3 - Desigualdade social e questão social
A desigualdade social é um pressuposto das sociedades capitalistas.
Ao final deste módulo, você será capaz de definir o conceito de questão social
Uma vez que a organização social desse sistema socioeconômico gira
em seus desdobramentos.
em torno do lucro e do acúmulo de bens e riquezas, cria-se um sistema
de divisão das populações segundo classes sociais pautadas pela parte da paisagem, em especial em um país com a economia pautada
renda e poder que dela advém, o poder aquisitivo. Vamos nos demorar na ideia do latifúndio e da exportação.
nesta expressão conhecida de todos: “poder aquisitivo”. É o poder de
adquirir. Ganha relevo aqui o potencial dos indivíduos para o consumo. É No Brasil, dois romances clássicos abordam de forma paradigmática a
precisamente esse potencial que torna as pessoas mais ou menos experiência da fome: O quinze, de Rachel de Queiroz, publicado em
poderosas numa sociedade capitalista. 1930, que trata da seca de 1915 vivida pela escritora na sua infância; e A
bagaceira, de José Américo de Almeida, publicado em 1928, no qual o
período compreendido entre duas grandes secas no Nordeste brasileiro
(a de 1898 e a de 1915) ambientam e marcam a história e vida dos
protagonistas do romance.
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Classes sociais no Brasil
A desorganização da economia mundial agravada pela pandemia
O professor Dennis Novaes apresenta elementos das estruturas das
aumentou o número de pessoas pobres, acirrando antigas mazelas
classes sociais no país e como podem ser compreendidas na realidade
sociais como a pobreza extrema, marcada pelo desemprego e pela
nacional.
fome. A fome, um dos maiores fantasmas da precariedade, sempre fez
Um viajante rico é bem-vindo em quase qualquer parte do mundo,
situação diametralmente oposta àquela experimentada por migrantes
pobres, clandestinos, que fogem de guerras e de condições degradantes
de vida em seus territórios de origem e são perseguidos pelos Estados.
A situação de Chico Bento, personagem do romance já citado de Rachel
de Queiroz, que vai a pé com sua família de Quixadá, município do
Ceará, até a capital Fortaleza, fugindo da seca, também se encontra em
Grandes fortunas versus fome países subdesenvolvidos, constata-se que uma elite mundial concentra,
sozinha, a maior parte das riquezas, ficando com uma riqueza ora
similar, ora pouco maior do que a riqueza distribuída entre todas as
O Brasil, segundo é referendado por pesquisas e órgãos internacionais pessoas situadas nas classes médias e baixas. Segundo o Relatório da
como a FAO e a OMS, graças aos programas de redistribuição de renda, Riqueza Global, publicado anualmente pelo banco Credit Suiss, no Brasil,
como era o caso do Bolsa Família, e à dinamização de economias 1% da população mais rica detém 49,6% de toda a riqueza nacional. Já
locais, saiu temporariamente do Mapa da Fome. Nos últimos anos, no segundo dados de 2018, que compuseram o relatório global da
entanto, a fome no país vem crescendo e o Brasil voltou a figurar no organização não governamental Oxfam (OXFAM, 2018), o patrimônio
Mapa da Fome, com 9% dos brasileiros enquadrados no perfil desse das 26 pessoas mais ricas do mundo equivale ao da metade mais
É imprescindível ressaltar, contudo, que o problema da fome, como exclusivamente por homens, em sua maioria brancos e da área de
mundo nos últimos anos, não é episódico. Mesmo antes de a fome ser
vista e pensada como um problema social grave pelas pesquisas e
instituições no mundo, nos anos 1940, já havia parcelas significativas
das populações do globo marcadas em sua existência por essa Formas de desigualdade social
condição precária de vida. O que se torna especialmente escandaloso
se observado ao lado do acúmulo de riquezas por uma ínfima parte da
população, a classe A, para quem os grilhões territoriais são
inoperantes; para quem as fronteiras regionais e nacionais são, via de Para além das classes sociais:
regra, atenuadas, “atravessáveis”, pois possuem um alto poder aquisitivo
e o capital, como sabemos, não tem pátria. outras formas de desigualdade
Exemplo
O sistema de castas é um sistema hereditário de estratificação do
hinduísmo, que foi, durante muitas décadas, chancelado pelo Estado
indiano. É um sistema fortemente pautado em raça que estrutura a
sociedade segundo um modelo piramidal em que, no topo, estão os
brâmanes, considerados sábios e sacerdotes, investidos de poderes
cosmológicos na prática dos rituais religiosos, seguidos dos xátrias, que
são pensados como “guerreiros” (aqui estão juristas e militares),
passando pelos vaixás (comerciantes, artesãos e agricultores), os
sudras, trabalhadores braçais e, por último, os párias, considerados
intocáveis porque estariam fora do sistema de castas e abaixo dele,
ocupando trabalhos considerados indignos, como coveiros e limpadores
de fossas sanitárias.
Segundo se acredita, enquanto os brâmanes teriam saído da boca do como “indivíduo-fora- Com a Reforma, e
Deus Brahma, o criador do universo, os xátrias teriam sido formados do do-mundo”, isto é, a especialmente com o
seu braço forte, os vaixás das coxas, os sudras dos pés e os párias não igualdade plena se Calvinismo, a noção de
A única possibilidade de justiça social é taxação das A mobilidade social diz respeito ao movimento que indivíduos,
D
classes C e D. famílias ou grupos fazem dentro da estrutura social, podendo
melhorar suas condições de vida ou decair.
Questão 2
como povos originários amazônicos, por exemplo — impacta
diretamente as formas de vida das populações. A vulnerabilidade
constitui, portanto, um processo de exclusão em que os indivíduos
atingidos passam a enfrentar carências de diversas ordens, não
dependendo apenas do fator renda.
Exemplo
Estado de vulnerabilidade
A desigualdade termina por gerar condições de vulnerabilidade social.
Vulneráveis são os indivíduos, grupos ou famílias que se encontram Capital cultural
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expostos aos riscos de uma vida degradante. Falta ou dificuldade de
acesso a serviços de educação e saúde, precariedade de recursos, que Tem a ver com saberes e conhecimentos
não chegam a dar conta de suprir os gastos com moradia, reconhecidos por diplomas e títulos.
deslocamentos, consumo de gêneros de primeira necessidade, como
alimentos, remédio, itens de higiene etc., além da localização geográfica
em lugares nos quais o Estado não provê infraestrutura adequada para
ocupação humana digna, são elementos de circunscrevem os indivíduos
ou grupos em situações de vulnerabilidade.
person_add_alt_1 Capital social
A configuração da estrutura socioeconômica — seja ela a casta, as pertencimento ou característica que valoriza o
classes sociais, os antigos estamentos ou estruturas mais laterais e indivíduo, como ser evangélico em certos
igualitárias como aquelas que organizam sociedades mais simples ambientes como nas favelas e periferias cariocas
ídi d ti d t i t
ou nos presídios, onde esse tipo de pertencimento
assistência social deve concorrer para o bom funcionamento da
parece denotar honestidade, retidão, dignidade aos
sociedade por meio da agência dos próprios cidadãos, dirimindo os
olhos dos outros. Pesquisas em penitenciárias
movimentos de exclusão e dialogando tanto com os indivíduos quanto
relatam que os presos que frequentam cultos
com o Estado, tanto com a força disruptiva da resistência quanto com a
pentecostais organizados no interior das
ordem.
instituições pelos próprios internos tendem a ter
benefícios e redução de pena por bom
comportamento.
Representação de grupos
Capital de rede
person_add_alt_1 Representatividade
Semelhante ao capital social, refere-se às relações
sociais de que o indivíduo dispõe, porém, mais A representatividade pode ser pensada como a visibilidade de um grupo
especificamente, à capacidade que esse indivíduo quando suas questões passam a ser formuladas dentro de uma
tem de se conectar com diferentes pessoas de gramática de apelo pelo reconhecimento de seus direitos. Isto é, quando
diferentes meios ou nichos, tornando-o certos dramas sociais de exclusão, precariedade, violência, perseguição,
potencialmente capaz de mediar encontros, injustiça etc. são representados por intermédio de uma instituição,
digamos, improváveis, entre figuras pertencentes a pessoa ou grupo de pessoas e ganham expressão e projeção social, é
meios sociais diversos e relativamente inacessíveis possível criar mecanismos para reverter ou frear a situação de
umas às outras. Noutras palavras, o capital de rede vulnerabilidade. Juntamente com a representatividade, fala-se muito em
pode ser pensado como um poder de encurtar protagonismo para se referir à ideia de que os indivíduos interessados
distâncias sociais. nas mudanças sociais devem ser as molas propulsoras do seu próprio
processo de integração, à medida que contestam o estado de coisas
atual para melhor acomodar suas próprias existências.
Nesse sentido, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), Brasil. O fato de a população negra ser mais vulnerável à violência do
aprovada em 2004, apresenta as diretrizes para a efetivação da Estado e à discriminação, graças às lutas do movimento negro ao longo
assistência social, como o direito à cidadania e a responsabilidade do de muitos e muitos anos, pode gerar uma importante repercussão
Representatividade no cenário Lugar de fala é um conceito que vem do feminismo dos 1960, do
conceito de standpoint, que pode ser traduzido por “ponto de vista”.
nacional Recentemente, a filósofa Djamila Ribeiro organizou uma coleção de
livros estruturados por temas e escritos por autores negros. Chama-se
Feminismos plurais, dos quais o mais conhecido ficou sendo o seu O
O professor Dennis Novaes apresenta elementos que demonstram os
que é lugar de fala?, no qual a autora explicita a gênese do conceito e a
impactos da representatividade na realidade brasileira, quando exercida
sua importância política:
efetivamente.
O lugar de fala, como voz que emana a partir de determinado ponto de circulação para fora daquelas fronteiras simbólicas é dificultada por
vista, propõe relacionar experiência e enunciação, uma vez que se fatores como preconceito de classe, racismos, violência policial, falta de
entenda que falar significa poder, inseridas em um sistema de poder- serviços de transporte, entre outros fatores estruturais.
Questão 1
Racismo ambiental Lugar de fala é um conceito muito utilizado pelos movimentos
sociais atualmente para
conceito de racismo ambiental. Racismo ambiental é o termo usado B protagonistas de experiências de violência e
Exemplo
salientar a força de certas trajetórias e perspectivas
C
Os lugares escolhidos para funcionarem como aterros sanitários nunca individuais.
estão localizados em bairros onde vivem as elites brancas. Áreas
alagadas para a construção de hidroelétricas afetam a vida de povos
originários, populações indígenas e ribeirinhas, não brancos.
ocultar as desigualdades sociais por meio do
D
silenciamento dos grupos privilegiados.
Durante muito tempo se pensou que os problemas ambientais fossem
distribuídos de forma equânime, digamos, como se toda a população do
globo fosse igualmente afetada por eles. Atualmente se sabe que os
E
afirmar a estrutura de classes, assim como o
racismo estrutural, como um “mal necessário”.
headset
D
A representatividade é problema da sociedade
industrial contemporânea, apenas aplacado pela
Podcast
vulnerabilidade de certas populações.
Agora, o professor Dennis Novaes encerra abordando os principais
pontos estudados.
neoliberal e o adoecimento gerado por essa conjuntura. questão social: uma crônica do salário. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
Leia o livro O germinal, de Émile Zola, que retrata com dureza a ESCOREL, S. Exclusão social. In: PEREIRA, I. B.; LIMA, J. C. F. Dicionário
exploração do trabalho em minas de carvão no início da Revolução da educação da profissional em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009, p.
Leia as reportagens abaixo. Nelas, poderá aprofundar os dados ESPING-ANDERSEN, G. As três economias políticas do Welfare State.
apresentados em nosso conteúdo: Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 24, p. 85-115, 1991.
Saiba qual é a verdadeira face do desemprego do Brasil, de Paula GHIRALDELLI, R. Trabalho, reformas ultraliberais, desigualdades e
Cristina, na Revista Istoé, de 28 de maio de 2021. pandemia no Brasil: os sentidos da crise. Trabalho, educação e saúde, v.
19, 2021. Consultado na internet em: 26 jan. 2022.
Desemprego fica em 19% em 2002, a maior taxa desde 1999, na
Revista Exame, de 9 de outubro de 2008. Nela, poderá aprofundar HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São
os dados apresentados em nosso segundo módulo. Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Depressão e desânimo atingem 59% dos desempregados, em G1, KREIN, J. D. O desmonte dos direitos, as novas configurações do
18 de março de 2017. trabalho e o esvaziamento da ação coletiva: consequências da reforma
705 mil homens brancos têm renda maior que a de todas as 33 trabalhista. Tempo Social: revista de sociologia da USP. v. 30, n.1, p. 77-
O artigo O estado proibir o porte de armas é, acima de tudo, um MARX, K; ENGELS, F. O Manifesto do Partido Comunista. São Paulo:
problema de ordem moral, de Tim Hsiao (Universidade de Grantham Martin Claret, 2010.
negligenciar a amplitude do conceito. situação do mercado de trabalho no Brasil pós-1990. Pró-posições, v. 19,
n. 2, 2008.
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