O relatório mostra que países mais pobres são mais afetados por mudanças climáticas e poluição. A poluição é maior nesses países embora os países desenvolvidos sejam os maiores emissores. A população mais pobre é mais afetada pela poluição urbana, vivendo em piores condições. O relatório analisou os impactos das mudanças climáticas na saúde em diversos países.
O relatório mostra que países mais pobres são mais afetados por mudanças climáticas e poluição. A poluição é maior nesses países embora os países desenvolvidos sejam os maiores emissores. A população mais pobre é mais afetada pela poluição urbana, vivendo em piores condições. O relatório analisou os impactos das mudanças climáticas na saúde em diversos países.
O relatório mostra que países mais pobres são mais afetados por mudanças climáticas e poluição. A poluição é maior nesses países embora os países desenvolvidos sejam os maiores emissores. A população mais pobre é mais afetada pela poluição urbana, vivendo em piores condições. O relatório analisou os impactos das mudanças climáticas na saúde em diversos países.
Lançado simultaneamente em diversos países do mundo, o relatório Lancet
Countdown de 2017 mostra dados sobre os impactos das mudanças do clima na saúde
Apesar dos países
desenvolvidos serem, com folga, os maiores emissores de gases causadores de efeito estufa, a concentração da poluição é maior nos países mais pobres, segundo dados de pesquisa internacional divulgada pela revista Lancet. “Os grandes emissores de gases de efeito estufa são o que menos têm poluição no ar, isso significa que temos Paulo Saldiva, diretor do IEA e professor da FMUSP tecnologia defasada. E onde se estuda poluição? Onde não tem poluição. Onde tem poluição não se produz ciência”, explicou Paulo Saldiva, diretor do IEA e professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, no lançamento do relatório. O relatório Lancet Countdown de 2017, lançado simultaneamente em diversos países do mundo no dia 31 de outubro, é resultado do trabalho de 24 instituições acadêmicas de ponta e agências governamentais de todos os continentes, que avaliaram os impactos das mudanças do clima na saúde. A FM da USP sediou a atividade de lançamento no Brasil, com a presença de uma das autoras do relatório, Sonja Ayeb-Karlsson, da United Nations University, num encontro realizado em parceria com o IEA. Para Saldiva, algumas indústrias perdem mercado na Europa e em outros países desenvolvidos e buscam os países mais pobres, com suas leis mais brandas, para se instalarem. Um exemplo é o óleo diesel, que no Brasil vem sendo discutido para ser usado em veículos leves. “Sob a maquiagem verde, os fabricantes dizem que o diesel tem rendimento energético melhor, você reduz emissão de gases de efeito estufa, mas esquece que o diesel é carcinogênico”. O mesmo acontece com a poluição urbana: a população mais pobre é mais afetada. “A mesma nuvem de poluição que vejo na minha janela tem efeito pior nas pessoas que menos Relacionado podem. A concentração ambiental é um dos fatores, mas não reflete a dose. A dose é quanto tempo a pessoa permanece Vídeo | Fotos no pior cenário. O conforto térmico, o tempo para cuidar de si Relatório Lancet mesmo, são distintos para essas pessoas”, explicou Saldiva. Countdown Um dos exemplos citados por ele é o do programa “Minha Casa, Minha Vida”, no qual todas as casas são construídas da mesma forma: “não tem adaptação de padrão construtivo para as condições climáticas de cada local. As casas em São Paulo e Tocantins são iguais”. Outra observação feita pelo professor é comparando o cigarro com a inalação de poluição. Segundo ele, ficar duas horas no trânsito de São Paulo é equivalente a fumar um cigarro. “Temos políticas efetivas para banir tabaco, mas não tanto de poluição do ar. Toda cidade que melhorou a poluição do ar aumentou a expectativa, independente das outras variáveis”. Em São Paulo, a quantidade de área verde é adequada, segundo Saldiva. No entanto, “onde tem verde não tem habitante e onde tem habitante não tem verde. Isso gera uma ilha de calor urbano, que muda o regime de chuvas”. Ele explicou ainda que as chuvas acontecem cada vez mais no centro da cidade. Outro problema é que boa parte da chuva cai em rios poluídos, que por causa da poluição não podem ter suas águas aproveitadas. “Vivemos um stress hídrico com a Billings cheia, o Pinheiros e o Tietê cheios, mas sem poder usá-los”. Relatório do Lancet e Bangladesh The Lancet é uma revista científica sobre medicina, sendo uma das mais antigas e renomadas do mundo no segmento. Publicada semanalmente no Reino Unido, teve importante papel nas reformas de saúde britânica desde sua fundação em 1823. O relatório inédito da revista foi feito após cinco anos de pesquisa sobre o aquecimento global, as mudanças climáticas e a saúde humana. Sonja Ayeb-Karlsson, uma das autoras, explicou que a intenção do trabalho não era só pesquisar para entender o que está se passando no mundo, mas também propor e testar soluções para proporcionar uma qualidade de vida melhor. Ela lembra que a mudança climática não é algo que vai acontecer no futuro. Atualmente, pessoas pelo mundo já estão sendo afetadas pelo aquecimento global. E as mais afetadas são justamente as mais vulneráveis, em países com menos recursos. Para Sonja, a demora em combater as mudanças climáticas das últimas duas décadas colocou em risco a vida humana e seus meios de subsistência. “Em locais que produzem a própria comida, se houver ameaça aos seus meios de subsistência, haverá ameaça a sua capacidade de sobrevivência”. Segundo o relatório, a produtividade no trabalho rural no mundo caiu 5,3% desde 2000. A estimativa é de que o aumento de um grau Celsius na temperatura, derruba a produção de trigo em 6% e a de Sonja Ayeb-Karlsson estudou os arroz em 10%. efeitos de desastres naturais em A área estudada por Sonja para o relatório foi Bangladesh a de desastres naturais e como as pessoas são afetadas por esses desastres, em relação à saúde. Um dos dados mostrados por ela mostra que entre 2000 e 2016 houve um aumento de 46% na quantidade de desastres naturais no mundo. O foco da pesquisa da autora foi em Bangladesh. O país sofre com uma variedade de desastres, como terremotos, tsunamis e ciclones. Este último sendo o mais recorrente desde a década passada. Em 2007, ocorreu o Sidr, ciclone que na época foi considerado o segundo mais potente dos últimos 130 anos a atingir o país. Após o Sidr, aconteceu uma sucessão de ciclones: em 2009, em 2011 e depois alguns de potência menor em 2013, 2014 e 2015. “Se as pessoas não tiverem tempo de se recuperar e se reconstruir, desastres vêm um após o outro e causam uma grande destruição”. “A prevenção é melhor que a cura. Em Bangladesh, a maior parte dos gastos era após o desastre e não na prevenção, que deveria instruir as pessoas sobre como evacuar, o que fazer quando tem um desastre a caminho, onde estão os abrigos, entre outras coisas”. A pesquisa de Sonja é ilustrada por um vídeo sobre uma família bangladesa que ela conheceu em 2014 no país. Por causa dos desastres naturais, o grupo viu suas terras, fundamentais para sobrevivência, serem inundadas. O vídeo com a história está disponível no YouTube. Fotos: Fernanda Cunha / IEA-USP registrado em: Clima, Saúde, Mudanças Climáticas, Saúde Pública