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Biologia

Unicelularidade e multicelularidade

- Síntese de moléculas orgânicas complexas e a sua posterior delimitação por uma


membrana levaram à formação de protobiontes
- Com o aumento da complexidade dos protobiontes, ocorreu um desenvolvimento na
capacidade de se autorreplicarem e originarem os primeiros organismos
procariontes
- Os procariontes diversificaram-se e alguns começaram a utilizar a energia solar para
produzir compostos orgânicos (procariontes fotossintéticos), levando a um
aumento da quantidade de oxigénio na atmosfera
- O aumento de oxigénio concorreu para a extinção de muitos organismo; apenas
sobreviveram os que permaneceram em ambientes anaeróbios e os que evoluíram
no sentido de realizarem a respiração aeróbia

Origem de organismos eucariontes

- Hipótese autogénica:
- Célula eucariótica formada a partir de invaginações sucessivas da
membrana celular da célula procariótica
- Estas invaginações englobam o DNA e formaram o núcleo
- Especializações sucessivas da membrana deram origem a um sistema
endomembranar, semelhante ao retículo endoplasmático, e, posteriormente,
a organelos como mitocôndrias e cloroplastos
- Os organelos e o núcleo teriam o mesmo material genético

- Hipótese endossimbiótica:
- Organismo procariontes ancestrais das mitocôndrias e dos cloroplastos
associaram-se a uma célula hospedeira
- Organismos capturados pela célula ou Organismos entram na célula como
parasitas ou Começo da simbiose externamente e posteriormente uma célula
captura outra através de projeções da sua membrana
- Os organismo resistiram à digestão celular e sobreviveram no interior da
célula hospedeira, tornando-se endossimbiontes, formando uma associação
estável e permanente com benefício mútuo
- Organismos procariontes aeróbios são considerados ancestrais das
mitocôndrias
- Organismos procariontes fotossintéticos são considerados ancestrais dos
cloroplastos
- A célula hospedeira procariótica deveria ser uma arqueobactéria ou um
organismo muito semelhante

- Argumentos:
- Material genético das mitocôndrias semelhante ao genoma de
bactérias atuais (α-proteobactérias)
- Material genético dos cloroplastos semelhante ao genoma de
cianobactérias
- Mitocôndrias e cloroplastos com membranas internas, enzimas e
sistemas de transporte semelhantes aos de membranas plasmáticas
de bactérias atuais
- Replicação de mitocôndrias e cloroplastos parecida à fissão binária
realizada por organismos procariontes
- Mitocôndrias e cloroplastos com opróbrio material genético, DNA
circular, sem histonas e semelhante a cromossomas bacterianos
- Mitocôndrias e cloroplastos com próprio sistema de transcrição e
tradução de DNA, com ribossomas semelhantes aos das bactérias
- Atualmente, é possível encontrar relações simbióticas entre
eucariontes e bactérias
- Apesar do DNA próprio das mitocôndrias e dos cloroplastos, parte do
material genético necessário para o seu funcionamento encontra-se no
núcleo
- Estudos demonstram a transferência de material genético entre organelos e
o núcleo

- Atualmente, considera-se aceitável uma primeira fase autogénica que formou o


núcleo e o sistema endomembranar, seguida de endossimbioses em série

Origem da multicelularidade

- Organismos eucariontes unicelulares evoluíram no sentido de uma maior


complexidade estrutural e maior diversidade morfológica e fisiológica

- Hipótese 1:
- Célula que iniciou o processo de divisão, formando duas células-filhas que
permaneceram unidas

- Hipótese 2:
- Múltiplos organismos unicelulares agrupam-se em colónias

- A diferenciação celular, na qual células com certas funções trabalham em conjunto


para garantir a sobrevivência do organismo, está na base do sucesso evolutivo dos
organismos eucariontes multicelulares
- Vantagens:
- Maior dimensão dos organismos, com relação volume/área ideal para a
realização de trocas com o meio
- Maior diversidade dos organismos, com melhor adaptação a diferentes
ambientes
- Maior eficácia na utilização de energia e diminuição da taxa metabólica,
devido à especialização celular
- Maior independência em relação ao meio ambiente, devido a uma eficaz
homeostasia por causa da interdependência dos vários sistemas de órgãos
Mecanismos de evolução

- O pensamento evolucionista abrange a noção de que as espécies mudam ao


longo do tempo e a compreensão dos processos que levam a essas mudanças

Lamarckismo

- Os organismos evoluem através de alterações no seu comportamento em resposta a


mudanças ambientais para se adaptarem
- As mudanças comportamentais conduzem a alterações nas características
morfológicas, estruturais ou funcionais, que permite a sobrevivência e a reprodução
dos seres vivos, transmitindo essas características à sua descendência
- Unidade evolutiva: indivíduo
- Motor da evolução: ambiente
- Explicação dos mecanismos de evolução com base em dois princípios fundamentais
- Lei do uso e do desuso: a constante utilização de certo órgão leva ao seu
crescimento e fortalecimento, tal como a falta de utilização leva à tendência a
atrofiar, de modo a adaptar-se intencionalmente a diferentes condições
ambientais
- Não explica todas as modificações existentes nas diferentes espécies
- Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: as modificações
produzidas nos indivíduos ao longo da sua vida, como consequência da lei
do uso e do desuso, são hereditárias, ou seja, transmitidas à descendência
- As espécies evoluem e adaptam-se conforme fatores ambientais
- As modificações que ocorrem nos órgãos dos seres vivos não se
traduzem no seu material genético, logo não são transmitidas à
descendência

Darwinismo

- Processo evolutivo ao longo de gerações


- Unidade evolutiva: população

- Seleção natural: fatores do meio ambiente (disponibilidade de água, predação, etc.)


condicionam a sobrevivência dos organismos, de modo a que os indivíduos com
características melhor adaptadas a essas condições ambientais sobrevivam e se
reproduzam, enquantos outros irão sobreviver menos e, eventualmente,
desaparecer (sobrevivência dos mais aptos)

- Variabilidade intraespecífica: variações de características entre organismos da


mesma espécie
- Os indivíduos que sobrevivem e se reproduzem, transmitem as
características hereditárias à sua descendência
- Descendentes de uma população apresentam variações mais semelhantes
aos progenitores do que às dos outros indivíduos
- Reprodução diferencial: certas variações tornam-se prevalentes numa população
dado que favorecem o sucesso reprodutivo; a acumulação dessas adaptações pode
levar ao aparecimento de novas espécies

- Críticas:
- Falta de explicação para a origem da variabilidade intraespecífica
- Falta de explicação para a transmissão de características à descendência
- Falta de explicação para o surgimento de indivíduos inaptos descendentes
de seres aptos
- Falta de explicação para outros fatores evolutivos (que não o ambiente),
apesar da consciência da nossa existência

Lamarck vs Darwin

- Lamarck admitia que a lei do uso e do desuso determinava as variações que


aconteciam ao longo da vida do indivíduo e, posteriormente, eram transmitidas à
descendência
- Darwin demonstrou que os organismos possuem variabilidade intraespecífica e os
indivíduos que possuem caracteres com vantagem adaptativa para a sua
sobrevivência reproduzem-se mais

- Lamarck considera que alterações no meio ambiente criaram a necessidade do


indivíduo adquirir outra característica para se adaptar
- Darwin aceita que uma variação morfológica hereditária levaria a uma sobrevivência
e maior reprodução dos seres vivos mais adaptados e essa alteração

- Ambos consideram o ambiente como um fator determinante para a evolução

Argumentos a favor da evolução

- Homologia: semelhança de características, que podem desempenhar funções


diferentes, em espécies filogenéticas relacionadas entre si, resultante de ancestrais
comuns
- Simples observação de semelhanças entre diferentes organismos
- Homologia na anatomia:
- Estruturas homólogas: estruturas anatómicas que apresentam
semelhanças devido a um ancestral comum
- Evolução divergente: mecanismo evolutivo que conduz à formação
de estruturas homólogas; ocorre quando populações se separam e
ficam sujeitas a diferentes pressões ambientais
- Estruturas vestigiais: caracteres anatómicos atrofiados que não
possuem nenhuma função, mas assemelham-se a estruturas
funcionais de indivíduos ancestrais; as funções de um organismo
apenas permanecem funcionais enquanto apresentarem vantagens
adaptativas
- Homologia no desenvolvimento embrionário:
- Semelhanças nos estádios embrionários de espécies muito diferentes
quando adultas
- Homologia molecular:
- Todos os indivíduos utilizam o mesmo código genético, partilhando
certos genes
- Todas as espécies devem depender de um mesmo ancestral com o
código genético utilizado, que depende da intervenção do DNA e do
RNA na síntese de proteínas
- As sequências genéticas de espécies mais relacionadas são mais
semelhantes que das espécies filogeneticamente distantes
- Mecanismos bioquímicos encontram-se em quase todos os seres
vivos, com pequenas mudanças estruturais e funcionais
- Evolução convergente:
- Os organismos que evoluíram de modo independente a partir de
ancestrais diferentes podem apresentar caracteres semelhantes com
funções idênticas
- Estruturas análogas: estruturas de origem embriológica diferente,
mas com funções semelhantes, em indivíduos de diferentes grupos;
organismos que surgem de forma independente quando sujeitos a
pressões seletivas idênticas

- Paleontologia:
- Existência de fósseis de inúmeros seres vivos que habitavam a Terra no
passado diferentes das espécies atuais
- O registo fóssil documenta padrões de evolução e demonstra as mudanças
que aconteceram nos vários grupos de seres vivos
- Fóssil de transição: fóssil com características comuns ao grupo ancestral e
ao descendente

- Biogeografia:
- Padrões de evolução relacionados com a distribuição geográfica: espécies
mais próximas são mais semelhantes que espécies isoladas

- Seleção artificial: processo desenvolvido pelo ser humano para controlar


seletivamente a reprodução das espécies, de modo a obter determinados caracteres
- O ser humano escolhe os progenitores com certa característica para seu
próprio interesse
Neodarwinismo/Síntese evolutiva moderna

- Combinação do processo de seleção natural coma genética

- Variabilidade genética:
- É importante que as diferentes características individuais sejam hereditárias,
ou seja, que ocorram mutações nas células sexuais/germinais e não nas
células somáticas
- Mutações: alterações no genoma de um organismo, resultantes de erros
durante a replicação do DNA, podendo ser traduzidas no aparecimento de
determinadas características nos organismos
- As mutações podem ser vantajosas, contribuindo para a variabilidade
genética, e prejudiciais, podendo afetar a viabilidade e a
sobrevivência dos organismos
- A maioria das mutações são neutras, não fornecendo vantagem nem
desvantagem neste contexto
- Recombinação génica: durante a reprodução sexuada, na meiose e na
fecundação
- A variabilidade genética resulta da combinação única de material
genético que os indivíduos recebem dos progenitores
- Na meiose, ocorre o processo de crossing-over e colocação e
disjunção aleatória dos pares de cromossomas homólogos
- Na fecundação, ocorre a união aleatória de gâmetas, produzindo
arranjos genéticos únicos

- População: conjunto de indivíduos da mesma espécie que ocupam o mesmo


ambiente ao mesmo tempo e se reproduzem entre si
- O impacto dos mecanismos de evolução é visível apenas quando uma
população muda ao longo do tempo, e não um indivíduo
- Quanto maior a diversidade genética, maior a probabilidade dessa população
se adaptar e sobreviver a novas condições ambientais
- Microevolução: variação da frequência de genes numa população
- Alelos: formas alternativas, geradas por mutações, de um gene
- Fundo genético: conjunto de genes e respetivos alelos de uma população; a
seleção natural, a deriva genética e o fluxo génico causam modificações

- Seleção natural: alelos transmitidos para as próximas gerações em proporções


diferentes da geração progenitora
- Frequência de alelos que proporcionam adaptações favoráveis tendem a
aumentar

- Deriva genética: mudanças na frequência dos alelos de uma população de


pequeno tamanho
- Efeito fundador: alguns indivíduos separam-se da população, ficando
isolados e criando uma população nova com um fundo genético diferente
- Efeito de gargalo: redução drástica do tamanho de uma população devido a
eventos severos que causam alterações ambientais; os sobreviventes
constituem uma parte aleatória do fundo genético, ocorrendo uma perda de
variabilidade genética e pondo em causa a sobrevivência do mais apto
- Fluxo génico: migração de genes entre populações
- Transferência de alelos, por reprodução sexuada, para dentro ou para fora de
uma população
- Pode ocorrer sem migração de indivíduos
- Na reprodução entre indivíduos de populações diferentes, diminuem as
diferenças genéticas entre essas populações
- Afeta o modo como populações estão mais ou menos adaptadas a fatores
ambientais

Sistemas de classificação

- Os seres vivos são agrupados de acordo com os caracteres comuns


- Lineu propôs um sistema de classificação hierarquizado, que serviu de base às
classificações atuais
- O sistema de classificação de Aristóteles e o de Lineu são artificiais e horizontais,
baseando-se em critérios arbitrários (grupos com organismos muito diferentes) e não
levando em conta o fator tempo
- Os sistemas de classificação verticais consideravam a história evolutiva dos seres
vivos, compreendendo que os organismos eram tão mais evoluídos quanto mais
complexos e próximos do ser humano

- Sistemas de classificação fenéticos: estabelecem relações de afinidade entre


organismos com base em características fenotípicas observáveis
- Quanto maior o número de características consideradas, mais fiável será o
resultado da classificação
- Apresentam limitações relacionadas com a variedade morfológica
intraespecífica, dificultando o estabelecimento de relações

- Sistemas de classificação filogenéticos: agrupam seres vivos de acordo com o


seu grau de parentesco evolutivo
- As semelhanças entre organismos surgem de um ancestral comum
- Representam-se por árvores filogenéticas ou cladogramas
- As informações de uma árvore filogenética não são suficientes para
representar com toda a certeza a história evolutiva de um grupo

Regras de nomenclatura

- Sistemática = Taxonomia + Biologia evolutiva


- Permite a identificação de qualquer espécie de forma universal e sem risco de
ambiguidade
- Categorias taxonómicas:
Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género, Espécie, Subespécie
- A espécie é a unidade básica da classificação e o único grupo natural, é
constituída por um conjunto de indivíduos que partilham o mesmo fundo
genético, cruzam-se entre si e originam descendência fértil
- A designação de grupos taxonómicos é sempre feita em latim
- As espécies utilizam um sistema de nomenclatura binominal: primeira palavra/nome
genérico corresponde ao género com inicial maiúscula, segunda palavra/restritivo
específico é um adjetivo escrito com letra minúscula
- Todos os taxa superiores à espécie têm nomenclatura uninominal
- O nome das famílias é obtido acrescentando -idae ou -aceae, nos animais e nas
plantas, respetivamente, à raiz do género-tipo
- Para subespécies, utiliza-se uma nomenclatura trinominal, escrevendo o nome da
espécie seguido de um restritivo/epíteto subespecífico
- Os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser sublinhados
- A abreviatura “sp.” utiliza-se quando não se pode ou não interessa referir o nome da
espécie
- O nome científico deverá ser escrito por extenso na sua primeira ocorrência no texto,
podendo ser abreviado posteriormente
- No uso do nome comum com o científico, eles aparecem nessa ordem, com o nome
científico entre parênteses

Sistema de classificação de Whittaker modificado

Critério Reino Reino Reino Fungi Reino Reino Animalia


Monera Protista Plantae

Célula e organelos Célula Célula Célula Célula Célula eucariótica, com


procariótica, eucariótica, eucariótica, eucariótica, núcleo e mitocôndrias
sem com núcleo, com núcleo, com núcleo,
organelos mitocôndrias mitocôndrias mitocôndrias
limitados por e alguns e parede ,
membrana cloroplastos celular cloroplastos
quitinosa e parede
celular
celulósica

Organização celular Unicelulares, Unicelulares Multicelulare Multicelulare Multicelulares com


solitários ou solitários, a se s com diferenciação tecidular
coloniais maioria unicelulares diferenciaçã
Alguns o tecidular
multicelulare
s ou
coloniais

Nutrição Autotróficos Autotróficos Heterotrófico Autotróficos Heterotróficos


(fotossíntese (fotossíntese s (absorção) (fotossíntese (ingestão)
e )e )
quimiossínte heterotrófico
se) e s (absorção
heterotrófico e ingestão)
s (absorção)

Posição nas cadeias Produtores e Produtores, Microconsu Produtores Macroconsumidores


alimentares microconsu microconsu midores
midores midores e
macroconsu
midores

Exemplos Bactérias Amiba, Bolores, Musgos, Esponjas, insetos,


paramécia, cogumelos, plantas com peixes
algas leveduras flor

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