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MORAL: É o conjunto das regras ou normas de conduta admitidas por uma sociedade ou por um grupo de homens em
determinada época. Assim, o homem moral é aquele que age BEM ou MAL na medida em que ACATA ou TRANSGRIDE
as regras do grupo. É também a livre e consciente aceitação das normas. Isso significa que o ato só é propriamente moral
se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma.
Moral: tem uma dimensão individual, porém tem um pouco do coletivo. Escolha ao agir de uma forma.
• NATURAL
• POSITIVA
o Autonômica – consciência de cada um
o Religiosa
o Social – critério de bem da sociedade
Ex: um homem após uma festa de madrugada, resolve passar em uma loja de conveniência para comprar algo para comer.
Ao chegar lá, ele percebeu que tinha gastado o dinheiro todo e viu que não ia ter como comprar e enfiou no bolso e foi
embora. Essa atitude que ele cometeu é moral, ou seja, ele teve uma livre escolha. Ao olhar para cima ele viu uma plaquinha
“sorria, você está sendo filmado”, com isso ele ficou com medo e acabou não pegando. Nesse momento ele não teve moral,
ou seja, ele não agiu com livre espontânea vontade, ele agiu com medo de dar problema.
Quando age em qualquer situação da vida de livre escolha, dimensão pessoal, isso é moral.
A base disso é pelo PLATÃO, onde criou uma historinha para explicar. “Existia um pastor que encontrou um anel, ao colocar
o anel ele ficava invisível. A partir daí ele começou a fazer tudo o que ele queria, só coisa ruim pela sociedade.” Antes ele
agia não pela moral dele, ele agia por uma imposição da sociedade que dizia como ele tinha que agir. Quando ele ficou sem
fiscalização e sem controle, ele começou a mostrar a moral dele sendo ruim ou não para sociedade.
MORAL é quando você age quando está sozinho sem ninguém te ver, sem ser ruim ou bom e é individual.
Ex: Os radares servem para pegar o indivíduo que ultrapassa a velocidade permitida. Um indivíduo ao passar por ele vai
reduzir, ou seja, ele não está agindo com moral pois está com medo de ser pego.
A melhora da moral na sociedade não se dá reprimindo, batendo ou censurando e sim nas escolas e educação familiar,
onde a ética depois a ética vai direcionar para saber o que é bom ou ruim.
Sarah Nery Figorelle – 6º Período
Odontologia – UniFOA – Bioética
A moral é como se fosse uma balança entre: força, moral, fiscalização e controle. Por mais moral uma pessoa tenha e essa
for membro da sociedade, maior vai ser a moral e menor vai ser a força, ou seja, menores serão os meios de fiscalização.
Obs: só com a fiscalização, não está trazendo moral.
Ao pegar um jornal e furtar sem ninguém estar vendo e achar que não é a pior coisa do mundo pelo fato de alguém ter
deixado ali, isso seria moral da pessoa que furtou.
Alguns acham que a moral nasce do indivíduo e isso é ruim para sociedade. Então ao longo do tempo ele pode sendo
modificado e tendo outras experiências. A grande maioria entende que a moral é adquirida, ou seja, o indivíduo vai sendo
formado durante o seu crescimento. No momento em que ele estiver sozinho e sem fiscalização é o momento em que ele
vai demonstrar a sua moral. Ao colocar controle, fiscalização e força está desmoralizando que no contexto quer dizer que
está controlando valores ruins.
Ao colocar um radar nas estradas, está deixando o indivíduo sem moral para realizar suas escolhas, ou seja, está
desmoralizando. Uma estrada moralizante é uma sem controle onde cada indivíduo pudesse escolhe sua velocidade.
Ex: uma pessoa vai à uma banca pega um jornal e paga porque sabe que tem alguém lá que vai receber – não é moral. -
Uma pessoa pega um jornal e dá o dinheiro sem ter ninguém – moral.
No conjunto da sociedade vai saber o que é bem e o que é mau, pois ela quem vai acabar criando o que é certo e o errado
para aquela sociedade. Não quer dizer em si que seja certo ou errado para uma outra sociedade, mas para aquele conjunto
de pessoas agir da forma deles que é o certo ou errado, com isso não existe um valor absoluto.
A ÉTICA tem uma dimensão social universal, ou seja, da sociedade. Aí vamos pensar, raciocinar e questionar o que é
certo/errado para uma certa comunidade e colocar como regra para todos. Se for agir como regra para todos, está agindo
de forma ética e se for individual é moral, porém esse individual acaba em certa medida pertencendo a comunidade. Um
exemplo disso é que todo mundo passa o sinal vermelho em um certo horário da noite pelo fato de não ter ninguém na rua
e por segurança pessoal, porém não tem nenhuma lei escrita que diga que em um certo horário da noite pode passar no
sinal vermelho.
Qualquer família forma moral, não existindo moral certa/ errada. A sociedade depois em conjunto vai começar a definir o
que é certo/errado. Ex: em uma sociedade em que casar uma menina entre 10-11 anos moralmente não tem problema
nenhum sem pensar em direitos humanos, leis e ética e sim na moral deles, mas para outra sociedade pode ser um absurdo.
A ética é a disciplina filosófica que se preocupa com a reflexão a respeito das nações e princípios que fundamentaram a
vida moral.
Quando for falar individualmente é moral, agora se for convivência social é ética.
O que é bem e o mau? Não há uma resposta correta. A resposta dependerá do fundamento (argumento ou origem).
• Vontade divina (religião): princípio será universal, absoluto. Não tem como questionar Deus dentro dessa
concepção de o que é bom ou mau.
• Própria consciência: princípio será relativo.
Quem tem a vontade divina na vida é difícil aceitar a própria consciência, pois ela vai contra, ou seja, diz o contrário. A
própria consciência diz que os seres humanos com a sua evolução e convivência estabeleceu os limites do que pode e o
que não pode, por isso que ela é relativa, pois vai depender da cultura da sociedade que vai determinar o certo e o errado.
O que se tem na nossa cultura hoje é tentar hierarquizar os valores.
Há uma hierarquia de valores? Os valores que dirão o que é certo/errado em cada cultura. Se for divina, vão ser os valores
absolutos.
Ex: direito/valor a vida, é absoluto e não se discute. Na própria consciência vai ser relativo.
Na nossa cultura a vida não é um direito absoluto, já que o aborto é legalmente permitido em certos casos como estupro,
anencéfalo, riscos de vida para mãe. E em caso de legitima defesa, mas só se a agressão for no mesmo nível, uma facada e
um tiro. Se uma pessoa dá uma facada em outra e essa da 5 ou 6 tiros no agressor da faca, não é legitima defesa. Na
legitima defesa tem que ser no mesmo nível, ou seja, no máximo um tiro para derrubar a pessoa. O aborto vai ter uma
discussão maior, pois na ciência não tem nada definido. Vão ter três teorias: concepção, implantação e formação do sistema
nervoso.
Andar sem cinto: Gera custo para o estado, pois ele vai ter que financiar o tratamento.
Amputar o braço: se uma pessoa for no medico e quiser amputar seu braço por uma vontade, não pode. Agora se o braço
estiver gangrenando, ele pode, pois, tem uma justificativa médica para a amputação.
Vasectomia: é reversível
Um médico africano fez o transplante de sangue, mas ele tinha que ser julgado criminalmente, pois ele matou a pessoa em
que ele tirou o coração e o conceito não tinha mudado ainda. Com isso, julgava ele como criminoso ou aceitava que a morte
é cerebral. Com isso, o conceito de morte não é cardiopulmonar e sim cerebral. O cérebro não consegue mais manter o
coração vivo. Além disso, a família tem que autorizar o transplante, mesmo que o paciente seja doador.
A ética vai ter influência na moral (o agir pessoal).
Doar para o próximo: provar que é amigo ou algum grau parentesco. Se não provar, tem ideia de venda.
Os valores são essências ? Têm conteúdo determinado, universal, válido em todos os tempos e lugares ? Ou, ao contrário,
são relativos? As respostas a essas e outras questões nos darão as diversas concepções de vida moral elaboradas pelos
filósofos através dos tempos.
A ética determina o agir social: Regras de trato social; Direito; Ética profissional. É a ciência do direito.
A MORAL é o conjunto do que uma comunidade reconhece como certo ou errado. A moral é o pensamento livre sobre a
vida. A moral uma dimensão pessoal, dimensão própria de cada um de nós.
A ÉTICA é sempre o resultado do uso da razão crítica. Julgamento do comportamento moral. Ética é um esforço que
também fazemos para encontrar a melhor forma de conviver. Ética tem uma dimensão coletiva, dimensão universal
1971 - Van Potter criou o termo “bioética”. Onde pegou vários artigos falando sobre experimentos e erros relacionados ao
ser humano e colocou no livro.
“Bioética: Ponte para o Futuro”
O conhecimento biológico associado aos valores humanos.
"Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma
nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos.”
A bioética resumia-se ao Juramento Hipocrático: "Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha
habilidade e julgamento; abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele".
ACONTECIMENTOS QUE DESENVOLVERAM DIRETRIZES E REGULAMENTOS INTERNACIONAIS PARA A ÉTICA EM
PESQUISA:
1931 – ALEMANHA - 14 “diretrizes para novas terapêuticas e pesquisa em seres humanos”. Padrões técnicos e éticos da
pesquisa, incluindo:
a) justificativa documentada sobre as mudanças em relação ao projeto inicial de pesquisa;
b) a análise sobre possíveis riscos e benefícios prováveis;
c) justificativa em pacientes vulneráveis, como crianças;
d) obrigação documentação escrita relativa às pesquisas.
Não impediu as experiências realizadas na Alemanha durante o período nazista.
1933-1945 – Período nazista e 2º Guerra Mundial. - Três fatos importantes inclui as instituições médicas na formulação
e realização de políticas públicas “eugenistas” e racistas, formuladas desde 1924 por Hitler em seu livro-propaganda:
1 - As experiências ilegais realizadas em prisioneiros de campos de concentração por médicos nazistas durante a Segunda
Guerra Mundial, e o subsequente Julgamento de Nuremberg, em 1946, deram origem ao Código de Nuremberg, que
declara que "o consentimento livre e esclarecido voluntário é absolutamente necessário".
1964 - Declaração de Helsinque enfatizou a importância de formulários de consentimento por escrito. "o bem estar do
ser humano deve ter prioridade sobre os interesses da ciência e da sociedade". Afirma que: "a pesquisa médica só é
justificada se houver uma probabilidade razoável de que as populações entre as quais a pesquisa for realizada obtiverem
benefícios através dos resultados".
2. 1950 a 1970 – Hospital Estadual de Willowbrook / NY. - Injetaram o vírus da hepatite em crianças com deficiência
mental
3. 1932 a 1972 – Caso Tuskegee, Macom City / Alabama - Maior estudo da história natural de uma doença – Sífilis.
AUTONOMIA
• Respeito a pessoa;
• Autonomia das pessoas de decidirem;
• Livre-arbítrio – autogovernar;
• Proteção das pessoas com autonomia alterada ou diminuída;
• Aplica-se a todos – capazes, incapazes e vulneráreis;
• Valoriza as opiniões e escolha dos sujeitos
o Decisão voluntária em participar
o Decisão em acatar o tratamento
o Decisão de abandonar Proteção – incapaz e vulnerável
o A dignidade da pessoa humana enquanto valor universal humanístico passou a ser o fundamento das
Constituições dos países democráticos, deslocando a finalidade do Estado para um único ponto, ou seja, o
indivíduo.
o Kant: No reino dos fins tudo tem ou um PREÇO ou uma DIGNIDADE. Quando uma coisa tem um preço, pode-se
pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto
não permite equivalente, então tem ela dignidade.
o Ideal Kantiano de dignidade: O homem não pode dispor do próprio homem para mutilar, degradar ou matar.
Violar os direitos dos homens tenciona servir-se dos outros simplesmente como meios, sem considerar que eles,
como seres racionais que são, devam ser sempre tratados como fins em si mesmos.
o Kant: fins em si mesmo – dignidade. - Weber explica esse fundamento kantiano afirmando que, poder querer
para todos, o que se quer para si, é a máxima expressão da autonomia. Ser autor de leis universais, para um
“reino dos fins” do qual se faz parte como ser racional, é a máxima expressão da liberdade e dignidade.
o A dignidade da pessoa humana como sendo uma qualidade intrínseca e distintiva da cada pessoa, que o faz
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando neste sentido
um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, de forma a garantir-lhe as condições existenciais mínimas para uma vida
saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.
o DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - A sua concepção universal de valor inerente ao homem, não só é fundamento
de muitos Tratados Internacionais, como da maioria das atuais constituições democráticas.
BENEFICIÊNCIA
• Maximizar os benefícios e minimizar os danos ou prejuízos;
• O mais fundamental – Hipócrates;
• Garantir o bem-estar do indivíduo;
• Planejamento sólido e pesquisadores qualificados.
MALEFICIÊNCIA
• Garantir que danos previsíveis serão evitados;
• Os danos jamais poderão superar os benefícios.
JUSTIÇA
• Dar a cada pessoa o que lhe é devido
• Não é justo expor pacientes sem que resulte benefício real.
• Equidade na distribuição dos bens e benefícios
o Projeto de relevancia sócio-humanitária
o Imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios dos sujeitos
o Não ceder aos interesses econômicos
LINHAS TEMÁTICAS
• Bioética Transcultural
o Valores culturas diferentes
o Bioética ocidental – valoriza o indivíduo
o Bioética oriental – valoriza a comunidade
• Bioética Clínica
o Erro médico – relação profissional / paciente
o Início da Vida (inseminação artificial, aborto, etc)
o Transcorrer da vida (segredo profissional, duração do tratamento ortodôntico, etc)
o Final da vida (eutanásia, morte cerebral, banco de dentes, etc)
• Bioética Social
o Bem-estar da sociedade, da vida no planeta;
o Saúde Pública (fluoretação das águas, humanização, controle da natalidade, etc).
• Bioética em Pesquisa
o Princípios da Ética em Pesquisa tem que ser respaldados por valores da sociedade.
o Diretrizes Internacionais e Nacionais
1996 - RESOLUÇÃO N° 196/96 Conselho Nacional da Saúde - Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
Envolvendo Seres Humanos
INTRODUÇÃO A BIOÉTICA
• As raízes da bioética encontram-se historicamente fincadas no progresso das ciências médicas.
• A bioética é uma ciência da qual o homem é sujeito e não somente objeto.
1. Respeito à autonomia das pessoas (a vontade das pessoas devem ser respeitadas),
2. Beneficência (fazer sempre o melhor para a pessoas),
3. Não maleficência (não fazer algo que possa prejudicar as pessoas) e
4. Justiça (dar partes iguais para os iguais e partes diferentes para os diferentes de acordo com suas necessidades, ou por
mérito, ou por sorteio, ou por sua contribuição para a sociedade).
Baseado nessas duas publicações surgiu a primeira corrente bioética, o Principialismo, que tem como característica os
princípios morais que regem uma ação, ou seja, são diretrizes que especificam se as ações são permitidas, proibidas ou
1. Aplicação, no qual os quatro princípios devem ser seguidos rigorosamente, sendo assim, ele não se aplica quando há
conflito de interesses entre esses princípios.
2. Especificação, quando há conflito entre os quatro princípios é válido modificar um pouco as regras para que haja
adequação. Ex: "não matar". Mas em caso de um assalto, se for em legítima defesa, pode-se matar. Logo, há uma
mudança da regra para "não matar inocentes".
3. Balanceamento, tende a definir qual princípio é mais importante numa determinada situação a fim de evitar conflito
de interesses. Ex: Um paciente sofreu um acidente de carro e teve uma hemorragia e necessita de uma transfusão
sanguínea, mas esse paciente segue uma religião que proíbe transfusões sanguíneas. O médico usando o
balanceamento determinou que o princípio de beneficência seria mais importante do que o da autonomia do paciente,
e então, realizou a transfusão sanguínea para salvar esse paciente.
Esse modelo explicativo, apesar de ser o mais utilizado, é alvo de críticas devido a falta de hierarquização entre os princípios,
o que gera um conflito de qual princípio é mais importante que o outro.
Outro modelo explicativo é o Utilitarista que observa se uma ação é ou não correta de acordo com as consequências que
ela gera. É baseado em três conceitos principais hierarquizados:
1. Consequencialismo: pensar sempre nas consequências dos seus atos, em que a omissão também é uma ação;
2. Máximo de bem-estar: alcance de um grau elevado de qualidade de vida que a pessoa deseja ter;
3. Agregacionismo: "soma os bens", é melhor um bem-estar maior dividido entre menos pessoas, do que um bem-estar
menor que englobe mais pessoas. Ex: R$100,00 dividido igualmente entre 2 pessoas é melhor do que esses mesmos
R$ 100,00 divididos entre 10 pessoas igualmente.
Esse modelo também recebe criticas, tais quais: como escolher o indivíduo beneficiado com imparcialidade? Seria correto
retirar órgãos de um indivíduo saudável para transplantar a um indivíduo doente e assim ele possa ter a chance de viver
saudavelmente, ou seja, ter o máximo benefício que ele deseja?
Uma forma de consequencialismo que questiona os valores da imparcialidade, equidade (beneficiar os indivíduos de acordo
com sua necessidade particulares) e impessoalidade é a Ética do Cuidar, na qual está baseada em cinco idéias centrais:
atenção moral, compreensão com simpatia, consciência das relações, acomodação e resposta. Lawrence Kohlberg foi o
principal responsável por difundir essas idéias. Em resumo, a ética do cuidar respeita a autonomia do profissional que cuida
e do paciente que é cuidado.
Temos também outros modelos explicativos para a bioética que são menos usados, dentre eles:
• Ética Deontológica: segue um conjunto de normas morais, em que o certo é mais importante que o bom;
• Casuística: segue a jurisprudência, ou seja, a tomada de decisões é baseada em casos anteriores (Princípio da "Common
Law").
Podemos dizer que nenhum modelo é melhor que o outro, todos tem seus pontos positivos e negativos e a escolha de um
deles fica a critério de cada um dependendo da situação e do meio onde está.
Os diferentes autores da Bioética, como em qualquer outra área de conhecimento, utilizam modelos explicativos para
elaborar a suas propostas. É importante estabelecer uma classificação destes difetrentes modelos como forma de permitir
uma visão abrangente de todas as diferentes perspectivas teóricas que embasam o pensamento bioético contemporâneo.
Serão abordados, de forma sumária, os dez modelos explicativos que vem sendo utilizados.
Os Profs. Tom Beauchamp (Instituto Kennedy de Ética da Universidade Georgetown/EEUU) e James Childress (Universidade
de Virgínia/EEUU) propuseram a existência de três modelos de justificação, que são os seguintes:
▪ Modelo Dedutivista - Principialismo ;
▪ Modelo Indutivista - Casuística;
▪ Modelo Coerentista.
A Profa. Maria do Céu Patrão Neves, da Universidade de Açores/Portugal, propôs uma listagem de modelos explicativos
utilizados pelos diferentes grupos de autores da Bioética. É uma proposta interessante, especialmente para permitir que
as diferentes leituras sejam entendidas de acordo com o seu referencial teórico. Os Modelos Explicativos propostos pela
Profa. Maria do Céu Patrão Neves são os seguintes:
▪ Modelo de Princípios - Principialismo;
▪ Modelo Autonomista;
▪ Modelo da Virtude;
▪ Modelo Casuístico;
▪ Modelo do Cuidado;
▪ Modelo Contemporâneo do Direito Natural;
▪ Modelo Contratualista;
▪ Modelo Personalista.
O Prof. Francesco Bellino (Universidade de Bari/Itália) inclui entre os diferentes modelos possíveis um novo, denominado:
▪ Modelo Ternário.
Nós temos utilizado um novo modelo explicativo para a Bioética que é o modelo baseado na complexidade.
Os diferentes modelos explicativos propostos podem ser avaliados de acordo com alguns critérios propostos para a
construção e validação, que podem ser extremamente úteis para esclarecer as diferenças entre as diferentes propostas.
Proposta básica: Este modelo se baseia na caracterização de quatro princípios fundamentais que servem de base para o
agir humano:
• Beneficência;
• Não Maleficência;
• Justiça
Crítica: O modelo Principialista estabelece, segundo Maria do Céu Patrão Neves, em seu artigo A Fundamentação
Antropológica da Bioética, não uma proposta de ética, mas sim de uma moral, pois estabelece normas para um agir
adequado.
MODELO DE CASUÍSTICA
Referência histórica: Na Grécia já existia uma corrente de pensamento casuística. Baseia-se, também em parte, na noção
de Aristóteles de ciência e ética.
Proposta básica: O principal elemento deste modelo é o estabelecimento de casos paradigmáticos a partir dos quais são
feitas analogias e comparações com novos casos que se apresentam.
É uma proposta que utiliza uma analogia com o raciocínio utilizado pelas cortes de justiça norte-americanas e inglesas, que
se utilizam de citações de casos pregressos como fonte de jurisprudência. Vale salientar que as sentenças judiciais nestes
países tem um forte embasamento filosófico e moral, constituindo-se em documentos que transcendem ao caso em si.
A grande contribuição deste modelo foi a de permitir exemplificar com casos reais situações anteriormente propostas
apenas de forma teórica. A casuística também trouxe à discussão a importância da analogia e o julgamento prático.
É uma proposta individualista e indutiva.
Crítica: A maior crítica a este modelo tem sido a dificuldade de adequar os casos tidos como paradigmáticos às diferentes
culturas e/ou períodos históricos. A própria seleção de casos paradigmáticos poderia ter um forte componente ideológico
(hegemônico). Os autores europeus criticam seriamente o uso deste modelo.
MODELO COERENTISTA
Proposta básica: Este modelo propõe a utilização conjunta dos modelos baseados em princípios e em casos. É uma proposta
de integração entre os métodos dedutivos e indutivos, que surgiu na aplicação prática da Bioética. Neste modelo não há
uma prioridade entre as duas abordagens que se integram, por esta característica que Tom Beauchamp e James Childress
(Principles of biomedical ethics. New York: Oxford, 1994:20) propuseram a denominação de Coerentismo.
John Rawls (A theory of justice. Cambridge: HUP, 1971) propos a utilização de um equilíbrio reflexo na abordagem de
situação reais, onde tanto os princípios quanto casos paradigmáticos pregressos deveriam ser utilizados no raciocínio sobre
a sua possível justificação ou solução.
Crítica: A maior crítica a esta proposta tem sido a de que não se trataria de fato de um modelo mas sim de uma abordagem
eclética para casos reais.
Referência histórica: William Frankena (Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. edição norte-americana original de 1963),
Consequencialismo e Utilitarismo anglo-americano.
Proposta básica: Este modelo se baseia na caracterização de quatro princípios fundamentais que servem de base para o
agir humano:
• Beneficência;
• Não Maleficência;
• Justiça e
• Autonomia.
Todos estes quatro princípios são considerados como sendo deveres prima facie.
Na edição de 1994, Beauchamp e Childress alteraram a denominação de seu modelo de principialismo para Moralidade
Comum ("common morality").
É uma proposta individualista e dedutiva.
Crítica: O modelo Principialista estabelece, segundo Maria do Céu Patrão Neves, em seu artigo A Fundamentação
Antropológica da Bioética, não uma proposta de ética, mas sim de uma moral, pois estabelece normas para um agir
adequado.
MODELO AUTONOMISTA
Proposta básica: Propõe a defesa dos direitos e propriedade do indivíduo. Inclui o corpo do indivíduo como sendo de sua
propriedade, e não apenas posse como era até então considerado.
É uma proposta individualista.
Crítica: A maior crítica que pode ser feita a este modelo é a possibilidade de permitir a comercialização de órgãos e o
estabelecimento de contratos em vida para utilização pós-morte do corpo do indivíduo.
MODELO DA VIRTUDE
Proposta básica: A virtude é um traço de caráter que é valorizado socialmente. Uma virtude moral é um traço que tem
valor moral associado. A virtude, tem origem na Grécia com a palavraareté, que também pode ser traduzida
como excelência. Foi traduzida para o latim como virtus, que é a sua raíz em português. Vale salientar que nas culturas
orientais a noção de virtude surgiu no séc. XX a.C. como a capacidade de realizar ou oferecer vida.
Virtude, segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem. Segundo Joaquim Clotet, é a forma de agir que
enobrece a pessoa, que a aperfeiçoa. O contrário é o vício, que degrada ou destrói a pessoa.
De acordo com Aristóteles, as virtudes se aperfeiçoam com o hábito (Ética a Nicômacos. Brasília: UnB, 1992).
Sócrates propunha que: "Tudo é conhecimento, inclusive a justiça, a temperança e a coragem - o que tende a demonstrar
que certamente é possível ensinar a virtude" (citado por Shattuck R. Conhecimento Proibido. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998:20).
Voltaire, em uma carta a Frederico, o grande, em 1737, escreveu que: "a virtude, o estudo e a alegria são três irmãos que
não devem ser separados"
Vauvenargues, em suas Reflexões e Máximas, afirmou: "A utilidade da virtude é tão evidente que os maus a praticam por
interesse."
As principais virtudes listadas por André Comte-Sponville (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. São Paulo: Martins
Fontes, 1997) são:
• Polidez • Gratidão
• Fidelidade • humildade
• Prudência • Simplicidade
• Temperança • Tolerância
• Coragem • Pureza
• justiça • Doçura
• Generosidade • Boa-fé
• compaixão • Humor
• Misericórdia • Amor
Crítica: Este modelo tem como crítica maior o fato de ser muito difícil, segundo alguns autores, desenvolver virtudes em
pessoas com desenvolvimento psiológico-moral já avançado, como os profissionais de saúde já formados ou em formação.
Emmanuel Kant dizia que as virtudes se aprendem no colo da mãe. Comte-Sponville acredita que as virtudes podem ser
ensinadas principalmente através de modelos de identificação adequados.
MODELO DE CASUÍSTICA
Proposta básica: O principal elemento deste modelo é o estabelecimento de casos paradigmáticos a partir dos quais são
feitas analogias e comparações com novos casos que se apresentam.
É uma proposta que utiliza uma analogia com o raciocínio utilizado pelas cortes de justiça norte-americanas e inglesas, que
se utilizam de citações de casos pregressos como fonte de jurisprudência. Vale salientar que as sentenças judiciais nestes
países tem um forte embasamento filosófico e moral, constituindo-se em documentos que transcendem ao caso em si.
A grande contribuição deste modelo foi a de permitir exemplificar com casos reais situações anteriormente propostas
apenas de forma teórica. A casuística também trouxe à discussão a importância da analogia e o julgamento prático.
É uma proposta individualista e indutiva.
Crítica: A maior crítica a este modelo tem sido a dificuldade de adequar os casos tidos como paradigmáticos às diferentes
culturas e/ou períodos históricos. A própria seleção de casos paradigmáticos poderia ter um forte componente ideológico
(hegemônico). Os autores europeus criticam seriamente o uso deste modelo.
MODELO DO CUIDADO
Proposta básica: A autora propõe que existe uma diferença fundamental entre o raciocínio moral masculino e feminino. As
mulheres baseiam, de modo geral, o seu raciocínio moral dentro da noção de cuidado ("care") enquanto que os homens
na de justiça (aspectos legalistas). Este modelo permite identificar inúmeras características diferenciadoras, desde o ponto
de vista do julgamento moral, de homens e mulheres.
Homem Mulher
Concordar Compreender
Igualdade Vínculo
Pensar Sentir
Egoísmo Altruísmo
Teoria Prática
Crítica: A maior crítica ao Modelo do Cuidado foi feita por Beachamp e Childress (Principles of Biomedical Ethics. New York:
Oxford, 1994:91) por acharem que esta proposta teórica é incompleta, por dar apenas algumas novas contribuições sem
constituir plenamente um novo modelo explicativo. Apesar de ser uma proposta feminista, algumas feministas,
especialmente Susan Sherwin (No longer patient: feminist ethics and health care. Philadelphia: Temple Univ. Press,
1992:49-50) rejeitam este modelo por reforçar o papel histórico de auto-sacrifício das mulheres, de permitir uma visão
apenas parcial da realidade.
Referência histórica: Hugo de Groot - Grotius (1583-1645) (De jure belli ac pacis. [1625] Oxford: Clarendon, 1925); John
Locke (1632-1704) (Two treatises of government [1690] London: Penguin, 1968)
Proposta básica: Este modelo é uma proposta de abordagem dentro da Teoria Ética baseada em direitos das pessoas.
Baseia-se na existência de bens fundamentais e finais, sem uma organização hierárquica, que são os seguintes:
• Conhecimento;
• Vida estética;
• Vida lúdica;
• Razão prática;
• Religiosidade;
• Amizade.
Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito. Não fica claro, igualmente, quais os motivos utilizados para a
seleção destes bens fundamentais especificamente e por que outros não foram incluídos.
MODELO CONTRATUALISTA
Proposta básica: Este modelo propõe uma nova perspectiva nas relações entre médico, paciente e sociedade. A sua
maior contribuição foi a de propor um repensar na forma de relacionamento médico-paciente, rompendo com
tradição ocidental paternalista, oriunda da escola hipocrática. No modelo contratualista o médico mantém a
responsabilidade pelas decisões técnicas, embasando-se na sua competência profissional. Ao paciente cabe decidir de
acordo com o seu estilo de vida, seus valores morais e pessoais. O processo de tomada de decisão deve ocorrer em
um clima de troca de informações e negociação. A negociação caracteriza-se por possibilitar que todos os envolvidos
tenham vantagens no processo. Este modelo estabelece uma nova forma de relação entre o médico e seu paciente,
entre o médico e a sociedade e da relação médico-paciente com a sociedade.
Os princípios que embasam esta proposta são:
▪ beneficência;
▪ proibição de matar;
▪ dizer a verdade;
▪ manter as promessas.
É uma proposta individualista com uma inserção da pessoa na sociedade.
Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito.
MODELO PERSONALISTA
Crítica: Este proposta não tem, de acordo com alguns autores, todos os requisitos teóricos necessários para se
constituir em um modelo explicativo propriamente dito.
MODELO TERNÁRIO
Proposta básica: O Modelo Ternário, a exemplo do Modelo Coerentista, propõe a utilização conjunta dos modelos
baseados em princípios e em casos. A novidade é introdução de um terceiro elemento, que o autor chama
de obrigações morais. Este componente introduz uma perspectiva de complexidade ao modelo, permitindo a inserção
da incerteza como elemento.
O Modelo Ternário, na visão de Francesco Bellino (Fundamentos de Bioética. Bauru: EDUSC, 1998:215-217), é um
modelo para a análise de problemas morais em Bioética Clínica. A sua proposta divide esta análise em três momentos
distintos:
• Momento I - É a interpretação do problema com base nos deveres prima facie, isto é, nas normas
morais (Princípios). Este modelo segue a proposta de que são devem ser considerados quatro
princípios huierarquizados: princípios primários - Não-Maleficência e Justiça;, e princípios secundários
- Beneficência eAutonomia. Este critério é denominado de "U" (universal);
• Momento II - É a análise do caso em si. É a verificação das situações peculiares que envolvem o
problema em questão. Através da Prudência (Phronesis ou razão prática) utiliza-se a proposta de
epiquéia (ou equidade), sugerida por Aristóteles (Ética a Nicômacos. Brasília: UNB, 1992: para avaliar
as possíveis exceções às normas identificadas. Este critério é denominado de "P" (particular);
• Momento III - É a tomada de decisão realizada com base nas obrigações morais. É a interação entre
os critérios Universal (U) e Particular (P) levando em conta as contingências do problema moral em si.
Este momento introduz a questão da incerteza, das múltiplas alternativas possíveis. A contingência é
Crítica: A crítica a esta proposta tem sido a de que Diego Gracia considera os princípios
da Não-Maleficência e da Justiça como sendo absolutos. A Beneficência seria sempre
relativa à Autonomia. Se existe princípios absolutos, eles contradizem o próprio Modelo
que os considera como deveres prima facie.
Referência histórica: Principialismo, Casuística, Edgar Morin, Ilya Prigogine e Bioética Profunda de Van Rensselaer
Potter
Proposta básica: Este modelo foi proposto por José Roberto Goldim em 2002 com base na definição de Bioética
Profunda de Potter, buscando uma aproximação dialógica dos referenciais teóricos, como o Principialismo, os Direitos
Humanos, as Virtudes e a Alteridade, entre outros, com os casos paradigmáticos - e nos pressupostos da teoria da
complexidade, utilizando o pensamento de Edgar Morin e Ilya Prigogine e a Ética da Razão Argumentativa de Jurgen
Habermas.
Este modelo propõe uma reflexão integrada dos pensamentos dialético e analítico. A abordagem analítica de um
problema, dilema, conflito ou desconforto ético, engloba os fatos, as suas circunstâncias, a formulação de diferentes
alternativas ou cenários, com as suas respectivas conseqüências possíveis. A abordagem dialética do problema envolve
os diferentes referenciais teóricos e os casos relacionáveis já descritos, que se assemelham a situação em questão.
Utilizando a teoria da complexidade é possível uma reflexão analítica e dialética deste problema, baseando-se no
conjunto destes elementos e não apenas em um deles.
Os fatos e as circunstâncias delimitarão a situação real que está sendo abordada. A descrição dos fatos envolve as
evidências e informações disponíveis. As circunstâncias detalham o fato. Permitem vislumbrar as suas peculiaridades,
as características próprias de cada situação. Na descrição das circunstâncias devem ser levados em conta os diferentes
aspectos morais, legais, religiosos, sociais, econômicos, culturais, psicológicos, biológicos, assistenciais e científicos,
entre outros.
O estabelecimento de cenários, isto é, o levantamento das diferentes alternativas e suas conseqüências é fundamental
para orientar também a tomada de decisão. Os mesmos aspectos utilizados na caracterização das circunstâncias
podem ser utilizados para verificar a adequação ou não das ações possíveis.
Crítica: Este modelo não se caracteriza como uma nova proposta, mas sim como uma síntese das várias propostas
anteriores.
AUTONOMIA
✓ Valoriza as opiniões e escolha dos sujeitos
Decisão voluntária em participar
Decisão em acatar o tratamento
Decisão de abandonar
Proteção – incapaz e vulnerável
BENEFICÊNCIA
✓ Maximizar os benefícios e minimizar os danos ou prejuízos (na pesquisa deve-se pensar
nisso)
✓ O mais fundamental – Hipócrates
✓ Garantir o bem estar do indivíduo
✓ Planejamento sólido e pesquisadores qualificados (ter uma revisão bibliográfica muito
boa, como em uma tese de mestrado, delinear o trabalho em cima de conhecimentos
anteriores)
Para fazer uma pesquisa precisa ter um ganho, não pode fazer uma pesquisa apenas
pela curiosidade científica, é necessário que tenha uma justificativa que indique que será boa
para a população, para o indivíduo (objeto da pesquisa).
É preciso que se tenha uma base para iniciar uma pesquisa, não pode utilizar uma
técnica com uma substância nova que não se conheça os efeitos, necessário fazer diversos testes
(in vitro, in vivo) para verificar sua toxidade, até que se saiba um número de toxidade
Foi descoberta uma substância que com a bactéria do intestino a transforma em uma
proteína, que a bactéria vai metabolizar. A ideia da proteína é pegar a bactéria, que vive no
máximo 45 dias, utilizou essa proteína em cultura, tendo 45% de sobrevida, então ela aumentou
o tempo de vida da bactéria.
Começou a utilizar em ratos, ainda não viu resultados significativos, porque foi para a
parte muscular, começou a correr mais, melhorou em termos de fibras musculares. Em breve,
serão feitos outros estudos, para verificar se há toxidade ou benefícios. Depois que há um
parâmetro, pode partir para o ser humano ou para um animal mais próximo da composição
humana, como o macaco. A expectativa é que essa substância melhore a qualidade de vida do
ser humano e também que haja uma longevidade, está focado nas mitocôndrias, principalmente
muscular, porque a fibra muscular precisa de bastantes mitocôndrias. Com o tempo, a
mitocôndria vai desintegrando – a qualidade - e as substâncias de degradação ficam nas células,
essa substância diminui essa degradação e quando ela degrada ela elimina com facilidade, não
trazendo toxidade para célula. Por isso, é importante estudar toda a teoria, fazer o desenho da
pesquisa, que justifique pelos trabalhos anteriores os benefícios que vai trazer para a população
tomando esse medicamento.
O objeto principal é o ser humano, se não benefícios não tem porque realizar essa
pesquisa. Na área acadêmica, o objetivo das pesquisas é atualizar conhecimento, como ocorreu
com o conceito de cárie ser uma doença infectocontagiosa.
MALEFICÊNCIA
✓ Garantir que danos previsíveis serão evitados
✓ Os danos jamais poderão superar os benefícios
Ás vezes diz o benefício, mas não se diz os malefícios, principalmente com substâncias e
medicamentos, porque pode haver pesquisas que vão trazer benefícios, mas trarão efeitos
colaterais mais graves. Por exemplo, uma substância que melhor o sorriso, mas ao mesmo
tempo está sobrecarregando a pressão, ocasionando uma hipertensão arterial, ter efeito
antagônico ao remédio de pressão.
JUSTIÇA
✓ Dar a cada pessoa o que lhe é devido - Não é justo expor pacientes sem que resulte
benefício real
✓ Equidade na distribuição dos bens e benefícios
Projeto de relevância sócio-humanitária
Imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios dos sujeitos
Não ceder aos interesses econômicos
Justiça é ver a população que vai ser feita a pesquisa, se o paciente é vulnerável, aluno
da instituição, militar, indígena, deficientes mentais, idosos com doenças que diminuem a
autonomia, esses indivíduos serão muito mais protegidas. Na população “normal” vai verificar
se estão sendo trazendo algum privilégio, como na pesquisa só há determinado nível social,
como uma pesquisa que foi feita em Manaus, só em determinados grupos que precisavam de
dinheiro. Por isso, a pesquisa precisa ser aleatória, se não for precisa de uma justificativa muito
boa para aquela situação, como uma pesquisa de gene indígena porque havia baixo índice de
câncer de mama, então queria ver se o gene da indígena era diferente, logo, tinha um porque,
e também trouxe benefícios para a população, como acesso a saúde, educação. Trouxe
benefícios e não apenas usou as mulheres, sendo esse o correto.
Antigamente, não era necessário o uso de luvas para atendimento, ainda hoje há
aqueles profissionais mais antigos que se recusam a utilizar, mas o paciente que consulta com
ele dificilmente irá voltar, caso dê alguma infecção ele pode ser processado e se não ocorreu a
infecção ele também pode ser processado por causa da sua ética profissional, já que ele não
está obedecendo as normas de biossegurança.
Devido à mudança cultural, é necessário que os documentos existam porque há o
aumento de processos, a complexidade dos tratamentos está aumentando devido ao aumento
da ciência e, com isso, há o aumento da possibilidade de erro, uma chance de falha maior.
Antigamente, havia um ou duas resinas além do amálgama, hoje há um mercado enorme para
a estética.
O judiciário ainda tem em mente que a odontologia não tem a complexidade ligada ao
fisiológico, por isso a grande maioria dos tratamentos da odontologia é visto como de resultado,
se há uma expectativa de resultado muito grande do paciente e o resultado não for alcançado
para ele, ás vezes o resultado seja até bom, funcional e estético, mas dará conflito. Entende 90%
dos casos como de resultado, então quando diz que a cor ou a forma vai ficar de determinado
jeito tem que alcançar esse objetivo, se não o profissional errou porque criou a expectativa no
paciente. Há erros, mas está considerando que tudo foi feito corretamente, porém, a fisiologia
também afeta, mas a ortodontia, por exemplo, é visto como estética e tem que alcançar o
resultado, mesmo havendo a fisiologia envolvida com a reabsorção óssea.
Na medida em que a técnica vai avançando vão tendo situações mais conflitantes, como
o transplante de cabeça por conta do problema ético que vai ser gerado. Isso vai trazer várias
ciências discutindo sobre o mesmo assunto, por isso o comitê de ética não pode ter várias
pessoas da mesma ciência, porque cada um vai ter pensamentos diferentes.
INTRODUÇÃO A BIOÉTICA
✓ As raízes da bioética encontram-se historicamente fincadas no progresso das ciências
médicas
✓ A bioética é uma ciência da qual o homem é sujeito e não objeto.
A bioética não é restrita a ciências médicas, vem trazendo o homem como sujeito e não
objeto. Nas pesquisas de antigamente, colocava o ser humano sem direitos, aqueles que não
tinham como recorrer para se defender, a bioética veio para proteger isso.
O indivíduo não pode decidir que vai andar sem cinto de segurança ou sem capacete
porque é a vida dele e é ele quem está em risco, porque se ele sofre um acidente, ele vai envolver
outras pessoas e vai ter gastos para o estado, no EUA é permitido, mas já no Brasil não é
permitido porque há um Sistema Único De Saúde que terá gastos com esse indivíduo, por isso a
maneira de prevenir isso é criando leis. Mas os estímulos que as pessoas mais atendem são os
morais, por isso é importante educar, fazer uma nova cultura em que a pessoa não vai usar o
cinto apenas porque vai ser punida, isso é criar uma nova educação, em que os pais passam para
os filhos.
A moral é pessoal, é o que se faz quando ninguém está vendo, a partir do momento em
que há uma câmera não está agindo pela moral, já é uma situação de ser medo de ser punido,
em qualquer momento que houver uma oportunidade de burlar isso, vai ser burlado. Quando é
algo íntimo das pessoas vai ser automático, são estímulos que estão um pouco errado. Mas que
são medidas que são necessárias em alguns momentos, em outros é a educação.
Existiu um momento em que inventou a máquina da diálise, o problema que surgiu não
foi só o dinheiro em sim, mas sim quem iria usar a máquina e qual seria o critério (Econômico?
Idade? Especifico de uma doença? Ordem de chegada?), como seria definido quem tem mais
chance de sobrevida? Criou um problema, porque não tinha um tempo hábil para produzir em
larga escala para todo o EUA. Por isso, foi proposto um encontro multidisciplinar para definir o
critério de classificação do uso da máquina e ser o menos injusto possível, antes quem decidia
essas situações eram médicos e isso foi quebrado porque chamou outras ciências para chegar
ao senso comum.
No transplante, o mais jovem vai entrar na fila primeiro que o mais velho e há uma linha
de chegada sim, mas existe uma escolha de genes compatíveis, há uma pessoa de 70 anos e um
jovem de 16 anos na lista de espera do transplante de rim, quem vai receber vai ser o jovem
porque tem mais chances de sobrevida. A idade do órgão doado não vai influenciar porque
quem está esperando a doação já está com o órgão quase sem funcionar, por exemplo, se vier
um rim de uma pessoa de 50 anos já vai valer a pena, mas existem os marcadores genéticos que
vai definir se pode receber esse órgão.
O problema ético do transplante de coração era o conceito de vida, qual era o momento
da morte? Antes da primeira cirurgia, o conceito era morte cardiorrespiratória, quando foi
realizada a cirurgia de transplante teria que considerar quem a realizou um assassino, ou
aceitava a mudança do conceito de vida, lógico que já havia vindo sendo estudado o conceito
de morte cerebral e o conceito de vida foi passado para morte cerebral.