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GOVERNANÇA COLABORATIVA
Resumo:
Este ensaio teórico investiga a interação entre colaboração e poder na governança pública, articulando
uma análise integrada de seis referências bibliográficas proeminentes. Inicialmente, examina as
condições e estruturas essenciais para a implementação da governança colaborativa, ressaltando a
relevância de um design institucional propício e da predisposição dos atores ao engajamento coletivo.
Em seguida, aborda a liderança e a dinâmica dos processos colaborativos, destacando a importância
de líderes capazes de inspirar uma visão conjunta e gerir a diversidade de expectativas. O terceiro
eixo temático avalia o poder e a performance organizacional, enfatizando como a autoridade, os
recursos e a legitimidade discursiva configuram a dinâmica colaborativa. O trabalho conclui
ponderando sobre as consequências práticas para administradores públicos e a indispensabilidade da
governança colaborativa diante dos intrincados desafios do século XXI.
1. Introdução
A transição para a governança colaborativa reflete uma mudança significativa na forma como
o poder é exercido e distribuído, exigindo uma análise crítica das estruturas e práticas que podem
favorecer ou desfavorecer certos atores (Purdy, 2012). A literatura sobre o tema sugere que a eficácia
da governança colaborativa depende não apenas da inclusão de múltiplas vozes, mas também do
reconhecimento e valorização de diferentes formas de conhecimento e perspectivas (Van Assche,
Beunen & Duineveld, 2012).
Autores como Emerson, Nabatchi e Balogh (2011) contribuem para essa discussão ao propor
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um framework integrativo para a governança colaborativa, que destaca a importância das condições
iniciais, do design institucional, da liderança e da dinâmica do processo colaborativo. Esses elementos
são cruciais para entender como se constroem e se mantêm as parcerias estratégicas necessárias para
enfrentar os desafios interorganizacionais (Conteh, 2013).
Nos eixos temáticos que se seguem, será realizada uma análise detalhada das condições e
estruturas para a governança colaborativa, da liderança e dinâmica dos processos colaborativos, e da
avaliação de poder e performance em contextos interorganizacionais. Através dessa análise, o ensaio
visa oferecer uma visão abrangente sobre como a governança colaborativa pode ser efetivamente
implementada e quais são as implicações para a prática administrativa no contexto atual.
O design institucional é outro componente crítico identificado por Emerson, Nabatchi e Balogh
(2011) como essencial para a governança colaborativa. Este se refere às regras e procedimentos que
estruturam a interação entre os participantes, estabelecendo um quadro de referência para a tomada de
decisões e a coordenação de ações. Um design institucional bem-concebido pode facilitar a
colaboração ao criar um ambiente propício para o diálogo e a negociação, além de fornecer
mecanismos para a resolução de conflitos.
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Segundo Ansell e Gash (2007), a liderança eficaz em contextos colaborativos envolve a capacidade de
articular uma visão compartilhada, mobilizar recursos e coordenar ações entre os participantes. Líderes
com essas habilidades são capazes de sustentar o processo colaborativo, mesmo diante de desafios e
incertezas, e garantir que o grupo permaneça focado nos objetivos comuns.
A governança colaborativa requer uma abordagem adaptativa que reconheça a natureza fluida
e emergente dos problemas enfrentados. Agranoff (2005) argumenta que a gestão da colaboração deve
ser capaz de se adaptar às mudanças nas condições e nas necessidades dos stakeholders, o que implica
uma disposição para aprender e inovar. A flexibilidade e a resiliência são, portanto, qualidades
indispensáveis para as estruturas de governança colaborativa que buscam ser efetivas e sustentáveis a
longo prazo.
A dinâmica de processo colaborativo é caracterizada por uma série de interações que são
moldadas pela construção de confiança e comprometimento entre os participantes (Emerson, Nabatchi
& Balogh, 2011). A confiança, em particular, é um recurso intangível que se acumula ao longo do
tempo e que é essencial para a cooperação efetiva. Sem confiança, os atores podem hesitar em
compartilhar informações e recursos ou em se comprometer plenamente com as decisões coletivas.
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avaliação de poder que considera autoridade, recursos e legitimidade discursiva como as principais
dimensões do poder em processos colaborativos. A autoridade é entendida como o direito socialmente
reconhecido de exercer julgamento e ação, muitas vezes associado a agências governamentais ou
organizações dentro de um contexto institucional.
Os recursos, conforme descritos por Purdy (2012), referem-se à posse de ativos tangíveis e
intangíveis que podem ser mobilizados para influenciar resultados. Em um ambiente
interorganizacional, os recursos podem incluir conhecimento especializado, capacidade financeira,
acesso a redes de influência e a habilidade de mobilizar apoio público ou privado, todos essenciais
para a negociação e implementação de ações colaborativas.
A legitimidade discursiva é talvez a mais sutil das três dimensões de poder e diz respeito à
capacidade de um ator de moldar o discurso e, por extensão, a percepção da realidade social e dos
problemas em questão (Purdy, 2012). A habilidade de influenciar o discurso é particularmente
relevante em contextos onde diferentes formas de conhecimento e perspectivas precisam ser integradas
para enfrentar desafios complexos.
5. Considerações Finais
A colaboração interorganizacional, destacada pelo trabalho de Conteh (2013), é cada vez mais
necessária em um mundo onde as questões ambientais e sociais são complexas e interconectadas. A
gestão estratégica contemporânea, portanto, requer uma compreensão das redes de governança e a
construção de parcerias entre agências públicas e organizações não governamentais. A cooperação
estratégica e a construção de alianças são fundamentais para a busca de objetivos organizacionais em
ambientes turbulentos.
A governança colaborativa é um processo dinâmico que exige uma avaliação contínua das
estruturas de poder e das performances organizacionais. A compreensão desses elementos é essencial
para gestores públicos e líderes que buscam promover a eficácia da administração pública e a qualidade
das intervenções políticas. As contribuições de Purdy (2012) e Conteh (2013) fornecem uma base
sólida para futuras pesquisas e práticas no campo da governança colaborativa, destacando a
necessidade de processos deliberativos que valorizem a diversidade de conhecimentos e perspectivas.
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6. Referências