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9.

A MÚSICA NA ADORAÇÃO

A Música é uma das muitas maravilhas que Deus, o Criador de todas as coisas, nos permitiu
conhecer. Em Sua soberania, aprouve ao Senhor dar aos homens a capacidade de desenvolver
novos sons e novas melodias. Nestes termos, cada raça, região ou país expressa-se através de
uma linguagem musical que, curiosamente, pode ser apreciada pelas demais raças e nações.
Assim sendo, temos o direito de não gostar, mas também temos o dever de respeitar por tratar-se
de um símbolo universal e cultural de expressão.

No meio evangélico, entretanto, parece que a utilização e o desenvolvimento da Música, como um


dos meios de adoração ao Senhor ou como meio de evangelização, tem sido motivo de polêmica,
radicalização e polarização, principalmente no que tange à modernização.

Alguns mais afoitos e exaltados, apressam-se a execrar certos ritmos, procurando descobrir em
suas origens, ligações demoníacas. O próximo passo, então, é a generalização, abominando tudo
o que "novo" como sendo uma ameaça aos melhores padrões cristãos. De outro lado, estão os que
não menos radicais, desejam "implodir" o nosso passado musical. "Mordidos" por uma xenofobia
absurda, tentando implantar "no peito e na raça" suas idéias, mas sem o ingrediente principal que
mantém o Corpo de Cristo unido: o amor (1 Co 13).

Nestas horas é que muitos pensam: ¾ "Que confusão! Quem afinal está com a razão? Por que
Deus não nos deixou uma Bíblia Musical, com todas as notinhas que determinassem qual é a
música do céu e a do inferno, juntamente com uma relação de instrumentos sacros e outra de
profanos?"

Arrisco-me a sugerir que o Senhor não nos deixou a tal Bíblia Musical, justamente para que de
todas as raças, povos, tribos e nações surgissem louvores sinceros, exaltação verdadeiras, todas
impregnadas de criatividade cultural, peculiar a cada região do planeta. O Senhor quer a adoração
que traduza o sentimento e a decisão do mais profundo de nosso ser, feita em Espírito e em
Verdade.

Como agimos, então? Não há parâmetros para a música como meio de adoração? Claro que há!
Se Deus não nos deixou uma Bíblia Musical, é porque nossa informação e parâmetro virão da
carta que Ele nos deixou: A BÍBLIA SAGRADA.

Há tanto o que aprender com a música e a adoração no Velho e Novo Testamento (mesmo sem
notas musicais). Posso destacar que a música é encontrada desde o Gênesis, sendo que
percebemos, com a progressão da revelação de Deus, que a música e os músicos vão se
organizando. O número de instrumentos relacionados é crescente. Não estagna, nem decresce.
Até o ponto do salmista declarar explosivamente "todo ser que respira, louve ao Senhor",
exatamente após uma das maiores relações de instrumentos de sua época.

A base para o nosso louvor e adoração está na Bíblia, no entanto, aprendemos sobre a música,
como veículo deste louvor, através de toda História da Igreja Cristã.

Destacamos a música na época das perseguições, onde o louvor era levantado em meio às
dentadas dos famintos leões das arenas romanas. Aprendemos também com a música anterior à
Reforma, executada, principalmente pelo clero (destacando-se o canto Gregoriano); a
popularização musical incentivada por Lutero, que foi buscar na cultura secular subsídios para
suas composições sob o princípio de que "não se deve deixar que o diabo tenha todas as boas
melodias".

Aprendemos com o progresso da música erudita, com a música européia e americana. Vibramos
com a música trazida pelos primeiros missionários chegados ao Brasil e com a confecção dos
cancioneiros evangélicos.

Todo este processo de aprendizagem, ocorrido na História da Igreja tem duas características:
a. É um processo acumulativo, ou seja, o conhecimento anterior é básico para o que vem
adiante.

b. É um processo aberto para o novo, que sempre retira da modernização (novos estilos,
instrumentos, harmonias, etc.) o que há de melhor, pois o nosso Deus não merece menos
que isso. Um exemplo positivo disto foi Martinho Lutero.

Como podemos ver, a música é uma arte que não envelheceu, justamente porque não anula o seu
passado, que é a base para o seu futuro. Ao mesmo tempo, é sempre atual, pois retrata o
conhecimento, as tendências e a cultura do seu tempo, numa reciclagem permanente.

Qual deve ser o nosso posicionamento como membros do Corpo de Cristo e filhos de um mesmo
Pai? Precisamos fazer uma auto-avaliação para que verifiquemos se há radicalismos em nosso
meio, seja pró-modernização, seja pró-estilo do passado, pois não há base bíblica para nenhum
deles. A base de todo radicalismo não é, positivamente, o amor, que é o vínculo da perfeição e
muito menos a paz de Cristo que deve ser o árbitro nos corações (Cl 3:12-17).

Devemos, então, exercitar uma flexibilidade bilateral, baseada no amor, onde não apenas o jovem
ceda, para evitar discussões desagradáveis e divisão na Igreja, mas onde também os mais velhos
compreendam o desejo dos jovens em traduzir o seu louvor em sons que caracterizem os dias de
hoje, sempre utillizando tudo o que temos de bom do passado e do presente. Afinal, não temos um
Deus que aceita o louvor dos mais velhos e outro Deus que aceita o louvor dos jovens. Nosso
Deus é um, e Ele quer que nós, como Igreja, busquemos ardentemente, viver em unidade e amor
para o louvor da Sua Glória (Ef 1:12; 4:1-3; Fp 4:2-5; Jo 17:20-21).

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