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O Brasil Republicano

COMPONENTE CURRICULAR HISTÓRIA


PROFESSORA GABRIELA LENNERT
A República da Espada (1889-1894)
A proclamação da República aconteceu em meio a diversas tensões com o
Império: envolveu a Igreja Católica, forças do Exército e cafeicultores.
Origens
● O II Reinado declinou devido a fatores como: desgaste com a Igreja Católica,
processo abolicionista (perda de apoio da base social), tensões com o
exército, ascensão da burguesia cafeeira e a questão da sucessão (saúde de
D. Pedro e rejeição ao Conde D'Eu).
● O exército foi essencial para o fim do Império, mas a ação foi mais ligada à
insatisfação dos militares do que com a consolidação republicana.
● Em 15 de novembro, a República foi proclamada pelo Marechal Deodoro da
Fonseca. Não houve participação popular.
"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto.
Vária repúblicas
● Vários projetos foram elaborados para
definir o novo modelo político.
● Ocorreu uma disputa entre os militares; a
Marinha foi relegada a segundo plano
devido à sua ligação com o Império.
● O exército se pautava pelo Positivismo,
teoria do filósofo Augusto Comte
(ampliação do conhecimento, incentivo à
indústria, governo central forte).
● Aos grandes proprietários rurais
interessava uma República Federativa -
permitia a autonomia dos estados.
Resultado
● O Positivismo sobressaiu-se → adoção do lema “ordem e progresso”.
● Os militares mais proeminentes estariam habilitados para o comando.
● O governo brasileiro afastou-se da Inglaterra e aproximou-se dos Estados
Unidos.
Deodoro da Fonseca
● Ainda que houvesse contestações que defendiam
outras formas de república, Deodoro da Fonseca
foi o marechal que tornou-se presidente, em um
governo provisório.
● Em 1890, foi convocada uma Assembleia
Constituinte para que fosse consolidado o regime
republicano.
● Em fevereiro do ano seguinte, a Constituição
passou a vigorar.
Nova constituição
● A primeira constituição republicana tinha bases federativas e liberais
(influência norte-americana). Foi definido o presidencialismo como sistema de
governo.
● A Igreja foi separada do Estado, os 3 poderes foram reconhecidos como
independentes.
● Voto aberto para homens acima dos 21 anos. Não poderiam votar: militares
de patentes baixas, padres, mendigos e analfabetos (as mulheres, apesar de
não mencionadas, continuaram excluídas).
Economia
● Marechal Deodoro da Fonseca foi o primeiro
presidente da República.
○ O vice era o marechal Floriano Peixoto.
● O ministro da economia, Rui Barbosa, permitiu que
alguns bancos emitissem papel-moeda para que a
indústria pudesse avançar (Encilhamento).
● A emissão de papel-moeda elevou a inflação e a
especulação na bolsa de valores.
○ Com a desvalorização, o modelo fracassou.
Centralizador
● A postura centralizadora de Deodoro
gerava desconfiança.
● O fechamento do Congresso aumentou a
tensão; nem mesmo Floriano Peixoto o
apoiou.
● A Marinha, bem como os líderes civis e das
oligarquias de Minas Gerais e São Paulo se
colocaram contra o fechamento do
Congresso.
● Com uma situação insustentável, Deodoro
renunciou em 23 de novembro de 1891.
Floriano Peixoto
● O Marechal Floriano Peixoto tornou-se presidente,
mas deveria convocar eleições.
● Quando 13 generais se manifestaram a favor disso,
foram presos a mando de Floriano.
● Autoritário, era o “marechal de ferro”.
● A Marinha era forte opositor. Em setembro de 1893,
membros da Armada (marinha de guerra) viraram os
navios de ponta para o Rio de Janeiro, demandando
que Floriano renunciasse.
● A recusa do presidente deu início à Revolta da
Armada. Ele conteve o movimento um ano depois.
Fim da espada
● A Revolução Federalista (1893-1895), iniciada no RS, queria o parlamento
autônomo, ao contrário do presidencialismo defendido por Floriano.
● Os federalistas eram contrários à violência e às fraudes nas eleições do
Estado. A revolta chegou ao PR e à SC.
● A revolta terminou em 1895. 12 mil pessoas morreram.
● Nas eleições seguintes, apoiado pelo Partido Republicano Paulista, Floriano
passou o cargo para o civil eleito Prudente de Morais.
○ Apesar de autoritário, Floriano manteve boa relação com a elite
latifundiária durante seu governo.
República Oligárquica (1894-1930)
A República foi se consolidando por meio das chamadas oligarquias.
● A Primeira República tinha um problemático
Clientelismo sistema eleitoral:
○ Voto aberto e restrito: apenas homens maiores
de 21 anos alfabetizados eram aptos (na
última eleição do período, em 1930, atingiu-se
a marca de 5,7% de votantes da população
total).
● Chefes políticos regionais ganhavam força. Nesse
clientelismo das Oligarquias, o voto era uma troca
de favores ou fonte de ameaça.
● O “voto de cabresto” se baseava na indicação do
coronel.
● Muita fraude nas eleições: votos de mortos,
falsificação das atas etc.
Governadores
● Apesar da limitação da esfera de
domínio dos coronéis, o clientelismo da
votação dependia da relação com os
governadores dos Estados.
○ Era uma forma de garantir que
haveria financiamentos para o
município, bem como a indicação
de pessoas para cargos públicos.
● Política dos Governadores: mecanismo
de troca de influência nas eleições entre
o governo federal e os governadores
dos estados.
Degola
● No caso de algum opositor vencer a
eleição, a alternativa era “Degola”, ou
seja, a "Comissão de Verificação de
Poderes":
○ Dominada pelas oligarquias, essa
comissão fiscalizava questões
eleitorais e poderia impugnar o pleito.
Café com leite
● MG e SP eram os Estados com mais riqueza e poder e conseguiam bancadas
maiores na Câmara. Fizeram um acordo, a Política do Café com Leite.
● O Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista conseguiam
se manter no poder, ainda que revezando, pois indicavam o nome para a
presidência.
● Além de outros Estados terem ficado insatisfeitos, a aliança falhou algumas
vezes, como em 1910, com Hermes da Fonseca eleito, e em 1919, com
Epitácio Pessoa, candidatos que não estavam no acordo.
A Crise Econômica e do café
Ampliação da produção de café no II Reinado e suas consequências.
Economia do café
● Ainda no II Reinado, a produção de café foi ampliada; a República das
Oligarquias a intensificou.
● Além da comercialização do produto, a economia estimulou transformações
gerais no país, como novas ferrovias, portos e entrada de capital estrangeiro.
● O café sustentava o Brasil (70% da economia até 1928).
● Apesar da autonomia de São Paulo, a maioria dos presidentes tinham
relações com a valorização do café.
● Houve momentos em que o consumo não acompanhava a produção,
desvalorizando o café.
Novo empréstimo
● Algumas medidas começaram a ser adotadas, como o “funding loan”. O Brasil
renegociou as dívidas com a Inglaterra, que deu ao país outro empréstimo.
● A quitação do débito foi postergada, e os ingleses passariam a tomar as
rendas alfandegárias do Rio de Janeiro.
Estocamendo
● A produção excessiva continuou sendo
um problema, uma vez que o “funding
loan” foi aplicado justamente na
produção de café.
● Buscando proteger a hegemonia, as
oligarquias elaboraram o Convênio de
Taubaté.
● Esse foi um pacto dos Estados para
vender o excesso para o governo
federal, que o guardaria até que o
produto ficasse estabilizado.
A República e os movimento populares
Na República, havia esperança de medidas que iriam melhorar a vida do
povo, mas as reformas (1889-1930) geraram ainda mais segregação.
Retirantes - Candido Portinari (1944)
Velhos problemas
● As questões socioeconômicas não mudaram
com a República.
● A política ainda era exercida por uma minoria.
Os coronéis perpetuaram a imagem das elites
provincianas, que agiam em benefício próprio.
● As cidades foram crescendo. Grande parte da
população, com suas origens na abolição
(1888), procurava moradia e trabalho.
● O aumento das casas populares e a falta de
saúde pública levaram à disseminação de
doenças (peste amarela, varíola e peste
bubônica).

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