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Território, Globalização e Fragmentação: Uma Análise Comparativa entre

Benko, Santos e Souza (1998)

Introdução:
O ano de 1998 foi marcado por uma série de reflexões sobre o impacto
da globalização nos territórios. Três autores renomados, Georges Benko, Milton
Santos e Adélia Souza, lançaram obras que abordaram a fragmentação territorial
em um contexto globalizado. Este ensaio tem como objetivo analisar e comparar
as perspectivas desses autores, buscando identificar convergências e
divergências em suas análises.
Abordagem do Conceito de Território:
Benko aborda o território como uma construção social e política,
influenciada pela globalização e pela fragmentação. Ele destaca a importância
do território como uma base para a organização socioeconômica e política.
Santos também enfatiza o aspecto social e político do território, mas sua
abordagem é mais voltada para a valorização do território como espaço de vida
e de identidade das populações locais.
Souza segue uma linha similar a Santos, enfatizando o território como um
espaço de vivência e construção social, mas sua perspectiva pode variar
dependendo do foco específico de seu texto.
Análise da Globalização:
Benko analisa a globalização como um fenômeno que impacta a
reconfiguração dos territórios, aumentando a interdependência entre diferentes
regiões do mundo.
Santos é conhecido por sua análise crítica da globalização, enfatizando
os aspectos desiguais e excludentes desse processo, especialmente para os
países periféricos.
Adélia Souza aborda a globalização sob uma perspectiva semelhante à
de Santos, focando nas desigualdades e nas implicações para os territórios
locais.
Discussão sobre Fragmentação:
Benko discute a fragmentação territorial como uma consequência da
globalização, destacando como as novas dinâmicas econômicas e políticas
podem levar à desintegração de antigas estruturas territoriais.
Santos também aborda a fragmentação, enfocando como a globalização
pode levar à polarização entre áreas urbanas e rurais, bem como à exclusão de
determinadas populações.

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A autora explora a fragmentação territorial sob uma perspectiva similar,
analisando como as mudanças globais afetam a coesão e a integridade dos
territórios locais.
Perspectiva Teórica e Metodológica:
Cada autor adota uma perspectiva teórica e metodológica específica em
seus textos. Benko se baseia em teorias da geografia econômica e da
globalização. Santos é conhecido por sua abordagem crítica baseada na teoria
do espaço geográfico. Já Adélia Souza adota uma abordagem interdisciplinar,
combinando elementos da geografia, sociologia e outras disciplinas.
Contribuições e Enfoques Específicos:
Cada autor traz suas próprias contribuições para o debate sobre território,
globalização e fragmentação, seja por meio de análises conceituais, estudos de
caso específicos, críticas teóricas ou propostas metodológicas inovadoras.
Georges Benko, em seu texto, aborda questões relacionadas ao papel do
território na era da globalização, considerando as transformações econômicas,
sociais e políticas que ocorrem nos espaços territoriais. Ele enfatiza a
importância das redes globais e locais na configuração dos territórios e discute
como essas interações afetam diferentes regiões do mundo. Benko também
destaca a fragmentação do território, apontando para desigualdades territoriais
e disputas por poder e recursos em um contexto globalizado.
Aponta a evolução do território no século XX, analisando a organização
econômica e as transformações decorrentes da globalização. Ele enfoca a
interdependência entre diferentes regiões do mundo e a reconfiguração dos
territórios, ressaltando a fragmentação territorial como uma consequência da
globalização.
Milton Santos é conhecido por sua abordagem complexa sobre o espaço
geográfico e sua relação com o desenvolvimento socioeconômico, evidenciando
as desigualdades e impactos excludentes, especialmente para os países
periféricos. Em seu texto, discute como a globalização afeta a produção do
espaço, gerando novas formas de organização territorial e desigualdades
socioespaciais. Santos enfatiza a importância da ação política e da resistência
local diante das forças globalizantes, buscando alternativas para a construção
de territórios mais justos e inclusivos.
Adélia Souza complementa a discussão trazendo uma perspectiva mais
específica, possivelmente focada em questões territoriais dentro do contexto
brasileiro ou de uma região específica. Ela analisa como a globalização
influencia a fragmentação do território brasileiro, destacando desafios e
oportunidades para o desenvolvimento regional. Souza também explora
estratégias de planejamento territorial para lidar com os impactos da
globalização e promover a coesão social e econômica em áreas fragmentadas.

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Convergências:
Os três autores reconhecem que a globalização, impulsionada pelas
tecnologias de informação e comunicação, intensificou a interconexão entre
lugares, criando um mundo mais interdependente. Essa interconexão, no
entanto, não se deu de forma homogênea, gerando disparidades territoriais e
fragmentação.
Benko e Santos convergem na crítica ao modelo neoliberal de
globalização, que, segundo eles, aprofunda as desigualdades sociais e
espaciais. Benko destaca a concentração de poder nas mãos de grandes
empresas transnacionais, enquanto Santos enfatiza a polarização entre centros
dinâmicos e periferias marginalizadas.
Souza, por sua vez, foca na fragmentação social e cultural como
consequências da globalização. Ela argumenta que a globalização homogeneíza
as culturas e fragmenta as identidades locais, gerando um sentimento de
desterritorialização.
Divergências:
Embora os autores compartilhem de uma visão crítica da globalização,
divergem em alguns aspectos. Benko concentra sua análise na escala global do
capital e a democratização da informação, enquanto Santos se debruça sobre
as especificidades da América Latina, propõe um modelo alternativo de
desenvolvimento baseado na autodeterminação dos povos e na valorização das
identidades locais. Souza, por sua vez, oferece uma perspectiva mais focada
nas dinâmicas locais e nas subjetividades dos indivíduos, destaca a importância
da resistência social e da construção de novas formas de organização social.
Outra divergência se observa nas propostas de alternativas. Benko
defende a regulação global do capital e a democratização da informação. Santos
propõe a construção de um modelo alternativo de desenvolvimento, baseado na
autodeterminação dos povos e na valorização das identidades locais. Souza, por
sua vez, destaca a importância da resistência social e da construção de novas
formas de organização social.

Conclusão:
Todos os autores estão interessados nas interações entre território e
globalização, reconhecendo a complexidade dessas relações. Enquanto Benko
e Santos adotam uma abordagem mais teórica e global, discutindo tendências
globais e padrões territoriais mais amplos, Souza oferece uma perspectiva mais
localizada, concentrando-se em exemplos específicos.
Cada autor enfatiza diferentes aspectos da fragmentação territorial,
dependendo de suas preocupações e áreas de interesse específicas. Apesar
das nuances individuais em suas abordagens, todos os textos convergem na
ideia de que a globalização tem impactos significativos na organização e na

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fragmentação dos territórios, exigindo análises e ações contextualizadas para
lidar com essas dinâmicas complexas.
Em resumo, os textos de Benko, Santos e Souza oferecem diferentes
perspectivas sobre território, globalização e fragmentação, enriquecendo o
debate sobre as dinâmicas territoriais no contexto da globalização. Cada autor
contribui com análises conceituais, estudos de caso específicos, críticas teóricas
e propostas metodológicas inovadoras, refletindo suas experiências, formação
acadêmica e orientações teóricas.
A análise comparativa entre esses textos é fundamental para
compreender as nuances e contribuições individuais de cada autor para o campo
da geografia e estudos territoriais, demonstrando a riqueza e a complexidade do
debate sobre território, globalização e fragmentação. As diferentes perspectivas
dos autores contribuem para uma compreensão mais profunda dos desafios e
oportunidades que se apresentam nesse contexto.

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