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MORAL x ÉTICA

MORAL: É o conjunto das regras ou normas de conduta admitidas por uma sociedade ou por um grupo de homens em
determinada época. Assim, o homem moral é aquele que age BEM ou MAL na medida em que ACATA ou TRANSGRIDE
as regras do grupo. É também a livre e consciente aceitação das normas. Isso significa que o ato só é propriamente moral
se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma.

Moral: tem uma dimensão individual, porém tem um pouco do coletivo. Escolha ao agir de uma forma.

• NATURAL

• POSITIVA
o Autonômica – consciência de cada um
o Religiosa
o Social – critério de bem da sociedade

Ex: um homem após uma festa de madrugada, resolve passar em uma loja de conveniência para comprar algo para comer.
Ao chegar lá, ele percebeu que tinha gastado o dinheiro todo e viu que não ia ter como comprar e enfiou no bolso e foi
embora. Essa atitude que ele cometeu é moral, ou seja, ele teve uma livre escolha. Ao olhar para cima ele viu uma plaquinha
“sorria, você está sendo filmado”, com isso ele ficou com medo e acabou não pegando. Nesse momento ele não teve moral,
ou seja, ele não agiu com livre espontânea vontade, ele agiu com medo de dar problema.

Quando age em qualquer situação da vida de livre escolha, dimensão pessoal, isso é moral.

A base disso é pelo PLATÃO, onde criou uma historinha para explicar. “Existia um pastor que encontrou um anel, ao colocar
o anel ele ficava invisível. A partir daí ele começou a fazer tudo o que ele queria, só coisa ruim pela sociedade.” Antes ele
agia não pela moral dele, ele agia por uma imposição da sociedade que dizia como ele tinha que agir. Quando ele ficou sem
fiscalização e sem controle, ele começou a mostrar a moral dele sendo ruim ou não para sociedade.

MORAL é quando você age quando está sozinho sem ninguém te ver, sem ser ruim ou bom e é individual.

Ex: Os radares servem para pegar o indivíduo que ultrapassa a velocidade permitida. Um indivíduo ao passar por ele vai
reduzir, ou seja, ele não está agindo com moral pois está com medo de ser pego.
A melhora da moral na sociedade não se dá reprimindo, batendo ou censurando e sim nas escolas e educação familiar,
onde a ética depois a ética vai direcionar para saber o que é bom ou ruim.
Sarah Nery Figorelle – 6º Período
Odontologia – UniFOA – Bioética
A moral é como se fosse uma balança entre: força, moral, fiscalização e controle. Por mais moral uma pessoa tenha e essa
for membro da sociedade, maior vai ser a moral e menor vai ser a força, ou seja, menores serão os meios de fiscalização.
Obs: só com a fiscalização, não está trazendo moral.

Ao pegar um jornal e furtar sem ninguém estar vendo e achar que não é a pior coisa do mundo pelo fato de alguém ter
deixado ali, isso seria moral da pessoa que furtou.

O certo e o errado vão depender de cada um ou da moral de um coletivo.

Alguns acham que a moral nasce do indivíduo e isso é ruim para sociedade. Então ao longo do tempo ele pode sendo
modificado e tendo outras experiências. A grande maioria entende que a moral é adquirida, ou seja, o indivíduo vai sendo
formado durante o seu crescimento. No momento em que ele estiver sozinho e sem fiscalização é o momento em que ele
vai demonstrar a sua moral. Ao colocar controle, fiscalização e força está desmoralizando que no contexto quer dizer que
está controlando valores ruins.

Ao colocar um radar nas estradas, está deixando o indivíduo sem moral para realizar suas escolhas, ou seja, está
desmoralizando. Uma estrada moralizante é uma sem controle onde cada indivíduo pudesse escolhe sua velocidade.

Ex: uma pessoa vai à uma banca pega um jornal e paga porque sabe que tem alguém lá que vai receber – não é moral. -
Uma pessoa pega um jornal e dá o dinheiro sem ter ninguém – moral.

No conjunto da sociedade vai saber o que é bem e o que é mau, pois ela quem vai acabar criando o que é certo e o errado
para aquela sociedade. Não quer dizer em si que seja certo ou errado para uma outra sociedade, mas para aquele conjunto
de pessoas agir da forma deles que é o certo ou errado, com isso não existe um valor absoluto.

A ÉTICA tem uma dimensão social universal, ou seja, da sociedade. Aí vamos pensar, raciocinar e questionar o que é
certo/errado para uma certa comunidade e colocar como regra para todos. Se for agir como regra para todos, está agindo
de forma ética e se for individual é moral, porém esse individual acaba em certa medida pertencendo a comunidade. Um
exemplo disso é que todo mundo passa o sinal vermelho em um certo horário da noite pelo fato de não ter ninguém na rua
e por segurança pessoal, porém não tem nenhuma lei escrita que diga que em um certo horário da noite pode passar no
sinal vermelho.

Qualquer família forma moral, não existindo moral certa/ errada. A sociedade depois em conjunto vai começar a definir o
que é certo/errado. Ex: em uma sociedade em que casar uma menina entre 10-11 anos moralmente não tem problema
nenhum sem pensar em direitos humanos, leis e ética e sim na moral deles, mas para outra sociedade pode ser um absurdo.

Sarah Nery Figorelle – 6º Período


Odontologia – UniFOA – Bioética
A moral é o ato de um indivíduo e a ética vai começar a raciocinar. Quando começa a pensar no coletivo e colocar uma
norma para todos, dizendo o que é certo e errado com os seus porquês, isso é um raciocínio/ reflexão, sendo então um
convívio social.

A ética é a disciplina filosófica que se preocupa com a reflexão a respeito das nações e princípios que fundamentaram a
vida moral.

Quando for falar individualmente é moral, agora se for convivência social é ética.

O que é bem e o mau? Não há uma resposta correta. A resposta dependerá do fundamento (argumento ou origem).
• Vontade divina (religião): princípio será universal, absoluto. Não tem como questionar Deus dentro dessa
concepção de o que é bom ou mau.
• Própria consciência: princípio será relativo.

Quem tem a vontade divina na vida é difícil aceitar a própria consciência, pois ela vai contra, ou seja, diz o contrário. A
própria consciência diz que os seres humanos com a sua evolução e convivência estabeleceu os limites do que pode e o
que não pode, por isso que ela é relativa, pois vai depender da cultura da sociedade que vai determinar o certo e o errado.
O que se tem na nossa cultura hoje é tentar hierarquizar os valores.

Há uma hierarquia de valores? Os valores que dirão o que é certo/errado em cada cultura. Se for divina, vão ser os valores
absolutos.

Ex: direito/valor a vida, é absoluto e não se discute. Na própria consciência vai ser relativo.

Ex: A vida seria relativa.

Na nossa cultura a vida não é um direito absoluto, já que o aborto é legalmente permitido em certos casos como estupro,
anencéfalo, riscos de vida para mãe. E em caso de legitima defesa, mas só se a agressão for no mesmo nível, uma facada e
um tiro. Se uma pessoa dá uma facada em outra e essa da 5 ou 6 tiros no agressor da faca, não é legitima defesa. Na
legitima defesa tem que ser no mesmo nível, ou seja, no máximo um tiro para derrubar a pessoa. O aborto vai ter uma
discussão maior, pois na ciência não tem nada definido. Vão ter três teorias: concepção, implantação e formação do sistema
nervoso.

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Dentro do conceito de ética vão existir os conflitos, pois os valores são diferentes dentro da cultura de uma certa sociedade
ou entre cultura. Por isso a ética vai tentar valorizar/hierarquizar os valores.

Andar sem cinto: Gera custo para o estado, pois ele vai ter que financiar o tratamento.

Amputar o braço: se uma pessoa for no medico e quiser amputar seu braço por uma vontade, não pode. Agora se o braço
estiver gangrenando, ele pode, pois, tem uma justificativa médica para a amputação.

Vasectomia: é reversível

Transplante de cabeça: por enquanto não é legal.

Clonagem: Gêmeo univitelino = clone natural


Transplante de coração: igreja católica é contra
Transplante de sangue: testemunho de jeová é contra

Transplante de coração – salva a vida do próximo


Conceito de vida: Bate o coração – vivo
Parou de bater – morto
Para se realizar um transplante de coração com ele batendo, tem que mudar o conceito de vida.

Um médico africano fez o transplante de sangue, mas ele tinha que ser julgado criminalmente, pois ele matou a pessoa em
que ele tirou o coração e o conceito não tinha mudado ainda. Com isso, julgava ele como criminoso ou aceitava que a morte
é cerebral. Com isso, o conceito de morte não é cardiopulmonar e sim cerebral. O cérebro não consegue mais manter o
coração vivo. Além disso, a família tem que autorizar o transplante, mesmo que o paciente seja doador.
A ética vai ter influência na moral (o agir pessoal).

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Ex: estou em um restaurante, entra um casal gay. Se eu levanto: moral (não é certo ou errado). Eu pedir para eles saírem:
anti-ético, pois ninguém pode ser julgado de acordo com a opção sexual. O ético é respeitar o ser humano, porque ele não
tem qualificação, não classifica. Quando classifica, começa a dividir em gênero, superior ou inferior.

Vender esperma: concepção de moral das pessoas. EUA permite a venda.

Doar para pessoa distante: gera ideia de venda

Doar para o próximo: provar que é amigo ou algum grau parentesco. Se não provar, tem ideia de venda.

Não entender o porquê a pessoa é de uma religião/partido: discriminação.

O bem supremo é? a felicidade? o prazer ? a atividade ? o dever ?

Os valores são essências ? Têm conteúdo determinado, universal, válido em todos os tempos e lugares ? Ou, ao contrário,
são relativos? As respostas a essas e outras questões nos darão as diversas concepções de vida moral elaboradas pelos
filósofos através dos tempos.

A ética determina o agir social: Regras de trato social; Direito; Ética profissional. É a ciência do direito.

A MORAL é o conjunto do que uma comunidade reconhece como certo ou errado. A moral é o pensamento livre sobre a
vida. A moral uma dimensão pessoal, dimensão própria de cada um de nós.

A ÉTICA é sempre o resultado do uso da razão crítica. Julgamento do comportamento moral. Ética é um esforço que
também fazemos para encontrar a melhor forma de conviver. Ética tem uma dimensão coletiva, dimensão universal

1971 - Van Potter criou o termo “bioética”. Onde pegou vários artigos falando sobre experimentos e erros relacionados ao
ser humano e colocou no livro.
“Bioética: Ponte para o Futuro”
O conhecimento biológico associado aos valores humanos.
"Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma
nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos.”

A bioética resumia-se ao Juramento Hipocrático: "Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha
habilidade e julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele".
ACONTECIMENTOS QUE DESENVOLVERAM DIRETRIZES E REGULAMENTOS INTERNACIONAIS PARA A ÉTICA EM
PESQUISA:

Sarah Nery Figorelle – 6º Período


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1900 - Primeiro documento que estabelecia os princípios éticos da experimentação em humanos, formulado pelo
Ministério da Saúde da Prússia. O documento não ultrapassou os limites da Prússia.
Em outra região da Alemanha em 1930: Teste com vacina BCG em 100 crianças sem a obtenção do consentimento de
seus responsáveis levou à morte 75 das crianças no transcurso do projeto, É conhecido como o “desastre de Lübeck”.

1931 – ALEMANHA - 14 “diretrizes para novas terapêuticas e pesquisa em seres humanos”. Padrões técnicos e éticos da
pesquisa, incluindo:
a) justificativa documentada sobre as mudanças em relação ao projeto inicial de pesquisa;
b) a análise sobre possíveis riscos e benefícios prováveis;
c) justificativa em pacientes vulneráveis, como crianças;
d) obrigação documentação escrita relativa às pesquisas.
Não impediu as experiências realizadas na Alemanha durante o período nazista.

1933-1945 – Período nazista e 2º Guerra Mundial. - Três fatos importantes inclui as instituições médicas na formulação
e realização de políticas públicas “eugenistas” e racistas, formuladas desde 1924 por Hitler em seu livro-propaganda:

1) 1933 SOBRE A ESTERILIZAÇÃO


➢ LEI DE 1933 SOBRE A ESTERILIZAÇÃO – “Lei para a prevenção contra uma descendência hereditariamente doente”.
“tribunal de saúde hereditária”;

2) 1939 - SOBRE A EUTANÁSIA DE DOENTES CONSIDERADOS INCURÁVEIS


➢ “vidas que não valiam a pena de serem vividas”: Injeção de morfina-escopolamina ou sufocamento em câmaras
de gás por meio de monóxido de carbono e o inseticida Zyklon B, decidido e controlado por médicos. Que será
amplamente utilizado em Auschwitz a partir de 1941

3) 1941 - CAMPOS DE EXTERMÍNIO


➢ Organizados e controlados pelos mesmos responsáveis do programa de morte por eutanásia.

1 - As experiências ilegais realizadas em prisioneiros de campos de concentração por médicos nazistas durante a Segunda
Guerra Mundial, e o subsequente Julgamento de Nuremberg, em 1946, deram origem ao Código de Nuremberg, que
declara que "o consentimento livre e esclarecido voluntário é absolutamente necessário".

1964 - Declaração de Helsinque enfatizou a importância de formulários de consentimento por escrito. "o bem estar do
ser humano deve ter prioridade sobre os interesses da ciência e da sociedade". Afirma que: "a pesquisa médica só é
justificada se houver uma probabilidade razoável de que as populações entre as quais a pesquisa for realizada obtiverem
benefícios através dos resultados".

Três casos mobilizaram a opinião pública americana:

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1. 1963 – Hospital Israelita de Doenças Crônicas / NY. - Injetaram células cancerosas vivas em idosos doentes

2. 1950 a 1970 – Hospital Estadual de Willowbrook / NY. - Injetaram o vírus da hepatite em crianças com deficiência
mental

3. 1932 a 1972 – Caso Tuskegee, Macom City / Alabama - Maior estudo da história natural de uma doença – Sífilis.

1978 - Relatório Belmont: respeito pelas pessoas, a beneficência e a justiça;

1978 - Tom Beauchamp e James Chidress: Não Maleficência

AUTONOMIA

• Respeito a pessoa;
• Autonomia das pessoas de decidirem;
• Livre-arbítrio – autogovernar;
• Proteção das pessoas com autonomia alterada ou diminuída;
• Aplica-se a todos – capazes, incapazes e vulneráreis;
• Valoriza as opiniões e escolha dos sujeitos
o Decisão voluntária em participar
o Decisão em acatar o tratamento
o Decisão de abandonar Proteção – incapaz e vulnerável

• DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


o A dignidade da pessoa humana é um valor intrínseco ao indivíduo, portanto, indisponível e irrenunciável.

o A dignidade da pessoa humana enquanto valor universal humanístico passou a ser o fundamento das
Constituições dos países democráticos, deslocando a finalidade do Estado para um único ponto, ou seja, o
indivíduo.

o Kant: No reino dos fins tudo tem ou um PREÇO ou uma DIGNIDADE. Quando uma coisa tem um preço, pode-se
pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto
não permite equivalente, então tem ela dignidade.

o Ideal Kantiano de dignidade: O homem não pode dispor do próprio homem para mutilar, degradar ou matar.
Violar os direitos dos homens tenciona servir-se dos outros simplesmente como meios, sem considerar que eles,
como seres racionais que são, devam ser sempre tratados como fins em si mesmos.

Sarah Nery Figorelle – 6º Período


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o Kant: A racionalidade do homem o permite desfrutar de uma liberdade para legislar e, ao mesmo tempo, só
obedecer àquelas leis que ele mesmo se dá. Essa liberdade – que faz o homem se autodeterminar – Kant a
denominou de autonomia da vontade, princípio supremo da moralidade. Logo, àquele que concebe e age sob
sua máxima, como sendo esta um valor universal, reconhecerá os seres racionais como fins em si mesmo. Disso
resulta ser a autonomia o fundamento da dignidade da natureza humana e de toda natureza racional.

o Kant: fins em si mesmo – dignidade. - Weber explica esse fundamento kantiano afirmando que, poder querer
para todos, o que se quer para si, é a máxima expressão da autonomia. Ser autor de leis universais, para um
“reino dos fins” do qual se faz parte como ser racional, é a máxima expressão da liberdade e dignidade.

o A dignidade da pessoa humana como sendo uma qualidade intrínseca e distintiva da cada pessoa, que o faz
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando neste sentido
um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, de forma a garantir-lhe as condições existenciais mínimas para uma vida
saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.

o DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - A sua concepção universal de valor inerente ao homem, não só é fundamento
de muitos Tratados Internacionais, como da maioria das atuais constituições democráticas.

BENEFICIÊNCIA
• Maximizar os benefícios e minimizar os danos ou prejuízos;
• O mais fundamental – Hipócrates;
• Garantir o bem-estar do indivíduo;
• Planejamento sólido e pesquisadores qualificados.

MALEFICIÊNCIA
• Garantir que danos previsíveis serão evitados;
• Os danos jamais poderão superar os benefícios.

JUSTIÇA
• Dar a cada pessoa o que lhe é devido
• Não é justo expor pacientes sem que resulte benefício real.
• Equidade na distribuição dos bens e benefícios
o Projeto de relevancia sócio-humanitária
o Imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios dos sujeitos
o Não ceder aos interesses econômicos

Sarah Nery Figorelle – 6º Período


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SÉCULO XX – “TRIUNFO TECNOLÓGICO” (Humberto Eco) - Novas situações conflitantes e complexas desenvolvem uma
nova ciência: Bioética. Preocupa-se com a moralidade e a racionalidade da conduta humana no campo das ciências.
Natureza pluralista e multidisciplinar.

LINHAS TEMÁTICAS
• Bioética Transcultural
o Valores culturas diferentes
o Bioética ocidental – valoriza o indivíduo
o Bioética oriental – valoriza a comunidade

• Bioética Clínica
o Erro médico – relação profissional / paciente
o Início da Vida (inseminação artificial, aborto, etc)
o Transcorrer da vida (segredo profissional, duração do tratamento ortodôntico, etc)
o Final da vida (eutanásia, morte cerebral, banco de dentes, etc)

• Bioética Social
o Bem-estar da sociedade, da vida no planeta;
o Saúde Pública (fluoretação das águas, humanização, controle da natalidade, etc).

• Bioética em Pesquisa
o Princípios da Ética em Pesquisa tem que ser respaldados por valores da sociedade.
o Diretrizes Internacionais e Nacionais

1996 - RESOLUÇÃO N° 196/96 Conselho Nacional da Saúde - Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
Envolvendo Seres Humanos
INTRODUÇÃO A BIOÉTICA
• As raízes da bioética encontram-se historicamente fincadas no progresso das ciências médicas.
• A bioética é uma ciência da qual o homem é sujeito e não somente objeto.

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MODELOS EXPLICATIVOS EM BIOÉTICA

Após a segunda metade do século XX, a Bioética teve o


seu "nascimento" devido principalmente aos ocorridos
nessa época, como mencionado no post anterior.
Dentre eles podemos citar a tragédia ocorrida nos
campos de concentração durante a Segunda Guerra
Mundial, em que médicos nazistas faziam
Experimentos humanos Mortes durante a Segunda
experimentos absurdos usando seres humanos
durante 2° Guerra Mundial Guerra Mundial
considerados por eles como "inferiores" (judeus,
ciganos, negros, opositores políticos contra Hittler, homossexuais, etc), em nome dos avanços da medicina e da ciência.

Teve também o caso Tuskgee, que


ocorreu nos Estados Unidos usando
negros norte-americanos pobres e
analfabetos para se observar a
progressão natural da sífilis sem
tratamento, os doentes não foram
informados sobre seu diagnóstico,
tinham apenas a informação de
Caso Tuskgee serem portadores de "sangue ruim"
("bad blood") e durante o estudo não
poderiam receber tratamento com penicilina que já estava sendo usada como tratamento para sífilis na época, em troca
eles recebiam tratamento médico gratuito, transporte para a clínica, 1 refeição quente durante o dia e a cobertura das
despesas do funeral.
Esses e outros casos foram divulgados pela imprensa e, a partir disso, viu-se a necessidade de estabelecer princípios para
orientar tais estudos, então em 1978 foi publicado o Relatório Belmont que propôs o estudo com seres humanos seguindo
os princícios de respeito pelas pessoas, à beneficência e a justiça. Foi publicado em 1978, também, o livro "Princípios da
Ética Biomédica" ("Principles of Biomedical Ethics") cujos autores Beuchamp e Chidress abordaram o uso de quatro
princípios para lidar com essas questões éticas envolvendo pesquisas com seres humanos:

1. Respeito à autonomia das pessoas (a vontade das pessoas devem ser respeitadas),
2. Beneficência (fazer sempre o melhor para a pessoas),
3. Não maleficência (não fazer algo que possa prejudicar as pessoas) e
4. Justiça (dar partes iguais para os iguais e partes diferentes para os diferentes de acordo com suas necessidades, ou por
mérito, ou por sorteio, ou por sua contribuição para a sociedade).
Baseado nessas duas publicações surgiu a primeira corrente bioética, o Principialismo, que tem como característica os
princípios morais que regem uma ação, ou seja, são diretrizes que especificam se as ações são permitidas, proibidas ou

Paula de Moura – 6º Período


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requeridas em determinadas circunstâncias. Para a tomada de decisões seguindo o Principialismo, pode-se usar uma das
três abordagens:

1. Aplicação, no qual os quatro princípios devem ser seguidos rigorosamente, sendo assim, ele não se aplica quando há
conflito de interesses entre esses princípios.

2. Especificação, quando há conflito entre os quatro princípios é válido modificar um pouco as regras para que haja
adequação. Ex: "não matar". Mas em caso de um assalto, se for em legítima defesa, pode-se matar. Logo, há uma
mudança da regra para "não matar inocentes".

3. Balanceamento, tende a definir qual princípio é mais importante numa determinada situação a fim de evitar conflito
de interesses. Ex: Um paciente sofreu um acidente de carro e teve uma hemorragia e necessita de uma transfusão
sanguínea, mas esse paciente segue uma religião que proíbe transfusões sanguíneas. O médico usando o
balanceamento determinou que o princípio de beneficência seria mais importante do que o da autonomia do paciente,
e então, realizou a transfusão sanguínea para salvar esse paciente.

Esse modelo explicativo, apesar de ser o mais utilizado, é alvo de críticas devido a falta de hierarquização entre os princípios,
o que gera um conflito de qual princípio é mais importante que o outro.

Outro modelo explicativo é o Utilitarista que observa se uma ação é ou não correta de acordo com as consequências que
ela gera. É baseado em três conceitos principais hierarquizados:

1. Consequencialismo: pensar sempre nas consequências dos seus atos, em que a omissão também é uma ação;
2. Máximo de bem-estar: alcance de um grau elevado de qualidade de vida que a pessoa deseja ter;
3. Agregacionismo: "soma os bens", é melhor um bem-estar maior dividido entre menos pessoas, do que um bem-estar
menor que englobe mais pessoas. Ex: R$100,00 dividido igualmente entre 2 pessoas é melhor do que esses mesmos
R$ 100,00 divididos entre 10 pessoas igualmente.

Esse modelo também recebe criticas, tais quais: como escolher o indivíduo beneficiado com imparcialidade? Seria correto
retirar órgãos de um indivíduo saudável para transplantar a um indivíduo doente e assim ele possa ter a chance de viver
saudavelmente, ou seja, ter o máximo benefício que ele deseja?

Uma forma de consequencialismo que questiona os valores da imparcialidade, equidade (beneficiar os indivíduos de acordo
com sua necessidade particulares) e impessoalidade é a Ética do Cuidar, na qual está baseada em cinco idéias centrais:
atenção moral, compreensão com simpatia, consciência das relações, acomodação e resposta. Lawrence Kohlberg foi o
principal responsável por difundir essas idéias. Em resumo, a ética do cuidar respeita a autonomia do profissional que cuida
e do paciente que é cuidado.

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A Bioética da proteção questiona o principialismo, no quesito de respeito à autonomia das pessoas, foi proposta em 2001
na América Latina por Fermin Roland Schramm e Miguel Kottow e traz a marca de uma bioética nascida nos países
periféricos porque ela leva em conta que pessoas vulneráveis, ou seja, que possuem baixo nível de conhecimento, sem
acesso a médicos e recursos para saúde não tem autonomia para decidir o que é o melhor para elas, ou se realmente
querem participar de um estudo experimental.

Temos também outros modelos explicativos para a bioética que são menos usados, dentre eles:
• Ética Deontológica: segue um conjunto de normas morais, em que o certo é mais importante que o bom;
• Casuística: segue a jurisprudência, ou seja, a tomada de decisões é baseada em casos anteriores (Princípio da "Common
Law").

Podemos dizer que nenhum modelo é melhor que o outro, todos tem seus pontos positivos e negativos e a escolha de um
deles fica a critério de cada um dependendo da situação e do meio onde está.

Paula de Moura – 6º Período


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MODELOS EXPLICATIVOS UTILIZADOS EM BIOÉTICA

JOSÉ ROBERTO GOLDIM

Os diferentes autores da Bioética, como em qualquer outra área de conhecimento, utilizam modelos explicativos para
elaborar a suas propostas. É importante estabelecer uma classificação destes difetrentes modelos como forma de permitir
uma visão abrangente de todas as diferentes perspectivas teóricas que embasam o pensamento bioético contemporâneo.
Serão abordados, de forma sumária, os dez modelos explicativos que vem sendo utilizados.
Os Profs. Tom Beauchamp (Instituto Kennedy de Ética da Universidade Georgetown/EEUU) e James Childress (Universidade
de Virgínia/EEUU) propuseram a existência de três modelos de justificação, que são os seguintes:
▪ Modelo Dedutivista - Principialismo ;
▪ Modelo Indutivista - Casuística;
▪ Modelo Coerentista.
A Profa. Maria do Céu Patrão Neves, da Universidade de Açores/Portugal, propôs uma listagem de modelos explicativos
utilizados pelos diferentes grupos de autores da Bioética. É uma proposta interessante, especialmente para permitir que
as diferentes leituras sejam entendidas de acordo com o seu referencial teórico. Os Modelos Explicativos propostos pela
Profa. Maria do Céu Patrão Neves são os seguintes:
▪ Modelo de Princípios - Principialismo;
▪ Modelo Autonomista;
▪ Modelo da Virtude;
▪ Modelo Casuístico;
▪ Modelo do Cuidado;
▪ Modelo Contemporâneo do Direito Natural;
▪ Modelo Contratualista;
▪ Modelo Personalista.
O Prof. Francesco Bellino (Universidade de Bari/Itália) inclui entre os diferentes modelos possíveis um novo, denominado:
▪ Modelo Ternário.
Nós temos utilizado um novo modelo explicativo para a Bioética que é o modelo baseado na complexidade.
Os diferentes modelos explicativos propostos podem ser avaliados de acordo com alguns critérios propostos para a
construção e validação, que podem ser extremamente úteis para esclarecer as diferenças entre as diferentes propostas.

MODELO DE PRINCÍPIOS - PRINCIPIALISMO

Proposta básica: Este modelo se baseia na caracterização de quatro princípios fundamentais que servem de base para o
agir humano:
• Beneficência;
• Não Maleficência;
• Justiça

MODELOS EXPLICATIVOS UTILIZADOS EM BIOÉTICA - JOSÉ ROBERTO GOLDIM


6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
• Autonomia.
Todos estes quatro princípios são considerados como sendo deveres prima facie. Na edição de 1994, Beauchamp e Childress
alteraram a denominação de seu modelo de principialismo para Moralidade Comum ("common morality"). É uma proposta
individualista e dedutiva.

Crítica: O modelo Principialista estabelece, segundo Maria do Céu Patrão Neves, em seu artigo A Fundamentação
Antropológica da Bioética, não uma proposta de ética, mas sim de uma moral, pois estabelece normas para um agir
adequado.

MODELO DE CASUÍSTICA

Referência histórica: Na Grécia já existia uma corrente de pensamento casuística. Baseia-se, também em parte, na noção
de Aristóteles de ciência e ética.

Proposta básica: O principal elemento deste modelo é o estabelecimento de casos paradigmáticos a partir dos quais são
feitas analogias e comparações com novos casos que se apresentam.
É uma proposta que utiliza uma analogia com o raciocínio utilizado pelas cortes de justiça norte-americanas e inglesas, que
se utilizam de citações de casos pregressos como fonte de jurisprudência. Vale salientar que as sentenças judiciais nestes
países tem um forte embasamento filosófico e moral, constituindo-se em documentos que transcendem ao caso em si.
A grande contribuição deste modelo foi a de permitir exemplificar com casos reais situações anteriormente propostas
apenas de forma teórica. A casuística também trouxe à discussão a importância da analogia e o julgamento prático.
É uma proposta individualista e indutiva.

Crítica: A maior crítica a este modelo tem sido a dificuldade de adequar os casos tidos como paradigmáticos às diferentes
culturas e/ou períodos históricos. A própria seleção de casos paradigmáticos poderia ter um forte componente ideológico
(hegemônico). Os autores europeus criticam seriamente o uso deste modelo.

MODELO COERENTISTA

Referência histórica: Principialismo e Casuística.

Proposta básica: Este modelo propõe a utilização conjunta dos modelos baseados em princípios e em casos. É uma proposta
de integração entre os métodos dedutivos e indutivos, que surgiu na aplicação prática da Bioética. Neste modelo não há
uma prioridade entre as duas abordagens que se integram, por esta característica que Tom Beauchamp e James Childress
(Principles of biomedical ethics. New York: Oxford, 1994:20) propuseram a denominação de Coerentismo.
John Rawls (A theory of justice. Cambridge: HUP, 1971) propos a utilização de um equilíbrio reflexo na abordagem de
situação reais, onde tanto os princípios quanto casos paradigmáticos pregressos deveriam ser utilizados no raciocínio sobre
a sua possível justificação ou solução.

MODELOS EXPLICATIVOS UTILIZADOS EM BIOÉTICA - JOSÉ ROBERTO GOLDIM


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É uma proposta individualista.

Crítica: A maior crítica a esta proposta tem sido a de que não se trataria de fato de um modelo mas sim de uma abordagem
eclética para casos reais.

MODELO DE PRINCÍPIOS - PRINCIPIALISMO

Referência histórica: William Frankena (Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. edição norte-americana original de 1963),
Consequencialismo e Utilitarismo anglo-americano.

Proposta básica: Este modelo se baseia na caracterização de quatro princípios fundamentais que servem de base para o
agir humano:
• Beneficência;
• Não Maleficência;
• Justiça e
• Autonomia.
Todos estes quatro princípios são considerados como sendo deveres prima facie.
Na edição de 1994, Beauchamp e Childress alteraram a denominação de seu modelo de principialismo para Moralidade
Comum ("common morality").
É uma proposta individualista e dedutiva.

Crítica: O modelo Principialista estabelece, segundo Maria do Céu Patrão Neves, em seu artigo A Fundamentação
Antropológica da Bioética, não uma proposta de ética, mas sim de uma moral, pois estabelece normas para um agir
adequado.

MODELO AUTONOMISTA

Referência histórica: Liberalismo norte-americano.

Proposta básica: Propõe a defesa dos direitos e propriedade do indivíduo. Inclui o corpo do indivíduo como sendo de sua
propriedade, e não apenas posse como era até então considerado.
É uma proposta individualista.
Crítica: A maior crítica que pode ser feita a este modelo é a possibilidade de permitir a comercialização de órgãos e o
estabelecimento de contratos em vida para utilização pós-morte do corpo do indivíduo.

MODELO DA VIRTUDE

MODELOS EXPLICATIVOS UTILIZADOS EM BIOÉTICA - JOSÉ ROBERTO GOLDIM


6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Referência histórica: Aristóteles e tradição ética grega.

Proposta básica: A virtude é um traço de caráter que é valorizado socialmente. Uma virtude moral é um traço que tem
valor moral associado. A virtude, tem origem na Grécia com a palavraareté, que também pode ser traduzida
como excelência. Foi traduzida para o latim como virtus, que é a sua raíz em português. Vale salientar que nas culturas
orientais a noção de virtude surgiu no séc. XX a.C. como a capacidade de realizar ou oferecer vida.
Virtude, segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem. Segundo Joaquim Clotet, é a forma de agir que
enobrece a pessoa, que a aperfeiçoa. O contrário é o vício, que degrada ou destrói a pessoa.
De acordo com Aristóteles, as virtudes se aperfeiçoam com o hábito (Ética a Nicômacos. Brasília: UnB, 1992).
Sócrates propunha que: "Tudo é conhecimento, inclusive a justiça, a temperança e a coragem - o que tende a demonstrar
que certamente é possível ensinar a virtude" (citado por Shattuck R. Conhecimento Proibido. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998:20).
Voltaire, em uma carta a Frederico, o grande, em 1737, escreveu que: "a virtude, o estudo e a alegria são três irmãos que
não devem ser separados"
Vauvenargues, em suas Reflexões e Máximas, afirmou: "A utilidade da virtude é tão evidente que os maus a praticam por
interesse."

As principais virtudes listadas por André Comte-Sponville (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. São Paulo: Martins
Fontes, 1997) são:
• Polidez • Gratidão
• Fidelidade • humildade
• Prudência • Simplicidade
• Temperança • Tolerância
• Coragem • Pureza
• justiça • Doçura
• Generosidade • Boa-fé
• compaixão • Humor
• Misericórdia • Amor

É uma proposta baseada em características próprias do indivíduo.

Crítica: Este modelo tem como crítica maior o fato de ser muito difícil, segundo alguns autores, desenvolver virtudes em
pessoas com desenvolvimento psiológico-moral já avançado, como os profissionais de saúde já formados ou em formação.
Emmanuel Kant dizia que as virtudes se aprendem no colo da mãe. Comte-Sponville acredita que as virtudes podem ser
ensinadas principalmente através de modelos de identificação adequados.

MODELO DE CASUÍSTICA

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Referência histórica: Na Grécia já existia uma corrente de pensamento casuística. Baseia-se, também em parte, na noção
de Aristóteles de ciência e ética.

Proposta básica: O principal elemento deste modelo é o estabelecimento de casos paradigmáticos a partir dos quais são
feitas analogias e comparações com novos casos que se apresentam.
É uma proposta que utiliza uma analogia com o raciocínio utilizado pelas cortes de justiça norte-americanas e inglesas, que
se utilizam de citações de casos pregressos como fonte de jurisprudência. Vale salientar que as sentenças judiciais nestes
países tem um forte embasamento filosófico e moral, constituindo-se em documentos que transcendem ao caso em si.
A grande contribuição deste modelo foi a de permitir exemplificar com casos reais situações anteriormente propostas
apenas de forma teórica. A casuística também trouxe à discussão a importância da analogia e o julgamento prático.
É uma proposta individualista e indutiva.

Crítica: A maior crítica a este modelo tem sido a dificuldade de adequar os casos tidos como paradigmáticos às diferentes
culturas e/ou períodos históricos. A própria seleção de casos paradigmáticos poderia ter um forte componente ideológico
(hegemônico). Os autores europeus criticam seriamente o uso deste modelo.

MODELO DO CUIDADO

Referência histórica: Baseia-se na tradição de estudos sobre a pscologia do desenvolvimento, especialmente o


desenvolvimento das justificativas morais. Baseia-se é critica as idéias de Jean Piaget (O Julgamento Moral da Criança) e de
Lawrence Kohlberg (Essays on moral development).

Proposta básica: A autora propõe que existe uma diferença fundamental entre o raciocínio moral masculino e feminino. As
mulheres baseiam, de modo geral, o seu raciocínio moral dentro da noção de cuidado ("care") enquanto que os homens
na de justiça (aspectos legalistas). Este modelo permite identificar inúmeras características diferenciadoras, desde o ponto
de vista do julgamento moral, de homens e mulheres.

Homem Mulher

Moral da Justiça Moral do Cuidado

Concordar Compreender

Igualdade Vínculo

Pensar Sentir

Egoísmo Altruísmo

Teoria Prática

contrário de Justiça- Opressão contrário de Cuidado - Abandono

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Noddings propôs que o cuidado se basta, que ele deve ser a essência. “A noção de cuidado é tudo que é necessário para a
ética de enfermagem do cuidado. Sendo que as enfermeiras cuidam, não há necessidade de regras e princípios universais,
não há necessidade de se preocupar com as idéias tradicionais de imparcialidade e justiça”.
É uma proposta ainda individualista, mas que insere esta pessoa na sociedade.

Crítica: A maior crítica ao Modelo do Cuidado foi feita por Beachamp e Childress (Principles of Biomedical Ethics. New York:
Oxford, 1994:91) por acharem que esta proposta teórica é incompleta, por dar apenas algumas novas contribuições sem
constituir plenamente um novo modelo explicativo. Apesar de ser uma proposta feminista, algumas feministas,
especialmente Susan Sherwin (No longer patient: feminist ethics and health care. Philadelphia: Temple Univ. Press,
1992:49-50) rejeitam este modelo por reforçar o papel histórico de auto-sacrifício das mulheres, de permitir uma visão
apenas parcial da realidade.

MODELO CONTEMPORÂNEO DO DIREITO NATURAL

Referência histórica: Hugo de Groot - Grotius (1583-1645) (De jure belli ac pacis. [1625] Oxford: Clarendon, 1925); John
Locke (1632-1704) (Two treatises of government [1690] London: Penguin, 1968)

Proposta básica: Este modelo é uma proposta de abordagem dentro da Teoria Ética baseada em direitos das pessoas.
Baseia-se na existência de bens fundamentais e finais, sem uma organização hierárquica, que são os seguintes:
• Conhecimento;
• Vida estética;
• Vida lúdica;
• Razão prática;
• Religiosidade;
• Amizade.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
É uma proposta individualista com uma inserção da pessoa na sociedade.

Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito. Não fica claro, igualmente, quais os motivos utilizados para a
seleção destes bens fundamentais especificamente e por que outros não foram incluídos.

MODELO CONTRATUALISTA

Proposta básica: Este modelo propõe uma nova perspectiva nas relações entre médico, paciente e sociedade. A sua
maior contribuição foi a de propor um repensar na forma de relacionamento médico-paciente, rompendo com
tradição ocidental paternalista, oriunda da escola hipocrática. No modelo contratualista o médico mantém a
responsabilidade pelas decisões técnicas, embasando-se na sua competência profissional. Ao paciente cabe decidir de
acordo com o seu estilo de vida, seus valores morais e pessoais. O processo de tomada de decisão deve ocorrer em
um clima de troca de informações e negociação. A negociação caracteriza-se por possibilitar que todos os envolvidos
tenham vantagens no processo. Este modelo estabelece uma nova forma de relação entre o médico e seu paciente,
entre o médico e a sociedade e da relação médico-paciente com a sociedade.
Os princípios que embasam esta proposta são:
▪ beneficência;
▪ proibição de matar;
▪ dizer a verdade;
▪ manter as promessas.
É uma proposta individualista com uma inserção da pessoa na sociedade.

Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito.

MODELO PERSONALISTA

Referência histórica: Fenomenologia e Existencialismo.

Proposta básica: Este modelo é composto por três importantes características:


▪ Alteridade - Lévinas - "O outro é anterior ao eu";
▪ Relacional - Appel - através da Ética da Razão Comunicativa;
▪ Singularidade e universalidade do ser humano.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Uma de suas contribuições mais importantes foi a de propor uma formal discussão sobre o papel do "outro" nas
justificativas para uma tomada de decisão. Introduziu formalmente os "terceiros" como parte fundamental e primeira
deste processo. Outra importante contribuição, a partir da Ética da Razão Comunicativa, foi a de estabelecer regras
claras para um adequado processo de troca de informação.
É uma proposta focalizada na sociedade.

Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito.

MODELO TERNÁRIO

Referência histórica: Principialismo e Casuística.

Proposta básica: O Modelo Ternário, a exemplo do Modelo Coerentista, propõe a utilização conjunta dos modelos
baseados em princípios e em casos. A novidade é introdução de um terceiro elemento, que o autor chama
de obrigações morais. Este componente introduz uma perspectiva de complexidade ao modelo, permitindo a inserção
da incerteza como elemento.
O Modelo Ternário, na visão de Francesco Bellino (Fundamentos de Bioética. Bauru: EDUSC, 1998:215-217), é um
modelo para a análise de problemas morais em Bioética Clínica. A sua proposta divide esta análise em três momentos
distintos:

• Momento I - É a interpretação do problema com base nos deveres prima facie, isto é, nas normas
morais (Princípios). Este modelo segue a proposta de que são devem ser considerados quatro
princípios huierarquizados: princípios primários - Não-Maleficência e Justiça;, e princípios secundários
- Beneficência eAutonomia. Este critério é denominado de "U" (universal);

• Momento II - É a análise do caso em si. É a verificação das situações peculiares que envolvem o
problema em questão. Através da Prudência (Phronesis ou razão prática) utiliza-se a proposta de
epiquéia (ou equidade), sugerida por Aristóteles (Ética a Nicômacos. Brasília: UNB, 1992: para avaliar
as possíveis exceções às normas identificadas. Este critério é denominado de "P" (particular);

• Momento III - É a tomada de decisão realizada com base nas obrigações morais. É a interação entre
os critérios Universal (U) e Particular (P) levando em conta as contingências do problema moral em si.
Este momento introduz a questão da incerteza, das múltiplas alternativas possíveis. A contingência é

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
optar, neste momento e nestas circunstâncias, pela alternativa possível tida como necessária. Este
critério é denominado de "C" (contingente).

É uma proposta individualista, que introduz alguns componentes sociais.

Crítica: A crítica a esta proposta tem sido a de que Diego Gracia considera os princípios
da Não-Maleficência e da Justiça como sendo absolutos. A Beneficência seria sempre
relativa à Autonomia. Se existe princípios absolutos, eles contradizem o próprio Modelo
que os considera como deveres prima facie.

MODELO BIOÉTICA E COMPLEXIDADE

Referência histórica: Principialismo, Casuística, Edgar Morin, Ilya Prigogine e Bioética Profunda de Van Rensselaer
Potter

Proposta básica: Este modelo foi proposto por José Roberto Goldim em 2002 com base na definição de Bioética
Profunda de Potter, buscando uma aproximação dialógica dos referenciais teóricos, como o Principialismo, os Direitos
Humanos, as Virtudes e a Alteridade, entre outros, com os casos paradigmáticos - e nos pressupostos da teoria da
complexidade, utilizando o pensamento de Edgar Morin e Ilya Prigogine e a Ética da Razão Argumentativa de Jurgen
Habermas.
Este modelo propõe uma reflexão integrada dos pensamentos dialético e analítico. A abordagem analítica de um
problema, dilema, conflito ou desconforto ético, engloba os fatos, as suas circunstâncias, a formulação de diferentes
alternativas ou cenários, com as suas respectivas conseqüências possíveis. A abordagem dialética do problema envolve
os diferentes referenciais teóricos e os casos relacionáveis já descritos, que se assemelham a situação em questão.
Utilizando a teoria da complexidade é possível uma reflexão analítica e dialética deste problema, baseando-se no
conjunto destes elementos e não apenas em um deles.
Os fatos e as circunstâncias delimitarão a situação real que está sendo abordada. A descrição dos fatos envolve as
evidências e informações disponíveis. As circunstâncias detalham o fato. Permitem vislumbrar as suas peculiaridades,
as características próprias de cada situação. Na descrição das circunstâncias devem ser levados em conta os diferentes
aspectos morais, legais, religiosos, sociais, econômicos, culturais, psicológicos, biológicos, assistenciais e científicos,
entre outros.
O estabelecimento de cenários, isto é, o levantamento das diferentes alternativas e suas conseqüências é fundamental
para orientar também a tomada de decisão. Os mesmos aspectos utilizados na caracterização das circunstâncias
podem ser utilizados para verificar a adequação ou não das ações possíveis.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Os referenciais teóricos utilizados no Modelo da Bioética Complexa incluem os Princípios, os Direitos Humanos. as
Virtudes e a Alteridade. Todos utilizados como elementos de fundamentação para as justificativas e argumentação.
As Virtudes dão base para comportamentos individuais esperados e tidos como adequados. Os Direitos
Humanos,sejam eles individuais, coletivos ou transpessoais, justificam ações que devem ser realizadas no sentido de
garantir o seu cumprimento e eficácia. Os Princípios devem orientar o raciocínio e não ser apenas um elemento
taxonômico para os dilemas. Eles permitem identificar e verificar conflitos entre diferentes direitos e deveres, sempre
tomados como prima facie, isto é, Princípios que podem ser priorizados ou ponderados, mas não hierarquizados. A
Alteridade inclui a discussão da co-presença ética e da co-responsabilidade sempre presente nas ações humanas. Com
base nos fatos, circunstâncias, alternativas e conseqüências previstas pode ser feita uma reflexão sobre a adequação
de cada uma das alternativas em relação aos diferentes referenciais teóricos possíveis, sem se ater especificamente a
um único como fonte de justificativa.
Os casos pregressos devem ser comparáveis à situação atual. Eles permitem descrever situações onde fatos
semelhantes tiveram seus desdobramentos. É a possibilidade de aprender com a experiência pessoal e alheia. É
possível verificar as conseqüências que determinadas opções geraram. Os casos não devem limitar, mas sim orientar.
A coerência no processo de tomada de decisão deve levar sempre em conta o conjunto de fatos e circunstâncias
envolvidos no caso que está em discussão. Manter uma decisão apenas por coerência, quando houve uma mudança
nos fatos ou circunstâncias, é sinônimo de rigidez, de falta de adaptabilidade.
Os casos e os referenciais teóricos são ferramentas que devem orientar o raciocínio no processo de tomada de decisão.
Os casos metaforicamente poderiam corresponder a um mapa, por representar o caminho já trilhado por outros no
passado. Os referenciais teóricos, tais como os Princípios, Direitos Humanos, Virtudes ou a Alteridade, se
assemelhariam a uma bússola, pois independentemente da situação em si, apontam para uma reflexão já estabelecida
e conhecida. Ambos auxiliam dialeticamente na busca de uma decisão. A reflexão analítica do problema, com seus
fatos, circunstâncias, alternativas e conseqüências, poderia ser comparada a um sextante, que permite localizar e
estabelecer as diversas rotas possíveis para se atingir um destino desejado, com a ajuda da bússola e do mapa. A teoria
da complexidade permite integrar estes diferentes enfoques e a Ética da Razão Comunicativa permite exercer este
modelo na prática.
A Bioética não tem o compromisso de tomar a decisão, ela deve auxiliar o responsável por este processo, refletindo,
balizando e indicando as diferentes alternativas, com as suas consequências, com as reflexões feitas po outras pessoas
e com a experiência já acumulada sobre este problema.
O fundamental neste modelo é não adotar um dos componentes como mais importante que os outros, mas sim ter
uma visão integradora e sincrônica de todo o processo de tomada de decisão.

Crítica: Este modelo não se caracteriza como uma nova proposta, mas sim como uma síntese das várias propostas
anteriores.

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DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

✓ A sua concepção universal de valor inerente ao homem, não só é fundamento de muitos


tratados internacionais, como da maioria das atuais constituições democráticas.

AUTONOMIA
✓ Valoriza as opiniões e escolha dos sujeitos
 Decisão voluntária em participar
 Decisão em acatar o tratamento
 Decisão de abandonar
 Proteção – incapaz e vulnerável

A bioética possui quatro princípios, o primeiro já foi falado, é a AUTONOMIA, a dignidade


está ligada diretamente à autonomia, é tão importante que toda a nossa constituição tem como
base a dignidade da pessoa humana, o código civil também.
A dignidade é o principal princípio na bioética porque como foi mostrado na história, era
dado valor a outro indivíduo e, com isso, haviam pessoas mais valorizadas e pessoas menos
valorizadas, a ideia era quebrar esse conceito. A partir da segunda guerra mundial, esse princípio
da dignidade foi cada vez mais se acentuando para tentar impedir barbaridades.

BENEFICÊNCIA
✓ Maximizar os benefícios e minimizar os danos ou prejuízos (na pesquisa deve-se pensar
nisso)
✓ O mais fundamental – Hipócrates
✓ Garantir o bem estar do indivíduo
✓ Planejamento sólido e pesquisadores qualificados (ter uma revisão bibliográfica muito
boa, como em uma tese de mestrado, delinear o trabalho em cima de conhecimentos
anteriores)

Para fazer uma pesquisa precisa ter um ganho, não pode fazer uma pesquisa apenas
pela curiosidade científica, é necessário que tenha uma justificativa que indique que será boa
para a população, para o indivíduo (objeto da pesquisa).

É preciso que se tenha uma base para iniciar uma pesquisa, não pode utilizar uma
técnica com uma substância nova que não se conheça os efeitos, necessário fazer diversos testes
(in vitro, in vivo) para verificar sua toxidade, até que se saiba um número de toxidade

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
relacionado a uma determinada cobaia (um rato, por exemplo). Se uma nova substância for
testada na cobaia e não trouxe nenhum benefício para o animal, ela é descartada.

Foi descoberta uma substância que com a bactéria do intestino a transforma em uma
proteína, que a bactéria vai metabolizar. A ideia da proteína é pegar a bactéria, que vive no
máximo 45 dias, utilizou essa proteína em cultura, tendo 45% de sobrevida, então ela aumentou
o tempo de vida da bactéria.
Começou a utilizar em ratos, ainda não viu resultados significativos, porque foi para a
parte muscular, começou a correr mais, melhorou em termos de fibras musculares. Em breve,
serão feitos outros estudos, para verificar se há toxidade ou benefícios. Depois que há um
parâmetro, pode partir para o ser humano ou para um animal mais próximo da composição
humana, como o macaco. A expectativa é que essa substância melhore a qualidade de vida do
ser humano e também que haja uma longevidade, está focado nas mitocôndrias, principalmente
muscular, porque a fibra muscular precisa de bastantes mitocôndrias. Com o tempo, a
mitocôndria vai desintegrando – a qualidade - e as substâncias de degradação ficam nas células,
essa substância diminui essa degradação e quando ela degrada ela elimina com facilidade, não
trazendo toxidade para célula. Por isso, é importante estudar toda a teoria, fazer o desenho da
pesquisa, que justifique pelos trabalhos anteriores os benefícios que vai trazer para a população
tomando esse medicamento.

O objeto principal é o ser humano, se não benefícios não tem porque realizar essa
pesquisa. Na área acadêmica, o objetivo das pesquisas é atualizar conhecimento, como ocorreu
com o conceito de cárie ser uma doença infectocontagiosa.

MALEFICÊNCIA
✓ Garantir que danos previsíveis serão evitados
✓ Os danos jamais poderão superar os benefícios

Ás vezes diz o benefício, mas não se diz os malefícios, principalmente com substâncias e
medicamentos, porque pode haver pesquisas que vão trazer benefícios, mas trarão efeitos
colaterais mais graves. Por exemplo, uma substância que melhor o sorriso, mas ao mesmo
tempo está sobrecarregando a pressão, ocasionando uma hipertensão arterial, ter efeito
antagônico ao remédio de pressão.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Em pesquisas com medicação, provou-se que até o animal ela é boa, mas no ser humano
é outra fisiologia pode não ser, sendo que há no mercado outro medicamento para essa doença,
como um antidepressivo – está bom, efeito esperado – mas a nova medicação traz outros
benefícios, ela não diminui o libido, logo, a questão é: vai tirar a medicação que está funcionando
para tentar outra que só sabe que até o animal foi boa, mas e se no ser humano tiver um efeito
rebote (efeito contrário)? Então, não pode tirar a medicação, vai ter que desenhar esse projeto,
com um grupo só com a medicação, outro com a medicação e a nova medicação (falando no
caso da depressão, em que há o risco de suicídio, não se poder retirar a medicação ou no caso
da hipertensão, que seriam 6 meses com a pressão mais elevada, ou seja, fazendo lesões na
artéria do coração). Não pode impedir que o indivíduo tivesse o tratamento sendo que na ciência
já há outro tratamento que é aceito dentro da associação da cardiologia ou da psiquiatria, não
pode ser retirada a medicação. Por isso, esses trabalhos são muitos difíceis de ocorrer porque
podem trazer malefícios.

JUSTIÇA
✓ Dar a cada pessoa o que lhe é devido - Não é justo expor pacientes sem que resulte
benefício real
✓ Equidade na distribuição dos bens e benefícios
 Projeto de relevância sócio-humanitária
 Imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios dos sujeitos
 Não ceder aos interesses econômicos

Justiça é ver a população que vai ser feita a pesquisa, se o paciente é vulnerável, aluno
da instituição, militar, indígena, deficientes mentais, idosos com doenças que diminuem a
autonomia, esses indivíduos serão muito mais protegidas. Na população “normal” vai verificar
se estão sendo trazendo algum privilégio, como na pesquisa só há determinado nível social,
como uma pesquisa que foi feita em Manaus, só em determinados grupos que precisavam de
dinheiro. Por isso, a pesquisa precisa ser aleatória, se não for precisa de uma justificativa muito
boa para aquela situação, como uma pesquisa de gene indígena porque havia baixo índice de
câncer de mama, então queria ver se o gene da indígena era diferente, logo, tinha um porque,
e também trouxe benefícios para a população, como acesso a saúde, educação. Trouxe
benefícios e não apenas usou as mulheres, sendo esse o correto.

Participar de pesquisas na instituição de ensino significa ganhar o tratamento, ter


acessos as clínicas odontológicas disponíveis, logo, há benefício de saúde para ele.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Na clínica, o correto no prontuário é descrever qual é o benefício que o paciente vai ter
com aquela disciplina e os malefícios devem ser avisados, como o fracasso de um implante que
pode não ter ósseo integração ou no caso de não fazer o enxerto e ter uma queda de qualidade
do implante, sendo esta menor porque vai ter uma força menor de mastigação, isso precisa ser
dito. Ás vezes o direito de informação negado ao paciente é o único defeito da técnica, sendo a
técnica cirúrgica bem executada, mas não foi dado o direito de informação (saber benefícios e
malefícios). Há muitos alunos e dentistas que acreditam que se falar tudo que pode ocorrer o
paciente não vai querer iniciar o tratamento ou se mostra vários papéis para assinar já causa a
impressão que vai dar tudo errado. Mas a medida que a cultura vai se espalhando, o profissional
que não oferece a informação sobre os malefícios ou não pede as assinaturas para o paciente,
esse também pode não querer iniciar por pensar que está tentando vender algo que vai dar
errado.

Antigamente, não era necessário o uso de luvas para atendimento, ainda hoje há
aqueles profissionais mais antigos que se recusam a utilizar, mas o paciente que consulta com
ele dificilmente irá voltar, caso dê alguma infecção ele pode ser processado e se não ocorreu a
infecção ele também pode ser processado por causa da sua ética profissional, já que ele não
está obedecendo as normas de biossegurança.
Devido à mudança cultural, é necessário que os documentos existam porque há o
aumento de processos, a complexidade dos tratamentos está aumentando devido ao aumento
da ciência e, com isso, há o aumento da possibilidade de erro, uma chance de falha maior.
Antigamente, havia um ou duas resinas além do amálgama, hoje há um mercado enorme para
a estética.

O judiciário ainda tem em mente que a odontologia não tem a complexidade ligada ao
fisiológico, por isso a grande maioria dos tratamentos da odontologia é visto como de resultado,
se há uma expectativa de resultado muito grande do paciente e o resultado não for alcançado
para ele, ás vezes o resultado seja até bom, funcional e estético, mas dará conflito. Entende 90%
dos casos como de resultado, então quando diz que a cor ou a forma vai ficar de determinado
jeito tem que alcançar esse objetivo, se não o profissional errou porque criou a expectativa no
paciente. Há erros, mas está considerando que tudo foi feito corretamente, porém, a fisiologia
também afeta, mas a ortodontia, por exemplo, é visto como estética e tem que alcançar o
resultado, mesmo havendo a fisiologia envolvida com a reabsorção óssea.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Tem que haver o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o paciente deve
ter autonomia, deve-se falar sobre os benefícios e esclarecer os malefícios, e o que será feito
caso aconteça.

A justiça está mais ligada à relação paciente-profissional. Em uma situação de


reabilitação oral em que o plano de tratamento ficou em R$ 30.000,00, o profissional deve
perceber a condição social do paciente porque se o paciente mora na periferia, ganha R$
2.000,00, tem uma família com 3 ou 4 filhos, não é possível que ele pague esse tratamento.
Então, o juiz vai considerar que agiu de má fé, considerando que foi feito com o objetivo do
paciente se endividar e visando a penhora dos bens do paciente, sendo assim o juiz pode rever
o valor e determinar que pagará apenas R$ 10.000,00 ou R$ 5.000,00 ou pagar praticamente
apenas o valor dos materiais pela má fé que agiu com o paciente. Nem tudo que está escrito no
contrato vale, antigamente era assim, mas no novo código civil os principais são a dignidade da
pessoa humana e a boa fé. Se houver má fé, o contrato se desfaz ou se refaz na justiça para ser
equilibrado para ambas as partes.

SÉCULO XX – “Triunfo tecnológico” (Humberto Eco)


✓ Novas situações conflitantes e complexas desenvolvem uma nova ciência: Bioética
✓ Preocupa-se com a moralidade e a nacionalidade da conduta humana no campo das
ciências
✓ Natureza pluralista e multidisciplinar

Na medida em que a técnica vai avançando vão tendo situações mais conflitantes, como
o transplante de cabeça por conta do problema ético que vai ser gerado. Isso vai trazer várias
ciências discutindo sobre o mesmo assunto, por isso o comitê de ética não pode ter várias
pessoas da mesma ciência, porque cada um vai ter pensamentos diferentes.
INTRODUÇÃO A BIOÉTICA
✓ As raízes da bioética encontram-se historicamente fincadas no progresso das ciências
médicas
✓ A bioética é uma ciência da qual o homem é sujeito e não objeto.

A bioética não é restrita a ciências médicas, vem trazendo o homem como sujeito e não
objeto. Nas pesquisas de antigamente, colocava o ser humano sem direitos, aqueles que não
tinham como recorrer para se defender, a bioética veio para proteger isso.

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6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
Se o indivíduo quer fazer uma pesquisa e injetar uma substância em si mesmo, ele não
pode devido a dignidade da pessoa humana, que é irrenunciável, mesmo que queira ele não
pode porque precisa passar pelo comitê de ética e sem passar pelo comitê não será aprovado
por nenhuma revista.

O indivíduo não pode decidir que vai andar sem cinto de segurança ou sem capacete
porque é a vida dele e é ele quem está em risco, porque se ele sofre um acidente, ele vai envolver
outras pessoas e vai ter gastos para o estado, no EUA é permitido, mas já no Brasil não é
permitido porque há um Sistema Único De Saúde que terá gastos com esse indivíduo, por isso a
maneira de prevenir isso é criando leis. Mas os estímulos que as pessoas mais atendem são os
morais, por isso é importante educar, fazer uma nova cultura em que a pessoa não vai usar o
cinto apenas porque vai ser punida, isso é criar uma nova educação, em que os pais passam para
os filhos.

A moral é pessoal, é o que se faz quando ninguém está vendo, a partir do momento em
que há uma câmera não está agindo pela moral, já é uma situação de ser medo de ser punido,
em qualquer momento que houver uma oportunidade de burlar isso, vai ser burlado. Quando é
algo íntimo das pessoas vai ser automático, são estímulos que estão um pouco errado. Mas que
são medidas que são necessárias em alguns momentos, em outros é a educação.

Um neurocientista criou um chip, através de uma pesquisa conseguiu codificar o


pensamento motor e o computador traduz para um movimento robótico. Foi perguntado sobre
a possibilidade disto evoluir tanto e isso funcionar com um HD, em que teria informações
armazenadas e seriam acessadas porque está naquele chip, e a possibilidade é grande. Também
estão desenvolvendo isso para a parte sensorial, que nada mais é do que uma interpretação do
sistema nervoso, quando toca um objeto quem está fazendo toda a interpretação é o cérebro e
não a mão, está sendo feita uma linha de pesquisa para quando o robô pegar uma lata ele sinta
a textura, a temperatura. Qual seria o problema bioético se inventasse o chip para o indivíduo
ter o seu HD para acessar quando quiser? Condição financeira. Quem tiver dinheiro, vai poder
acessar isso. Não vai haver uma deslealdade na competição de trabalho, quem tiver dinheiro vai
estar em um status superior.

Se houvesse realmente um gene da inteligência a questão seria que só poderia ser


liberado se fosse para todos ou então para ninguém, porque à medida que libera algo em que a
condição financeira determina quem vai ter, vai haver a classe dos superdotados e vai estar

MODELOS EXPLICATIVOS UTILIZADOS EM BIOÉTICA - JOSÉ ROBERTO GOLDIM


6º Período - Odontologia – UniFOA – Bioética
superior, os outros que não vão ter essa condição vão estar sempre inferiores. Então, não está
sendo uma seleção natural e, sim, uma condição mecânica, artificial, produzida pelo homem em
que o fator econômico vai definir que esses indivíduos serão os escolhidos. O fator bioético vai
questionar isso, vai tentar impedir, vai fazer força através dos direitos humanos, todos os países
signatários que assinaram os direitos humanos terão que seguir isso, claro que vai haver aqueles
que não irão seguir até mesmo nos países que assinaram e vão tentar fazer em outros países
que serão liberados, mas vai ter uma pressão econômica e até mesmo militar que vai tentar
impedir isso. Pode não impedir, mas a bioética vai questionar para que seja o menos desnivelado
possível, se é tem que ser para todos que quiserem e que o governo financie, para diminuir esse
desnível. A bioética é uma tentativa para fazer o mundo melhor.

Existiu um momento em que inventou a máquina da diálise, o problema que surgiu não
foi só o dinheiro em sim, mas sim quem iria usar a máquina e qual seria o critério (Econômico?
Idade? Especifico de uma doença? Ordem de chegada?), como seria definido quem tem mais
chance de sobrevida? Criou um problema, porque não tinha um tempo hábil para produzir em
larga escala para todo o EUA. Por isso, foi proposto um encontro multidisciplinar para definir o
critério de classificação do uso da máquina e ser o menos injusto possível, antes quem decidia
essas situações eram médicos e isso foi quebrado porque chamou outras ciências para chegar
ao senso comum.

No transplante, o mais jovem vai entrar na fila primeiro que o mais velho e há uma linha
de chegada sim, mas existe uma escolha de genes compatíveis, há uma pessoa de 70 anos e um
jovem de 16 anos na lista de espera do transplante de rim, quem vai receber vai ser o jovem
porque tem mais chances de sobrevida. A idade do órgão doado não vai influenciar porque
quem está esperando a doação já está com o órgão quase sem funcionar, por exemplo, se vier
um rim de uma pessoa de 50 anos já vai valer a pena, mas existem os marcadores genéticos que
vai definir se pode receber esse órgão.

O problema ético do transplante de coração era o conceito de vida, qual era o momento
da morte? Antes da primeira cirurgia, o conceito era morte cardiorrespiratória, quando foi
realizada a cirurgia de transplante teria que considerar quem a realizou um assassino, ou
aceitava a mudança do conceito de vida, lógico que já havia vindo sendo estudado o conceito
de morte cerebral e o conceito de vida foi passado para morte cerebral.

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População vulnerável está relacionada com a questão de justiça, como indígena, militar,
estudante, incapacidade absoluta ou relativa, indivíduos com doença mental, idosos, etc.

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