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O Conselho de Segurança,
Reafirmando seu empenho para que continuem sendo aplicadas plenamente
suas resoluções 1325 (2000), 1612 (2005), 1674 (2006), 1820 (2008) e 1882 (2009)
e todas as declarações presidenciais pertinentes,
Acolhendo com satisfação o relatório do Secretário-Geral de 16 de julho
de 2009 (S/2009/362), mas ainda profundamente preocupado com a falta de
progresso a respeito da questão da violência sexual em situações de conflito armado,
em particular contra mulheres e crianças, e especialmente contra as meninas, e
observando que, como se evidencia no relatório do Secretário-Geral, a violência
sexual ocorre em conflitos armados em todo o mundo,
Reiterando sua profunda preocupação com o fato de que, apesar de sua
repetida condenação da violência contra mulheres e crianças, inclusive todas as
formas de violência sexual em situações de conflito armado, e não obstante seus
apelos dirigidos a todas as partes em conflitos armados para que acabem
imediatamente com esses atos, tais atos continuam ocorrendo e em algumas
situações se tornaram sistemáticos e generalizados,
Recordando os compromissos anunciados na Declaração e Plataforma de Ação
de Pequim (A/52/231), bem como aqueles contidos no documento final do
vigésimo-terceiro período extraordinário de sessões da Assembleia Geral intitulado
“A mulher no ano 2000: igualdade entre gêneros, desenvolvimento e paz para o
século XXI” (A/S-23/10/Rev.1), especialmente os relativos às mulheres e conflitos
armados,
Reafirmando também as obrigações dos Estados Partes na Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e seu
Protocolo Facultativo, na Convenção sobre os Direitos da Criança e seus Protocolo s
Facultativos, e instando os Estados que ainda não o fizeram a considerarem
possibilidade de ratificá-los ou a aderir a eles,
Recordando que o direito internacional humanitário confere às mulheres e
crianças uma proteção geral como parte da população civil durante conflitos
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armados e uma proteção especial em razão do fato de que podem correr riscos
particulares,
Recordando responsabilidade que incumbe aos Estados de acabar com a
impunidade e processar os responsáveis de genocídio, crimes contra humanidade,
crimes de guerra e outros crimes atrozes perpetrados contra civis e, a respeito,
observando com preocupação que apenas um número limitado de responsáveis de
atos de violência sexual compareceram diante da justiça, reconhecendo ao mesmo
tempo que, em situações de conflito ou pós-conflito, os sistemas de justiça nacionais
podem encontrar-se sumamente debilitados,
Reafirmando ser essencial acabar com a impunidade para que uma sociedade
em conflito ou que esteja recuperando-se de um conflito possa enfrentar a realidade
dos abusos cometidos no passado contra civis afetados pelo conflito armado e evitar
esses abusos no futuro, assinalando a variedade de mecanismos de justiça e
reconciliação que podem ser considerados, inclusive os tribunais penais nacionais,
internacionais e “mistos” e as comissões da verdade e da reconciliação, e
observando que esses mecanismos podem promover não somente a
responsabilização individual por crimes graves, como também a paz, a verdade, a
reconciliação e os direitos das vítimas,
Recordando a inclusão de uma série de crimes de violência sexual no Estatuto
de Roma do Tribunal Penal Internacional e nos estatutos d os tribunais penais
internacionais especiais,
Destacando a necessidade de que todos os Estados e os atores não estatais nos
conflitos cumpram plenamente suas obrigações conforme o direito internacional
aplicável, inclusive a proibição de todas as formas de violência sexual,
Reconhecendo a necessidade de que os dirigentes civis e militares, de acordo
com o princípio da responsabilidade do comando, demonstrem compromisso e
vontade política de prevenir a violência sexual e de combater a impunidade e impor
a responsabilização, e que a inação pode transmitir a mensagem de que a violência
sexual nos conflitos é tolerável,
Sublinhando a importância de enfrentar as questões relativas à violência sexual
desde o início dos processos de paz e das gestões de mediação, para proteger a
população em perigo e promover a estabilidade plena, em especial no que se refere
aos acordos sobre acesso da assistência humanitária e sobre direitos humanos
prévios a um cessar-fogo, às disposições relativas a acordos de cessar-fogo e a
fiscalização de seu cumprimento, ao desarmamento, desmobilização e reintegração,
à reforma do setor da segurança, à justiça e reparações, e à reconstrução e
desenvolvimento pós-conflito,
Observando com preocupação a insuficiente representação das mulheres nos
processos de paz oficiais, a falta de mediadores e supervisores de cessar-fogos
devidamente capacitados para enfrentar casos de violência sexual, e a falta de
mulheres entre os principais responsáveis da mediação nas conversações de paz
patrocinadas pelas Nações Unidas,
Reconhecendo que a promoção e o empoderamento da mulher e o apoio às
organizações e redes de mulheres são essenciais na consolidação da paz para
promover a participação plena e igualitária da mulher e encorajando os Estados
Membros, os doadores e a sociedade civil, inclusive as organizações não-
governamentais, a prestar apoio nesse sentido,
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Acolhendo com satisfação que nas atribuam a mulheres funções civis, militares
e policiais nas missões de manutenção da paz, e reconhecendo que as mulheres e
crianças afetadas por conflitos armados talvez se sintam mais seguras, nas missões
de manutenção da paz, colaborando com mulheres ou denunciando abusos a elas, e
que a presença de pessoal feminino de manutenção da paz talvez encoraje as
mulheres locais a participarem nas forças armadas e de segurança nacionais,
contribuindo assim a estabelecer um sector de segurança acessível e sensível às
necessidades de todos, especialmente das mulheres,
Acolhendo com satisfação as atividades do Departamento de Operações de
Manutenção da Paz destinadas a preparar diretrizes em matéria de género para o
pessoal militar das operações de manutenção da paz a fim de facilitar a aplicação
das resoluções 1325 (2000) e 1820 (2008), e diretrizes operacionais para ajudar os
componentes civil, militar e policial das missões de manutenção da paz a aplicarem
efetivamente a resolução 1820 (2008),
Tendo examinado o relatório do Secretário-Geral de 16 de julho de 2009
(S/2009/362) e destacando que a presente resolução não tem por objeto determinar
juridicamente se as situações nele referidas são ou não conflitos armados no
contexto das Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais, nem prejulga a
condição jurídica dos atores não estatais envolvidos nessas situações,
Recordando a decisão que adotou em sua resolução 1882 (2009), de 4 de
agosto de 2009 (S/RES/1882) de ampliar a lista incluída no anexo do relatório anual
do Secretário-Geral sobre crianças e conflitos armados, na qual figuram as partes
em situações de conflito armado que recrutam ou utilizam crianças em violação do
direito internacional para que essa lista inclua também as partes em um conflito
armado que, contrariando o direito internacional aplicável, cometam habitualmente
assassinatos e mutilações de crianças, bem como estupros e outros atos de violência
sexual contra crianças em situações de conflito armado,
Observando a função atribuída ao Escritório da Assessora Especial sobre
Questões de Género de supervisionar a aplicação da resolução 1325 (2000) e
promover a incorporação da perspectiva de gênero no sistema das Nações Unidas, o
empoderamento da mulher e a igualdade entre os gêneros, e registrando a
importância de uma coordenação efetiva dentro do sistema das Nações Unidas
nesses âmbitos,
Reconhecendo que os Estados têm a responsabilidade primordial de respeitar e
garantir os direitos humanos de seus cidadãos e de todas as pessoas que se
encontrem em seu território, de acordo com o direito internacional pertinente,
Reafirmando que as partes nos conflitos armados têm a responsabilidade
primária de adotar todas as medidas possíveis para assegurar a proteção dos civis
afetados,
Reiterando sua responsabilidade primária pela manutenção da paz e da
segurança internacionais e, a este respeito, seu compromisso de continuar
enfrentando as consequências generalizadas dos conflitos armados sobre os civis,
inclusive no que concerne à violência sexual,
1. Reafirma que a violência sexual, quando se utiliza ou se faz utilizar como
tática de guerra dirigida deliberadamente contra civis ou como parte de um ataque
generalizado ou sistemático contra populações civis, pode agravar
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e a capacitarem adequadamente todo seu pessoal militar e policial para cumprir suas
funções;
20. Solicita ao Secretário-Geral que assegure a prestação de apoio técnico
aos países contribuintes de tropas e policiais a fim de incluírem, na capacitação
prévia ao desdobramento e na formação inicial, orientação para o pessoal militar e
policial sobre formas de enfrentar a violência sexual;
21. Solicita ao Secretário-Geral que prossiga e intensifique os esforços para
aplicar a política de tolerância zero da exploração e do abuso sexuais nas operações
de manutenção da paz das Nações Unidas, e insta os países contribuintes de tropas e
policiais a adotarem medidas preventivas apropriadas, inclusive mediante a
conscientização antes do desdobramento e no teatro de operações, bem como outras
medidas para garantir a responsabilização plena nos casos de co nduta desse tipo que
envolvam seu pessoal;
22. Solicita ao Secretário-Geral que siga instruindo todas as entidades das
Nações Unidas pertinentes a adotarem medidas concretas para incorporar
sistematicamente as questões de gênero em suas respectivas instituições, por meio,
entre outros, da alocação de recursos humanos e financeiros suficientes em todos os
escritórios e departamentos competentes e no terreno, e a estreitarem, no marco dos
respectivos mandatos, sua cooperação e coordenação no enfrentamento da questão
da violência sexual em conflitos armados;
23. Insta os representantes especiais do Secretário-Geral competentes e o
Coordenador da Ajuda de Emergência a que, com apoio estratégico e técnico da rede
da Campanha das Nações Unidas, colaborem com os Estados Membros para
formular estratégias abrangentes concertadas em conjuntamente pelas Nações
Unidas e os governos para enfrentarem a violência sexual, em consulta com todos os
interessados pertinentes, e a proporcionarem periodicamente informação atualizada
nos relatórios regulares que apresentam à Sede;
24. Solicita ao Secretário-Geral assegurar que se informe mais
sistematicamente sobre as tendências, as novas modalidades de ataque e os
indicadores de alerta antecipado no que concerne à violência sexual em conflitos
armados em todos os relatórios pertinentes apresentados ao Conselho, e encoraja os
representantes especiais do Secretário-Geral, o Coordenador da Ajuda de
Emergência, a Alta Comissária para os Direitos Humanos, a Relatora Especial sobre
a Violência contra a Mulher e os Presidentes da Campanha das Nações Unidas a
proporcionarem ao Conselho, em coordenação com o Representante Especial
mencionado, exposições orais e documentação adicional sobre a violência sexual em
conflitos armados;
25. Solicita ao Secretário-Geral que inclua em seus relatórios periódicos
sobre cada operação de manutenção da paz, conforme corresponda, informação
sobre as medidas que adotadas para proteger civis, em particular mulheres e
crianças, da violência sexual;
26. Solicita ao Secretário-Geral que, considerando as propostas que figuram
em seu relatório, bem como quaisquer outros elementos pertinentes, prepare com
urgência, e preferivelmente num prazo de três meses, propostas concretas sobre
modos de fiscalizar de maneira mais eficaz e eficiente dentro do sistema atual das
Nações Unidas a proteção das mulheres e crianças contra o estupro e outros tipos de
violência sexual em situações de conflito armado e situações pós-conflito e sobre
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