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UNIVERSIDADE ABERTA

Introdução ao Direito
Ano Letivo 2023-2024

O e-Fólio-B consiste na resposta a duas questões que incidem sobre a matéria até agora
estudada na unidade curricular de Introdução ao Direito. Na elaboração do seu trabalho, deve
ter em consideração as seguintes instruções:
▪ Leia atentamente as questões, respondendo ao que se pretende. Valoriza-se a correção
técnica, demonstrada pela capacidade de dominar e relacionar conceitos e realidades
abordados num capítulo ou em capítulos diferentes, bem como a capacidade de análise
crítica – mediante uma argumentação corretamente estruturada, fundamentada e original, e
uma reflexão pessoal sobre as fontes que revele o esforço por desenvolver uma posição
própria. Exige-se ainda correção linguística na elaboração do trabalho, isto é, o uso
adequado das regras de pontuação e de construção gramatical e sintática, assim como
qualidades de clareza do texto.
▪ O e-Fólio deve ter no mínimo 1200 palavras e no máximo 1800 palavras (excluindo
notas e bibliografia), havendo uma tolerância de 10% em relação ao limite máximo (180
palavras). A parte do texto que exceda estes limites não será considerada na correção. No
início do trabalho, deve indicar o n.º total de palavras usadas, utilizando a ferramenta de
contagem de palavras do seu processador de texto.
▪ O e-Fólio deve estar formatado com as seguintes características: tipo de letra Times New
Roman, tamanho 12 e espaçamento entre linhas de 1,5.
▪ Na primeira página do e-Fólio (criada por si) deve escrever, de forma bem legível, o seu
nome completo, o número de estudante e a turma em que está inscrita(o). O e-Fólio deve
ser submetido em pdf.
▪ O e-Fólio B é um recurso exclusivo dos estudantes inscritos na modalidade de avaliação
contínua, não podendo o seu conteúdo ser partilhado com outros colegas, dentro ou fora da
sala de aula virtual. Em caso de dúvidas formais relacionadas com a realização do e-Fólio,
deve utilizar o fórum moderado especificamente criado para os estudantes de avaliação
contínua.
▪ Este trabalho é de natureza pessoal e deve ser realizado individualmente; por esta razão,
durante o período de realização do e-Fólio, não deve interagir com os colegas acerca da
sua elaboração. Não serão admitidos plágios totais ou parciais que poderão levar à
anulação da prova. Todas as citações devem ser referenciadas.
▪ O e-Fólio deve ser submetido impreterivelmente até às 23:59 do dia 11 de dezembro
(hora de Portugal continental), através do mecanismo criado para o efeito na página da
unidade curricular. Não serão admitidos e-Fólios fora do prazo.
▪ O e-Fólio está cotado para 4 (quatro) valores, valendo cada questão 2 valores, tendo
em conta os seguintes critérios de correção, distribuídos igualmente pelas duas questões:
capacidade de análise crítica: 2 valores; correção técnica e compreensão dos conceitos
estudados: 1 valor; correção linguística: 1 valor.

Boa Sorte!
ENUNCIADO

I.

“A Justiça é, pois, o alfa e o ómega do Direito: o seu pressuposto e a sua razão de ser (…)
Pela palavra Justiça se designam várias realidades, com lugares diferentes numa análise
anatómica e fisiológica do Direito (…).”. (Cunha, Paulo Ferreira da. Teoria Geral do Direito,
Lisboa, Causa das Regras, 2018, pp. 177-178).

Com base no texto apresentado, refira-se, fundamentada e criticamente, aos valores,


princípios e fins do Direito.

II.

“E em Direito não se trata, como veremos já, de uma fonte única, ou, se o fosse, seria como
essas fontes termais de sete bicas, das quais brotam outros tantos tipos de líquidos milagreiros.
Na verdade, de cada bica ou de cada fonte corre uma variedade ou qualidade de Direito
diferente das outras. É esse o sentido de haver uma pluralidade de fontes.” (Cunha, Paulo
Ferreira da. Teoria Geral do Direito, Lisboa, Causa das Regras, 2018, pp.198-199).

Com base no texto apresentado, refira-se às Fontes do Direito em sentido técnico-


jurídico - análise global e análise especial.

FIM
UNIDADE CURRICULAR: Introdução ao Direito

CÓDIGO: 41037

A preencher pelo estudante

NOME: TP

N.º DE ESTUDANTE:

CURSO: Ciências Sociais

TURMA:

DATA DE ENTREGA: 11 de Dezembro de 2023

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Total de palavras: 1575

1.

O texto apresentado destaca a importância da Justiça como pressuposto e razão de ser do


Direito. A partir dessa premissa, podemos analisar os valores, princípios e fins do Direito
de forma crítica e fundamentada.

A Justiça é simultaneamente o princípio fundamental e a finalidade do Direito, além de


ser um valor e uma virtude. O Direito existe porque o ser humano é livre, racional e capaz
de justiça. Ele é o meio pelo qual a Justiça é procurada e alcançada. A Justiça é, assim, a
base e o propósito do Direito, sendo a sua razão de existir, “Segundo os maiores juristas
medievais, a Justiça é anterior e superior ao Direito: primus fuit justitia quod jus”
(Amaral & Pereira, 2004, p. 53). Platão afirmava que não pode haver Justiça sem homens
justos, indicando que o Direito foi criado para promover a prática da Justiça entre os seres
humanos (Cunha, 2018).

Quando discutimos os valores do Direito, torna-se evidente que a Justiça é um princípio


essencial, a ser perseguido e realizado através das instituições jurídicas. Além disso,
outros valores como a liberdade, igualdade, segurança jurídica e dignidade humana
também desempenham papéis significativos, sendo cruciais ao aplicar o Direito (Cunha,
2018, p.179).

No que se refere aos princípios do Direito, é importante destacar que eles são normas
gerais e abstratas que orientam a interpretação e aplicação das leis. Os princípios são
fundamentais para a construção da ordem jurídica, pois permitem que as leis sejam
aplicadas de forma justa e equilibrada. Entre os princípios fundamentais do Direito,
podemos citar o princípio da legalidade, da igualdade, da proporcionalidade, da boa-fé,
entre outros. O uso equilibrado dos princípios, com bom senso e prudência, continua
essencial, pois “A prudência é, com a Justiça, alta virtude dos Juristas” (Cunha, 2018,
p.181).

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No que concerne aos Fins do Direito, é possível afirmar que estes representam as metas
que o sistema jurídico visa atingir, destacando-se a concretização da Justiça, a
preservação da ordem social, a salvaguarda dos direitos fundamentais, a promoção do
bem-estar coletivo, entre outras finalidades (Amaral & Pereira, 2004, p.59). Esses
propósitos refletem o papel multifacetado e abrangente do Direito na sociedade, tentando
equilibrar diversos interesses e garantir um ambiente jurídico que contribua para o
desenvolvimento e harmonia social.

No entanto, é importante sublinhar que procurar a Justiça nem sempre é uma tarefa
simples ou evidente. Como mencionado no excerto, a compreensão da Justiça pode variar
e ocupar diferentes posições na análise pormenorizada e funcional do Direito. Além disso,
a aplicação dos valores, princípios e fins do Direito pode ser influenciada por fatores
como a cultura, a política e a economia, o que pode gerar conflitos e desafios na busca
pela Justiça.

Por isso, é fundamental que os valores, princípios e fins do Direito sejam constantemente
discutidos e avaliados, a fim de garantir que o Direito esteja sempre em busca da Justiça
e da realização dos direitos fundamentais. A análise crítica desses elementos é
fundamental para a construção de uma ordem jurídica justa e equilibrada.

2.

A expressão "Fontes do Direito", originada do latim fons juris, é uma metáfora que
remonta à era romana e foi criada por Cícero. Aqui, "fonte" pode ser comparada a uma
nascente, destacando as diversas origens do Direito, as raízes pelas quais ele emerge e se
manifesta, permitindo o desenvolvimento de diversas ramificações. O Direito é como
uma árvore milenar, rica em conhecimento diversificado. É uma disciplina
multidisciplinar que não se limita a dogmas ou conceitos simples e uniformes. Conforme
consta no texto apresentado, através do uso de uma figura de estilo, Cunha alerta para a
variedade de fontes existentes, de onde o Direito extrai inspiração e fundamentação para
existir. A diversidade de fontes disponíveis muitas vezes torna complicado esclarecer esse
tema, pois não há consenso unânime entre os autores. Isso leva, por vezes, à necessidade

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de recorrer à subjetividade na interpretação pessoal, tanto na identificação das fontes do
Direito quanto na sua hierarquização.

De maneira abrangente, podemos mencionar diversas Fontes de Direito que merecem


consideração: em sentido histórico, em sentido político/orgânico, em sentido
sociológico/material, em sentido filosófico, em sentido instrumental e em sentido técnico-
jurídico.

Incidindo o destaque para as Fontes do Direito em sentido Técnico-Jurídico ou fontes


manifestandi, que enunciam as “formas ou processos pelos quais se forma e revela o
direito normativo, objetivo e positivo” (Cunha, 2018, p. 207), ou seja, são os métodos
pelos quais o direito é criado ou desenvolvido, conforme definido no Código Civil
português. Além disso, estas fontes do direito incluem categorias adicionais, embora não
haja consenso entre os especialistas no assunto, com exceção de algumas que são
amplamente reconhecidas.

Segundo Ferreira da Cunha, dentro desta categoria de Fontes de Direito, existem: as


Fontes Ideais ou Conceituais, as Fontes Imediatas e Mediatas, e as Fontes Voluntárias e
Não Voluntárias.

No que respeita às Fontes Ideais, os autores tendem a listar as seguintes como passíveis
de enumeração: “os princípios gerais do direito, o costume, a jurisprudência, a doutrina,
a lei, as normas corporativas, a equidade” (Cunha, 2018, p.209).

É importante referir que a Lei é uma fonte direta do Direito, pois este emana diretamente
dela. As restantes são consideradas fontes indiretas, dependendo de mediação,
conhecimento e divulgação. Assim, a Lei consiste nas normas ou conjunto delas criadas
através de procedimentos específicos e estabelecidas pelas autoridades competentes.
Somente é reconhecida como lei aquela que emana do órgão legislativo. No contexto
jurídico de Portugal, no Código Civil, a Lei é a fonte preponderante, destacando-se, no
entanto, o Direito constitucional como o ponto mais relevante deste sistema normativo.

As Normas Corporativas são, basicamente, as regras estabelecidas por grupos que


representam diferentes valores morais, culturais, económicos ou profissionais. Elas

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incluem as diretrizes específicas de cada categoria, bem como as regras internas
estabelecidas nos estatutos e regulamentos desses grupos. Exemplificando, “Desde os
estatutos de um sindicato aos de uma sociedade comercial, passando por um contrato
coletivo de trabalho” (Cunha, 2018, p.217).

O Costume trata-se de uma regra social que surge da repetição regular e generalizada de
práticas ao longo do tempo. Essa repetição cria uma convicção clara de que essas práticas
são obrigatórias, de acordo com as normas específicas da sociedade e da cultura em
questão. Segundo Amaral, Costume é a prática socialmente adotada pelo povo ou por
instituições, considerada pelo Direito como estabelecida ou permitida (Amaral & Pereira,
2004).

Na prática jurídica, a Jurisprudência funciona como um guia para os juízes na resolução


de casos semelhantes. Eles baseiam as suas decisões em sentenças anteriores para manter
consistência e evitar desvios do que foi deliberado anteriormente. Quando os juízes
detetam semelhanças entre os casos, tendem a repetir as decisões proferidas no passado,
seja no seu histórico pessoal ou no histórico de outros juízes. “Onde não é apenas uma
reverencial aceitação ou um costume jurisprudencial julgar certos casos como foi sendo
hábito fazer, mas antes se impõe ao juiz o dever de respeitar a "tradição", prosseguindo
na mesma linha” (Cunha, 2018, p.214).

A Equidade refere-se à personalização das regras existentes com base na situação


específica, dando prioridade aos critérios de justiça e igualdade. Ela auxilia o julgador na
tomada de decisões, invocando a sua consciência e princípios fundamentais de justiça. É
referida pelo autor como “um amortecedor da dureza da lei” (Cunha, 2018, p.218).

A Doutrina consiste nos estudos elaborados por pensadores, juristas e filósofos do Direito,
abordando uma variedade de temas relacionados com as ciências jurídicas. Conforme
citado “Hoje, a primitiva Jurisprudência não forense (não designando sentenças, mas
pareceres, obras teóricas, etc.) já não tem esse nome. É doutrina” (Cunha, 2018, p.216).

Os Princípios Gerais do Direito desempenham um papel crucial na definição da Ordem


Jurídica, exercendo um caráter normativo ao estabelecerem os valores que serão
transformados em normas. Existem duas perspetivas para entender esses princípios: eles

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podem derivar da lei ou a lei pode derivar deles. No entanto, também é argumentado que,
para que exista uma lei, é necessário que haja princípios primeiramente. Isso sugere que
os princípios precedem a criação das leis. “Ora uma das funções mais importantes dos
princípios é poderem agir antes de haver lei, e para que a haja. Neste sentido, somos
partidário da teoria de que o princípio vem antes da norma” (Cunha, 2018, p.223).

Passando, agora, à classificação de Fontes Imediatas e Mediatas, a mesma é determinada


pelo valor jurídico ou legal atribuído que lhes é atribuído. As fontes imediatas são aquelas
que, de maneira direta e inequívoca, formam e revelam o Direito, “pode ficar-se com a
ideia de que a única fonte imediata é a lei” (Cunha, 2018, p.209). Por outro lado, as
fontes mediatas desempenham o papel de fontes de Direito de maneira indireta, por meio
de atribuição, quando lhes é reconhecido tal valor, sendo a Doutrina um exemplo.

Quanto a Fontes Voluntárias e não Voluntárias, a natureza da fonte depende da intenção


de quem a cria. As leis, por exemplo, são voluntárias, sendo criadas com um propósito
jurídico e normativo. Em contraste, a influência dos costumes e da cultura sobre o Direito
não é voluntária, pois ocorre naturalmente e não necessariamente com uma intenção
jurídica explícita (Cunha, 2018, p.209).

Após a minha pesquisa, concluo que o Direito é um processo em constante evolução,


paralelo ao desenvolvimento da sociedade. As Fontes do Direito, comparadas,
metaforicamente, por Ferreira da Cunha ao ato de dar de beber, surgiram para sustentar a
vida humana e garantir a sua sobrevivência. Preservar e estudar essas fontes é essencial,
assim como regular a vida em sociedade através de regras de modo a torná-la possível e
aprimorada.

BIBLIOGRAFIA

Amaral, D. F. do, & Pereira, R. Afonso. (2004). Manual de introducao ao direito.

CUNHA, Paulo Ferreira da. Teoria Geral do Direito, Lisboa, Causa das Regras, 2018

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