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BEM-ESTAR E A SOCIEDADE

Abordagem científica
◦ Experimentação
◦ Testes de preferência

Abordagem técnica
◦ Engenharia
◦ Manejo

Abordagem social
◦ Ética
◦ Legislação
◦ Economia
BEM-ESTAR E A SOCIEDADE
É comum confundir a Ciência do Bem-estar com o ativismo em defesa
dos animais...
... O que pode provocar contra reações dos produtores.
BEM-ESTAR E A SOCIEDADE

BEM-ESTAR ANIMAL: ciência, área do conhecimento

DIREITOS DOS ANIMAIS: posição ética

PROTEÇÃO ANIMAL: leis e normativas em defesa dos animais


O QUE É BEM-
ESTAR ANIMAL?
BOA SAÚDE? BOM DESEMPENHO?
PRODUTIVIDADE? LUCRO? NÃO SOFRIMENTO?
DIREITO À VIDA? DIREITO À LIBERDADE?
DEFINIÇÕES DE BEM-ESTAR
Huges, 1976: É o estado do organismo em
que há harmonia física e mental entre o
organismo e o seu ambiente.

◦ Harmonia?

Boas condições em termos de


qualidade de vida!
DEFINIÇÕES DE BEM-ESTAR
Broom, 1991: Bem-estar é o estado do organismo durante as
suas tentativas em se ajustar ao ambiente.

Em termos de qualidade de vida envolveria todas as situações, desde


aquelas que colocam a
vida do animal em
risco até aquelas em
que ele está em
harmonia com seu
ambiente.
Bem-estar não é absoluto!
Implica na definição de critérios que podem variar de muito bom a muito ruins!
Indicadores!!
Pode-se oferecer bem-estar?
◦ NÃO!!!

◦ Podemos oferecer recursos!


Abordagens do Bem-estar
Sentimentos dos animais
Estados afetivos dos animais (“sentimentos" ou "emoções") são os elementos
chaves na definição da qualidade de vida. Boas condições de bem-estar requer ->
conforto, contentamento e os prazeres normais da vida, livre de dor prolongada ou
intensa, de medo, fome e outros estados não prazerosos.
Funcionamento Biológico
Funcionamento biológico do animal. Crescimento e reprodução normais, livre de
doenças, injúrias, mal nutrição e anormalidades fisiológicas e comportamentais.
Vida Natural
Ênfase na história natural. Animais devem ser mantidos em ambientes próximos
ao natural e serem capazes de desenvolver e usar suas adaptações naturais e
capacidades.
Ciência do BEM-ESTAR
ÁREAS DE ATUAÇÃO
◦ Animais de fazenda

◦ Animais de pesquisa

◦ Animais de companhia

◦ Animais de esporte

◦ Animais em cativeiro

◦ Conservação
APLICAÇÕES DO BEM-ESTAR
Sistemas de monitoramento
◦ Assegurar que os animais são tratados de acordo com os regulamentos e
bem-estar animal e da ética.

Critérios de avaliação
◦ Registros clínicos (registro de doenças, métodos de diagnóstico clinico).
◦ Registros de parâmetros fisiológicos, bioquímicos e biofísicos.
◦ Registros de comportamentos
◦ Sistemas de criação e de alojamento (instalações, equipamentos, interações
com humanos, etc.)

Códigos de boas práticas


◦ Geralmente definidos por órgãos públicos ou por associações de
profissionais que criam animais
Critérios de bem-estar
Princípios Critérios
Ausência de fome prolongada
Boa nutrição
Ausência de sede prolongada
Conforto
Instalação adequada Conforto térmico
Facilidade de se movimentar
Ausência de injúrias
Boa saúde Ausência de doenças
Ausência de dor causada por manejos aversivos
Expressão de comportamentos sociais
Comportamento Expressão de outros comportamentos
apropriado Boa interação com humanos
Ausência de medo
Critérios de bem-estar
INDICADORES DE BEM-ESTAR ANIMAL
• Desenvolvimento físico e psicológico;
• Harmonia entre o animal e o ambiente (homeostase);
• Longevidade e eficiência reprodutiva;
• Medidas fisiológicas;
• Medidas comportamentais.
INDICADORES DE SAÚDE
• Índices de mortalidade;

• Índices de morbidade;

• Uso de medicamentos;

• Hemograma;
INDICADORES DE SAÚDE
• Avaliações clínicas visuais:
• Condição corporal;
INDICADORES DE SAÚDE
• Ausência de lesões (claudicação, lesões na pele e inchaços);

• Ausência de doenças (tosse, corrimento, respiração alterada,


diarreia, etc).
ESTRESSE E BEM-ESTAR ANIMAL
Estresse é o principal fator que afeta o bem-estar animal!!!
ESTRESSE
“ É o conjunto de reações do organismo a agressões de
qualquer natureza (física, psíquica, infecciosa e outras) capazes
de perturbar a homeostase do organismo” (Broom, 1993)
HOMEOSTASE
“Manutenção do equilíbrio do meio interno do organismo, e
se dá por meio de uma série de sistemas funcionais de
controle, envolvendo mecanismos fisiológicos e reações
comportamentais” (Cannon, 1929; Macari et al. 1994)
CAUSAS DO ESTRESSE
• Mudança brusca no estilo de vida;
• Exposição a diferentes ambientes (frio, calor, vento, radiação);
• Medo, angustia, dor;
• Fome, sede;
• Densidade, poeira, barulho, etc.
MECANISMOS DE RESPOSTA
• Síndrome de adaptação geral (SAG),
• Aumenta a disponibilidade de energia para reagir ao estressor;
FASES DA SAG
1. Reação de alarme e de “fuga ou luta”: reconhecimento de um
estimulo estressante;

2. Fase de adaptação ou resistência: respostas de defesa biológica


contra o estimulo estressante;

3. Fase de exaustão: atingida apenas nas situações mais graves e,


normalmente, persistentes;
• O organismo não tem mais capacidade de prover substratos
energéticos para o corpo.
INDICADORES FISIOLÓGICOS DE
RESPOSTAS A CURTO PRAZO
• Frequência cardíaca;
• Frequência respiratória;
• Temperatura corporal;
• Eixo HPA;
• Outros hormônios;
• Neurotransmissores;
• Enzimas e metabolitos;
• Pressão sanguínea.
INDICADORES FISIOLÓGICOS DE
RESPOSTAS A LONGO PRAZO
• Parâmetros cardiovasculares;
• Eixo HPA;
• Sistema imune;
• Opioides (endorfinas, encefalinas, dinorfinas);
• Mudanças de peso corporal;
• Sucesso reprodutivo;
• Expectativa de vida;
DIFICULDADES DAS AVALIAÇÕES
• Método utilizado para a medição;

• Resposta ao estresse é inespecífica;

• Variabilidade da resposta: experiências previas, genética,


relações sociais, interações humano-animal, estado
fisiológico.
OCORRÊNCIA DE
COMPORTAMENTOS ANORMAIS
• Como saber o que é anormal?

• É aquele que difere em padrão, frequência ou contexto


daquele que é exibido pela maioria dos membros da espécie.

• Necessário conhecer o repertório comportamental da espécie.


ESTEREOTIPIAS
• Sequência comportamental repetitiva, relativamente invariável,
sem função aparente;
• Falta de controle sobre o ambiente;
• Grande variação individual;
• Alterações neuroquímicas no cérebro: dopamina, endorfinas e
seus receptores.
AUTOMUTILAÇÃO
• Áreas com lesão local (dor) ou não;
• Falta de estímulos, falta de controle do ambiente, falta de
contato social;
• Ingerir objetos sólidos/madeira/solo/coprofagia;
• Lamber;
• Arrancar penas.
COMPORTAMENTO ANORMAL
DIRECIONADO A OUTROS DO GRUPO
Outros indivíduos podem ser “explorados” como se fossem
objetos ou parte do ambiente, sem motivação agressiva:

• Bicar penas/corpo de outra ave – pode progredir para


canibalismo (dorso, cauda, região ventral, cloaca);
COMPORTAMENTO ANORMAL
DIRECIONADO A OUTROS DO GRUPO
• Morder a cauda em suínos.
COMPORTAMENTO ANORMAL
DIRECIONADO A OUTROS DO GRUPO
• Mamada cruzada: outros indivíduos são sugados, como se
fossem o teto da mãe.
COMPORTAMENTO ANORMAL
DIRECIONADO A OUTROS DO GRUPO
• Agressividade excessiva;
• Falência materna (roubo de filhotes, canibalismo materno).
COMPORTAMENTO NORMAL
A frequência com que o animal realiza comportamentos
normais para sua espécie também pode ser utilizada como
indicadores de bem-estar.
COMPORTAMENTO NORMAL
•Alimentação;
• Tempo de descanso/ócio;
• Períodos de atividade/inatividade;
• Categorias indicadoras de conforto (ofego, busca por
sombra, escolha de certos locais para deitar-se)
OPORTUNIDADE DE EXPRESSAR O
REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL DA
ESPÉCIE
• Dependem do tipo de instalação;
• Poder ser avaliado pelo acesso a área externa (número de
dias/horas);
• Empoleirar em galinhas;
• Comportamento de fuçar em suínos.
COMPORTAMENTO SOCIAL
COMPORTAMENTOS AGONÍSTICOS
• Brigas, ameaças, deslocamentos;
• Acesso aos recursos.
COMPORTAMENTO SOCIAL
COMPORTAMENTOS AFILIATIVOS
• Indicam formação de vínculos entre os animais;
• Proximidade física, grooming, limpeza, lambidas, etc.
COMPORTAMENTO SOCIAL
COMPORTAMENTO DE BRINCADEIRAS
• Importante etapa do aprendizado, tem valor adaptativo;
• Indicador de boas condições em bem-estar;
• Simulam situações da vida adulta.
INTERAÇÃO HUMANO-ANIMAL
(REAÇÃO AO HOMEM E MANEJO)
• Reatividade na sala de ordenha em vacas;
• Teste de aproximação voluntária;
• Velocidade de saída;
• Distância de fuga;
• Avaliação das práticas de manejo: positivas (tom de voz
calmo, bandeiras, chocalhos) ou negativas (uso de gritos,
batidas, ferrão, choques, etc).
TESTES DE PREFERÊNCIA
Indicador comportamental que nos ajuda a evidenciar algum
tipo de recurso ou condição do ambiente que é preferido em
relação a outro.

• Teste para avaliar a preferência por um tipo de cama, ou de


um formato de piso na gaiola;
• Escolha de grupo social (outro individuo ou não familiar);
• Preferência alimentar.
CUIDADO!!!
A escolha do animal nem
sempre é o que será
melhor para sua saúde ou
bem-estar a longo prazo.
VANTAGENS DOS INDICADORES
COMPORTAMENTAIS
• Facilidade;
• Praticidade;
• Aplicação prática;
• Grau de invasividade;
• Objetividade;
• Interpretação.

O IDEAL É COMBINAR DIFERENTES MEDIDAS E INDICADORES.

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