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FORMACAO EM MARKETING
DISCENTE:
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Ana Beatriz Barbosa é médica psiquiatra formada pela UERJ (Universidade Estadual do
Rio de Janeiro) e autora de mais de 10 livros. Especificamente em “Mentes
Consumistas” ela aborda a questão de como a actual sociedade que assume o ter como
prioridade e objectifica tudo, vem enfrentando a emergência do consumismo,
caracterizado por excessos em todos os aspectos, e as mais diversas consequências que
acarretam tais atitudes, a nível interpessoal como individual.
Em tempos como nossos, a autora cita que o ser acaba muitas vezes por ser confundido
ou ate mesmo considerado, pela sociedade como um tudo, como sinonimo de ter, facto
que pode ser explicado por aquilo que geralmente esta sociedade toma como critério de
determinação de identidade e valores. Enquanto uma sociedade que prioriza o ser tem
como enfoque aquilo que são os atributos ou qualidades intrínsecas das pessoas, a
sociedade onde vivemos tem como senso comum vigente o modo ter de estabelecer
regras e valores, em que o nosso “eu”, acaba sendo definido apenas pela quantidade e
pelo valor dos produtos que consumimos e que podem ser compradas por valor
determinado pelo mercado, sendo por essa razão que a autora a denomine Sociedade
Consumista ou de produtos.
De facto, o actual sistema económico em muito tem estado a contribuir para que tal
realidade surja e influencie o modo de viver nos dias actuais, uma vez que este prioriza
a produção e o lucro em detrimento da ética e valores humanos, e o ter passa a ser uma
necessidade que visa alimentar e manter ativo esse sistema. Sendo o “consumir’ a
maneira mais rápida e eficaz de ‘ter’, então é visto como uma forma de buscar prazer e
alegria, no entanto acaba gerando um certo “vício” por tais sensações, levando as
pessoas a comprarem mais e mais, formando assim um ciclo vicioso que faz girar e em
muito beneficia a economia, que por sua vez produz mais bens de consumo alcançando
o tao almejado lucro.
Ana Beatriz referencia que uma sociedade consumista irá sempre implicar numa
produção em excessos, de desperdícios e irracionalidades, e de manipulação dos nossos
desejos como consumidores, tendo em conta que tudo o que sustenta e promove o
consumismo, é exatamente o que cria um impacto negativo na natureza, gerado pela
pressão sobre esta, destruindo suas fontes de recursos naturais finitos. É importante
salientar que autora não olha para o consumo propriamente dito como o problema de
facto, ou então, que a solução para preservar ou melhorar o planeta é o não consumo,
pois este é sim necessário. Contudo a variação quantitativa deste consumo é que se
torna um problema, tornando-se uma ameaça não só para a natureza, como também e
principalmente para as diferentes esferas da vida interpessoal deste consumidor, que
pode ser visto como um compulsivo.
Como dito, o ato de consumir é preciso para viver, pois é a maneira pela qual o ser
humano poderá suprir certas necessidades com as quais se depara no seu dia-a-dia. No
entanto, sem o conhecimento prévio sobre as diversas facetas do comprar e acerca do
nosso comportamento mental no que diz respeito a ‘comprar’, qualquer um se torna
uma presa frágil de um sistema económico que se apoia no consumismo, o que torna
necessária a capacidade de se distinguir o consumo necessário- relevando a
redundância-, do consumo típico de uma sociedade consumista, e as consequências que
tais comportamentos podem provocar.
A autora faz a distinção de dois tipos de consumo: aquele que esta ligado a satisfação
das nossas necessidades essenciais/ de subsistência, ao qual chamou de consumo
primário; e aquele que está inteiramente ligado a nossa imaginação e cujo objetivo não
é suprir necessidades reais, mas sim satisfazer desejos ou vontades, consumo
secundário. Esta acrescenta que uma vez garantida a satisfação de necessidades
primárias, a mente humana se ocupa em buscar a satisfação de desejos socialmente
valorizados, através de compras de coisas que são validadas como necessárias à
felicidade e sendo assim, o individuo é impulsionado a comprar. É nesse contexto e
embasado nessa forma de consumo tao predominante nos dias atuais (consumo
secundário) que o consumismo, e a sua vertente patológica Transtorno do comprar
compulsivo, vem ganhando cada vez mais espaço na vida das pessoas.
Segundo Ana Beatriz, uma compra impulsiva é feita sem nenhum planeamento prévio e
de maneira totalmente irracional. O seu objetivo é quase sempre a satisfação imediata de
uma vontade momentânea. Estas tendem a não gerar grandes transtornos as pessoas
quando ocorrem eventualmente e não comprometem o orçamento, no entanto quando
esta ação tende a repetir-se frequentemente, esta pessoa pode ser denominado de
comprador abusivo/excessivo que diferentemente do compulsivo, apesar de sofrer as
consequências da sua forma de consumo, consegue lidar com a situação e manter um
certo grau de funcionalidade em todas a esferas da sua vida, e em ultimo estágio
encontramos a forma mais nociva com que o consumismo pode atingir a vida de um
individuo, compulsão por compras.
Uma pergunta interessante que ela procura responder é porque nós compramos? Ao
considerar que o nosso cérebro funciona independente da nossa vontade, ele se torna
capaz de nos manipular e nos enganar para conseguir o que julga mais adequado no
momento. Assim, quando fazemos uma compra, mesmo que de maneira não consciente,
as associações e as conexões geradas pelo cérebro são capazes de nos influenciar. De
forma sucinta, a autora afirma que tudo se resume a um sistema de recompensa que
basicamente nos motiva a fazer tudo o que fazemos, em outras palavras, o cérebro tem
vida própria, e nós somos constantemente persuadidos a suprir seus desejos, muitas
vezes sem nos darmos conta disso.
Os compulsivos por compras, na maioria dos casos, tendem a manter seu transtorno em
segredo por muito tempo, pois têm plena consciência de que seus pensamentos e ações
relacionados ao consumo fogem de um padrão “normal”. As compulsões por compras,
alimentos, corpos perfeitos, drogas em geral, beleza eterna, jogos diversos etc.,
demonstram a tendência humana de criar ilusões e acreditar sempre em soluções
mágicas ou milagrosas para a árdua tarefa de esculpir, na pedra da vida, uma história
que dê significado a nossa existência.