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Os Behavioristas advertem: Controle em excesso pode gerar

contracontrole
Igor
Madeira

“As pessoas vivem dizendo por aí que são livres para fazerem o
que bem entenderem de suas vidas, podendo decidir da forma como melhor
lhes convém. Porém, essa ideia de liberdade é utópica, visto que
sofremos os efeitos de nossas ações e estamos submersos em uma
cultura, o que gera certa padronização na forma como nos comportamos,
a isso chamo de Generalização de Comportamentos o que acaba se
tornando uma prática cultural, ou seja, um comportamento comum a
todos.
Afirmo isso em decorrência de que, o sujeito inserido em uma
determinada cultura possui certos comportamentos que são reforçados
pela comunidade social outros são punidos por ela. Como salientei em
outros textos, os comportamentos reforçadores são aqueles que
acrescentam algo no ambiente e tem maior probabilidade de ocorrerem
futuramente, enquanto os comportamentos punidos são eliminados do
repertório de um determinado sujeito.

Mediante essa explanação, é impossível falarmos em liberdade,


visto que todas as nossas ações ora são reforçadas, ora punidas, e
isso faz com que nos submetamos às contingências vigentes. Assim, todo
o mito de liberdade é jogado por água abaixo.  Para se ter uma ideia,
as pessoas se sentem livres quando todas as suas ações são reforçadas
pela comunidade social, enquanto aqueles que são punidos podem com
toda certeza afirmar que a liberdade é utópica. Observem dois
funcionários em uma empresa que sofrem consequências contrárias,
aquele que não é repreendido pelo patrão se sentirá “ livre ”
considerando aquela empresa a melhor do mundo, enquanto o que é
punido, logo, logo, arrumará um jeito de pedir demissão, ou de
comportar-se de uma outra forma para não ser punido.

O controle é inevitável, porém o excesso dele pode ser


prejudicial e gerar por parte daqueles que o sofrem uma certa
rebeldia, em uma linguagem científica o chamado “contracontrole”. As
grandes manifestações e os grandes protestos partiram de classes
minoritárias que foram reprimidas pelas classes dominantes. As greves
resumem bem o que chamo de contracontrole; é uma classe que é punida
de alguma forma e briga pelos seus direitos.
Porém, caro leitor não vemos somente esse controle e
contracontrole nas grandes manifestações sociais, podemos enxergá-las
no nosso cotidiano. As pessoas adquiriram uma cultura de posse e de
que são “donos dos outros”, estabelecendo assim contingências em que
você pode ser reforçado ou punido caso emita certos comportamentos.
Essa cultura é muito comum em laços afetivos que são estabelecidos
entre as pessoas, principalmente quando se trata de namoro, noivado ou
casamento. As pessoas querem saber tudo o que você faz, punindo seus
comportamos ou privando-lhe de certas coisas caso não os agradem.
Porém quero informar aos punidos e aos punidores que em um determinado
momento a punição perderá seu efeito, pois a pessoa irá cansar-se de
submeter-se a isso, e aquele que foi punido procurará uma outra
alternativa, ou um outro meio de receber reforçadores. Traduzindo para
uma linguagem mais coloquial: o pé na bunda será inevitável caso a
punição e a privação insista. Assim alerto-vos:

O Controle em excesso pode gerar contracontrole e ser prejudicial a


“saúde”

O BEHAVIORISMO RADICAL E AS AGÊNCIAS DE CONTROLE


Pablo de
Assis

“Geralmente, pessoas mal informadas acerca da teoria behaviorista, de


um modo geral, acreditam que Skinner e o Behaviorismo visam
"controlar" ao máximo: o mundo, as pessoas, os ratos, etc. Na verdade,
Skinner passou a maior parte de sua vida fazendo "análise do
comportamento" e essa sua caminhada mostra a necessidade não de
"controlar", mas de saber sobre os controles existentes, ter
consciência acerca dos inúmeros tipos de poder em nossa sociedade e,
sobretudo, ter capacidade de exercer o contracontrole.
Sobre o controle Skinner diz: "Há certamente o perigo de que, no
planejamento de uma cultura, as vidas das pessoas sejam controladas
sem que elas percebam, e é por isso que eu passo tanto tempo
explicando como as pessoas podem ser controladas...Eu quero que todo
mundo saiba como é controlado". Skinner repete isso de forma exaustiva
em diversos artigos e livros de sua autoria, mas parece que as pessoas
têm medo de sua própria consciência acerca desse poder e controle, e
da consequente responsabilidade e necessidade de exercitar seu
contracontrole.”

Cotidiano – Chico Buarque (1971)


Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar


E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar


Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar


Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar


Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual


Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Instruções:

Formem grupos de aproximadamente 4 pessoas.

Primeiro passo:

Leiam em grupo os textos em anexo.

Segundo passo:

Ouçam a música, acompanhem com a letra.


Terceiro passo, discutam e respondam:

“A partir da perspectiva do behaviorismo procure compreender o que acontece com o


comportamento das pessoas na música esforçando-se em entender os contextos
ambientais que as levam a se comportar desta maneira”

Observação: Resposta por escrito até o dia 21/05. Vale como parte de composição da
nota da segunda unidade.

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