Você está na página 1de 159

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL


SUBSECRETARIA DE ATENDIMENTO ÀS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

MANUAL DE OFICINAS DAS


UNIDADES SOCIOEDUCATIVAS

1
Sumário
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 6
1. CONSTRUINDO UMA OFICINA.............................................................................................. 7
1.1. Público Alvo e Justificativa (Para quem e porquê?) .................................................... 7
1.2. Objetivos (Para que?) ................................................................................................... 8
1.3. Metodologia (Como?) ................................................................................................... 8
2. EQUIPE DE OFICINAS ............................................................................................................ 9
2.1. Coordenador ............................................................................................................... 10
2.2. Educador ..................................................................................................................... 10
2.2.1. Orientações gerais aos educadores ................................................................... 11
3. OFICINAS ............................................................................................................................. 12
3.1. Eixo: Abordagem familiar comunitária ...................................................................... 12
3.1.1. Oficina: “Qual é a da família hoje?” .................................................................. 13
3.1.2. Oficina: A Pessoa Significativa – ampliando o conceito de família................... 15
3.1.3. Oficina: Coletivo pais e filhos ............................................................................. 17
3.1.4. Oficina: Os personagens da minha história ....................................................... 18
3.1.5. Oficina: A família na medida .............................................................................. 19
3.1.6. Oficina: A família na rede ................................................................................... 20
3.1.7. Oficina: Uma expedição pelo território ............................................................. 22
3.1.8. Oficina: Ensinando e aprendendo... – Conhecendo e transmitindo habilidades
artísticas da família............................................................................................................. 24
3.1.9. Oficina: Visitando a medida ............................................................................... 25
3.2. Eixo: Escolarização ...................................................................................................... 26
3.2.1. Oficina: Incentivo aos estudos ........................................................................... 27
3.2.1.1. Oficina: Leitura de Mapas .......................................................................... 27
3.2.1.2. Oficina: Monitoria....................................................................................... 29
3.2.1.3. Oficina: Leitura de gráficos ......................................................................... 29
3.2.1.4. Oficina: Ortografia e significado de palavras – forca e palavra cruzada .. 30
3.2.1.5. Oficina: Ortografia e significado das palavras - Jogo do dicionário .......... 30
3.2.1.6. Oficina: Estudo e pesquisa coletiva............................................................ 31
3.2.1.7. Oficina: Filme e escola ................................................................................ 31
3.2.2. Oficina: Mundo da Leitura.................................................................................. 33
3.2.3. Oficina: Escrita de diário..................................................................................... 36

2
3.3. Eixo: Profissionalização .............................................................................................. 38
3.3.1. Oficina: Orientação Profissional......................................................................... 38
3.3.1.1. Oficina: Qual é seu sonho? ......................................................................... 39
3.3.1.2. Oficina: Trabalhando as competências básicas para o trabalho ............... 40
3.3.1.3. Oficina: Conhecendo as profissões e o mundo do trabalho ..................... 41
3.3.1.4. Oficina: Árvore genealógica das profissões ............................................... 42
3.3.1.5. Oficina: O que é trabalho? O que é emprego? .......................................... 44
3.3.1.6. Oficina: Interesses, habilidades e competências ....................................... 45
3.3.1.7. Oficina: Elaboração de currículos, e preenchimento de fichas cadastrais
46
3.3.1.8. Oficina: Onde encontrar vagas de trabalho ............................................... 48
3.3.1.9. Oficina: Como se portar em uma entrevista de emprego ......................... 49
3.4. Eixo: Saúde .................................................................................................................. 50
3.4.1. Oficina: Autoestima e saúde .............................................................................. 50
3.4.2. Oficina: Saúde do homem .................................................................................. 52
3.4.3. Oficina: Saúde da mulher ................................................................................... 52
3.4.4. Oficina: Sexualidade e afetividade – O que as famílias têm a dizer? ............... 53
3.4.5. Oficina: Identidade sexual e orientação do desejo ........................................... 55
3.4.6. Oficina: sobre a Sexualidade .............................................................................. 58
3.4.7. Oficina: DST: o que devo saber? ......................................................................... 59
3.4.8. Oficina: DST/AIDS “verdades” e “mitos” ........................................................... 61
3.4.9. Oficina: Rede de saúde ....................................................................................... 62
3.4.10. Oficina: sobre Gripe ............................................................................................ 64
3.4.11. Oficina: sobre Dengue ........................................................................................ 65
3.4.12. Oficina: Promoção da Alimentação Saudável .................................................... 66
3.5. Eixo: Cultura ................................................................................................................ 85
3.5.1. Oficina: As sete artes .......................................................................................... 85
3.5.1.1. Oficina: Música ........................................................................................... 87
3.5.1.2. Oficina: Dança ............................................................................................. 88
3.5.1.3. Oficina: Pintura e Escultura ........................................................................ 88
3.5.1.4. Oficina: Teatro ............................................................................................ 91
3.5.1.5. Oficina: Literatura ....................................................................................... 92
3.5.1.6. Oficina: Cinema ........................................................................................... 95

3
3.5.2. Oficina: Circulando pelos museus da cidade ..................................................... 97
3.6. Eixo: Esporte ............................................................................................................. 101
3.6.1. Oficina: Atividade física .................................................................................... 101
3.6.2. Oficina: Esportes no Brasil................................................................................ 102
3.6.3. Oficina: Mapeando o território esportivo e de lazer ...................................... 103
3.7. Eixo: Lazer ................................................................................................................. 104
3.7.1. Oficina: O lazer e os jogos ................................................................................ 104
3.7.2. Oficina: A Praça é nossa ................................................................................... 107
3.8. Eixo: Transversal - Cidadania ................................................................................... 109
3.8.1. Oficina: Cidadão dentro do eixo ...................................................................... 109
3.8.2. Oficina: O que é viver em sociedade? .............................................................. 111
3.8.3. Oficina: Sou cidadão? ....................................................................................... 114
3.8.4. Oficina: Diversidade étnico-racial no Brasil ..................................................... 116
3.8.5. Oficina: Discriminação racial ............................................................................ 118
3.8.6. Oficina: Cultura e paz ....................................................................................... 119
3.8.7. Oficina: Cultura da paz 2 .................................................................................. 120
3.8.8. Oficina: Valores humanos ................................................................................ 122
3.8.9. Oficina: Meu sobrenome .................................................................................. 128
3.9. Eixo: Transversal - Empreendedorismo e Economia solidária ................................ 131
3.9.1. Oficina: Empreendedorismo ............................................................................ 131
3.9.2. Oficina: Economia solidária .............................................................................. 135
3.9.3. Oficina: Geração de renda ................................................................................ 137
3.10. Eixo: Transversal – Jurídico .................................................................................. 138
3.10.1. Oficina: Conhecendo os seus direitos .............................................................. 138
3.10.2. Oficina: Que regra é essa?................................................................................ 141
3.10.3. Oficina: Cumprindo de boa .............................................................................. 143
3.11. Eixo: Transversal – Comunicação ......................................................................... 144
3.11.1. Oficina: Como comunicamos? .......................................................................... 144
3.11.2. Oficina: Jornal ................................................................................................... 148
3.11.2.1. Oficina: Conhecendo o jornal ................................................................... 148
3.11.2.2. Oficina: Construindo um jornal ................................................................ 150
3.11.3. Oficina: Os adolescentes e a mídia .................................................................. 151
3.12. Transversal – Projeto de vida ............................................................................... 153

4
3.12.1. Oficina: “Eu daqui a uns anos” ......................................................................... 153
3.13. Eixo: Transversal – Meio Ambiente ..................................................................... 155
3.13.1. Oficina: Horta .................................................................................................... 155
4. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 157

5
APRESENTAÇÃO

Prezado leitor

As oficinas se configuram como um importante instrumento de trabalho com os


adolescentes em cumprimento da internação provisória, da medida socioeducativa de
semiliberdade e de internação. Elas se destacam por sua função de socialização, expressão,
comunicação, criatividade, desenvolvimento de habilidades e competências, promoção do
protagonismo, dentre outras, o que tem contribuído para a formação dos adolescentes. Isto
porque é um espaço coletivo, em que é possível trabalhar diversos temas referentes aos eixos
da medida, como abordagem familiar e comunitária, escolarização, profissionalização, saúde,
cultura, esporte e lazer, bem como outros temas considerados transversais.
Considerando este significativo lugar que as oficinas têm é que este manual foi
construído, a fim de nortear a condução do trabalho, aperfeiçoando-o e ampliando as
possibilidades e discussões sobre os temas. Ele foi desenvolvido a partir das oficinas já
realizadas nas unidades socioeducativas, de discussões com os profissionais responsáveis por
estas atividades e de pesquisas em materiais produzidos por instituições que trabalham com
este método de atendimento.
Nos capítulos iniciais deste manual, você será convidado a ler sobre as orientações
gerais deste método de atendimento e acompanhar o passo a passo para se construir e
realizar uma oficina. Seguindo em frente, terá a oportunidade de conhecer modelos de oficina
de cada eixo da medida em separado, assim como de temas transversais relevantes para a
formação do jovem, como meio ambiente, comunicação, tecnologia, etc.
Este manual é uma diretriz para o trabalho, podendo ser adaptado para a realidade do
grupo em questão. Vale destacar que é de suma importância que a equipe executora das
oficinas conheça o grupo com o qual irá trabalhar, escutando suas demandas para, então,
agregar à prática aquilo que é peculiar daquele coletivo ou da cultura local. Assim, usar a
criatividade para modificar e recriar algumas propostas ou atividades descritas nas oficinas é
muito importante!
Portanto, esperamos que este manual sirva para fomentar a formação dos
adolescentes, mas também contribuir na qualificação das oficinas e na orientação a vocês,
profissionais que se debruçam no atendimento aos adolescentes.

6
1. CONSTRUINDO UMA OFICINA

É imprescindível que toda oficina seja bem planejada antes de iniciar. Este
planejamento deve ser feito com base no acúmulo de conhecimento que as equipes de
atendimento têm e deve responder, principalmente, às seguintes questões:
 Para quem e porquê?
 Para que?
 Como?

1.1. Público Alvo e Justificativa (Para quem e porquê?)

A primeira pergunta diz respeito ao público a ser trabalhado, ou seja, “para quem” é a
oficina. Este público não pode ser pensado fora do seu contexto. Isto é, adolescentes em
cumprimento de medida socioeducativa, que possuem peculiaridades, de acordo com o grupo
ao qual fazem parte e a unidade socioeducativa a qual se encontra. É a partir desta base que
deve ser construído um projeto de oficina. Tem-se, então, que conhecer o grupo com o qual
irá trabalhar e descobrir qual o seu interesse. Para tanto, deve-se aproveitar o conhecimento
das equipes de atendimento de cada unidade, sobre quem são estes jovens e suas famílias.
Para além do interesse dos jovens, há temas que devem ser trabalhados e que, muitas
vezes, não são aqueles demandados pelos jovens. Neste caso, deve-se criar a demanda para se
introduzir tal tema, isto é, deve-se buscar a motivação do jovem, mesmo que, num primeiro
momento, não tenha havido nenhum interesse.
Neste caso, utilizar o algo que o adolescente goste – seja a partir de um ponto que eles
trazem, ou uma fala, ou mesmo uma demanda direta – pode funcionar como uma “isca” para
introduzir os temas levantados anteriormente como necessários à ser trabalhados e, assim
criar a demanda em relação a eles. Dessa forma, pode ser mais fácil conseguir a adesão dos
jovens.
Em ambos os casos, deve-se analisar a demanda inicial, tanto dos jovens quanto da
unidade socioeducativa, tendo sempre como orientador o cumprimento da medida
socioeducativa.
Esta é a hora da equipe se fazer algumas perguntas: Quais são os interesses dos
adolescentes? O que sabem os adolescentes em relação ao que queremos ensinar? Que

7
experiências tiveram? Qual o momento que a unidade está passando? Há algum tema em
específico que merece maior atenção no momento (drogas, convivência, homofobia, etc.)?
É a partir deste levantamento das particularidades que será possível a equipe delimitar
os motivos para a implantação de uma determinada oficina, ou seja, por que desenvolver uma
atividade específica, qual a justificativa?
Todas estas questões culminarão na definição do “para que” da oficina.

1.2. Objetivos (Para que?)

O “para que” diz respeito ao objetivo da oficina. Quando se planeja uma oficina é
necessário pensar qual o fim que se quer atingir, ou seja, aquilo que a equipe julga necessário
fazer e/ou transmitir aos adolescentes e suas famílias, ou construir junto.
Desta forma, no objetivo deve estar descrito, de modo claro, o que se pretende fazer e
a meta que se deseja atingir. Afinal, temos que saber o que queremos fazer, para depois
resolvermos como proceder para chegar aos resultados pretendidos.

1.3. Metodologia (Como?)

O “Como” é a metodologia a ser utilizada, ou seja, é a explicação detalhada das ações


que se pretende realizar para alcançar um determinado objetivo. É o caminho para a
realização da oficina.
Assim, é o momento de se dizer qual material será utilizado e como será usado, como,
por exemplo, dinâmica de grupo, técnica de artesanato, pintura, roteiro de perguntas para
discussão de um filme, textos a serem utilizados, música, contação de história, etc.
A metodologia deve estar diretamente ligada aos objetivos, pois tudo o que consta
naquele item deve estar contemplado neste campo. É, em linhas gerais, o momento de se
dizer como será feito para se alcançar os objetivos.
Neste momento, o número de encontros deve ser definido para se chegar ao objetivo
esperado, assim como o espaço físico que a oficina será realizada, bem como a duração e o
número de participantes.
O tempo que a oficina irá acontecer pode variar de acordo com a proposta da oficina,
podendo durar dias ou meses, a depender do que foi proposto. De toda a forma, mesmo que a
proposta seja de uma oficina permanente, é muito importante que se pense em etapas com

8
conclusões, para se avaliar os resultados alcançados e para se planejar a continuidade dessa
atividade da forma que está ou com um novo desenho ou mesmo a construção de uma nova
proposta.
Por exemplo, a oficina de tapeçaria pode ser realizada por meio de temas que mudem
constantemente, de acordo com a demanda. Assim, no mês de maio pode-se pensar em
trabalhar relações familiares, sendo que o produto da oficina poderá ser destinado às mães.
Ou então, pode-se fazer releituras de obras de artistas famosos em tapetes, trabalhando,
assim, a cultura. Em suma, é importante que a equipe da oficina esteja constantemente
avaliando a oficina e agregando novos elementos à prática.
O número de participantes deve ser pensado considerando a proposta, o espaço físico
disponível e o material utilizado. Portanto, é importante fazer algumas perguntas, como: É
seguro fazer esta atividade com no máximo quantos adolescentes? Há material para todos? Se
for, por exemplo, uma oficina de culinária, cabem quantos adolescentes na cozinha? É uma
oficina que objetiva a participação e troca de experiência entre os jovens?
Escolhido o número, é hora de pensar e decidir os critérios para selecionar os jovens
que vão participar da atividade em questão.
Por fim, cabe salientar que, na execução de uma oficina, o contexto pedagógico da
medida socioeducativa deve estar sempre presente, isto é, o objetivo de formação integral dos
adolescentes, capacitando-os para novas possibilidades, ao fim da medida. Assim, apesar da
separação de temas, assuntos como o convívio, o respeito, a saúde integral do indivíduo e do
grupo, etc. devem estar presentes na metodologia de todas as oficinas.
Ademais, para se alcançar resultados positivos, culminando na participação e formação
efetiva dos adolescentes, é importante que as oficinas estejam conectadas a outras ações que
os jovens desenvolvem, como aos assuntos que perpassam todo o cumprimento da medida,
articulação com a escola, cursos, atendimentos, visitas familiares, etc.

2. EQUIPE DE OFICINAS

É importante que a unidade crie uma equipe de planejamento e avaliação das oficinas,
composta por membros da equipe técnica, segurança, auxiliares educacionais e sempre que
possível, representantes do grupo dos adolescentes.
A articulação com a equipe de segurança é fundamental, uma vez que os agentes
socioeducativos estão, diariamente, acompanhando os adolescentes, escutando suas

9
demandas e queixas. Além disso, são os agentes socioeducativos que irão acompanhá-los em
todas as atividades, sendo, portanto, fundamental que estejam cientes do que vai acontecer.
Nesta equipe de oficinas haverá o coordenador e os executores (educadores), sendo
delimitadas as seguintes atribuições:

2.1. Coordenador

O coordenador é quem dará suporte aos educadores, sempre que necessário. Não
estará tão próximo da prática como o educador, mas participará do planejamento e avaliação,
acompanhando as oficinas, numa periodicidade definida conjuntamente.
É função do coordenador das oficinas, dentre outras:
 Planejar a oficina, junto aos executores, de modo a assumir o caráter educativo e
de intervenção frente aos eixos da medida, considerando as demandas dos
adolescentes e da unidade socioeducativa.
 Acompanhar periodicamente a oficina para avaliação.
 Avaliar a participação dos jovens, para contribuir com os pontos relevantes no
estudo de caso e registro no PIA.
 Avaliar a postura e conduta do educador (executor).
 Avaliar a pertinência do tema trabalhado.
 Pensar em novas estratégias de readequação da oficina, quando necessário.

2.2. Educador

O educador é quem executa a oficina, isto é, quem põe a “mão na massa". Sem ele a
oficina não acontece. É o principal ator do processo, ao lado dos adolescentes, sendo que sua
postura é fundamental para o sucesso da oficina. Abaixo, seguem suas atribuições, assim como
dicas para uma postura adequada na condução do grupo.
É função do (s) executor (es) das oficinas, dentre outras:
 Organizar a sala e o material necessário, antes de cada oficina.
 Realizar as tarefas, conforme planejamento.
 Sensibilizar, durante a oficina, o grupo, em relação ao tema abordado.
 Estar atento à participação de cada jovem para se pensar estratégias de
motivação individual.

10
 Problematizar as questões apresentadas pelos adolescentes durante as oficinas.
 Recorrer ao coordenador da oficina, sempre que necessário.

2.2.1. Orientações gerais aos educadores


Antes de iniciar a oficina é importante que o educador pense sobre como mobilizará o
grupo e apresentará a proposta. A forma de se ofertar e comunicar a oficina pode ser
determinante na adesão dos adolescentes. Assim, estratégias para despertar o interesse e a
curiosidade do adolescente para o tema proposto devem ser traçadas.
O educador deve ainda, refletir sobre algumas questões, antes de iniciar uma oficina,
tais como: Quais são as principais informações a serem trabalhadas? Que aspectos emocionais
e relacionais o tema pode levantar? Como terá sido a experiência dos participantes em relação
à questão proposta?
As duas primeiras perguntas remetem ao planejamento. A primeira diz respeito às
questões que o educador deve ter em mente para se tratar o tema proposto. São questões
que não, necessariamente, serão colocadas diretamente aos jovens, mas que devem embasar
as ações, percepções e intervenções do educador.
A segunda se refere a uma previsão mínima que o educador deve ter, a partir do
conhecimento dos adolescentes atendidos, das possíveis reações que o assunto a ser tratado
pode causar. Por exemplo, tratar do tema drogas com adolescentes dependentes ou tratar de
paternidade com órfãos recentes são situações delicadas que podem despertar sentimentos e
reações diversas. Portanto, é preciso ter cautela para se tratar certos assuntos e, sobretudo,
saber como intervir com tais reações.
A terceira diz respeito ao processo de avaliação, em que deve ser considerado o efeito
que a oficina teve em cada um.
Iniciada a oficina, é imprescindível escutar os adolescentes sobre os seus desejos,
expectativas, facilidades e dificuldades em relação a temática a ser trabalhada. Ademais, é um
momento para incentivar e acatar sugestões dos jovens, envolvendo-os, ativamente, na
construção do processo educativo.
Após a apresentação, o educador deve trabalhar as regras da oficina, que devem ser
construídas conjuntamente. Questões como respeito à diversidade de opiniões devem ser
tratadas neste momento.
É enriquecedor para a oficina que o educador introduza suas próprias habilidades e
conhecimentos que foram adquiridos ao longo da vida. Estas experiências em geral, somada ao
conhecimento sobre a unidade socioeducativa em questão e o respeito às suas peculiaridades

11
são ingredientes fundamentais para se construir oficinas sob medida. Assim, como já dito
anteriormente, as oficinas colocadas abaixo servem como um norteador e devem ser
adaptadas e incrementadas de acordo com a realidade institucional.
Nesta perspectiva o tempo estipulado em cada oficina deve ser adequado, levando-se
em consideração o nível de envolvimento e concentração do grupo em questão, para evitar a
dispersão, que colocaria em risco a qualidade da oficina e os objetivos propostos.
Importante destacar que as músicas, vídeos e textos propostos tem o objetivo de
ampliar o repertório cultural dos adolescentes, para além de trabalhar o tema proposto.
Assim, é importante a proposição de novas expressões artísticas, o que não impede que as
sugestões dos adolescentes sejam acolhidas.
Da mesma forma, em relação aos textos, se a equipe avaliar que a leitura no início da
oficina pode desestimular o grupo ou se considerar o texto muito longo, pode-se fazer recortes
do texto e mudar a ordem da leitura.
Em todos os casos deve haver criatividade para se apresentar os conteúdos, vídeos,
etc.

3. OFICINAS

3.1. Eixo: Abordagem familiar comunitária

As oficinas de abordagem familiar e comunitária são voltadas para as famílias e sua


relação com os adolescentes e com a medida socioeducativa. Objetivam, dentre outros
fatores, fortalecer estes vínculos e, para tanto, tais vínculos devem ser observados para
devidas intervenções durante o cumprimento da medida.
Para a realização destas oficinas, é imprescindível a participação de técnicos e, sempre
que possível, a participação da equipe diretiva. Cabe à unidade selecionar qual técnico é mais
importante para cada uma das oficinas abaixo.
É importante que o técnico que estiver conduzindo a oficina esteja atento ao grupo,
considerando o que a temática pode suscitar nos participantes. Imprescindível avaliar o grupo,
para perceber até onde o tema pode ser abordado na oficina e o que deve ser tratado no
atendimento.

12
3.1.1. Oficina: “Qual é a da família hoje?”
Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes o conceito e as configurações possíveis de família na
contemporaneidade, levando em conta toda a sua complexidade e a sua diversidade, a
partir das transformações que vem sofrendo.
 Desconstruir com os adolescentes a nostalgia da sociedade com relação à família
“ideal” e refletir sobre as potencialidades das múltiplas possibilidades de arranjos
familiares.
 Conversar sobre a função social da família e as suas responsabilidades que devem ser
exercidas, com apoio da comunidade, independentemente do tipo de configuração.
 Retomar com os adolescentes a evolução do conceito de família nas normativas
(Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente, Plano Nacional de
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária).
Metodologia:
Para começar a oficina, todos assistem juntos aos primeiros 8 minutos do filme
proposto “Retratos de Família”. O filme suscita a discussão sobre as definições de família e as
mudanças que essa instituição vem sofrendo. A partir do filme, fazer uma rodada sobre as
impressões de cada adolescente sobre o filme. Em seguida cada adolescente deve escolher
uma das fichas de papel, que podem ser colocadas sobre uma mesa, ou mesmo no chão, com
as perguntas que devem ser respondidas diante do grupo.
Sugestões de perguntas:
(estas questões orientam a reflexão durante toda a oficina e deverão ser abordadas direta ou
indiretamente com os adolescentes).
 Quando pensamos numa família “ideal” como ela é? “A família não é mais a
mesma!” Refletir: não é mais a mesma em relação a que?
 Quais os tipos possíveis de arranjos familiares?
 Como e porquê a família se transformou?
 Quais os impactos na família, provocados pela independência da mulher e dos
métodos anticoncepcionais?
 As pessoas que desempenham os papéis podem mudar, mas o desafio da família
continua: formar sujeitos dotados de responsabilidade e com capacidade de
conviver. Como?

13
 Os pais tem dificuldade de impor restrições necessárias ao processo educativo dos
filhos hoje? Por quê?
 Quais as obrigações que os membros de uma família devem ter entre si?
 É justo responsabilizar a dissolução da família dita “tradicional” pelo quadro - social
em que vivemos? Discutir que, para além das mudanças nos arranjos familiares,
enfrentamos questões mais amplas, como por exemplo, o consumismo
predominante em nossa sociedade.
 Quais as dificuldades a família dita “normal”, monogâmica, patriarcal, que
predominou em grande parte do século passado trouxe para as relações? Discutir
relações autoritárias, submissão da mulher, dentre outros.
A partir da fala de cada adolescente, os outros também podem fazer suas reflexões e a
discussão vai sendo conduzida pelo responsável pela oficina.
Após a conversa sobre todas as perguntas propostas, retomar com os adolescentes o
próprio avanço na definição de família, que vai aparecendo nas normativas, ao longo dos anos.
Retomar, sobretudo, as normativas que afetam diretamente a área da infância e da
adolescência. Participação do advogado é desejável nesse momento.
Em seguida, escutar a música “Família” dos Titãs. Dividir os adolescentes em grupo ou
em dupla e distribuir a letra da música para os grupos. Cada grupo de adolescentes deve
inventar ou pensar em alguma configuração de família que conhecem: família de algum
conhecido, vizinho, alguém de sua comunidade, família de algum filme. As famílias
“inventadas” podem ser desenhadas numa cartolina ou similar. Em seguida devem apresentar
para o grupo a “família” que inventaram e as dificuldades que surgem, a partir do “viver
juntos”, dessa família. O responsável pela oficina aproveita as falas dos adolescentes e vai
discutindo questões como: papéis nas famílias, autoridade, distinção de geração, limites,
conflitos, dentre outros.

Materiais Necessários:
 Fichas de papel (cartolina ou outro) com perguntas que possam instigar a discussão do
tema. (orientar-se pelas sugestões acima)
 Vídeo Café filosófico: retratos de família - Reinvenção da família na tela e na vida real
de Diana Corso e Mário Corso. O vídeo tem em torno de 50 minutos. Sugerimos que os
primeiros 8 minutos do filme podem ser utilizados com os adolescentes, para a
reflexão sobre as definições de família e as mudanças na família ao longo do tempo.
http://www.youtube.com/watch?v=J0xcCszAlqc

14
 Música “Família” cantada pelo grupo “Titãs”. A música pode ser utilizada para
trabalhar os papéis de cada um dentro da família e as dificuldades que surgem a partir
do “conviver”. Vídeo disponível em: http://letras.mus.br/titas48973.
 Definições de família (de 1988 a 2006 nas normativas):
Na Constituição Federal de 1988:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”
“§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes.”
No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990: Art. 25:
Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade.

No Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e


Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (2006):
A família pode ser pensada como um grupo de pessoas que são unidas por laços de
consanguinidade, de aliança e de afinidade. Esses laços são constituídos por
representações, práticas e relações que implicam obrigações mútuas. Por sua vez,
essas obrigações são organizadas de acordo com a faixa etária, as relações de geração
e de gênero, que definem o status da pessoa dentro do sistema de relações familiares
(p.37 e 38).
Número de participantes: 6 a 12 adolescentes
Periodicidade: semanal – tendo duração de no mínimo 2 encontros
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.1.2. Oficina: A Pessoa Significativa – ampliando o conceito de família.


Objetivos:
 Facilitar a identificação de pessoa(s) de referência do adolescente.
 Ampliar o conceito de família.
 Identificar e discutir os vínculos afetivos dos adolescentes.
 Promover o reconhecimento e o respeito aos diversos arranjos familiares.

15
Metodologia:
Sugere-se que esta oficina seja realizada apenas com os adolescentes. Solicitar que os
participantes pensem em uma pessoa que é significativa para ele. Uma pessoa que lhe ajudou,
que lhe ouviu, que lhe entendeu, que lhe aconselhou, com quem você aprendeu... Num
primeiro momento, não precisa responder em voz alta. Como é(era?) essa pessoa? Como ela
age (agia) com você nos momentos de alegria e de tristeza? Como você se sente (sentia) ao
lado desta pessoa?
Num segundo momento, pedir que os adolescentes escrevam numa silhueta (o
contorno do corpo de um participante, por exemplo) desenhada numa folha de papel kraft as
características dessa pessoa que cada adolescente pensou. Podem escrever outras, que
surgirem durante a atividade.
Num terceiro momento, abrir para a discussão, para os adolescentes falarem sobre as
pessoas que elegeram como sendo significativas e as características que a fizeram
significativas. Quem são essas pessoas? Onde conheceram? Vocês ainda se relacionam? Outras
perguntas que forem pertinentes ao momento do grupo podem ser feitas, de acordo com a
avaliação do coordenador da oficina, como por exemplo: A pessoa que você pensou tem todas
as características (escritas no papel)? (provavelmente não). Há entre os seus familiares
pessoa(s) com características parecidas? Como você considera essa pessoa (como um pai, uma
mãe, um irmão, mais que isso...)?
Discutir com o grupo o conceito ampliado de família a partir das definições de família
(de 1988 a 2006 nas normativas):
Na Constituição Federal de 1988:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”
“§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes.”

No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990:Art. 25:


Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela
que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de
afinidade e afetividade.

16
O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e Comunitária (2006):
A família pode ser pensada como um grupo de pessoas que são unidas por laços de
consanguinidade, de aliança e de afinidade. Esses laços são constituídos por
representações, práticas e relações que implicam obrigações mútuas. Por sua vez, essas
obrigações são organizadas de acordo com a faixa etária, as relações de geração e de
gênero, que definem o status da pessoa dentro do sistema de relações familiares (p.37 e
38).

Materiais Necessários: Pincéis atômicos e folhas de papel kraft para o desenho da silhueta.
Participantes por oficina: 10 adolescentes.
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 oficina mensal.
Carga Horária diária: 1h30min

3.1.3. Oficina: Coletivo pais e filhos


Objetivos:
 Facilitar e dinamizar a comunicação entre pais e filhos.
 Incentivar o grupo a falar de si.
 Promover a convivência a partir da experiência no coletivo.
 Fortalecer os vínculos familiares.
Metodologia:
A oficina se inicia com uma apresentação. Os pais apresentam os filhos e os filhos
apresentam os pais, informando o nome, a idade, onde nasceram e onde residem atualmente
(se moram juntos, qual o bairro...).
Em seguida haverá a exibição do vídeo “Adolescentes: a invenção”.
Após a exibição do vídeo o grupo será convidado a dizer de suas percepções sobre o
que viram, a partir de temas norteadores, baseados nos eixos de cumprimento da medida
socioeducativa:
 Ato infracional;
 Escolarização;
 Saúde;
 Trabalho e profissionalização;
 Relações sociais;
 Família.

17
Após a discussão, dois subgrupos serão formados: um de pais e o outro de filhos.
Outros subgrupos poderão se formar, de acordo com o número de participantes, separando
pais e filhos. Cada subgrupo deverá conversar entorno da pergunta “Para que família?”.
Finalizado o tempo para a discussão, os subgrupos irão expressar, de forma criativa, as
principais ideias discutidas, para compartilhar com os demais na plenária. As apresentações
poderão ser paródias de músicas, rap, dramatizações, poemas, mímicas (representação
corporal muda), etc. A apresentação deverá durar, no máximo, 10 minutos. O grupo deverá
também se preparar para explicar o sentido da apresentação, caso ela não seja verbal.
Na plenária, os adolescentes e seus responsáveis irão compartilhar sobre os
sentimentos e percepções, após a apresentação de cada subgrupo.
Será importante para a atividade, que pais e filhos dialoguem, compartilhando ideias
acerca do tema proposto. Os educadores da oficina deverão manejar a discussão, de modo
que cada um consiga se expressar e que também seja capaz de ouvir, mesmo quando houver
pontos de discordância.
Antes de finalizar a oficina, forma-se uma roda de conversa para retomar com o grupo
o que fizeram, para que fizeram e o que aprenderam de significativo para a vida de cada um.
Permitir que os integrantes expressem sobre a oficina realizada e que surjam temas para
novos encontros com pais e filhos na unidade socioeducativa.

Material necessário:
 Vídeo “Adolescentes: a invenção” disponível em http://vimeo.com/14798708
 TV e DVD.
Número de participantes por oficina: 20 pessoas (pais e adolescentes)
Periodicidade: Semestral e/ ou quando o grupo se renovar
Carga horária: 03 horas.

3.1.4. Oficina: Os personagens da minha história


Objetivos:
 Envolver a família na medida socioeducativa;
 Promover valorização da família;
 Promover o conhecimento da história familiar e da história do adolescente;
 Buscar o fortalecimento dos vínculos familiares e com as pessoas de referência;
 Instigar nos pais o que eles conhecem de seus filhos;
 Instigar nos filhos o que eles conhecem de seus pais/ familiares.

18
 Refletir sobre os valores humanos.
Metodologia:
Realizar duplas de um adolescente e seu familiar. No primeiro momento, distribuir um
genograma para que preencham as relações familiares (pais, irmão, companheiros, etc). O
genograma é uma representação gráfica das relações familiares, tendo como foco um
indivíduo específico. Para a produção do mesmo, o familiar deve contar, resumidamente, uma
história sobre sua família.

Modelo de genograma:

Após a apresentação do genograma, o educador solicita que cada família pense nos
valores que foram transmitidos e quais os valores ela transmite para os respectivos
adolescentes.

Material necessário: folhas brancas e folhas com a estrutura do genograma desenhado.


Caneta.
Participantes por oficina: 10 pessoas, 5 adolescentes e seus respectivos familiares.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 oficina semanal, preferencialmente no contra-
período do dia de visita, com duração de 3 semanas.
Carga Horária diária: 1:30 h

3.1.5. Oficina: A família na medida


Esta oficina deve ter a participação de técnicos e/ou equipe diretiva da unidade.
Objetivos:

19
 Promover a participação da família no cumprimento da medida socioeducativa.
 Apresentar uma visão geral dos eixos da medida socioeducativa.
 Contribuir para que a elaboração do Termo de Compromisso do PIA seja mais
apropriada pelo adolescente e familiar.
 Promover valorização da família.
 Envolver a família na medida socioeducativa.
 Buscar o fortalecimento dos vínculos familiares e com as pessoas de referência.
Metodologia:
Sugere-se que esta oficina seja realizada no período de levantamento de dados iniciais
da construção do PIA. Inicialmente, a equipe diretiva da unidade apresenta, com a participação
dos técnicos, cada eixo da medida, como é trabalhado no dia-a-dia do adolescente na unidade
e como a família pode contribuir para a realização do trabalho nestes pontos. Importante
salientar que se trata de uma apresentação geral, para que os familiares possam se apropriar,
minimamente, dos pontos do termo de compromisso.
Posteriormente, cada eixo da medida pode ser trabalhado de acordo com a “evolução”
da mesma, trabalhando-se, por exemplo, o eixo Família e Relações Sociais, primeiramente, e,
por último, Profissionalização. Para cada eixo, convidar técnicos e parceiros responsáveis pelas
atividades. No eixo Escolarização, por exemplo, além da participação do pedagogo da unidade,
viabilizar a participação de representantes da escola. Sendo possível, também pode ser
interessante viabilizar a participação de adolescentes que tenham mais tempo de medida, para
enriquecer a discussão com os participantes.
É importante que esta apresentação seja dinâmica, buscando-se sempre a participação
do grupo.
Em cada oficina, pode-se trabalhar um ou mais eixos.

Materiais Necessários: Slides sobre o eixo da medida com linguagem acessível. Fotos de
oficinas que retratem o trabalho da unidade em cada eixo, produtos confeccionados em
oficinas de arte e profissionalização, e outros artigos que representem os eixos da medida.
Participantes por oficina: Para a primeira oficina, de apresentação dos eixos, o número de
famílias corresponde ao número de adolescentes admitidos no mês.
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 oficina mensal.
Carga Horária diária: 1h30min

3.1.6. Oficina: A família na rede

20
Objetivos:
 Apresentar aos familiares a rede de saúde, assistência social, escolarização,
profissionalização, esportivos, culturais e de lazer, dentre outros.
 Apresentar quais os programas e instituições são parceiros da unidade – CREAS, CRAS,
Postos de Saúde, CERSAM, CAPS, CAPSi, PRONATEC, etc.
 Informar as famílias sobre formas de acesso aos programas de transferência de renda e
benefícios do SUAS, sobre os serviços de saúde e acesso aos atendimento, sobre
inserção na escola e as modalidades de ensino existentes e sobre as possibilidades de
inserção nos demais equipamentos, como profissionalização, cultura, esporte e lazer.
 Favorecer a autonomia de adolescentes e familiares e incentiva-los na busca de
equipamentos e serviços de saúde e assistência social disponíveis na comunidade.
Metodologia:
No centro da roda, colocar numa caixa cartões ou outros artigos que representem os
equipamentos, serviços e benefícios que serão abordados na oficina. Estes materiais podem
ser confeccionados pela própria equipe, podendo ser feitos de forma que lembrem cartões de
vacinação, de benefícios, cartões com nomes de equipamentos ou serviços de saúde e
assistência, documentação escolar, etc.
O coordenador da oficina pede que participantes voluntários peguem, aleatoriamente,
um dos cartões e falem o que sabe sobre aquele serviço/benefício/equipamento e, caso se
sintam à vontade, contem resumidamente seu histórico de articulação com este equipamento.
A cada cartão e a partir da fala de quem o pegou, deve-se complementar as
informações, corrigindo alguns equívocos, se houver, e apresentar o serviço como um todo. Se
possível, é interessante que tenha a presença de algum representante dos equipamentos de
referência da unidade, ou da comunidade que tenha maior número de adolescentes
acautelados para este momento.
É importante que cada temática ou um grupo de temáticas similares, como, por
exemplo, escolarização e profissionalização, seja trabalhada em encontros diferentes, para que
se possa trabalhar bem cada rede e para que esteja presente as referências que saibam
responder as dúvidas e apresentar o programa de forma detalhada.

Materiais Necessários: Caixa com cartões confeccionados pela equipe que representem os
equipamentos, serviços e benefícios que serão abordados na oficina.
Participantes por oficina: 10 famílias (20 a 25 participantes).
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 oficina mensal.

21
Carga Horária diária: 1h30min.

3.1.7. Oficina: Uma expedição pelo território


Objetivos:
 Apurar o olhar dos adolescentes para reconhecerem o território em que vivem,
identificando o que existe de equipamentos sociais e culturais disponíveis (posto de
saúde, biblioteca, centro esportivo, telecentro, centro cultural, escolas de samba, grupos
folclóricos, associações comunitárias, grupos religiosos, etc.).
 Conhecer mais apuradamente sobre o que a comunidade oferece para a população no
território: potencialidades e fragilidades.
 Possibilitar ao jovem estabelecer relações com o seu entorno, compreendê-lo e
construir projetos de vida que considerem o pertencimento ao seu espaço de vida.
 Reconhecer as múltiplas experiências vividas no território e que envolvem diferentes
espaços, pessoas e atividades;
 Possibilitar o encontro entre adolescentes e seus familiares;
 Discutir acerca da percepção dos adolescentes e seus familiares no que se refere a vida
na comunidade onde vivem.
 Observar o vínculo do adolescente com a sua família.
Metodologia:
1º encontro:
Apresentar um documentário ou uma música que retrate a vida em comunidades.
Sugerimos como documentário: “Aqui favela o Rap representa” e a música “Rap da favela”
(Naldinho e Renato). Sugerimos também a possibilidade de utilizar músicas feitas pelos
adolescentes das medidas.
Após a exibição do documentário ou da música os adolescentes serão dispostos em
uma roda para conversar sobre as impressões que tiveram a partir da obra que lhes foi
apresentada.

2º encontro:
Sentados em círculo, peça aos adolescentes que falem sobre sua vida na comunidade:
há quanto tempo moram lá? Que escolas frequentaram? Onde fica o posto de saúde? Há
bibliotecas, centros desportivos, centros educacionais? Se há, eles frequentaram? Quando?
Como descreveriam as pessoas que vivem nessa comunidade? Há alguns “personagens”

22
típicos? De que lugares gostam mais? E dos quais gostam menos? Por quê? Observe o que
trazem de informação, quais os locais mais gostam, quais os espaços do bairro mais usados por
eles, os que não são usados e por quê.
A seguir, divididos em grupos, peça que nomeiem todos os lugares públicos que
conhecem, na região onde moram, organizando-os em uma lista, conforme a natureza do
serviço prestado (posto de saúde, escola, biblioteca, organização não governamental).
Após o levantamento, abra a roda para que socializem as informações. Identifique os
lugares que todos conhecem e aqueles sobre os quais menos fizeram referência. Peça que
comentem o panorama esboçado sobre o que o território oferece: o que conseguiram
identificar que ele tem, o que não tem e o que precisava ter, na opinião deles.
Depois distribua os materiais – tinta, lápis, folhas de papel sulfite – e peça para cada
um fazer um grafite, mostrando a sua comunidade e todos os percursos que fizeram nessa
comunidade, representando os lugares, os serviços identificados, os grupos que compõem
esse território, as pessoas e as atividades que encontram neles.
Quando concluírem sua produção, deverão colocá-la na roda para que todos possam
percorrer os trabalhos e conhecer os percursos de vida que os colegas realizam no território. O
que há de comum? E o que há de diferente? Pergunte o que identificaram de semelhanças e
de diferenças entre os seus percursos de vida e os dos colegas, fazendo comentários e
reflexões sobre o que observam. Chame a atenção sobre a relação sempre presente entre as
trajetórias de vida das pessoas e os lugares e o quanto isso constitui a história de cada um.
Tomar consciência de nossos percursos nos permite avaliá-los e decidir se queremos que eles
permaneçam ou que mudem.
Finalizando a atividade, pergunte que destino desejam dar aos trabalhos. Sugira a
organização de uma exposição na instituição.

3º encontro:
No terceiro encontro todas as famílias dos adolescentes serão convidadas para
conhecer os trabalhos realizados pelos seus filhos. As famílias serão convidadas a irem até o
local onde estarão dispostos os grafites feitos pelos adolescentes, nesse momento os
adolescentes também estarão junto com as famílias. Os trabalhos não devem ter identificação,
assim as famílias escolherão qual comunidade representada se parece mais com a sua, é
importante ressaltar que duas famílias podem escolher o mesmo trabalho. Depois todos
sentarão em roda e as famílias serão convidadas a dizerem porque escolheram e quais
elementos existem naquele trabalho que faz com que elas se lembrem da sua comunidade.

23
Após a discussão a autoria dos trabalhos será revelada e cada adolescente sentará com
a sua família para discutir sobre a percepção que tem da sua comunidade, relevando os
elementos mais importantes na constituição desta comunidade. Tendo sido realizada a
conversa em duplas será aberta a roda para que seja discutido em grupo: Quais são os
elementos mais importantes da sua comunidade? O que você mais gosta nessa comunidade?
Quais os locais você mais frequenta? Quais são os equipamentos públicos que existem
nessa comunidade? O que precisa ser mudado? Quais foram os pontos de encontro e de
divergências nas percepções dos adolescentes e familiares? A discussão em roda deverá
possibilitar que adolescentes e a família exponham suas percepções e ideias acerca da vida na
comunidade em que estão inseridos e o que há de positivo e negativo nesta vivência.
Após a realização da roda de conversa será realizado um momento de
confraternização entre os adolescentes e seus familiares.

Materiais necessários: folha de papel sulfite, tintas, lápis, borracha, lanche.


Periodicidade: Mensal
Carga Horária: aproximadamente 2h cada encontro

3.1.8. Oficina: Ensinando e aprendendo... – Conhecendo e transmitindo


habilidades artísticas da família

Objetivos:
 Identificar e incentivar potencialidades e competências artísticas dos familiares.
 Possibilitar aprendizagem de uma habilidade artística a ser ensinada pelos familiares e
pelos próprios adolescentes.
 Buscar o fortalecimento dos vínculos familiares.
 Favorecer a autoestima de adolescentes e familiares.

Metodologia:
Em um encontro com os pais, apresentar a proposta aos familiares e adolescentes e
identificar pessoas que se interessem em dar uma oficina. Os voluntários poderão inscrever-se
em várias modalidades, como música, dança, artes plásticas, artes cênicas, artes circenses.
Após as inscrições dos voluntários, organizar um cronograma para a realização das oficinas que
considere o tempo para levantamento do material, dentre outras necessidades de acordo com
o que foi levantado até o momento.

24
Antes da realização das oficinas, deve-se criar um painel em que os familiares e
adolescentes possam inscrever-se nas oficinas, de acordo com o ofício a ser ensinado.
Após as inscrições, realizar as oficinas conforme cronograma e agendar uma data para
a mostra de talentos, onde quem ensinou e quem aprendeu apresente os trabalhos realizados
nas oficinas.

Materiais: De acordo com as artes a serem ensinadas.


Participantes por oficina: 10 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 a 02 oficinas no mês e 01 dia para a mostra de
habilidades artísticas
Carga Horária diária: 1h30min por oficina.

3.1.9. Oficina: Visitando a medida


Objetivos:
 Aproximar as famílias da medida socioeducativa.
 Apresentar às famílias o cotidiano de atividades dos adolescentes dentro do âmbito da
medida socioeducativa.
 Promover um encontro entre os adolescentes e suas famílias.
 Promover uma discussão acerca dos objetivos e parâmetros para o cumprimento da
medida socioeducativa
 Promover o vínculo do adolescente com a família.
Metodologia:
1º encontro:
No primeiro encontro os adolescentes serão reunidos em um grupo para a discussão
do Regimento Único da medida em que se encontra. Cada adolescente receberá uma cópia do
campo “Rotina Institucional” do Regimento para a discussão em grupo acerca dos pontos da
rotina da unidade. Discutir com os adolescentes quais seriam os principais pontos para serem
apresentados aos seus familiares, que retratariam a rotina vivenciada por eles na unidade.
Depois os adolescentes devem ser separados em grupos e para cada grupo deve ser
dada a função de apresentar um aspecto da medida, bem como as dependências da unidade.
(Este momento deve ser previamente acordado com a equipe de segurança da unidade.) A
equipe deverá orientar os adolescentes em relação aos aspectos referentes aos locais que
devem apresentar e a sequência que devem mostrar. Importante ressaltar que os

25
adolescentes devem ter autonomia para apresentar a medida a seus familiares, a unidade
orientará somente questões relacionadas à organização da apresentação e à aspectos de
segurança. Os adolescentes também montarão uma apresentação das atividades que realizam
na unidade para apresentar aos familiares.

2º encontro:
No segundo encontro os adolescentes receberão seus familiares na unidade.
Primeiramente, as famílias serão recepcionadas e convidadas a comporem uma roda, em que
será exposto o objetivo do encontro e como ele ocorrerá. Depois os adolescentes serão
convidados a assumirem a oficina e apresentar a unidade, bem como a rotina que vivenciam
na mesma, conforme foi organizado no encontro anterior.
Após ter sido apresentada a unidade e a rotina dos adolescentes, os familiares
sentarão em roda novamente para assistirem à apresentação que os adolescentes prepararam
sobre as atividades que realizam na medida.
Por fim, será aberto um espaço para que os adolescentes possam tirar suas dúvidas e
falar de suas impressões acerca da visita. Para o encerramento da oficina será feito um
momento de confraternização com todos os presentes.

Materiais necessários: lápis, papel, fotos das atividades, computador para a preparação da
apresentação.
Número de Participantes: 20 participantes
Periodicidade: Quando o grupo se renovar
Duração: aproximadamente 2horas cada encontro.

3.2. Eixo: Escolarização

A proposta das oficinas para trabalhar este eixo da medida é proporcionar ao


adolescente uma aproximação e interesse pelos conteúdos escolares, de forma que ele possa
realizar uma relação entre o conhecimento escolar, a vida e o mundo. Isso se faz necessário
porque muitos deles chegam às medidas evadidos da escola ou possuem um vínculo frágil com
esta, não vendo sentido em dar continuidade aos estudos.
Nesse contexto são de fundamental importância as oficinas de incentivo aos estudos,
como estratégia da instituição socioeducativa, para atuar no acompanhamento da retomada
do vínculo com a escola e, consequentemente, na valorização deste eixo da medida.

26
São várias as formas de se trabalhar este tema, como será mostrado a seguir.
Os educadores devem ficar atentos às dificuldades individuais dos adolescentes, para
serem retomadas em atendimento, em acompanhamento escolar individualizado e na
articulação com a escola.

3.2.1. Oficina: Incentivo aos estudos


Objetivo:
 Possibilitar a aprendizagem do adolescente e a responsabilização na escola;
 Acompanhar e orientar os adolescentes nas atividades escolares e incentiva-los na
construção de uma rotina de estudo;
 Despertar os adolescentes para a aprendizagem escolar, possibilitando o
conhecimento de suas habilidades e dificuldades, do potencial para a aprendizagem,
orientando para diferentes formas de estudar, para uma melhor fixação do conteúdo.
Metodologia:
Abaixo seguem metodologias de oficinas de incentivo aos estudos.
Para todas, é interessante que seja utilizado parte do material escolar e/ou de algum
curso profissionalizante que o adolescente esteja fazendo, para que ele possa fazer a conexão
dos aprendizados. Junto com este material deve-se agregar outros de maior interesse, como
recortes, imagens, letras de música etc.
Os Cadernos do EJA, produzidos pelo MEC, Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão, muito podem contribuir e orientar o desenvolvimento
desse trabalho. Os mesmos podem ser acessados por meio do link:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=13536%3Amateriais-
didaticos&Itemid=913.

3.2.1.1. Oficina: Leitura de Mapas


O objetivo específico dessa oficina é ensinar o adolescente a ler mapas de forma lúdica
e próxima da sua realidade, para que ele possa aprender a se localizar no tempo e no espaço.
Assim ele poderá conhecer o mapa do mundo, os continentes, os países e o contexto
econômico que cada um se insere.
Primeiramente, disponibiliza-se um mapa do mundo e se introduz pontos importantes
e curiosos, pertinentes a este recorte, como, por exemplo: Quais países são quentes e
gelados? Onde estão os países ditos primeiro e terceiro mundo? Quais são os maiores países e

27
os menores? Qual a cor predominante da população em cada país? O que são os continentes?
Como chama cada oceano? Quais são os maiores rios e como os localizamos no mapa?
As fronteiras que separam os países também podem ser trabalhadas. Geralmente,
muitas pessoas têm interesse pelos Estados Unidos. Pode-se introduzir a linha fronteiriça que
separa o México dos Estados Unidos, objetivando trabalhar os pontos de tensão que se
estabelecem nas fronteiras e quais os motivos que os potencializam. Questões podem ser
colocadas: é fácil transpor esta fronteira, representada por uma linha no mapa? Por quê?
Quais são as formas e meios para se entrar em um país?
Após a apresentação do mapa do mundo, propõe-se fazer um novo recorte, agora com
o mapa do Brasil. Quantos Estados o Brasil possui? Quem conhece outro Estado? Onde tem
praia? Qual o clima do País? É igual em todo Brasil? Cor, etnia, sotaque... são inúmeros pontos
a serem trabalhados.
O recorte continua, apresentando-se, posteriormente, o mapa da cidade do
adolescente. Cada um deve localizar o seu bairro e perceber a distância entre o seu bairro e o
do colega. Como lemos a distância em um mapa?
A atividade pode seguir fazendo-se outros recortes, como do bairro, ou do centro da
cidade, etc.
Interessante propor uma atividade em que os adolescentes possam localizar os locais
em que já foram em atividades externas. Por exemplo, o Museu tal pertence a qual bairro? E
qual regional? Em quais outras regiões da cidade existem parques, museus, praças, etc.?
Todos os pontos levantados podem trabalhar, de forma descontraída, a geografia física
e política, cartografia, assim como a história e a cultura de diferentes povos.
São inúmeras as questões que podem ser discutidas e conhecimentos a serem
transmitidos, neste momento. É de suma importância que os jovens possam conversar e dizer
sobre o que sabem ou imaginam de cada canto do mundo, pois assim eles se interessam pela
atividade e de fato aprendem.
Esta oficina pode se desdobrar em mais de um encontro, de acordo com a participação
dos adolescentes.

Materiais necessários: Mapas


Participantes por oficina: 8 adolescentes
Periodicidade: 1 vez na semana
Carga Horária Diária: 1 hora

28
3.2.1.2. Oficina: Monitoria
Primeiramente, o educador propõe que cada adolescente escolha um tema que tenha
mais habilidade ou interesse e ensine os outros da turma. Pode ser uma conta matemática, um
origami, um trecho de uma música em inglês, etc. A ideia é que o jovem seja incentivado a
apresentar o que sabe, levando-se em consideração que cada pessoa tem algum
conhecimento, ou pode manejar com mais habilidade determinado tema.
Tal atividade pode ser realizada com alunos de qualquer nível de escolaridade.
Contudo, pensa-se ser muito efetiva para os anos iniciais, tendo em vista serem adolescentes
que apresentam defasagem, fazendo com que a possibilidade de ensinar dê-lhes um lugar de
saber.
Assim, o primeiro encontro é para sensibilizar os jovens da proposta e a escolha do
que cada um irá ensinar. Após este momento, faz-se um cronograma e um plano de ação, em
que cada um vai colocar o que precisa para dar a “aula”. Pode-se utilizar, caso seja possível, o
ambiente da sala de aula, para que os alunos possam trabalhar suas propostas de aula com os
professores, preparando sua apresentação. Propõe-se que, nos encontros seguintes, dois ou
mais adolescentes se apresentem.
Esta atividade promove a comunicação entre os jovens, e, sobretudo, coloca o
adolescente no lugar do professor, de forma que ele vivencie os papeis aluno e professor e as
dificuldades de estar em ambos os lados.
É muito interessante que outros membros do corpo diretivo, dos professores
envolvidos no processo, de agentes socioeducativos e representantes da equipe técnica, além
de outros adolescentes, possam estar presentes na apresentação, para enaltecer o esforço do
adolescente.

Materiais necessários: de acordo com os temas que surgirem


Participantes por oficina: 10 adolescentes
Periodicidade: 1 vezes na semana
Carga Horária Diária: 1hora

3.2.1.3. Oficina: Leitura de gráficos


O educador deve procurar gráficos simples e de fácil entendimento para ser
trabalhado junto aos jovens. No site http://www.brasilescola.com/matematica/graficos.htm
tem uma definição útil e breve que pode auxiliar na construção desta proposta.

29
A proposta é que o educador escolha temas de interesse do grupo, para representar
no gráfico e mostrar, passo a passo, como se lê tal gráfico. A princípio os jovens podem ter
resistência com este material. Mas será muito estimulante se eles perceberem que são
capazes de aprender e entender.
Pode-se apresentar as diferentes formas de gráfico (por exemplo, em torres, ou
formato pizza, etc.) e tudo aquilo que este instrumento pode representar.
Para incrementar a atividade pode realizar leitura de gráficos em jornais e revistas.

Materiais necessários: Gráficos


Participantes por oficina: 10 adolescentes
Periodicidade: 1 vezes na semana
Carga Horária Diária: 1hora

3.2.1.4. Oficina: Ortografia e significado de palavras – forca e palavra


cruzada
A ortografia e significado de palavras podem ser trabalhados a partir de jogos como
forca e palavra cruzada.
Escolhe-se uma palavra como, por exemplo, ASILO. É uma palavra que os jovens já
ouviram falar, mas podem não saber o que significa e, tampouco, sua ortografia. Após a
conclusão do jogo, deve-se fazer um debate sobre seu significado, sua ortografia e o que a
palavra remete. A partir dessa discussão, podem ser escolhidas outras palavras relacionadas
ao tema ou que o extrapolem. O uso do dicionário deve ser incentivado, de forma que os
adolescentes possam aprender a manuseá-lo, para saber o significado das palavras colocadas.
Ao final da atividade, propõe-se aos adolescentes que construam um texto, uma
música, poesia, etc., coletiva ou individualmente, com as palavras trabalhadas.

Materiais necessários: Quadro (ou similar), canetas, papéis, lápis e dicionário.


Participantes por oficina: 8 adolescentes
Periodicidade: 1 vezes na semana
Carga Horária Diária: 1hora

3.2.1.5. Oficina: Ortografia e significado das palavras - Jogo do


dicionário

30
Um adolescente manuseia o dicionário a procura de uma palavra que desconhece.
Quando encontrar, escreve esta palavra no quadro e os outros adolescentes devem adivinhar
seu significado. Se ninguém o souber, devem dar palpites do que poderia ser seu significado.
Quem chegar mais perto do significado da palavra inicia o jogo escolhendo uma nova no
dicionário.
Este jogo incentiva o uso do dicionário, trabalhando ordem alfabética, ortografia e
vocabulário de forma lúdica e coletiva.

Materiais necessários: Dicionário, quadro (ou similar) e caneta.


Participantes por oficina: 10 adolescentes
Periodicidade: 1 vez na semana
Carga Horária Diária: 1 hora

3.2.1.6. Oficina: Estudo e pesquisa coletiva


O objetivo específico desta oficina é propiciar o trabalho coletivo, incentivando a
discussão, o respeito à diversidade de opiniões e, sobretudo, a síntese das ideias, com seus
pontos de consenso e divergência.
Para tanto, em um primeiro momento, o grupo deve escolher temas que pretende
trabalhar. É de suma importância que o educador acolha essas escolhas, mesmo que estes
temas sirvam como ponto de partida para introduzir novas questões.
Após escolhido os temas a serem trabalhados, é o momento de levantar o material
específico. Para tanto, os adolescentes devem pesquisar na internet, caso a unidade dispuser
de telecentro ou computador de acesso ao jovem, imagens, textos e demais documentos
relativos. Para além da internet, outras fontes de pesquisa são a biblioteca da escola e da
comunidade e a própria escola, podendo os professores serem entrevistados.
Finalizada a pesquisa, que pode durar um ou mais encontro, a proposta é que os
adolescentes estudem o conteúdo e elaborem um resumo do que estudaram e pesquisaram,
para apresentar a todos O resumo e as apresentações contribuem para a fixação da matéria e
a absorção do conteúdo. Uma alternativa à apresentação é fazer um cartaz, ler os resumos,
afixar os resumos em um mural, etc.

3.2.1.7. Oficina: Filme e escola


A proposta desta oficina é trabalhar com filmes que abordem conteúdos escolares e a
relação professor e aluno, a partir de discussão de filmes que abordem este tema.

31
Seguem abaixo sugestão de filmes:

 Documentário: Ilha das Flores


Documentário com duração de 13 min / Ano 1989, dirigido por Jorge Furtado.
Disciplinas/Temas Transversais: Biologia, Filosofia, Geografia, História, Língua Portuguesa,
Meio ambiente, Saúde, Sociologia.

Trata-se de um documentário breve, mas que aborda temas diversos, os quais


possibilitam um trabalho interdisciplinar. Os temas são apresentados de forma pedagógica e
com didática simples, possibilitando, perfeitamente, um link com as disciplinas estudadas,
podendo ampliar muito mais as possibilidades de uso pedagógico. O educador poderá utilizá-lo
de acordo com a necessidade, relacionando-o às necessidades escolares dos adolescentes,
ou temas percebidos pela equipe na convivência e nos atendimentos aos adolescentes.
Um exemplo é a questão do lixo nas grandes cidades. O que implica para o cidadão e
como a escola aborda esta questão em suas disciplinas? Quais disciplinas?
Este vídeo abre diversas possibilidades de uso pedagógico.

 Documentário: 10 Centavos
Diretor César Fernando de Oliveira/ 2007, Duração de 9 minutos.
Aplicabilidades/ Temas transversais: Pedagogia, Sociologia, Trabalho e Consumo.

Este documentário aborda um dia na vida de um garoto que mora no subúrbio


ferroviário de Salvador e trabalha como guardador de carros no centro histórico. O vídeo
possibilita temas relacionados ao trabalho e ao consumo, que está diretamente relacionado a
algumas disciplinas escolares, como a Geografia e a História, podendo ainda abordar o
desenvolvimento de aprendizagem, sociologia, etc. No meio em que vive o jovem, qual o papel
da educação? Este tipo de vídeo, que trata da história de garotos que trabalham e pedem na
rua, costuma prender a atenção dos adolescentes em cumprimento de medida, tornando mais
fácil o desenvolvimento da atividade.
Os vídeos, filmes e documentários é um recurso didático que amplia as possibilidades
e, por isso, pode-se investir nesse recurso na operacionalização das oficinas.
Para demais Curtas metragens, com possibilidades de amplo uso pedagógico, acessar o
link: http://portacurtas.org.br/. No site ainda pode ser encontrado muitos documentários com

32
pareceres pedagógicos relacionados às disciplinas escolares e à cultura. Trata-se de site da
empresa Petrobras.
Para a organização das oficinas, nessa modalidade, é importante que o organizador
apresente, previamente, uma sinopse aos adolescentes, sem contar na integra a história do
documentário. É importante articular, após a exibição do filme, uma atividade sobre as
impressões de cada um, para que possam se expressar por escrito, produção de texto, ou
verbalmente.

Material Necessário: Computador para exibição dos filmes, papel e lápis


Participantes por oficina: 10 adolescentes
Periodicidade: 1 vezes na semana
Carga Horária Diária: 1hora

3.2.2. Oficina: Mundo da Leitura


Objetivos:
 Desenvolver o hábito da leitura
 Possibilitar o acesso a diferentes tipos de textos
 Possibilitar o acesso ao conhecimento
 Aperfeiçoar a leitura e a escrita
 Desenvolver a síntese
 Trabalhar a interpretação de texto
 Desenvolver a produção da leitura e da escrita
Metodologia:
Cada encontro desta oficina deve ser dedicado a um tipo de texto diferente, em que o
educador seleciona, anteriormente, o material para disponibilizar aos adolescentes no dia da
oficina. Os textos podem ser escolhidos conjuntamente na oficina anterior ou proposto pelo
educador. São exemplos de tipos de textos:
 um texto de jornal, com uma matéria que pode chamar a atenção dos jovens e, ao
mesmo tempo, trazer-lhes informações e conhecimentos
 texto de revista, com uma matéria sobre saúde, meio ambiente, ciências, etc.
 Revistas em quadrinhos diversas, de super-herói, infantis, como Turma da Mônica,
Mangá, etc. Na ausência das revistas em quadrinhos, pode-se trabalhar com charges
ou trechos em quadrinhos que se consiga na internet. O importante é explorar este
tipo de leitura, em que os desenhos ocupam um lugar central. Como se lê a imagem?

33
As expressões dizem alguma coisa? É possível fazer uma leitura sem palavras?
Atentem-se ao fato de que em alguns quadrinhos não há a presença de palavras!
 Poesias. Separe duas ou três poesias de tema de interesse. Num primeiro momento é
importante introduzir poesias de fácil entendimento para não se criar resistência.
 Letras de música que eles conheçam e que eles não conheçam.
 Literatura, podendo ser contos ou trechos de um livro.
 Imagens sem texto.
A cada dia deve-se estimular a produção de leitura e da escrita. Assim, pode-se
disponibilizar dois ou mais textos curtos e separar a turma em subgrupos, para o
desenvolvimento da atividade. Pode-se também disponibilizar um texto apenas. Esta dinâmica
pode variar a cada encontro, uma vez que novos elementos motivam os jovens. De toda a
forma, o texto deve ser escolhido levando-se em consideração seu conteúdo e ser de fácil
entendimento.
Para se trabalhar a produção da leitura, deve-se seguir uma leitura em voz alta do
texto ou parte dele. Se a turma hesitar em ler em voz alta, o educador pode ler ou pode-se
fazer uma leitura silenciosa. Mas, a cada encontro deve ser incentivada a leitura em voz alta,
seja de apenas uma frase ou do título.
Após este momento, discute-se o que se leu, atentando-se para a forma como está
escrito: é difícil compreender a mensagem? Há palavras difíceis? Para quem este texto foi
escrito? O educador deve estar atento para estimular o grupo a responder, respondendo ele
mesmo a algumas perguntas, se for necessário.
Após a discussão da forma do texto, deve-se trabalhar seu conteúdo e sua conclusão.
Qual a “moral” da história? O que este texto nos apresenta e o que causa em nós? Quem
gostou do texto? etc.
Estes dois momentos podem variar a cada encontro, para não ficar sempre a mesma
coisa. Use sua criatividade para trazer novas formas de se discutir um texto!
Passada a leitura e discussão é hora de passar para a parte prática. É importante que
haja uma produção, que pode ser:
 uma síntese do texto;
 uma escrita do que este texto causou em cada um, isto é, a percepção individual;
 a escrita de outro texto, a partir de um personagem ou um tema transversal do texto
lido.

34
A síntese consiste em escrever um resumo, num cartaz ou numa folha,
individualmente, ou em grupo, e é um importante instrumento de comunicação, o qual muitos
adolescentes apresentam dificuldade em fazer. Diante dessa dificuldade, o educador deve ir
com calma, não demandando demais do jovem, para não se criar resistência. É importante
trabalhar a autoestima do adolescente, no sentido de mostrar a ele sua capacidade de
aprender! Assim, deve-se respeitar o tempo do adolescente e ir por etapas, para que ele possa
perceber que consegue responder ao que está sendo pedido, ao mesmo tempo em que possa
ver sua evolução, vencendo as etapas.
A síntese pode ser trabalhada a partir de palavras que resumem o texto. Os
adolescentes falam e alguém as escreve em um cartaz ou em um quadro. Após as palavras
escritas, é possível tentar formar um parágrafo, resumindo o texto e descrevendo as principais
ideias.
Tal síntese também pode ser feita a partir de uma encenação de um trecho, em que
um grupo representa a ideia central do texto.
Outra possibilidade é produzir uma síntese do texto a partir de uma colagem, com a
disponibilidade de revistas, para que os jovens possam recortar figuras que representam o
texto. Outra opção é o educador já levar diversas imagens, que tem relação com o texto a ser
dado.
Uma segunda forma de produção é cada um escrever sua percepção do texto,
apontando quais sensações, sentimentos e ideias que o texto provocou. Os adolescentes
podem ler em voz alta ao final da produção ou somente entregar ao educador.
A terceira forma de produção é que o educador oriente aos jovens a escolher um
personagem do texto, uma passagem ou o próprio autor e, a partir daí, escrevam algo sobre
ele, para além dos elementos presentes no texto, como, por exemplo, quem ele é? Como é a
vida desta pessoa? Ou que lugar é este e quem o habita?
Este exercício é de suma importância para desenvolver a criatividade e a produção de
textos dos jovens. Após cada um realizar a atividade, pede-se para os adolescentes lerem sua
produção. Quem não quiser ler não precisa, mas deve ser incentivado para tanto. A partir das
apresentações dos adolescentes o educador deve compará-las com a realidade. Assim, se a
proposta do dia for escrever sobre o autor da obra, apresenta-se as características deste autor
de verdade e curiosidades, como, por exemplo, se está vivo, onde mora, etc., após os
adolescentes apresentarem suas percepções.

35
Finalizado este terceiro momento da oficina, é hora de se escolher um tipo de texto
para o próximo encontro. Fica a critério da turma escolher uma modalidade ou pedir que o
educador traga.

Materiais: cópias dos textos para cada integrante ou projeção do texto de forma que todos
tenham acesso, papel, lápis e borracha. Dependendo do dia da oficina, é necessário papel craft
ou cartolina ou quadro, tesoura e cola.
Participantes por oficina: até 10.
Periodicidade: 1 vez por semana
Carga Horária diária: 1 hora

3.2.3. Oficina: Escrita de diário1


Objetivos:
 Fomentar a fala e escrita dos adolescentes sobre sua própria história.
 Fortalecer uma cultura de diálogo no interior das unidades.
 Proporcionar uma relação mais próxima entre adolescentes e equipe.

Metodologia:
Exibição do filme “Escritores da Liberdade” (importante que o educador veja o filme
anteriormente à mediação da oficina) e escrita de diários dos adolescentes.
É importante que haja uma discussão da proposta da oficina na unidade para um
melhor aproveitamento do momento, discussão com toda a equipe da unidade: técnica e de
segurança.
O primeiro encontro será somente para exibição do filme, pois o mesmo provoca
várias reflexões importantes. Na semana seguinte à exibição do filme fomentar um debate
acerca do mesmo, onde os adolescentes digam o que pensaram se gostaram ou não, os
motivos pelos quais gostaram ou não. Pode-se fazer perguntas como:
1- O filme tem alguma relação com a vida de vocês?
2- Mesmo sendo um filme com uma história vivida noutro país há alguma semelhança
entre a realidade daqueles adolescentes e a de vocês?
3- Vocês gostaram das atitudes da professora? Mesmo aquelas mais duras? Neste ponto,
há que se fazer uma reflexão crítica acerca das atitudes da professora do filme. O

1
Oficina desenvolvida por Laila Vieira de Oliveira.

36
educador deve se perguntar se os jovens foram mesmo sujeitos no processo ou se era
necessário sempre a intervenção da professora.
4- Qual a opinião de vocês acerca das atitudes da personagem Eva?
5- No filme há um debate acerca de como os imigrantes são tratados num país diferente
dos seus, o que vocês acham disso?
6- Sobre a vivência no dia a dia da escola há alguma semelhança entre ela a de vocês?
A próxima oficina após o debate será para propor a escrita dos diários nos cadernos.
Importante atentar-se que cada realidade será de uma maneira. Se o debate for muito intenso
a proposta para o início da escrita do diário pode suceder esse dia. Acaso haja necessidade, é
importante aumentar o número de dias das oficinas.
Apresenta-se a proposta para os adolescentes, sendo importante mediar o debate
para a preparação para a escrita do Diário. A proposta é que se convide os adolescentes e eles
mesmos escreverem sua própria história. Um convite e não uma obrigação a escrever.
Nas oficinas seguintes propor que continuem a escrever nos seus diários, ficando os
mesmos sempre com o educador. É muito importante o cuidado com a privacidade dos
adolescentes: onde e com quem os diários irão ficar, como serão tratadas as informações
colocadas no caderno, etc. Deve-se ser respeitoso e cuidadoso com essas informações, para
que não haja simplesmente uma curiosidade acerca da vida de cada adolescente e também
para a segurança dos mesmos, do educador e da unidade.
Importante cada um colocar os nomes e identificar seu próprio diário.
Caso haja adolescentes que não queiram escrever, mas que queiram continuar na
oficina, propor conversas com os mesmos sobre suas vidas, enquanto os outros escrevem.
Importante salientar que há adolescentes analfabetos ou que ficam envergonhados por terem
dificuldades na escrita. Desse modo, é importante conversar com os mesmos sobre as
dificuldades com leitura e escrita, explicando que este fato é um problema social e não
somente de alguns indivíduos. Fomentar um debate com os mesmos sobre a questão social das
dificuldades escolares.
Reflexões para o Educador: a utilização do filme e a proposta da escrita dos diários
ajudam os educadores a compreenderem melhor a vida e a história de cada um dos
adolescentes envolvidos no processo. É necessária uma visão crítica sobre o filme e sobre a
realidade de cada um dos envolvidos na realização da oficina. Mantendo uma ética e um
cuidado com as informações, o educador pode se aproximar do adolescente e criar um espaço
em que este possa refletir sobre si e sobre o respeito pelos seus pares e pelos trabalhadores
da unidade, além de possibilitar uma vivência mais protagonista da medida.

37
Material necessário:
 equipamento para exibição de filme(data show, TV, etc)
 cópia do filme “Escritores da Liberdade”
 pincéis para quadro branco ou giz branco
 quadro branco ou negro, ou papel craft ou cartolina, caso necessite utilizá-lo para
debate
 cadernos pequenos que podem ser encapados pelos próprios adolescentes.
Participantes por oficina:
Periodicidade: 1 vez por semana, entre 6 e 8 semanas.
Carga Horária diária: 2 horas

3.3. Eixo: Profissionalização

As oficinas de profissionalização objetivam trabalhar com os jovens as expectativas e


possibilidade do futuro profissional, englobando a qualificação e o trabalho em si. É um
momento de se resgatar os sonhos dos adolescentes quanto ao seu futuro profissional, assim
como construir caminhos.
É uma oficina em que a presença de técnicos é fundamental, seja ele o terapeuta
ocupacional, o pedagogo ou o psicólogo. Estes profissionais devem estar atentos ao diálogo
dos adolescentes, percebendo como se apresentam nos diferentes espaços, quais as
significações que trazem a respeito do trabalho e quais suas expectativas em relação a
profissionalização.
Os pontos relevantes que se sobressaiam nas oficinas devem ser retomados nos
atendimentos individuais e são norteadores para a construção do Plano Individual de
Atendimento (PIA) e para os encaminhamentos à cursos de qualificação profissional e
trabalho.

3.3.1. Oficina: Orientação Profissional


Objetivo:
 Despertar o interesse dos adolescentes pela profissionalização.
 Favorecer o autoconhecimento, a conscientização das motivações, desejos e valores.
 Potencializar as possibilidades de escolhas dos adolescentes frente à
profissionalização, a partir da identidade profissional.

38
 Promover a relação da escolarização com o mundo do trabalho.
 Contribuir para a aquisição de competências pessoais, sociais e técnicas na preparação
do jovem para o mercado de trabalho.
Metodologia:
As oficinas descritas abaixo (de Orientação Profissional) estão dispostas em uma
ordem cronológica a qual é interessante que seja seguida, para que trabalhe todos os pontos
do processo. Cada oficina é um encontro, podendo ser desdobrado em mais, se assim a equipe
achar viável. O tempo sugerido para cada momento poderá variar de acordo com a execução
do educador e a movimentação dos jovens durante a oficina.
Algumas oficinas foram inspiradas no material do Projovem Adolescente, cadernos do
EJA e no material produzido pela professora Flávia Abade durante capacitação para o sistema
socioeducativo.

3.3.1.1. Oficina: Qual é seu sonho?


Para o primeiro momento desta oficina, propõe-se a “Dinâmica do Crachá” para
apresentação.
Cada jovem deverá receber um pedaço de cartolina de aproximadamente 15
centímetros por 10 centímetros, para confeccionar um crachá, o qual deverá constar seu nome
e a profissão que deseja ter. Se algum jovem disser que não sabe ainda o que quer, o educador
deverá orientá-lo a escrever uma profissão que admire. O educador poderá interagir com o
grupo, confeccionando também o seu crachá.
No verso do crachá deverão constar o número da carteira de identidade e o CPF, para
os que já tiverem os documentos.
Neste momento, o educador deverá orientar aos jovens sobre a importância dos
documentos para a inserção do mercado de trabalho, valorizando o exercício da cidadania e
esclarecendo aos que ainda não os possuem sobre como obtê-los.
Após a confecção dos crachás, os jovens deverão se apresentar dizendo o motivo de
sua escolha pela profissão.
Neste momento o educador deverá se atentar e discutir os seguintes pontos, dentre
outros que surgirem:
 a distância entre o que o jovem apresentou como sonho profissional e a realidade
existente;
 o que é preciso fazer para aproximar o sonho da realidade, como por exemplo,

39
completar tal idade, documentação, escolaridade, formação técnica, habilidades, etc.
 as opções que são comuns a todos os jovens, apontado para uma tendência, que pode
ser do momento atual e da adolescência/juventude.
Quando todos se apresentarem, é importante que o educador aponte ao grupo que
localizar um desejo é o primeiro passo para se percorrer um caminho. Para se atingir um
objetivo, algo que deseja, precisa-se planejar os passos para alcançá-lo
O próximo momento será o registro das aspirações profissionais do grupo. Esta ação
deve ser realizada de forma descontraída e, ao mesmo tempo, deve proporcionar aos jovens
um reconhecimento de si como sujeitos produtores de pensamentos e ideais, evidenciando,
desde já, suas habilidades e competências. Ademais, o momento do registro é uma forma do
grupo validar suas ações.
Os adolescentes montarão um mural, a partir de gravuras, imagens e/ ou palavras
retiradas de revistas e jornais que possam expressar seus sonhos profissionais, de acordo com
apresentação no grupo. O trabalho coletivo poderá ser realizado de outra forma, caso o grupo
apresente outras sugestões. O que deve ser considerado, neste momento, é o registro.
Finalizado o cartaz, este deverá ser colocado em local visível para todos.

Materiais necessários: cartolina, canetas e/ou lápis, cartaz, revistas e/ou jornais, tesoura e
cola.
Número de participantes: 8 adolescentes.
Periodicidade: 1 vez por semana. (1ª oficina da série)
Carga Horária: 1h e 30 min.

3.3.1.2. Oficina: Trabalhando as competências básicas para o trabalho


O primeiro momento da oficina será a exibição do curta metragem “Dadá” com 20
minutos de duração e disponível do site http://portacurtas.org.br/filme/?name=dada.
O curta traz à tona a realidade social dos jovens, diante das oportunidades e
dificuldades, para a realização dos seus sonhos.
Após a exibição do filme, o educador deverá convidar o grupo para uma conversa, em
que deverão ser abordados os seguintes pontos:
 a semelhança entre os sonhos profissionais dos personagens, para buscar trabalho,
com as motivações dos jovens do grupo;
 Reconhecer as habilidades necessárias às profissões sonhadas e refletir sobre suas
próprias habilidades, bem como sobre as possibilidades de desenvolvê-las;

40
 Relacionar a necessidade da escolaridade formal com a preparação para o mundo do
trabalho;
Após esta discussão, o educador deverá propor aos adolescentes que mapeiem suas
metas, levando-se em consideração as aspirações de cada um, levantadas na oficina anterior.
As metas devem ser organizadas em longo, médio, e curto prazo. Caso haja algum participante
que não estava presente na última oficina, o educador deve contextualizá-lo, resumindo as
atividades passadas e pedindo que pense o que quer ser profissionalmente.
Após listarem as metas, os jovens deverão identificar o que é necessário para a
realização de cada uma e as ações pertinentes. Ex: escolarização, cursos de formação básica
para o trabalho e/ou qualificação profissional, retirada de documentos, preparo de currículos,
criação de e-mails, dentre outros.
Importante que em cada mapeamento conste o registro com as oportunidades e
ameaças para a consecução das metas ao longo de um período. O educador deve retomar,
periodicamente, com o adolescente o monitoramento do mapa, destacando as metas que já
foram alcançadas e as que ainda faltam alcançar. Para tanto, tal mapa deve constar no registro
de atendimento do Plano Individual de Atendimento (PIA) do adolescente.

Materiais necessários: Curta metragem “Dadá” com 20 minutos de duração e disponível do


site http://portacurtas.org.br/filme/?name=dada, papel e caneta.
Número de participantes: 8 adolescentes.
Periodicidade: 1 vez por semana. (2ª oficina da série)
Carga Horária: 1h e 30 min.

3.3.1.3. Oficina: Conhecendo as profissões e o mundo do trabalho


O objetivo específico desta oficina é construir, junto aos adolescentes, as informações
sobre as profissões. Para tal, sugerimos a Dinâmica “Tempestade de Profissões”, conforme
descrição a seguir:
Os adolescentes deverão listar todas as profissões que conhecem ou já ouviram falar.
O educador pode completar com profissões que não foram ditas, mas que podem ser
interessantes para o grupo.
Listadas as profissões, cada um deve identificar, com um sinal verde, aquelas
profissões que gosta, com amarelo aquelas que têm dúvida, com vermelho aquelas que não
gosta e com azul as que não conhecem.

41
Após este exercício, deve-se abrir o debate, iniciando-o com os motivos que os levam a
gostar ou não das profissões, assim como explicar as profissões não conhecidas.
Em seguida deve-se discutir sobre as diferentes atividades profissionais, listando os
seguintes pontos:
 objetivos das profissões;
 técnicas e instrumentos utilizados no trabalho;
 características do mercado de trabalho;
 necessidade das comunidades em relação aos serviços prestados por aquela
profissão;
 locais de trabalho pertinentes às profissões;
 semelhança entre as profissões que desejam ter com a de seus familiares.
Este pode ser um momento importante para descontruir mitos em relação à algumas
profissões e aumentar os conhecimentos e expectativas em relação a outras.
Após esta oficina, o educador pode programar uma mostra de profissões, perguntando
aos jovens quais eles teriam interesse em aprofundar mais. Então, faz-se um cronograma e, se
possível, busca-se convidados que atuem na área, para conversar com os adolescentes. Além
disso, pode-se programar excursões em mostras de profissões de universidades e de
instituições de ensino profissionalizante que, anualmente, produzam tais mostras, como SENAI
e SENAC.
Outra ação que deve ser desenvolvida, a partir dessa oficina, são visitas, guiadas ou
não, em locais de trabalho, buscando o conhecimento de cada profissão no próprio ambiente
de trabalho e visitas em locais de cursos, buscando a interface entre eles.
Exemplo de locais para a visitação: restaurantes, construção civil, supermercados,
indústrias, entidades executoras do Programa de Aprendizagem, dentre outros.

Materiais necessários: cartaz, papel e canetas azul, amarela, verde e vermelha.


Número de participantes: 8 adolescentes.
Periodicidade: 1 vez por semana. (3ª oficina da série)
Carga Horária: 1h e 30 min.

3.3.1.4. Oficina: Árvore genealógica das profissões


Esta oficina é uma complementação da oficina anterior e tem como objetivos
específicos identificar e enaltecer os ofícios dos familiares, possibilitar o conhecimento das

42
profissões exercidas por eles e promover uma ampliação do conhecimento das profissões
existentes.
O educador proporá aos adolescentes a construção da árvore genealógica das
profissões dos familiares. Importante trabalhar com o conceito ampliado de família, em que
uma pessoa de referência, que não contenha laços consanguíneos com o adolescente, possa
ser considerada um familiar. O educador não deve se ater somente nos pais, avós, tios e
primos, podendo abordar amigos e demais referências.
Segue um modelo de árvore genealógica em que os adolescentes devam fazer a
atividade. Caso não seja possível imprimir a imagem para cada jovem, os mesmos podem
desenhar uma, de acordo com as pessoas que gostaria de colocar.

Em cada campo devem ser preenchidos os seguintes dados:


 Vínculo que a pessoa possui com o adolescente (se é mãe, pai, avó, amigo, etc);
 Idade;
 Grau de escolaridade (se o jovem não souber pode ser aproximado);
 Profissão que atua.
Após a realização da atividade, deve-se abrir o debate, abordando, primeiramente, se
tem alguma profissão que aparece na árvore e que não apareceu na atividade anterior. Para
tanto, é fundamental que o cartaz da última atividade esteja exposto nesta oficina. Caso haja
uma nova profissão, esta deve ser escrita no cartaz e devem ser abordados os pontos da
atividade anterior, para se conhecer melhor a profissão.
Em seguida o debate deve ser orientado levando em consideração as interferências -
positivas ou negativas - e igualdades, em relação à profissão dos familiares e a escolha dos
adolescentes. Cada adolescente deve pensar se houve uma relação entre suas escolhas e sua

43
árvore genealógica de profissões, devendo ser convidado a expor ao grupo suas percepções.
Caso algum adolescente não queria apresentar, não deve ser compelido. Mas é importante
que este ponto seja retomado em atendimento.
Esta oficina pode ser desdobrada em um encontro com os familiares, em que estes
possa apresentar suas profissões e de outros membros da árvore feita pelos adolescentes.

Materiais Necessários: o cartaz construído na oficina anterior (“Conhecendo as profissões e o


mundo do trabalho”); canetas e/ou lápis, folhas com a impressão de modelo da árvore
genealógica ou folhas em branco.
Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (4 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min.

3.3.1.5. Oficina: O que é trabalho? O que é emprego?


O objetivo específico desta oficina é a construção, com os adolescentes, do conceito
de trabalho e emprego, demarcando a diferença entre um e outro.
Em um primeiro momento, os adolescentes devem ler parte do texto “Desempregado,
Sim, Desocupado, Não!” disponível em
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/06_cd_al.pdf. O texto é grande e, por isso, o
educador deve selecionar alguns trechos mais interessantes. De toda forma, é importante que
o educador leia-o na íntegra.
Após a leitura do texto, os adolescentes, junto com o educador, devem destacar os
pontos mais importantes e o que chamou mais a atenção na leitura.
Solicitar aos jovens que indiquem quais as profissões e trabalhadores que eles
conhecem, por exemplo: vendedor, médico, lixeiro, etc. Listar essas profissões em um quadro,
ou aproveitar o cartaz já produzido anteriormente pelo grupo. Identificar, com os jovens, quais
dessas atividades geralmente são exercidas como emprego formal. Notar que em vários casos
haverá dúvida, pois podem ocorrer as duas situações. O principal é destacar as situações mais
típicas e o que diferencia o emprego de outras formas de trabalho.
Propor que o grupo se divida em equipes e cada uma monte uma pequena
representação, com duração de três a cinco minutos, retratando uma situação vivida por um
trabalhador de uma profissão listada, como: uma entrevista de emprego, uma demissão, a
venda de um produto, uma discussão com o chefe, entre outras. Promover um debate a partir
das apresentações, destacando, nas situações, a diferença de comportamento do trabalhador

44
em uma situação de emprego e em outras formas de trabalho (por exemplo, um vendedor de
uma loja e um vendedor ambulante). Como os conflitos são resolvidos nas duas situações?
Como o trabalhador se sente e quais as suas perspectivas nos dois contextos? etc.

Materiais Necessários: o cartaz construído na oficina anterior (“Conhecendo as profissões e o


mundo do trabalho”) ou papel e lápis.
Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (6 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min

3.3.1.6. Oficina: Interesses, habilidades e competências


O objetivo específico desta oficina é trabalhar a distância entre o que os jovens
imaginam a respeito de uma profissão e o que realmente gostariam ou poderiam exercer, de
acordo com suas habilidades e competências.
Assim, em um primeiro momento, o educador deve propor aos jovens a seguinte
questão, para reflexão: com os conhecimentos e experiência que você possui hoje, que tipo de
trabalho você faz ou poderia fazer? Pedir que escrevam, em um pedaço de papel, com letras
grandes, somente a atividade que exercem ou poderiam exercer atualmente. Afixar os papéis
em uma parede ou varal. No caso daqueles que trabalham, pedir que expliquem se possuem
um emprego fixo ou exercem a sua atividade de outra forma. No caso daqueles que não estão
trabalhando atualmente, pedir que indiquem qual a possibilidade (pequena, média ou grande)
de conseguir um emprego, para exercer a atividade indicada. Pode-se fazer referência com a
oficina anterior (O que é emprego? O que é trabalho?) para diferenciar emprego de trabalho.
Em seguida propor aos jovens que escrevam, em uma folha, suas características
próprias e a profissão pela qual tem interesse. Em outra folha solicitar que escrevam as
necessidades do mercado de trabalho, relativas à profissão de interesse, como:
 O que irei estudar?
 O que farei no dia-a-dia?
 Com o que vou trabalhar?
 Com quem vou trabalhar?
 Onde irei trabalhar?
 Como é o estilo de vida das pessoas que exercem tal profissão?
 Qual é o significado do que eu farei?

45
Ao final o educador deverá provocar uma reflexão se a profissão de interesse combina
com as características pessoais elencadas. Neste momento, é importante que o educador
aprofunde no interesse expresso pelo jovem, esclarecendo, por exemplo, que o fato de achar
uma profissão interessante não necessariamente significa que gostaria de exercê-la, sendo
necessário levar em consideração a aplicação deste interesse na vida real. Ademais, deve ser
explicado que os interesses podem mudar e que se deve pensar neles a curto e a longo prazo.
Ao fim dessa oficina, pode-se construir um jogo, conforme modelo abaixo:
Jogo: A Trilha do Sucesso:

Este modelo deve ser adaptado a partir de fatos vividos ou presenciados pelos jovens,
como, por exemplo, “foi demitido volte duas casas” “formou em curso profissionalizante
avance 3 casas”. Dessa forma, contextualiza-se os fatos, trazendo mais sentido e eficácia para
atividade.

Materiais Necessários: folhas, lápis e/ou canetas, fita adesiva para afixar as folhas. Para o jogo:
jogo impresso ou desenhado, dados e peões.
Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (6 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min.

3.3.1.7. Oficina: Elaboração de currículos, e preenchimento de fichas

46
cadastrais
Finalizando o processo de orientação profissional, o objetivo específico desta oficina é
mostrar o percurso para a inserção no mercado de trabalho ou em cursos profissionalizantes,
levando-se em consideração que a área ou as áreas de interesse já foram, mais ou menos,
definidas. Não necessariamente os encaminhamentos devem acontecer, mas os adolescentes
devem conhecer o percurso que deve ser feito.
Um primeiro passo é a construção de um bom currículo, que, inclusive, o ajudará na
entrevista.
O educador deverá orientar o jovem na construção de um currículo sintético, objetivo,
deixando claro suas qualificações, o cargo ou área pretendida e as suas experiências
profissionais, caso tenha. É importante retomar com o adolescente os interesses, atitudes e
habilidades que apareceram ao longo do processo de orientação profissional, assim como suas
experiências pertinentes, que podem ser colocadas, para além do trabalho formal.

Segue um modelo de currículo desenvolvido pela Oficina de Currículo do Sistema


Nacional de Emprego - SINE BH

FULANO CICRANO DA SILVA


Endereço completo
Cidade/município CEP
Telefones para contato
e-mail
idade
_______________________________________________________________________
OBJETIVO
Descreva somente a área ou cargo de seu interesse, em, no máximo, uma linha. Se o
profissional estiver interessado em outras áreas, deverá elaborar outro currículo.
_______________________________________________________________________
SÍNTESE DAS QUALIFICAÇÕES
Faça um resumo das qualificações profissionais, destacando as atividades exercidas que se
relacionam com o objetivo profissional. Descreva experiências e conhecimentos adquiridos e
que contribuíram para o seu crescimento profissional.
_______________________________________________________________________
FORMAÇÃO

47
Indique o ano de conclusão, escolaridade e instituição. Caso esteja estudando, colocar ano
atual, o curso, instituição e previsão de conclusão.
_______________________________________________________________________
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Descreva a sua experiência profissional em ordem cronológica (começando do último local de
trabalho). Cite o período em que permaneceu na empresa, nome da empresa e cargo ocupado.
Descreva as atividades desenvolvidas.
_______________________________________________________________________
CURSOS E EXPERIÊNCIAS COMPLEMENTARES
Descreva os cursos/experiências em ordem cronológica inversa, citando ano de conclusão,
nome do curso e instituição, inclusive os cursos/experiências em andamento.
_______________________________________________________________________
PALESTRAS
Descreva as palestras ou workshops em ordem cronológica inversa, citando ano de conclusão,
tema do evento e instituição ou palestrante.

Após as orientações de como fazer um currículo, deve ser distribuída, para cada
participante, um modelo de ficha de cadastro, ou ficha de emprego, para que os jovens a
preencha e possa se familiarizar com os termos e solucionar possíveis dúvidas, como o
significado de logradouro, distrito, município, estado, dentre outros. Interessante observar
quais dados são solicitados nesta ficha modelo e quais destes devem constar no currículo.
Dada as orientações gerais, cada adolescente preenche a sua com o auxilio individual
do educador, pois é um momento que favorece a escuta, possibilitando o direcionamento de
questões pessoais.

Materiais Necessários: modelo de currículo, modelo de ficha de cadastro, folhas, lápis e/ou
canetas.
Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (7 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min.

3.3.1.8. Oficina: Onde encontrar vagas de trabalho

48
Seguindo a ordem do percurso para se inserir no mercado de trabalho, o próximo
passo é procurar as vagas disponíveis no mercado.
O educador deverá auxiliar os jovens na procura de anúncios de emprego no jornal,
sites e em políticas públicas voltadas para isto, como, por exemplo, o SINE.
Ao encontrar uma vaga, deve-se conversar sobre o tipo de formação necessária para
se assumir tal cargo e ficar atento para os prazos e etapas do processo seletivo. É importante
retomar o currículo, para adaptá-lo à vaga específica.
Para obter mais informações, a respeito do trabalho, pode-se promover visitas aos
locais de trabalho que estão com vagas disponíveis, buscando o conhecimento de cada
profissão no ambiente de trabalho dos profissionais.
Finalizada as orientações e práticas de se procurar vagas de trabalho, o último passo é
orientações a respeito de uma entrevista de emprego.

Materiais Necessários: anúncios de jornal, computador com internet para pesquisa de vagas,
quadro de oportunidades do SINE ou outra instituição similar.
Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (8 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min.

3.3.1.9. Oficina: Como se portar em uma entrevista de emprego


Primeiramente, o educador deve dar orientações gerais sobre o objetivo e dicas de
uma entrevista de emprego. As seguintes questões e pontos devem ser discutidos e
orientados:
 Roupas próprias/impróprias;
 Vocabulário;
 Necessidade de controlar o nervosismo e ansiedade – não se deve perguntar, ao final
da entrevista, como você se saiu e não deve insistir, nos próximos dias, para ter um
resultado;
 Chegar com antecedência;
 Necessidade se preparar para cada entrevista específica;
 Como “vender o seu peixe”.
Após a discussão destes pontos e de outros que surgirem durante a conversa, propõe-
se uma simulação de uma entrevista, em que o educador é o empregador e o adolescente o
candidato. Se o adolescente possuir uma roupa apropriada na unidade, é interessante que ele

49
a vista, tire o boné, etc. Nesta simulação, o educador deve fazer perguntas sobre pontos do
currículo, experiências passadas do jovem e expectativas do emprego. Após a simulação, deve
abrir para debate, com o restante do grupo, sobre os pontos positivos da entrevista e o que
deve melhorar.
Se for possível, um recurso interessante é a filmagem, em que o adolescente possa se
ver, posteriormente, e o educador apontar os pontos discutidos no grupo.

Materiais Necessários: não há.


Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana (9 ª oficina da série)
Carga Horária diária: 1h30min.

3.4. Eixo: Saúde


A elaboração das oficinas de saúde foi pautada nas diretrizes da Portaria
Interministerial nº647 de 2008, do Ministério da Saúde. Essa Portaria prevê dezesseis temas
para trabalho educativo regular, com os adolescentes em internação e internação provisória, o
que foi estendido aqui para a semiliberdade. Trata-se de temas muitas vezes transversais,
contemplados no conceito ampliado de saúde, que, para além do adoecimento, considera as
condições e qualidades de vida como indicadores importantes de uma vida saudável.
O intuito do desenvolvimento das oficinas de saúde é instrumentalizar os profissionais
da área, técnicos e demais profissionais que se disponibilizarem a realizar essa atividade com
os adolescentes. As metodologias são sugestões de organização, exemplos que podem ou não
ser seguidos estritamente pelos educadores, cabendo à equipe avaliar o melhor modo de
aplicar as oficinas na unidade.

3.4.1. Oficina: Autoestima e saúde


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes o conceito de autoestima, auxiliando-os a perceber
como estimam a si mesmos e como este fator pode acarretar consequências na saúde
e nas relações sociais.
Metodologia:
A oficina terá início com a leitura em grupo da reportagem “Autoestima baixa pode
afetar a saúde”, da sessão Saúde do Jornal Uol Online, disponível em:

50
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/07/14/autoestima-baixa-
pode-afetar-a-saude.htm. Todos os adolescentes devem ter acesso a uma cópia do texto
impresso, para melhor apropriação da discussão. A leitura será realizada em conjunto, por
adolescentes voluntários, evitando constrangê-los com a obrigatoriedade de ler. Caso nenhum
adolescente se disponha, o educador pode revezar a leitura.
A leitura deve ser feita lentamente, perguntando, a cada dois parágrafos, se todos
entenderam o que está dito no texto, uma vez que há alguns termos mais específicos, que
necessitem, talvez, de explicação.
Caso a equipe de oficinas perceba que os adolescentes possuem dificuldade de leitura,
pode-se iniciar a oficina com uma discussão, questionando o que sabem sobre a autoestima.
Iniciar a oficina com a participação ativa dos jovens facilita a adesão.
Após a leitura, o educador conduzirá uma discussão acerca do texto, no intuito de
apreender se os adolescentes concordam com o que leram e como pensam que a baixa
autoestima pode afetar a saúde, para além das formas citadas.
Em outro momento, cada adolescente deve escrever em uma folha em branco
algumas qualidades e defeitos que acredita possuir, quantidade livre. Depois de feito, o
educador deve trabalhar com o grupo se foi mais fácil escrever qualidades ou defeitos, e se os
adolescentes podem citar alguns adjetivos que se atribuíram. A partir dessa discussão, o
educador deve relacionar o resultado encontrado nesse grupo à autoestima, auxiliando os
adolescentes a elaborar se possuem alta ou baixa autoestima.
A oficina, para encerramento, trabalhará com os adolescentes duas letras de música,
que serão escutadas pelos adolescentes, sendo que o educador conduzirá uma discussão sobre
as letras, a fim de avaliarem a autoestima do cantor e como os adolescentes se sentem
quando estão em situações parecidas com as músicas.
 Sugestão de músicas:
 Leilão: César Menotti e Fabiano
 Vento no Litoral: Legião Urbana
 Óculos: Paralamas do Sucesso
 Sou Praieiro: Jammil

Materiais necessários: textos impressos, folhas A4, caneta, aparelho de som.


Número de Participantes por oficina: de 04 a 15 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: 01 hora

51
3.4.2. Oficina: Saúde do homem
Objetivos:
 Informar aos adolescentes a respeito das questões que permeiam a saúde do homem.
 Refletir sobre as questões do cuidado do corpo e da adolescência masculina.

Metodologia:
Os adolescentes deverão desenhar um corpo humano em tamanho real, em um cartaz
único (colagem de cartazes). Além do contorno, será pedido aos adolescentes que desenhem
os órgãos do corpo humano, sendo este um corpo de homem. Depois dessa tarefa, cada
adolescente deverá escrever um sentimento ou um pensamento em uma parte do corpo. O
educador, após esse início, deverá refletir com os adolescentes o corpo que desenharam e as
questões, sentimentos e ideias que apontaram em cada parte do corpo.
A partir desse momento, deve-se orientar a discussão para “o corpo humano é o
mesmo em todas as idades?” Assim, será realizada uma conversa sobre o conhecimento dos
adolescentes a respeito do desenvolvimento do corpo masculino. Pode ser usado para
embasar a discussão textos e vídeos. Sugestões:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_nacional_atencao_integral.pdf e
http://www.youtube.com/watch?v=RS6ZRphgDxY.
Em seguida, dividir os adolescentes em dois grupos e realizar um jogo de perguntas e
respostas, em que um grupo realiza perguntas para o outro responder, depois trocar os
grupos.

Materiais Necessários: papel craft, caneta, revistas, tesoura, cola.


Número de Participantes por oficina: de 06 a 12 adolescentes.
Periodicidade: 1 encontro.
Carga horária diária: entre 1h30min a 2 horas.

3.4.3. Oficina: Saúde da mulher


Objetivos:
 Informar às adolescentes a respeito das questões que permeiam a saúde da mulher.
 Refletir sobre o posicionamento das adolescentes com o próprio corpo.

Metodologia:

52
Inicialmente as adolescentes apontam até duas dúvidas e/ou questões sobre o
desenvolvimento do corpo. Se não ficarem à vontade para falar poderão escrever a pergunta
num papel. As perguntas serão respondidas nesse momento inicial pelo oficineiro, com a ajuda
das próprias adolescentes.
Em seguida exibir o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=HOAGPtY_vMg.
Depois escutar a música da Rita Lee “Todas As Mulheres do Mundo”
(http://www.vagalume.com.br/rita-lee/todas-as-mulheres-do-mundo.html) e fazer uma
discussão sobre o conteúdo da música, sobre o que as adolescentes entendem e se
reconhecem as mulheres da música na vida e no cotidiano delas.
Em seguida o educador colocará um espelho em uma caixa, de forma que quando a
pessoa abrir a caixa visualizará sua imagem no espelho. A caixa deve circular pelas
adolescentes e quando abrirem deverão dizer o que pensam sobre aquela mulher que estão
vendo. Em seguida, realizar uma reflexão sobre o que foi apontado pelas adolescentes.

Materiais Necessários: papel A4, caneta, computador com internet, projetor, aparelho de som,
01 caixa de sapato, espelho pequeno.
Número de Participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.
Periodicidade: 1 encontro.
Carga horária diária: entre 1h30min a 2 horas.

3.4.4. Oficina: Sexualidade e afetividade – O que as famílias têm a dizer?


Esta oficina foi pensada, inicialmente, para ser realizada com os familiares dos
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Contudo, pode ser realizada com os
adolescentes, se a unidade assim quiser.
Objetivos:
 Aprender a construir ideias coletivamente por meio do diálogo.
 Refletir sobre as relações entre sexo e afetividade nas relações de intimidade entre
jovens.
 Discutir as representações das relações eróticas, da paixão e do amor veiculadas pela
arte e pela mídia.
 Conscientizar-se das próprias representações acerca do sexo, da sexualidade e da
afetividade.
Metodologia:

53
Em um primeiro momento o grupo deve interagir, sendo convidado a dançar,
expressivamente, na sala, seja em roda, aos pares ou em pequenos grupos ao som de três
canções populares que falem de namoro, amor e paixão.
Sugestões de músicas: Já sei namorar – Os Tribalistas; Xote das meninas – Marisa
Monte; Glamurosa – Mc Marcinho.
Convidar os participantes a se apresentarem na roda de conversa e a relatarem como
era a maneira de agir, vestir-se, comportar-se, namorar, etc. na época em que eram
adolescentes.
Após a integração, haverá o segundo momento para se trocar experiências.
Dividir a turma em três subgrupos e entregar a cada um deles a letra de uma das
músicas que tocou na atividade de integração. Orientar aos grupos que cada um vai discutir a
letra da canção a partir das seguintes questões:
 De quem poderia ser a voz que fala na letra da canção?
 Como essa voz fala do namoro, do amor ou da paixão?
 Se a representação do namoro, do amor ou da paixão se parece com o que viveu na
adolescência e com o que acontece na atualidade?
Combinar que cada subgrupo terá de encontrar uma forma criativa de apresentar o
resultado da discussão para os demais colegas do grupo. Após as apresentações, provocar o
grupo a se manifestar sobre o sentido do ficar, do namoro e das relações de intimidade entre
os jovens, usando a seguinte técnica:
O grupo vai se organizar em duas rodas, uma dentro da outra, com as pessoas de
frente umas para as outras, formando pares. As duas rodas vão girar para a direita ao som de
uma música. Quando a música parar, o coordenador irá sortear uma pergunta, entre várias,
dentro de uma caixa e a fará ao grupo, que deverá ser discutida pelo par que se formar. Assim
que a música recomeçar, as rodas voltarão a girar até que a música pare novamente e cada um
esteja em frente de outra pessoa. O coordenador fará, então, outra pergunta, que será
discutida pelo par e, assim, sucessivamente. Sugestões de perguntas:
 O que é “ficar”?
 O que faz uma pessoa “ficar” com outra?
 Quais são os sentimentos e emoções relacionados ao “ficar”?
 O “ficar” para os meninos tem o mesmo significado que para as meninas?
 Há medos envolvidos no ato de “ficar”? Quais?
 O que vocês pensam do menino que “fica” com várias parceiras?

54
 O que vocês pensam da menina que “fica” com vários parceiros?
 O “ficar” inclui intimidade afetiva?
 Quando é que o “ficar” pode se transformar em namoro?
 O que é namoro para você?
 Tem de existir amizade entre namorados? Por quê?
 Vocês conversam com os filhos sobre o ficar e o namorar?
 Para você, o que é um namoro que dá certo?
 Duas pessoas do mesmo sexo podem namorar?
 Qual é a diferença entre amor e paixão?
 Ainda existem os pedidos de namoro?
Ao final da técnica, convidar os participantes a assistirem o vídeo “Segredos de
adolescente”. Refazer o grande círculo e dar oportunidade para que os participantes comentem
o que ouviram dos colegas e o que viram no vídeo. Falar da arte e da mídia como instâncias de
produção e circulação de imagens e representações. Provocar o grupo a pensar como se
formam, em nossa mente, as representações e os significados sobre sexualidade e afetividade e
se esses significados influenciam nossas atitudes e comportamentos com os adolescentes.
Finalizado este momento, solicitar que os participantes expressem sobre o que
aprenderam de significativo na oficina. Dar oportunidade para o grupo compartilhar
sentimentos e percepções.

Material necessário:
 Som e CDs;
 Vídeo “Segredos de adolescente” disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=RaYgUpL2g14
 Músicas populares com o tema namoro;
 Pedaços de papel com as perguntas.
Número de participantes por oficina: O número de participantes fica a critério da equipe.

Periodicidade: Mensal
Carga Horária: 02 horas.

3.4.5. Oficina: Identidade sexual e orientação do desejo

55
Esta oficina foi pensada, inicialmente, para ser realizada com os familiares dos
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Contudo, pode ser realizada com os
adolescentes se a unidade assim quiser.
Objetivos:
 Compreender a diferença entre identidade sexual e orientação do desejo.
 Rever estereótipos e preconceitos, especialmente em relação aos papéis de gênero e
à orientação do desejo.
 Compreender o que se entende por homossexualidade, heterossexualidade,
bissexualidade e transexualidade.
Metodologia:
Primeiramente, propor ao grupo a vivência de uma situação de discriminação, como
aquecimento para o tema. Explicar que cada participante receberá na testa uma etiqueta
adesiva com uma palavra que represente um rótulo discriminatório que circula na sociedade.
Dar um exemplo para que o grupo compreenda do que se trata.
Sugestões de rótulos: negão, bicha, boiola, sapatão, loira burra, galinha, vagabundo,
puta, piriguete, solteirona, pivete, caipira, favelado, mãe solteira, viciado, filhinho de papai,
beata, menino de rua, bobão, etc.
Permitir que a discussão se prolongue por tempo suficiente para que as pessoas
sintam o efeito do rótulo ou até deduzam que rótulo receberam. Solicitar que todos retirem os
rótulos e abrir espaço para que os participantes expressem o que sentiram e perceberam.
Após este momento inicial, expor o tema proposto para a oficina, explicando, com o
recurso do Power Point, quando possível, o sentido dos termos estereótipo, preconceito e
discriminação.
Mostrar ao grupo como os estereótipos e os preconceitos se reproduzem ao longo do
tempo e vão se distanciando cada vez mais dos fatos, levando as pessoas a assumirem,
inconscientemente, atitudes discriminatórias.
Fazer uma exposição breve sobre o tratamento que a homossexualidade recebeu ao
longo dos tempos: primeiro, foi considerada pecado pela religião. Depois, quando a
sexualidade passou a ser controlada pela ciência, em especial pela medicina, passou a ser vista
como doença, anormalidade e, por fim, na década de 1970, a Organização Mundial de Saúde
retirou a homossexualidade da classificação das enfermidades. Apesar dessa mudança,
existem muitos preconceitos em relação às pessoas que têm orientação homossexual ou
bissexual.

56
Esclarecer também o significado dos vários termos relacionados às identidades de gê-
nero:
 transexualidade (fenômeno de formação da identidade, que leva a pessoa de um sexo
biológico a se sentir como do outro e a desejar apagar, no próprio corpo, os sinais do
sexo biológico);
 hermafroditismo (fenômeno biológico, que determina a coexistência de características
anatômicas dos dois sexos em um mesmo indivíduo, por razões genéticas);
 travestismo (compulsão e prazer em se vestir e comportar de acordo com os modelos
estabelecidos para o sexo que não lhe é próprio do ponto de vista biológico);
 drag queens e drag kings ou transformistas, que parodiam, atualmente, o estereótipo
do gênero com intenções artísticas.
Ressaltar que nem todo homem homossexual tem trejeitos femininos e nem toda
mulher homossexual tem trejeitos masculinos. Por outro lado, esclarecer que existem rapazes
heterossexuais que são meigos e sensíveis, características consideradas femininas, e moças
heterossexuais que são agressivas e firmes, características consideradas masculinas. Enfatizar
que, considerando as funções biológicas de cada sexo (ejacular, fecundar, gestar, amamentar),
o papel de gênero (atividades profissionais, comportamentos, atitudes) é construído
socialmente.
Bate papo sobre o tema para mostrar ao grupo como os estereótipos e os
preconceitos se reproduzem ao longo do tempo e vão se distanciando, cada vez mais dos
fatos, levando as pessoas a assumir, inconscientemente, atitudes discriminatórias.
Convidar os participantes a trazer as discussões para o plano pessoal e cotidiano,
respondendo e compartilhando com o grupo a sua resposta para a seguinte pergunta:
 Você já se sentiu agredido (agressão física, crítica verbal, exposição ao ridículo, trata-
mento não igualitário, exclusão silenciosa) por causa de alguma característica pessoal?
Compartilhe no grupo o que aconteceu, como, onde, por que e como você reagiu.
Explique também como gostaria de ter sido tratado na situação.
Para finalizar, formar uma roda de conversa e retomar com o grupo o que fizeram,
para que fizeram e o que aprenderam de significativo para a vida de cada um. Permitir que os
integrantes expressem sobre a oficina realizada e que sugiram temas para novos encontros na
unidade socioeducativa.

Material necessário:
 Som e CDs;Fita crepe;

57
 Etiquetas adesivas (1 para cada participante),
 Cartolina;
 Hidrocor;
 Apresentação em powerpoint com a definição de estereótipo, preconceito e
discriminação;
 Exibição do vídeo “Betina Botox” disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=_r3OyI3t6KA
Número de participantes por oficina: O número de participantes será definido pela equipe.

Periodicidade: Sempre que o grupo se renovar.


Carga Horária: 03 horas.

3.4.6. Oficina: sobre a Sexualidade


Objetivos:
 Discutir com os adolescentes sobre desenvolvimento sexual.
 Refletir sobre as especificidades da sexualidade na adolescência.
Metodologia:
O educador irá construir um quadro numa cartolina. Cada adolescente escreverá no
quadro uma palavra sobre o que é sexualidade. Em seguida, o educador fará uma reflexão
sobre as palavras utilizadas e o que seria a sexualidade para cada um, além de acolher as
dúvidas e questionamentos que cada adolescente apresentará. Sugestão de referência para
embasar a discussão:
http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/06_0611_M.pdf.
Em seguida, os adolescentes utilizarão as palavras do quadro e construirão uma
história. O primeiro adolescente começará a narração utilizando a palavra que escreveu no
quadro, em seguida, o segundo continuará a história com a sua palavra, e assim
sucessivamente. É importante que os adolescentes, ao realizar a narração, façam uma conexão
com a história anterior, não podendo ser uma história fragmentada, com trechos sem
conexão. Cabe ao educador anotar a história e ler para o grupo ao final. Essa história
construída pelos adolescentes poderá se tornar uma produção, como colagem, desenho,
teatro.

Materiais Necessários: caneta, cartolina, folha A4.

58
Número de Participantes por oficina: de 04 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de 02 encontros
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.7. Oficina: DST: o que devo saber?


Objetivos:
 Identificar, junto aos adolescentes, o conhecimento prévio, medos e mitos sobre o
tema.
 Favorecer a reflexão e a troca de experiências.
 Trabalhar os conceitos sobre o HIV/AIDS e formas de transmissão.
 Sensibilizá-los sobre a importância do uso do preservativo.
 Verificar a assimilação dos conteúdos abordados.
Metodologia:
Esta oficina acontecerá em, pelo menos, quatro etapas ou encontros.
Inicia-se perguntando aos adolescentes sobre o significado da sigla DST. Depois, deve-
se colocar num papel o nome das principais DSTs e espalhá-las no chão ou num mural. Pedir
para quem souber, retirar este papel e tentar explicar sobre o que sabe ou o que já ouviu falar.
Depois, passar um vídeo, uma apresentação em Power Point, ou cartazes explicativos de cada
DST e formas de transmissão, com fotos, imagens ilustrativas. Neste momento, irão surgir
muitas dúvidas e questionamentos.
As principais DSTs que sugere-se abordar são: cancro mole, candidíase, candiloma,
gonorréia, herpes, hepatites, tricomuníase, sífilis e HIV. Esta última será abordada
especificamente no próximo encontro.
No segundo encontro, deve-se apresentar um breve histórico da AIDS, mencionando
aspectos de surgimento e disseminação no mundo. Enfatizar que é outro tipo de DST. Explicar
o que significa cada um das letras HIV/AIDS, sempre perguntando se alguém sabe o significado
primeiro. Posteriormente, separá-los em dois grupos que receberão cada, uma cartolina ou
papel kraft, em que estará escrito somente o título, “ASSIM PEGA ”, e o outro “ASSIM NÃO
PEGA”. Recorte fotos de revistas ou dizeres de abraços, beijos, roupas de cama, entre outros, e
deixe-os colar ou escrever sobre o que sabem sobre as formas de transmissão do HIV. Discutir
com o grupo sobre o que pensou ao escolher as gravuras. Enfatizar sobre as principais vias de
transmissão, o diagnóstico. Encerrar este encontro abordando sobre a importância do
tratamento e da testagem.

59
No terceiro encontro, serão abordados os preservativos masculino e feminino. Formar
três grupos de quatro adolescentes cada. Cada grupo terá que responder as seguintes
perguntas sobre os preservativos: “o que sei?” “o que ouvir dizer?”, “o que quero saber”.
Depois de alguns minutos, deixar cada grupo explicar para todos o que colocaram ou
pensaram.
Em uma roda de conversa, discutir questões sobre distribuição no SUS, preço,
diferença de matéria-prima, eficácia de proteção contra DST. Mostrar os preservativos
masculinos e femininos. Simular a colocação do preservativo masculino. Pode-se usar pepinos,
por exemplo. Mostrar, se possível, ou falar dos lubrificantes hidrossolúveis encontrados no
mercado e no SUS. Desaconselhar o uso de alguns produtos, por exemplo, vaselina. Por último,
enfatizar que todos os outros métodos contraceptivos são ineficazes para prevenção de
DST/HIV.
No último encontro deve ser um momento de percepção da assimilação dos
conteúdos. Como sugestão pode-se realizar a dinâmica “Falso ou Verdade”. Coloca-se dentro
de uma caixa várias frases sobre todos os assuntos discutidos com as opções ( )V e ( )F para
ser marcado. Cada um retirará três frases. As frases respondidas serão colocadas em outra
caixa, para não constranger ninguém, com as respostas que serão posteriormente discutidas e
esclarecer as dúvidas que ainda persistirem.
Como o conteúdo é extenso e foi separado em vários encontros, podem iniciar cada
encontro perguntando sobre o que se lembram do encontro anterior. Se número de respostas
erradas for alto, com relação ao último encontro, deve-se repetir esta ou outra oficina de DST
posteriormente com os mesmos adolescentes.

Materiais Necessários: papel A4, caneta, power point, cartolina, revistas, cola, tesoura,
preservativos masculino e feminino.
Referências: http://www.aids.gov.br/pagina/dst;
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/glossario_dst_aids.pdf;
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/abcad18.pdf;
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/doen_infecciosas_guia_bolso_8ed.pdf;
http://www.bvsdip.icict.fiocruz.br/php/index.php?lang=pt
Número de participantes: 12 a 15 adolescentes
Periodicidade: Semanal- mínimo de 4 encontros.
Carga Horária semanal: 1 a 2 horas.

60
3.4.8. Oficina: DST/AIDS “verdades” e “mitos”
Objetivos:
 Identificar o conhecimento prévio dos adolescentes sobre o tema.
 Construir coletivamente, através do diálogo respeitoso e despido de preconceito, um
panorama sobre a transmissão e prevenção das DST`s / AIDS, permitindo que os
participantes busquem novos conhecimentos para a tomada de decisões ao longo da
vida.
Metodologia:
Anterior à atividade, é necessário à confecção de cartões com frases relacionadas a
mitos e verdades sobre as DST`s /AIDS.
Sugestões de frases:
 Uma pessoa pode ser portadora de uma DST sem ter nenhum problema ou sentir dor.
 A camisinha é distribuída gratuitamente nos Centros de Saúde, mas é preciso a
autorização dos pais ou de um responsável.
 Uma pessoa que foi contaminada pelo vírus HIV apresenta perda de peso.
 Os insetos podem transmitir AIDS.
 Se você beijar uma pessoa com HIV ou outra DST você pode ser contaminado.
 A camisinha é o melhor método para evitar as DST`s.
 O SUS fornece gratuitamente a vacina contra AIDS.
 As chances de contrair uma DST através do sexo oral do que sexo com penetração.
 Toda ferida no pênis é uma DST.
O profissional poderá usar algumas frases que os próprios adolescentes relatam
durante os atendimentos ou em outras situações.
Ao iniciar a atividade, o coordenador deverá afixar na parede duas folhas de papel
craft, ou outro tipo, uma com o título “mito” e outra “verdade”. Deverá ser distribuído um
cartão para cada adolescente contendo as afirmativas pré-selecionadas. Os adolescentes serão
solicitados, um a um, para que leiam as frases e as colem na folha que julgarem
correspondentes.
Críticas e comentários que conotem depreciação poderão surgir nesse momento e o
coordenador deverá ficar atento para dissipá-los.
Após todas as frases serem coladas nos cartazes, o facilitador abre a discussão sobre
cada uma das afirmações, estimulando o diálogo entre os participantes, sem expressar juízo de

61
valor. O ideal é que os próprios adolescentes formulem e construam o arranjo no que se refere
ao posicionamento dos cartões.
Poderão surgir dúvidas que não serão respondidas naquele momento, o educador
deverá ser verdadeiro em afirmar não ter conhecimento a respeito do tema, mas que irá
buscar informações para posterior esclarecimento.
O responsável pela atividade não deverá se preocupar em esvaziar todas as questões e
dúvidas relativas ao tema, e sim fomentar uma discussão para além daquele espaço,
perpassando pelos atendimentos individuais subsequentes ao longo de toda medida
socioeducativa.

Materiais Necessários: papel A4, caneta, papel craft ou cartolina.


Referências:
 http://www.aids.gov.br/pagina/duvidas-frequentes#dst. Departamento de DST, AIDS e
Hepatites Virais, Ministério da Saúde.
 Ministério da Saúde. Saúde e Prevenção nas Escolas: Guia para a formação de
profissionais de saúde e de educação. Série Manuais no. 76. Brasília, 2006.
Número de Participantes por oficina: 15 adolescentes por oficina
Periodicidade: sempre que a comunidade socioeducativa identificar a necessidade de abordar
o tema.
Carga Horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.9. Oficina: Rede de saúde


Objetivos:
 Explicar sobre o Sistema Único de Saúde de uma maneira bem objetiva e clara;
 Explanar que a saúde é um direito de todos;
 Informar onde o adolescente pode procurar atendimentos de saúde próximo da sua
casa, enfatizando que é um local com enfoque na promoção e prevenção de saúde,
não somente na assistência curativista;
 Informar os tipos de serviços de saúde existentes no município e quais as suas funções.

Metodologia:
Inicia-se perguntando quem já ouviu falar sobre o SUS e o que sabem a respeito.
Explicar, de maneira sucinta, a definição do SUS, quando iniciou e seus princípios doutrinários,
enfatizando, principalmente, a universalidade.

62
Depois, realizar uma dinâmica que permita que os adolescentes conheçam os serviços
de saúde de sua região. Como exemplo, sugere-se a seguinte dinâmica: “Vamos ajudar Bené?”
Inicialmente, deve-se preparar a dinâmica usando frases escritas em papel colorido.
São quatro frases escrita no papel verde, quatro no azul, quatro no vermelho e quatro no
amarelo. As frases verdes referem-se a alguns serviços do Centro de Saúde; frases azuis, sobre
o CTA; vermelho, sobre o SAMU e amarela, sobre o CAPS AD. Pode-se acrescentar outros
serviços do município.
Recorte gravuras ou fotos de um menino/homem (representando o Bené) sobre as
fases da vida: infância, adolescência, fase adulta e idoso. Dizer que o SUS é responsável por
atender uma pessoa em todas as fases da vida e por isso, cada um deverá ajudar o
personagem Bené a ir para o serviço de saúde que atenderá a necessidade que está escrita nas
frases. Colocar os nomes dos serviços num quadro, mural ou parede. Dentro de uma caixa,
misturar as frases e pedir para cada adolescente retirar pelo menos duas frases e colocar no
serviço que ele ache correto para que Bené seja atendido.
Exemplos de frases sobre o Centro de saúde- cor Verde:
1. Bené é um bebê e precisa tomar as vacinas da infância.
2. Bené “ralou” a perna ao andar de bicicleta.
3. Bené quer conversar com um médico sobre sua primeira relação sexual. Parece
que não deu muito certo...
4. Bené precisa de camisinha.
Exemplos de frases sobre CTA- cor azul
1. Bené transou com uma menina sem camisinha ou a camisinha rompeu e “ ta
grilado”.
2. Bené precisa de camisinha.
3. Bené usou a mesma seringa com droga injetável do seu colega.
4. Bené quer saber mais sobre três DST: hepatite B, C, sífilis e HIV
Exemplos de frases sobre o SAMU
1. Bené passou mal na rua e desmaiou.
2. Bené sofreu um acidente de carro e está com dor nas costas e pernas.
3. Bené ligou para 192.
4. A tia do Bené escorregou no banheiro da casa e não consegue se levantar.
CAPS-AD/ CMT
1. Bené bebe cinco garrafas de cerveja misturada com pinga todos os dias e precisa
de ajuda.

63
2. Bené usa maconha durante o dia e cocaína a noite.
3. Bené tem uma mãe que é viciada em crack e quer um tratamento para ela.
4. Bené quer parar de usar êxtase.
Dê 10 minutos para que todos coloquem as frases. O educador deverá averiguar se
está correto. Por causa das cores, talvez os adolescentes poderão ter mais facilidade para
identificar cada serviço. Explicar sobre cada serviço, posteriormente.
Estas frases abaixo deverão ficar à parte e escritas cada uma de uma cor, diferente das
de cima. Todas se referem aos serviços do Centro de Saúde. Pedir novamente para que cada
um coloque onde achar correto. Analise e explique que todas se referem ao Centro de Saúde.
No final, enfatize os serviços prestados nos Centro de Saúde, que é o primeiro local de atenção
à saúde da população, os profissionais que deverão encontrar, o atendimento integral que
deve ser realizado, etc.
Frases sobre os serviços do Centro de Saúde(acrescente outras que achar necessário):
 Bené engordou 10 kg em dois meses e precisa emagrecer.
 Bené anda revoltado com a vida, porque perdeu os pais num acidente e quer conversar
com alguém.
 Bené está preocupado porque seus amigos estão lhe oferecendo droga.
 Bené é gago e quer ajuda sobre isso.
 Bené está com dificuldade de ler a matéria no quadro, de enxergar de longe e de perto.
 Bené tem diabetes e acabou sua insulina.
 Um médico pediu para o Bené tomar 24 paracetamol porque está resfriado.
 Bené tem 16 anos e precisa tomar as vacinas da adolescência.
 Bené tem 70 anos. Precisa tomar a vacina da gripe.
 A esposa de Bené engravidou e precisa saber como o bebê está.

Materiais Necessários: papéis coloridos, caneta, revistas, tesoura.


Número de Participantes por oficina: 8 adolescentes por oficina.
Periodicidade: Quinzenal
Carga Horária: entre 1 e 2 horas.

3.4.10. Oficina: sobre Gripe


Objetivos:
 Informar os adolescentes sobre os cuidados e forma de contágio da gripe.
 Discutir sobre como percebem a doença e formas de prevenção.

64
Metodologia:
Colocar em uma caixa perguntas e informações sobre a gripe, formas de contágio e
prevenção. Pode haver outra caixa, ou uma repartição da primeira, com algumas prendas
lúdicas, como imitar um animal, fazer um tipo de dança, imitar o jeito de um colega, caso o
adolescente não queira responder a uma pergunta, para fomentar um clima de descontração.
Essa caixa irá circular pelos adolescentes (que estarão em circulo). Colocar uma música
animada e quando a música parar (a pessoa no controle do som deve ficar de costas) o
adolescente que estiver com a caixa deve abri-la e ler o que estiver no papel para todos.
A pergunta ou informação pode ser comentada por outros também. No final, o
educador vai retomar com os adolescentes os pontos centrais sobre a gripe, formas de
prevenção, mitos e verdades, e tratamento.

Materiais Necessários: papel A4, 1 caixa de sapato, caneta, aparelho de som. Materiais que
podem embasar a discussão: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/gripe ;
http://www.youtube.com/watch?v=RqT5uz9soq0
Número de participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.
Periodicidade: 01 encontro.
Carga horária diária: entre 1h30min e 2 horas.

3.4.11. Oficina: sobre Dengue


Objetivos:
 Informar os adolescentes sobre o contágio, sintomas e tratamento da dengue.
 Discutir sobre a responsabilidade de cada um nas formas de prevenção.

Metodologia:
O educador exibe o vídeo sugerido: http://www.youtube.com/watch?v=BlUWDtsptw4.
Em seguida discute com os adolescentes os aspectos de cada charge transmitindo informações
sobre o contágio, prevenção, tratamento e sintomas da dengue. Perguntar se os adolescentes
já tiveram dengue ou conhecem alguém que foi acometido pela doença. Mais informações
sobre a dengue no portal do Ministério da Saúde:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1525.
Depois o educador distribui tiras de papel e canetas e cada adolescente irá escrever
uma pergunta e sua resposta sobre o conteúdo discutido em pedaços de papel diferente.

65
Então, o educador recolherá as folhas e distribuirá uma folha com pergunta para um
adolescente e uma folha com resposta para outro adolescente, alternando pergunta e
resposta. É importante que o adolescente não pegue sua própria pergunta. Os adolescentes
deverão ler a pergunta em voz alta e o colega ao lado deverá responder com o que tem em
mãos. O grupo pode discutir se a resposta está correta ou errada, até que cada pergunta
encontre sua resposta.

Materiais Necessários: computador com internet, projetor, papel A4, caneta.


Número de Participantes por oficina: de 04 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de 02 encontros.
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas

3.4.12. Oficina: Promoção da Alimentação Saudável


A fase da adolescência é caracterizada por um período de intensas mudanças, que
envolvem o desenvolvimento corporal, exigindo aumento da ingestão de nutrientes. A
alimentação e a nutrição são pré-requisitos para prevenção de algumas doenças e agravos à
saúde, como por exemplo, a desnutrição, a deficiência de ferro e outras vitaminas e a
obesidade, que atualmente é vista como um problema de saúde pública em todas as faixas
etárias populacionais.
Porém, essa fase também coincide com a falta de preocupação dos jovens em relação
à alimentação saudável. O adolescente adquire autonomia para preparar sua própria refeição
ou dão preferência a alimentar fora de casa, priorizando os fast-foods altamente calóricos.
A dieta nutricional que é oferecida aos adolescentes que cumprem medida
socioeducativa é balanceada, com os valores nutricionais compatíveis com essa fase. Porém, a
preocupação da equipe, no que tange a nutrição, é a de instrumentalizar o adolescente a
adquirir modos de vida saudáveis, que vão além do período de cumprimento de medida.

Objetivos:
 Sensibilizar os profissionais terceirizados que preparam as refeições servidas aos
adolescentes.
 Compartilhar informações com os familiares dos adolescentes.
 Oportunizar um momento de discussão e construção de uma dieta mais saudável.

Metodologia:

66
É importante que seja convocada a equipe de profissionais, nutricionista e cozinheiras
que preparam as refeições dos adolescentes, para contribuírem com essa temática. Deve-se
possibilitar que participem da atividade ou parte dela, seja na elaboração, na realização e/ou
auxiliando no esclarecimento das dúvidas acerca do tema.
A inclusão dos familiares possibilitará que os hábitos saudáveis de alimentação
perpassem o cumprimento de medida.
Atividade com a família
A atividade utilizará de um quadro dividido em 2 temas centrais, que servirá apenas
para nortear a atividade e não para engessá-la:
 TEMA 1- Como evitar contaminação alimentar? (limpeza das mãos e das
superfícies, conservar o alimento sob-refrigeração, não descongelar e recongelar
o mesmo alimento, troca da esponja);
 TEMA 2- Como escolher os alimentos durante a compra? (data de validade,
alimentos da época).
O coordenador da atividade deverá conversar com os familiares sobre a sua rotina
diária em relação aos itens do quadro. À medida que os familiares forem falando, o quadro
deverá ser preenchido.
Em um segundo momento, o facilitador apresentará aos participantes a pirâmide
alimentar, alertando os aspectos mais importantes. Os participantes deverão ser estimulados a
comentarem sobre as suas refeições diárias fazendo um paralelo com o ideal de padrão
alimentar, não negligenciando os aspectos culturais e socioeconômicos dos participantes.

Fonte: http://www.crn9.org.br/noticia.php?id=41
No final da atividade, o facilitador deverá sugerir o agendamento de um lanche
coletivo. Cada familiar deverá trazer um lanche saudável, em conformidade com a oficina. Os

67
participantes deverão ser encorajados a produzirem o lanche e compartilhar as receitas com
os outros familiares.
Atividade com os adolescentes
A atividade poderá ser elaborada em 2 encontros:
Primeiro encontro:
O responsável pela atividade deverá informar aos participantes sobre o tema da
oficina e falar sucintamente sobre a importância da alimentação no desenvolvimento.
Duas grandes pirâmides serão confeccionadas para ilustrar a oficina. A primeira
pirâmide será para que os adolescentes construam como seria uma alimentação saudável.

Pirâmide1
Fonte: http://www.editorapositivo.com.br/editora-positivo/professores-e-coordenadores/para-sala-de-
aula/planos-de aula/leitura.html?newsID=fbf6e6ed1ac5487facf55cd17a3375d0
O facilitador deverá trazer ilustrações de alimentos, contemplando todos os grupos
alimentares. Cada participante deverá receber uma gravura que será colada na pirâmide, no
local que julgar adequado. Durante esse momento, o coordenador da oficina deverá perguntar
aos adolescentes o motivo do posicionamento do alimento, explicando que a base da pirâmide
deverá ser afixada alimentos que devemos ingerir em maior quantidade e frequência, e os do
pico da pirâmide, os de menor consumo.
Após todas as figuras serem afixadas, o coordenador deverá mostrar o cartaz com a
pirâmide alimentar (poderá ser a mesma utilizada na oficina com os familiares) e comparar os
resultados.

Segundo encontro:
Esse momento consiste em sensibilizar os adolescentes para a qualidade nutricional da
alimentação que é oferecida pela Unidade Socioeducativa.
Será usado um quadro que deverá ser completado com os alimentos que são
ofertados na Unidade, conforme relato dos adolescentes, tendo com base o cardápio do dia

68
anterior ao da atividade (ter em mãos o cardápio da cozinha). À medida que os adolescentes
forem lembrando das refeições do dia anterior, o facilitador deverá anotar todos os alimentos
no quadro.
Cereais e Frutas, legumes Carne, ovos Leites e Doces refrigerantes
leguminosas e verduras peixe ou frango derivados e frituras

Depois de anotados todos os alimentos, o educador deverá mostrar novamente a


pirâmide alimentar utilizada no último encontro. Os participantes deverão ser estimulados
avaliar se a alimentação oferecida pela Unidade está de acordo com a pirâmide alimentar.

Materiais Necessários: cartolina, papel A4, revistas com gravuras de alimentos, canetas,
tesoura, cola. Referências para o desenvolvimento da atividade:
Ministério da Saúde. Saúde do Adolescente: habilidades e competência. Brasília, 2008
Número de Participantes por oficina: 15 adolescentes por oficina.
Periodicidade: dois encontros com intervalo de 1 mês entre eles.
Carga Horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.13. Oficina: Alimentação saudável


Objetivos:
 Trabalhar com os adolescentes o que é uma alimentação saudável.
 Explicar quais os nutrientes necessários ao organismo e onde encontrá-los.
 Verificar o que cada adolescente poderá fazer para ter uma alimentação adequada.

Metodologia:
Inicia-se a oficina realizando um teste sobre como está a sua alimentação, disponível
em
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomia
MenuPortal&app=abastecimento&tax=23000&lang=pt_BR&pg=5740&taxp=0&
Em seguida, explicar o que é uma alimentação saudável e quais os nutrientes são
importantes para corpo. Dar exemplos de cada um (exemplos dos carboidratos, proteínas,
gorduras...)

69
Depois montar uma pirâmide alimentar com gravuras. Explique inicialmente o que
significa o formato da pirâmide. Deixe o adolescente se envolver nesta construção através de
perguntas direcionadas como: quais os alimentos que nos oferecem energia? Posso comer
muita quantidade de doce todos os dias? Entregue, por último, a cartilha: DICAS DE
ALIMENTAÇAO SAUDÁVEL.- disponível em
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomia
MenuPortal&app=abastecimento&tax=23000&lang=pt_BR&pg=5740&taxp=0&

Materiais Necessários: cartolina, revistas com gravuras de alimentos, canetas, tesoura, cola.
Número de participantes: 12 a 15 adolescentes
Periodicidade: Mensal
Carga Horária: 1 a 2 horas.

3.4.14. Oficina: Prevenção do abuso de álcool, tabaco e outras drogas


Objetivos:
 Refletir com os adolescentes sobre as consequências do abuso de álcool, tabaco e
outras drogas.
 Discutir sobre os impactos do uso de drogas na vida de cada um.
Metodologia:
O educador exibe um filme relacionado com o tema, sugestões: Eu, Christiane F.
(1981) ou Diário de um Adolescente (1995) ou Bicho de Sete Cabeças (2000) e 28 dias (1999).
Também podem ser exibidos trechos de outros filmes que tratem da temática. Após a exibição
do filme realizar uma reflexão com os adolescentes sobre o uso de drogas e quais
consequências podem gerar em relação ao corpo, a saúde e, principalmente, à vida e suas
relações com a família e amigos. O educador pode basear essa discussão no documento do
Ministério da Saúde: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_de_ad.pdf.
Após a reflexão os adolescentes farão uma colagem com suas percepções sobre o
filme, baseando-se na mensagem que o filme transmitiu a cada um.

Materiais necessários: computador com internet, projetor, jornais ou revistas, cola, papel ou
cartolina.
Número de Participantes por oficina: de 04 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de 02 encontros
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

70
3.4.15. Oficina: Prevenção do abuso de álcool, tabaco e outras drogas 2
Objetivos:
 Pontuar os motivos do uso das drogas.
 Perceber as informações sobre drogas conhecidas pelos adolescentes.
 Proporcionar a reflexão sobre o que o adolescente sabe sobre drogas.

Metodologia:
O educador irá distribuir para os adolescentes uma folha com alguns motivos que
levaram a usar drogas. Cada adolescente deverá assinalar os motivos e depois colocar dentro
de uma caixa. Não é necessário que se identifique. Marcar 10 minutos para realizarem esta
atividade.
Os motivos podem ser:
( )Curiosidade; ( )para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações; ( )para fugir do
tédio;
( )para escapar da timidez e da insegurança;( )por acreditar que certas drogas aumentam a
criatividade, a sensibilidade e a potência sexual; ( )insatisfação com a qualidade de vida; (
)saúde deficiente;
( )busca do prazer; ( )enfrentar a morte, correr riscos; ( )necessidade de experimentar
emoções novas e diferentes; ( )ser do contra; ( )procura pelo sobrenatural; ( )
outros(descrever)
Depois, numa outra caixa, o oficineiro colocará o nome das drogas conhecidas: álcool,
tabaco, maconha, cocaína, êxtase, crack, heroína, anfetaminas...etc. e em outra, e frases que
irão contrapor ou que mostrem as possíveis consequências das ideias acima.
Como:
“A curiosidade para estas drogas pode te prejudicar”.
“As drogas não resolvem os problemas, frustações ou insatisfações. Eles continuam
existindo, você pode ter mais problemas na sua vida com o uso constante de drogas”.
“A droga não faz com que alguém goste mais de você”.
“As drogas podem causar ataque cardíaco, doenças respiratórias, enfisema, câncer,
impotência sexual, alterações na memória, perda do autocontrole, gota, rompimento das
veias, danos no fígado, rins e estômago, cirrose hepática, úlceras, gastrites, irritabilidade, dor
de cabeça, insônia, ansiedade, agitação e outros”.

71
Pedir para o adolescente tirar um nome de uma droga e dizer o que sabe a respeito
dela, como sua composição e seus efeitos. Depois, o educador irá tirar uma frase e deverá
fazer a ligação da droga com um dos motivos marcados na folha. Exemplo: “Alguém marcou
que o motivo para usar droga, como a maconha, foi para aumentar a potência sexual, mas a
maconha é capaz de reduzir a produção de espermatozoides, e também estudos recentes
revelam situações de infertilidade, impotência, problemas menstruais e diminuição da libido e
da satisfação sexual, entre usuários crônicos da maconha. Mesmo que ninguém marque esta
opção, pode-se questionar a respeito.
Sobre cigarro, sugere-se a utilização da cartilha do Ministério da Saúde “Entender
porque se fuma e como isso afeta a saúde. Deixando de Fumar sem mistérios. Sessão 1” e a
cartilha “ Você está querendo parar de fumar” . Sobre o álcool, pode-se trabalhar com a
cartilha: “Drogas: cartilha álcool e jovem”
As cartilhas estão disponíveis em
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pare_de_fumar_01.pdf. e
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temas-de
saude/cartilha_para_parar_de_fumar.pdf. e
http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/pdf/drogas-cartilha-alcool-e-
jovens.pdf.
Outras referências disponíveis em:
http://www2.inca.gov.br;
http://www.brasilescola.com/drogas;
http://www.abennacional.org.br/revista/cap6.5.html.

Materiais necessários: papel, lápis ou caneta, duas caixas de sapato, cartilhas impressas.
Número de Participantes por oficina: de 08 a 15 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de 02 encontros
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.16. Oficina: Higienização bucal supervisionada


Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2010) demonstram que a cárie
dentária, apesar de sua diminuição ao longo dos anos, ainda é muito prevalente na população
brasileira da faixa etária entre 15 a 19 anos. Não só a cárie, mas também as doenças gengivais
merecem atenção, pois acometem com frequência os adolescentes que cumprem medida
socioeducativa.

72
Sabe-se que os fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças são passíveis
de prevenção e de controle. Portanto, as ações de educação são atividades de extrema
importância que devem ser realizadas de forma contínua e sistemática.
A oficina de saúde bucal deverá ser um espaço de compartilhamento de saberes e um
instrumento de orientação ao autocuidado, a fim de tornar o adolescente crítico sobre os
aspectos que norteiam o processo saúde-doença.
A proposta de realização da Oficina de Higienização Bucal Supervisionada vai de
encontro as Políticas Públicas de Saúde, que fomentam as ações de educação como estratégia
na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Objetivos:
 Estabelecer um momento de escuta qualificada ao adolescente, valorizando suas
qualidades e saberes, desenvolvendo o empoderamento e tornando-o capaz de
fortalecer a autonomia no controle do processo saúde - doença e na condução de seus
hábitos para a redução de riscos.
 Instrumentalizar os sujeitos para a adoção de medidas de prevenção.
 Reduzir a prevalência de doenças bucais (destacam-se as de maior incidência: cárie e
doenças gengivais);
 Contribuir para a manutenção e melhoria das condições de saúde bucal.
Metodologia:
Inicialmente, serão identificados os principais problemas odontológicos, segundo a
percepção dos adolescentes e dos próprios profissionais de saúde bucal, por meio da aplicação
de questionários aos jovens e análise dos prontuários odontológicos. Tal levantamento
permitirá identificar os adolescentes que apresentam maior vulnerabilidade para as doenças
bucais, devendo estes serem priorizados na ação, corroborando com o princípio da equidade.
Os adolescentes, num segundo momento, serão convidados a participar da oficina,
sendo-lhes garantido o direito de livre escolha no que tange a aceitação. Os jovens serão
acolhidos e orientados quanto à situação de sua saúde bucal, incluindo a importância do
autocuidado e da higiene bucal (escovação com o uso de dentifrício fluoretado e fio dental).
O responsável pela oficina utilizará de evidenciador de placa, substância que cora o
biofilme (placa bacteriana causadora de várias doenças bucais), para que o adolescente possa
visualizar as superfícies dentárias onde a escovação está eficiente.
Após a observação, os jovens realizam a escovação com pasta profilática e as próprias
escovas de dente. O profissional irá supervisionar e, caso julgue necessário, fará intervenção e

73
orientará a fim de capacitar cada adolescente para uma higienização bucal mais efetiva e
eficiente.
As dúvidas e questões levantadas durante a atividade serão problematizadas e, caso
não sejam solucionadas ou mereçam um aprofundamento, outro espaço será criado para
tratar desses assuntos.

Materiais Necessários: evidenciador de placa, pasta profilática, escova de dente.


Número de Participantes por oficina: cinco adolescentes por encontro. Todos os adolescentes
da unidade poderão ter acesso ao menos a um encontro. A oficina deverá repetir-se ao longo
do ano de maneira a alcançar todos os adolescentes da unidade.
Periodicidade: no mínimo 01 encontro.
Carga Horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.17. Oficina: Evolução da cárie


Objetivo:
 Demonstrar o processo de evolutivo da cárie pelas estruturas do órgão dental.

Metodologia:
Inicialmente, o educador deverá incentivar os participantes a dizerem sobre seus
conhecimentos em relação à cárie dentária (fatores predisponentes, prevenção, sinais e
sintomas...) através de um diálogo respeitoso, evitando críticas.
Para ilustrar a atividade, o coordenador fará uso do modelo do dente, pré-
confeccionado com isopor, para demonstrar o processo evolutivo da cárie no órgão dental.
Deverá ser gotejada, gota a gota, a gasolina sobre o isopor, assim os participantes poderão
observar como este vai sendo destruído. Deverá ser enfatizando que o ácido produzido pela
bactéria, causadora da cárie, também corroí as estruturas dentárias da mesma forma que a
gasolina fez com o isopor.
Durante a demonstração, o responsável por conduzir a atividade deverá descrever os
sinais, sintomas, formas de prevenção e os possíveis tratamentos odontológicos. A atividade
permitirá instrumentalizar o adolescente sobre os aspectos evolutivos da cárie, possibilitando
que se tornem protagonistas na melhoria e na manutenção da saúde bucal através de hábitos
de prevenção à cárie.
Sugestão: a equipe de saúde bucal da Unidade poderá convidar alguns adolescentes
para ajudar nessa tarefa. O número de adolescentes escolhidos poderá ser igual ao número de

74
oficinas que serão ministradas, assim cada um poderá participar de pelo menos um momento.
A elaboração e confecção do modelo poderá ser um espaço de identificação dos adolescentes
que apresentam mais interesse pelo tema. Estes poderão ser incentivados a colaborem
ativamente durante a realização da referida oficina.

Materiais Necessários: modelo de dente confeccionado em isopor com visualização do


esmalte, dentina e polpa e conta – gotas contendo gasolina.
Referências:
 BRASIL. Ministério da Saúde. SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal:
resultado principal. Brasília, 2012.
 MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do adolescente. Belo
Horizonte, 2006
 MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção em Saúde Bucal. Belo
Horizonte, 2006.SESC.
 Manual técnico de educação em saúde bucal. Rio de Janeiro, 2007.
Número de participantes por oficina: 15 adolescentes por oficina.
Periodicidade: Atividade pontual que poderá ser realizada sempre que a equipe julgar
necessária
Carga Horária: entre 1 e 2 horas.

3.4.18. Oficina: Cuidando do corpo


(Inspirada na oficina do Centro Socioeducativo de Divinópolis)
Objetivos:
 Desenvolver um conjunto de ações com o propósito de atender às demandas dos
adolescentes relacionadas ao autocuidado, enfatizando a promoção da saúde e a

75
prevenção de doenças, contribuindo, consequentemente, para melhoria da qualidade
de vida;
 Promover espaços para discussão, reflexão e troca de experiências com orientações
para uma vida saudável;
 Discutir e refletir com os adolescentes as questões de seu interesse e torna-los
agentes de sua própria saúde, incentivando o protagonismo dos mesmos.
 Proporcionar a integração entre as equipes da unidade para o desenvolvimento de
ações integradas.
 Abordar com os adolescentes temas como autocuidado, autoestima, compromisso,
responsabilidade, pensamento crítica e responsabilização pelas escolhas realizadas.
 Estabelecer atividades que favoreçam a vivência do cuidado com o corpo.
Metodologia:
A oficina será composta pelos seguintes elementos:
Desenvolvimento de práticas de autocuidado com os adolescentes, abordando a
higiene pessoal e fornecendo instruções acerca do cuidado com o corpo e a higiene –
transmissão de conteúdo e trabalho com imagens para instruir sobre os devidos cuidados
higiênicos e a melhor maneira de realiza-los;
Realização de corte de cabelo e demais cuidados com o corpo;
Realização de dinâmicas de grupo sobre o corpo e autocuidado. Sugere-se a dinâmica
da Imagem Corporal, na qual o adolescente se desenha “em tamanho real” em cartolina, papel
craft ou na parede, e depois um colega ou o educador faz o desenho ao redor do corpo do
adolescente que se desenhou e o grupo pode conferir a diferença ou coincidência entre o
imaginado e o real do corpo, abordando a autoestima, a imagem corporal, o gostar de si e
cuidar-se;
Reflexão com os adolescentes sobre a noção que possuem a respeito do próprio corpo,
a partir da dinâmica e das instruções recebidas;
Produção dos adolescentes com educadores de um “Guia de Autocuidado”, no qual
eles esboçam em cartazes, cartilhas ou fotografias, a apreensão que tiveram sobre o conteúdo
e diante de suas reflexões. A proposta desse guia é a de fazer ilustrações e dicas sobre o
conteúdo trabalhado na oficina, de acordo com a apreensão dos adolescentes: cuidado com a
pele, cabelo, pele do rosto, corpo, cuidados de higiene básicos, entre outros temas. Essa
produção deve ser exposta na unidade.

Materiais Necessários: cartolina, papel craft, revistas, caneta, tesoura, cola.

76
Número de Participantes por oficina: de 04 a 15 adolescentes
Periodicidade (duração/dias da semana): 1 vez por semana – tendo duração de no mínimo 05
encontros.
Carga Horária diária: entre 01 e 02 horas

3.4.19. Oficina: Autocuidado


(Inspirada na oficina da Casa São Luis)
Objetivos:
 Contribuir para a criação de um espaço de conscientização, reflexão e discussão do
tema higiene corporal, aprendendo hábitos de higiene por meio do cuidado com o
corpo.
 Perceber a higiene pessoal como particularidade necessária à saúde do corpo.
 Identificar os métodos corretos de higiene diária e as consequências da não
manutenção da higiene diária.
 Adotar hábitos de autocuidado, respeitando as possibilidades e limites do próprio
corpo.
 Obter, a partir das imagens, uma melhor conscientização sobre a importância da
higiene e cuidado corporal.
 Identificar doenças suscitadas ou agravadas pela ausência de hábitos de cuidado
corporal, principalmente as dermatoses e infecções das vias aéreas.
 Sensibilizar os adolescentes sobre como seus hábitos interferem diretamente em sua
higiene e cuidado pessoal.
 Discutir e apresentar as formas de higiene corporal, bucal, entre outras.
Metodologia:
A oficina privilegiará os momentos de discussão com o grupo, apresentação de temas
e trabalho com recursos audiovisuais (revistas, propagandas de produtos de limpeza, vídeos e
cartazes sobre doenças suscitadas pela ausência de higiene corporal). Os temas que orientarão
a condução das oficinas serão: hábitos de higiene, função do banho, cuidado com as unhas,
cuidado com o vestuário, cuidado com os dentes e as gengivas, cuidados com os cabelos,
discussão de questões gerais como “O que posso fazer para conservar meu corpo e sua
limpeza?”, “Que cuidados devo ter com meus cabelos, unhas e dentes?”, “Qual a melhor
maneira de limpar as orelhas?”, “Como devo cuidar dos meus pés?”, “Devo ou não emprestar
objetos pessoais aos colegas?”, entre outros questionamentos.

77
Essas perguntas terão como fechamento a produção de vídeos tutoriais encenados
pelos próprios adolescentes (câmeras portáteis). Esses vídeos serão assistidos por toda a
unidade e poderão servir como material para futuras oficinas sobre o tema no sistema
socioeducativo, na escola, e em outros pontos da rede em que seja interessante aplicar e
compartilhar essa oficina.

Materiais Necessários: revistas, propagandas de produtos de limpeza, vídeos e cartazes sobre


doenças suscitadas pela ausência de higiene corporal, câmeras portáteis ou celular.
Número de Participantes por oficina: de 04 a 15 adolescentes
Periodicidade: 1 vez por semana – tendo duração de no mínimo 05 encontros.
Carga Horária diária: entre 01 e 02 horas

3.4.20. Oficina: Vacinar pra quê?


Objetivos:
 Explicar porque é necessário vacinar, esclarecendo alguns termos relacionados com o
assunto Incentivar a vacinação na adolescência.
 Esclarecer mitos e tabus sobre o tema.
Metodologia:
Escreva o nome das doenças que podem ser prevenidas por meio de vacinas desde a
infância e coloque espalhadas numa parede ou quadro. Pergunte aos adolescentes se eles
sabem sobre o que se trata aqueles nomes. A reposta deverá ser “nome de doenças”.
Explique então, que todas estas doenças podem ser prevenidas de uma mesma forma bem
como os conceitos de prevenção e imunidade. Depois colocar no mesmo local que estão as
doenças, os nomes abreviados das vacinas (FA, Dt, Triplice viral, Hep B). Citar que existem
quatro tipos de calendários de vacinação( infância, adolescência, adulto e idoso) e que para o
período da adolescência estão previstas 04 vacinas.
Finalize explicando os motivos que deve-se vacinar, citando, como por exemplo os
tópicos abaixo:
 As vacinas protegem milhões de pessoas contra a dor, sofrimento e mesmo
incapacitação permanente.
 As vacinas poupam dinheiro para os indivíduos e para a sociedade, ao reduzir os custos
com; doença, por exemplo, medicamentos, cuidados hospitalares e perda de tempo de
trabalho.
 As vacinas reduzem a velocidade de disseminação da doença. Graças às vacinas,

78
algumas das doenças que costumavam levar a óbito ou incapacitar milhares de
pessoas são hoje bastante raras na maioria dos países (coma a pólio), ou mesmo foram
eliminadas (como a varíola).
O profissional de saúde poderá realizar a dinâmica de mitos e fatos sobre as vacinas
com as seguinte frases, por exemplo:
Algumas vacinas contêm mercúrio: R: Fato
Timerosal, um conservante que contém cerca de 50% de mercúrio, impede a
contaminação por bactérias. Ela pode ser encontrada em vacinas contra a gripe, de acordo
com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
No entanto, desde 2001, o Timerosal não esteve presente nas vacinas de rotina para
crianças menores de 6 anos. E, tanto a vacina para gripe e algumas vacinas para adultos e
crianças mais velhas podem ser encontrados nas versões sem Timerosal, ou com doses mais
baixas.
As vacinas causam o autismo R: Mito
Um estudo de 1998 por Andrew Wakefield encontrou uma ligação entre a vacina MMR
com sarampo, rubéola e o autismo, desencadeando um pânico que levou à queda das taxas de
imunização, e os surtos subsequentes.
Desde então, o estudo foi considerado com falhas, e foi recolhido pela revista que
publicou. Em 2004, o Institute of Medicine publicou um relatório que não encontrou nenhuma
evidência científica de uma relação entre a vacina MMR e autismo. Em setembro de 2010, o
CDC publicou resultados semelhantes.
"É mais arriscado para o seu filho se ele não for vacinado", diz Carrie Nelson,
presidente da Comissão de Saúde da Pública e da Ciência americana.
Você está seguro se todos estão vacinados R: Mito
Infelizmente não. "Muitas famílias acreditam que se os filhos foram vacinados em
escolas, todos da mesma família teria menos possibilida de ficar doente, tornando assim muito
fácil para as doenças imunopreveníveis se espalhar", diz Ari Brown, pediatra e porta-voz da
Academia Americana de Pediatria.
Dra. Brown diz que isso “era” verdade quando algumas pessoas não podem ser
vacinadas, devido a restrições de saúde ou idade. Além disso, você pode pegar alguns germes,
como o tétano e hepatite A, a partir do solo ou alimentos contaminados, e outros não.
Excesso de doses de vacina pode enfraquecer o sistema imunológico R: Mito
Cada dose permite que o corpo possa montar uma resposta imune e produzindo mais
anticorpos de defesa ajudando que o corpo possa lutar contra uma infecção real.

79
As crianças recebem as vacinas múltiplas o mais cedo possível para fornecer o máximo
de proteção. Tanto o Comitê Consultivo em Práticas de Imunização e da Academia Americana
de Pediatria recomenda que as vacinas sejam dadas às crianças ao mesmo tempo quando for o
caso.
Como sugestão, pode-se entregar cópias da história em quadrinhos da turma da
Mônica sobre vacinaçao, disponível em : http://www.ebah.com.br/content/ABAAABlnAAJ/hq-
vacinacao-gesto-amor-turma-monica

Materiais Necessários: papel, caneta.


Referências: Portal Ministério da Saúde
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1448
Número de Participantes por oficina: de 08 a 15 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – pode ter duração de 02 encontros
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.4.21. Oficina: Violência doméstica e social


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes a noção de violência doméstica, suas contingências e
prejuízos à sociedade.

Metodologia:
Apresentar o conceito de violência doméstica escrito no meio de um cartaz, deixando
espaço livre acima e abaixo da frase. Sugerimos: A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OCORRE CONTRA
CRIANÇAS, MULHERES, ADOLESCENTES E IDOSOS E É REALIZADA POR UM FAMILIAR.
Depois de lerem o conceito, o cartaz é deixado de lado por um tempo, e o grupo
receberá cópias da seguinte reportagem sobre violência doméstica contra a mulher:
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/no-dia-internacional-da-mulher-a-ma-
noticia-a-cada-hora-dez-mulheres-foram-vitimas-de-violencia-no-brasil-em-2012/.
A leitura deverá ser realizada em grupo e, após seu término, será discutido com os
adolescentes se eles sabiam dessa forma de violência, se já viram acontecer em seu bairro, se
acham que acontece em todas as classes sociais, se já foram vítimas de violência doméstica,
etc. Após a discussão, o cartaz será retomado e cada adolescente encontrará em jornais ou
revistas alguma palavra ou imagem que represente a violência doméstica. As imagens e
palavras serão coladas pelo grupo ao redor do conceito, no cartaz.

80
No próximo momento, o grupo assistirá à reportagem sobre Violência contra as
crianças disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=UEUCcsZZi08.
Depois de assistir ao vídeo, o grupo terá a seguinte discussão: porque os adultos
violentam as crianças, adolescentes e idosos? Para tentar entender, o grupo fará uma lista com
pelo menos cinco motivos que identificam.
Para finalizar a oficina, o último momento trata de esclarecer para os adolescentes
quais os meios de pedir ajuda, em caso de violência doméstica, quais serviços públicos existem
no município. Para tanto, o educador deve pesquisar os serviços existentes (disque denúncia,
Rede de Saúde, CREAS e CRAS, ONG’s, Vara Cível da Infância e Juventude). Esses serviços
podem ser apresentados por meio de um mapa desenhado no qual os adolescentes vão colar
os serviços de acordo com sua localização e seu bairro.

Materiais necessários: cartolina, reportagem impressa, jornais ou revistas, cola, computador


com internet, projetor
Número de participantes por oficina: de 08 a 15 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 02 encontros.
Carga horária diária: entre 1h30min e 2 horas.

3.4.22. Oficina: Violência e abuso


Objetivo:
 Realizar uma reflexão com os adolescentes sobre as formas de violência sexual e sua
presença nos relacionamentos e na sociedade em geral.

Metodologia:
A oficina será construída com base nos conteúdos disponíveis no site
http://juventude.gov.pt/SaudeSexualidadeJuvenil/Sexualidade/ProblemasSexualidade/Paginas
/Aviol%C3%AAnciasexual.aspx, um site português voltado para saúde e sexualidade juvenis. A
partir do site, o primeiro momento da oficina pode ser orientado pelas seguintes perguntas: O
que é a violência sexual? Quais as formas de violência sexual? O que se entende por abuso
sexual? O que é incesto e pedofilia? O que é assédio sexual? Entre outras. As perguntas devem
ser feitas para os adolescentes, primeiramente, e depois o educador os auxilia a
complementar as respostas com as indicações disponíveis no site.
No segundo momento da oficina, cada adolescente escolherá uma pergunta para
ilustrar a resposta em folha A4, de maneira individual ou em dupla. A ilustração poderá ocorrer

81
em parceria com oficinas de artes e grafite, onde houver, ou poderá ser realizada por meio de
desenho, recorte e colagem, entre outras formas de expressão artísticas acessíveis à unidade e
aos adolescentes.
No final desse momento, o educador reunirá as perguntas e respostas ilustradas e
escritas, a fim de formar uma única cartilha. A unidade providenciará cópia dessa cartilha e
distribuirá entre os adolescentes e funcionários da unidade. Cabe aos adolescentes ajudarem a
pensar qual o melhor formato, a linguagem mais acessível, a ordem das folhas, a disposição
das imagens, e também o recurso disponível na unidade para esse trabalho, a fim de alcançar a
maior distribuição interna possível.
Para complementar a cartilha, os adolescentes deverão ter acesso aos dados contidos
no site: http://www.brasil.gov.br/saude/2013/08/vitimas-de-violencia-sexual-terao-
atendimento-assegurado-no-sus, que tratam da realidade dos abusos sexuais no Brasil hoje e
das mudanças na lei para atendimento às vítimas de violência sexual no SUS.
A fim de encerrar, os adolescentes serão convidados a lançar a cartilha em alguma
assembleia ou outro momento interno, como a visita da família à unidade, transmitindo um
pouco do que aprenderam e construíram aos demais adolescentes, familiares e equipe.

Materiais necessários: papel A4, lápis de cor ou caneta colorida, jornais ou revistas.
Número de participantes por oficina: de 06 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração entre dois e três encontros.
Carga horária diária: entre 1h30min e 2 horas.

3.4.23. Oficina: Adolescência para meninos e meninas


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes como se dá a adolescência para meninos e meninas,
abordando o papel do homem e da mulher nas sociedades atuais.
Metodologia:
A oficina terá início a partir do Trailer do filme “Juno”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=k5b2ClTxaL4
Esse Trailer tem como objetivo suscitar uma conversa com os adolescentes sobre as
diferenças entre ser pai e ser mãe na adolescência, diferenças estas que são evidenciadas no
Trailer. Os aspectos a serem destacados no pequeno vídeo são: o fato de Juno estar grávida e
ter que largar a escola por um tempo, ser exposta na escola por causa da gravidez, enquanto o

82
pai da criança fica aparentemente mais preservado da situação. O fato de Juno querer dar seu
bebê para outra família criar, se essa decisão cabe à mulher e mãe apenas ou ao casal, ainda
que não estejam juntos. E a relação dos pais de Juno com ela, se na opinião dos adolescentes
eles preferem ser pais de meninos ou meninas e por quê. Caso fossem pais de Juno o que
fariam com essa novidade na família?
Em segundo momento, os adolescentes deverão organizar em cartaz único adjetivos
que dizem respeito ao HOMEM e à MULHER, dividindo o cartaz ao meio e o grupo de
adolescentes em dois grupos menores. Cada grupo escolherá um gênero (Homem ou Mulher)
e ficará responsável por atribuir adjetivos e demais palavras ao gênero escolhido. As palavras
podem ser escritas pelos adolescentes ou provenientes de revistas (recorte e colagem).
A partir da produção dos cartazes, o educador conduzirá uma discussão com os
adolescentes sobre os adjetivos e palavras que encontraram e se reconhecem essas palavras
em todos os homens e mulheres que conhecem.
No próximo momento, os adolescentes assistirão ao clipe da música “If I were a boy
(Se eu fosse um menino) da cantora Beyoncé, disponível com tradução no link:
http://www.youtube.com/watch?v=uKTX6qGHMm4. Os adolescentes deverão dizer se
concordam com os argumentos da letra da música, abordando, principalmente, a parte em
que diz:
“Eu me colocaria em primeiro lugar/E faria as regras pra seguir/Porque sei que ela seria
fiel/Esperando que eu volte pra casa”
Na música a cantora dá a ideia de algumas facilidades em ser homem, principalmente
em uma relação amorosa. Os adolescentes concordam com essas facilidades? Já fizeram uso
dessas diferenças entre gênero? Acham que as mulheres estão em segundo plano em relação
aos homens? Uma mulher pode fazer o que quer? E um homem?
Importante ajudar a desconstruir as discriminações entre gênero.
O último tema da oficina será se existem coisas “para homens” e “para mulheres” no
mundo hoje. Por exemplo: profissões “de mulher” e “de homem”, hábitos “de mulher” e “de
homem”, etc. Para iniciar a discussão, o educador pode transmitir aos adolescentes o vídeo
disponível em http://www.youtube.com/watch?v=N8__iRsxG_A, no qual o bailarino russo
Mikhail Baryshnikov faz um solo de ballet. Uma curiosidade sobre o bailarino é que ele não é
homossexual, ao contrário do que se atribui no senso comum aos bailarinos. É uma
informação importante para trabalhar com os adolescentes esse tipo de pré-conceito em
relação às profissões de “homem” e de “mulher”:

83
Baryshnikov tem uma filha, Aleksandra Baryshnikova (nascida em 1981), a
partir de um relacionamento anterior com a atriz Jessica Lange. Baryshnikov
está atualmente em uma longa relação com a ex-bailarina Lisa Rinehart, e
eles têm três filhos: Sofia, Anna, e Peter (Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Baryshnikov).
A oficina tem seu encerramento a partir da música da rapper Kany Arkana, que tem
por objetivo ilustrar mais ainda o falso limite entre profissões de homem e de mulher, uma vez
que o mercado de rappers é em sua maioria masculino, mas essa cantora também tem seu
espaço e se destaca pelas suas canções. Vídeo disponível com tradução em:
http://www.youtube.com/watch?v=O02SLXMnOOk.

Materiais Necessários: computador com internet, cartolina, caneta, revistas, cola, tesoura.
Número de Participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 04 encontros.
Carga horária diária: entre 1 hora e 1h30min.

3.4.24. Oficina: “Ser homem, ser mulher”


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes como se dá a diferenciação sexual, abordando aspectos
corporais, psicológicos e sociais a fim de esclarecer que gênero vai além de nascer
homem ou mulher.
Metodologia:
No primeiro momento, apresentar aos adolescentes o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=hIfBgCiO0U4, sobre gênero “Homem x Mulher”. Trata-se
de um vídeo descontraído, que faz analogias sobre a vida do homem e da mulher na sociedade
hoje.
Cabe ao educador, após o vídeo, questionar o grupo sobre o que acharam do que foi
apresentado. O grupo deverá rever o vídeo e em cada situação parar e analisar se as
diferenças apresentadas são da “biologia” ou da “sociedade”. Por exemplo, a mulher demora
mais para se arrumar para um compromisso porque as mulheres são mais lentas do que os
homens ou por que a sociedade exige de certa forma que as mulheres se arrumem mais do
que os homens? Essa discussão deve ser feita com calma, sobre cada situação apontada no
vídeo.

84
A partir dessa discussão, a oficina terá o segundo momento, no qual será exibido o
Episódio “Grilar é Normal” do Episódio “Os Normais”. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=caCI09tyT4I. Diante do vídeo, a discussão com o grupo
será orientada pelos temas a seguir, que foram evidenciados no episódio por “Rui” e “Vani”.
 Ciúme
 Grilos femininos e masculinos
 Infidelidade e mentira
 Relação com o corpo
 Inveja
 O sonho de Vani
Esses temas devem ser relacionados aos gêneros masculino e feminino, para pensar
como é cada tema na vida de homens e mulheres. O ciúme, a relação com corpo, a inveja, etc.
Para terminar a oficina, os adolescentes assistirão a mais um vídeo, dessa vez sobre
homoafetividade, disponível no endereço eletrônico:
http://www.youtube.com/watch?v=ZjsrAxRgGyU.
Esse momento tem por objetivo refletir acerca das noções que se têm sobre
homoafetividade e gênero, auxiliando os adolescentes a compreender que gênero e
sexualidade são determinados por múltiplos fatores e não apenas pela determinação
biológica.

Materiais Necessários: computador com internet.


Número de Participantes por oficina: de 06 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 1hora a 1h30min.

3.5. Eixo: Cultura

3.5.1. Oficina: As sete artes


Objetivos:
 Apresentar as diferentes expressões artísticas.
 Possibilitar o acesso ao conhecimento das artes.
 Promover a produção artística.
 Despertar o interesse e habilidades pelas artes.

85
 Ampliar o repertório cultural.
 Articular atividades externas e internas.

Metodologia:
Apresentar as sete manifestações artísticas, a saber:
1. Música
2. Dança
3. Pintura
4. Escultura
5. Teatro
6. Literatura
7. Cinema
A proposta é que cada arte possa ser trabalhada em dois encontros ou mais, tendo um
momento de apresentação, discussão e produção. A apresentação geral de cada expressão
artística, no primeiro dia de cada oficina, deve ser sucinta e preparada a partir de uma breve
pesquisa em livros ou na internet sobre cada uma. Não há a necessidade de uma exposição
extensa sobre a história de cada arte para não ficar uma palestra.
É interessante apresentar pontos curiosos e, principalmente, conhecer qual a vivência
que cada um tem sobre aquela arte. Por exemplo, o teatro. Apresenta-se pontos interessantes,
frutos de uma pesquisa prévia, e, após a apresentação destes pontos, pede-se aos jovens que
digam o que acham do teatro e o que conhecem a respeito. Alguém já fez teatro? Já foi à
algum teatro? Já viu na televisão? Qual deve ser a diferença entre atuar em teatro e na
televisão, etc.? Esta orientação de uma apresentação inicial serve para todas as sete
manifestações artísticas.
Toda a produção pode extrapolar o momento da oficina e ser levada para os demais
adolescentes, para o restante da unidade, para família e eventos. Deve-se pensar em articular
as oficinas internas com atividades externas, para se conhecerem lugares destinados às artes,
exposições do produto das oficinas, quando houver, no dia de visita, integração com a escola e
demais parceiros, etc. Em relação à cidade, os adolescentes devem ser incentivados a procurar
oferta de cultura nos espaços públicos, seja por meio da programação cultural do jornal, ou de
sites da prefeitura e outros voltados para a programação cultural. Quando for possível aos
jovens irem a alguma apresentação, é de fundamental importância que possa fazer um resumo
do que viu, para os outros que não puderam ir. Estas ações são sempre bem vindas e
possibilitam a formação do conhecimento e socialização.

86
De todas as oficinas podem surgir talentos e isto não pode ser desperdiçado. Nesses
casos devem-se proceder com encaminhamentos, já que o objetivo da oficina é apresentar as
manifestações artísticas e não aprofundar as habilidades, uma vez que o educador desta
oficina não precisa ser artista, mas sim ter interesse e curiosidade em conhecer mais sobre as
artes e interesse em transmitir isso para os jovens.
Abaixo, segue proposta de trabalho para cada uma das sete artes, especificamente.

3.5.1.1. Oficina: Música


A música talvez seja a arte mais presente na vida dos adolescentes. Mas será que eles
conhecem a diversidade musical que existe no mundo? Assim, o primeiro momento da oficina
desta manifestação artística é levantar os gêneros musicais que os adolescentes conhecem.
Lança-se a pergunta: quais são os gêneros musicais que existem?
À medida que os adolescentes responderem, o educador ou outro adolescente se
encarrega de escrever as resposta em um quadro ou em um cartaz, por exemplo, samba,
pagode, rock, sertanejo, funk, etc. Finalizado este momento, o educador completa com uns
gêneros que ficaram de fora, como por exemplo, MPB, música clássica, música pop jazz, blues,
eletrônica, gospel, reggae, diferentes vertentes do rock como heavy metal, rock progressivo,
etc. O importante deste momento é listar estes gêneros e perceber a diversidade existente.
Pode-se estender este exercício perguntando aos jovens quais instrumentos compõe
cada gênero e anotar tais instrumentos abaixo de cada ritmo. Não é necessário saber todos os
instrumentos, mas sim aproximadamente a partir da percepção de cada um. Aqueles ritmos
que ninguém souber os instrumentos, deixe incompleto para ser preenchido ao longo dos
próximos encontros. É importante que estes cartazes estejam presentes em todos os
encontros sobre música.
Passado este primeiro momento, a proposta é que o educador leve nos demais
encontros trechos de música e vídeos de bandas ao vivo de cada gênero musical. Estes vídeos
podem ser acessados no You Tube e projetado ou exibido no próprio computador. Assim, em
cada encontro, primeiramente escuta-se um ou dois gêneros musicais e após a audição se
discute. Todo mundo gosta desta música? Quais os instrumentos que cada um acredita
estarem presentes? Qual o estilo desta banda? Após a audição e essa discussão inicial, passa-
se o vídeo, se possível, e retomam-se as perguntas, de forma a completar a discussão e o
quadro dos instrumentos. Esta estratégia de ouvir para adivinhar os instrumentos e depois
comprovar, seja através do vídeo (preferencialmente) seja através de pesquisa, pode atrair os
jovens e criar um espírito de jogo e competição saudável.

87
A proposta é fazer uma mostra de talentos ao final da oficina, onde quem sabe ou
gosta de cantar ou tocar um instrumento, possa se apresentar para o grupo ou para a unidade
como um todo.

Materiais necessários: computador, som, cartaz e caneta.


Participantes por oficina: até 10 adolescentes.
Periodicidade: semanal
Carga Horária diária: No mínimo 1 hora e no máximo 1 hora e meia.

3.5.1.2. Oficina: Dança


Quais são os tipos de dança que existe? Quem sabe dançar? Quem gosta de dançar? O
que é preciso para dançar? Qual a diferença entre dançar para se divertir e dançar
profissionalmente? Há diferentes técnicas de dança?
Estas e outras perguntas servirão para levantar o que os adolescentes conhecem e se
interessam por esta expressão artística. A proposta é que possam ser apresentadas fotos e
danças diversas, como por exemplo, balé clássico, dança contemporânea, etc. Pode-se ter um
momento que os jovens possam dançar o que sabem. Combina-se para o próximo encontro
esta apresentação e o educador de encarrega de conseguir a música que o jovem queira
dançar, sem restrições. Se quiser apresentar o funk, o miami, o break dance, etc. Porém, a
oficina não pode se restringir a estes gêneros, mas devem ser apresentados outros tipos.
Pode-se intercalar: um dia se apresenta o balé clássico. No próximo encontro um grupo se
apresenta, no próximo vê-se um vídeo de dança contemporânea, e assim por diante.

Materiais necessários: computador e som.


Participantes por oficina: até 10 adolescentes.
Periodicidade: semanal
Carga Horária diária: No mínimo 1 hora e no máximo 1 hora e meia.

3.5.1.3. Oficina: Pintura e Escultura


(inspirado na Oficina no CSE Santa Helena)
Após a introdução do tema conforme orientado na introdução, deve-se propor um
trabalho de releitura de quadros famosos. Assim, apresenta-se uma pintura (abaixo segue
algumas opções) e contextualiza-se a obra, como por exemplo, o ano que foi feito e o autor. A
obra pode ser projetada, se houve disponibilidade deste material, impressa ou exibida em um

88
computador. Existem algumas obras que tem histórias interessantes por trás, como por
exemplo, o quadro Guernica de Picasso. Assim, uma pesquisa prévia é muito importante,
contribuído também para a formação do educador!
Neste momento de exibição da pintura, é importante que seja possível que os jovens
observem atentamente a pintura e que possam discutir e observar todos os detalhes e
percepções. Os jovens devem ser instigados e dizer o que veem e que acham disso. Todo
mundo vê a mesma coisa, ou há diferentes interpretações? É bonito o quadro? Causa
desconforto, estranhamento? Causa emoção?
Em seguida à apresentação da obra, solicita-se que os adolescentes façam uma
releitura desta obra com as próprias mãos, usando o material que a unidade dispõe. Assim,
pode ser feita a releitura com papéis, canetinhas, lápis de cor, tinta, giz de cera. Pode ser feito
através de colagem com papéis de revista, jornal. Pode-se utilizar retalhos de pano para
confecção de tapetes, almofadas, etc. Tinta em telas, tapumes, pedaços de madeiras, etc.
Importante é usar a imaginação e o conhecimento adquirido para introduzir os jovens nesta
manifestação artísticas. Podem ter aqueles que se despertem para isso e queira se aperfeiçoar,
assim como aqueles que sintam prazer em poder expressar seus sentimentos através da
releitura de uma obra que ele se identificou. Independente das consequências individuais, o
importante é o acesso à expressão artística e a identificação do jovem com esta cultura que
também o pertence.
Para o próximo encontro, pode-se abordar quem são os pintores brasileiros em
destaque atualmente. Pode-se ainda trazer informações e obras de grafite, introduzindo que
esta é também uma expressão artística.
Opções de obras:
“Guernica” de Picasso
O autor fez este quadro diante da brutalidade o bombardeio da cidade de Guernica na
Espanha pelos alemães em 1937. Um fato interessante é que um oficial alemão perguntou ao
Picasso: “Você que fez isso?” ao que Picasso respondeu: “Não, forma vocês.”
Para saber mais da história desta obra e conseguir imagens, acessem aos links:
http://www.brasilescola.com/historiag/guernica-historia-uma-obra.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_(quadro)
Para imagens basta colocar a palavra Guernica no Google e selecionar a opção
“imagens”.
“Sono” de Salvador Dalí

89
O Sono é uma obra de Salvador Dali pintada em 1937. Esse sono que é um verdadeiro
monstro "crisálido", cuja morfologia e nostalgia são apoiadas por onze muletas
principais.Trata-se de uma representação visual do colapso do corpo durante o sono. A
imagem apresenta como cenário um céu azul bastante limpo, sendo este bastante comum nos
sonhos. Dali recriou o tipo de cabeça grande e mole, sem corpo como é característico da sua
pintura. No entanto, este rosto não demonstra ser um auto-retrato, mas uma representação
personificada do sono. Segundo a perspectiva surrealista, é durante o sono e o sonho que o
ser humano tem o domínio do inconsciente. O equilíbrio delicado da figura indica que, se uma
só muleta, das que seguram a cabeça faltar, ela acordará. Isso mostra a fragilidade do estado
de sono. A atenção meticulosa de Dalí aos detalhes cria uma atmosfera de hiper-realismo.
Como membro do movimento surrealista, ele promoveu a ideia do absurdo e o papel do
inconsciente na sua arte.
(Texto retirado de http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2012/10/o-sono-e-uma-
obra-de-salvador-dali.html, onde é possível acessar à imagem.) Para mais imagens, basta
digitar Sono de Salvador Dalí no Google e clicar em imagens.
O Grito de Edward Munch
A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e
desespero existencial. Estes estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu no
seu diário:
Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu
parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o
azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali
a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
Mais informações:
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_(pintura)
Para mais imagens, basta digitar O Grito Edward Munch no Google e clicar em
imagens.

Materiais necessários: cópias de obra de arte (impressas, projetadas e/ou livros), materiais
diversos para produção de acordo com o disponível da unidade (papéis, canetas, lápis de cor,
tintas, materiais para confecção de tapetes, etc)
Participantes por oficina: até 10 adolescentes.
Periodicidade: semanal
Carga Horária diária: No mínimo 1 hora e no máximo 1 hora e meia.

90
3.5.1.4. Oficina: Teatro
Em um primeiro momento deve-se levantar o que os jovens conhecem sobre o teatro.
Assim, lançam-se as perguntas: Alguém já fez teatro? Já foi a algum teatro? Já viu na televisão?
Qual deve ser a diferença entre atuar em teatro e na televisão?
Após esta introdução, conversa-se sobre os gêneros teatrais: comédia, drama,
tragédia, infantil, monólogo, etc., para, em seguida, exibir trechos de peças de diferentes
gêneros, que podem ser baixados no site: http://oficinadeteatro.com/.
Depois da exibição, deve-se discutir a diferença entre as peças e as preferências de
cada um.
O próximo momento é praticar um pouco o teatro. Dependendo do rendimento da
primeira atividade, esta pode ser feita no mesmo dia ou em outro encontro. Um exercício
interessante é pedir para que cada adolescente imagine uma situação em que tenha que fazer
uma ação manuseando um pequeno objeto. No meio da ação, algo acontece e deve-se
resolver o problema. Todo este exercício deve durar no máximo três minutos, ou seja, é algo
rápido e simples. Cada um deve apresentar sua cena por meio de mímica, isto é, sem palavras
e sem utilizar nenhum objeto. Segue um exemplo: escolhe-se a ação de costurar. No meio da
ação, fura-se o dedo e para solucionar passa-se um remédio. Este é um exemplo bem simples
que pode ser dado, mas o importante é que os adolescentes sejam incentivados a criar. Além
do exercício da criação, esta atividade permite aos jovens expressarem com seus corpos e
gestos uma mensagem.
O debate da atividade deve ser mediado de forma que críticas não construtivas ou
gozações fiquem de fora. O importante é levantar quais foram as facilidades e dificuldades,
pontos mais interessantes, etc.
No próximo encontro será proposto a criação de uma peça, que não necessariamente
deverá ser encenada. Separa-se a turma em subgrupos e pede-se que cada grupo crie uma
proposta de peça, pensando em cada etapa necessária para se chegar ao “palco”. Assim, deve-
se, primeiramente, definir o roteiro, isto é, o assunto que será tratado, o início, meio e fim e as
falas de cada personagem. Em seguida, define-se quem fará cada papel. Depois, é hora de se
pensar no cenário e no figurino. Outros aspectos devem ser trabalhados, como duração de
ensaios, articulação de locais de apresentação, divulgação da peça, convidados, etc.
Este exercício trabalha o planejamento e a produção cultural e pode ser usado em
outros contextos. Caso o educador perceba que os adolescentes se envolvem e se interessam

91
por esta área, ela deve ser prolongada e melhor desenvolvida, se desdobrando em outras
ações.
Esta dinâmica da oficina pode ser colocada em prática, culminando em uma peça.
Neste caso, os próximos encontros devem ser estruturados em ensaios e demais ações.
Mesmo que não seja possível executar todas as ideias, o exercício de pensar é muito
importante e já permite aos jovens experienciar, minimamente, o mundo do teatro.

Materiais Necessários: Computador com internet ou projetor para exibição das peças teatrais,
papel e lápis.
Número de Participantes por oficina: até 15 adolescentes.
Periodicidade (duração/ dias da semana): Semanal
Carga horária diária: entre 1 a 1h30min.

3.5.1.5. Oficina: Literatura

Objetivo:
 Trabalhar a literatura de maneira a contribuir para a criatividade, criticidade e
formação do prazer pela leitura;
 Ampliar o conhecimento sobre o que é a literatura, as interligações com outras
artes e com a vida;
 Ampliar o conhecimento sobre os escritores literários.

Metodologia:
A literatura é um instrumento de comunicação e interação social, pois transmite o
conhecimento, a cultura de uma comunidade, a identificação das marcas e do estilo da época
em que foi escrita. As obras literárias nos ajudam a compreender e a refletir sobre nós
mesmos e sobre as mudanças do comportamento e as transformações humanas ao longo dos
séculos.
As diferentes formas literárias podem ser trabalhadas com os adolescentes, como a
poesia, as peças de teatro, o conto e o romance, assim como outros tipos de literatura, como a
Literatura Marginal e a Literatura de Cordel.

92
O educador deve apresentar algumas sugestões de escritores, mostrando a biografia
ou alguma obra literária. Em seguida, trabalha-se com os adolescentes para que possam
conhecer, ler e entender as obras.
Uma opção de atividade é o educador distribuir fichas com trechos de cada gênero e
forma literária, para que os adolescentes possam ler e categorizar. Para tanto, os nomes das
formas correspondentes (cordel, poesia, etc.) devem estar expostas em um cartaz ou em
outras fichas correspondentes.
Segue uma breve definição das diferentes formas literárias, retiradas do site
www.wikipedia.org.br e do dicionário Aurélio. O educador não deve ficar restrito a estas
formas, podendo ampliar para outros genêros, à medida que a oficina avança ou a patir da
demanda dos adolescentes.
 Poesia: Arte de escrever um verso consiste em uma composição poética de pouco
extensão.
 Teatro: Forma literária clássica, composta basicamente de falas, de um ou mais
personagens, e destina-se, primariamente, a ser encenada e não apenas lida. É
conhecida como a arte de representar.
 Prosa: O modo natural de falar ou escrever é o texto "corrido", sem versificação. A
prosa pode ser subdividida em conto e romance, de acordo com o tamanho e a
complexidade do texto. O romance é a descrição longa das ações e sentimentos dos
personagens fictícios. O conto, numa tranposição da vida para um plano artístico, é a
descrição curta.
 Literatura Marginal: Há pouco mais de três décadas surgiu no Brasil um fenômeno
denominado Literatura Marginal, no qual escritores provindos das periferias das
grandes metrópoles expõem suas ideias e pensamentos por meio de uma forma que,
anteriormente, era dominada, em grande parte, pela elite brasileira: a literatura. Estes
jovens escritores, marginalizados por uma sociedade que não lhes dá voz,
encontraram na escrita um amplificador, para propagar sua revolta e busca por
reconhecimento social (e muitas vezes racial). Retirado de:
http://literatortura.com/2013/06/literatura-marginal-brasileira-rompendo-barreiras-a-
nivel-internacional/. Um nome muito conhecido desta modalidade de literatura é o
Ferrez http://ferrez.blogspot.com.br/.
 Literatura de Cordel: também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário
popular escrito, frequentemente, na forma rimada, originado em relatos orais e depois

93
impresso em folhetos. Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_cordel.
Mais informações: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2018483.

Trechos literários de cada gênero devem ser procurados, a partir do interesse,


conhecimento prévio e expectativa dos adolescentes. Podem ser retirados de livros das
unidades ou a partir de busca na internet. Como sugestão, segue o blog
http://trechosliterarios.blogspot.com.br/.
Cada mês o educador pode, junto ao grupo, escolher determinado escritor, dedicando
os encontros à sua biografia e à alguns textos. Como exemplo, pode se trabalhar com
escrtitores como Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, Mário de Andrade, Manuel
Bandeira. As atividades realizadas podem ser: debates, rodas de conversas e grupos de leitura,
com o intuito de produzir conhecimentos e reflexões.
O educador pode abordar com os adolescentes alguns pontos que o texto literário
apresenta, como a ficcionalidade, ou seja, a recriação da realidade. Pode abordar também a
visão, as expressões das experiências, as emoções e os sentimentos do autor, as técnicas
narrativas e os diferentes significados que as palavras assumem nos textos.
Os adolescentes devem pensar em diferentes maneiras de apresentar para a unidade o
que aprenderam no mês. Podem-se construir algo para realizar uma pequena exposição,
apresentar uma peça de teatro ou uma poesia falada.
É interessante que o educador consiga articular com a escola, pode-se trabalhar de
acordo com o planejamento da aula, para que os escritores escolhidos no mês, ou os temas
discutidos sejam abordados em diferentes espaços (escola, oficinas, etc.).

94
3.5.1.6. Oficina: Cinema
O objetivo específico desta oficina é introduzir o cinema para os adolescentes, de
forma que eles possam compreender, mesmo que superficialmente, a história e a evolução
desta 7ª arte.
Assim como as demais oficinas de arte, o tema deve ser introduzido a partir do
conhecimento, das vivências e das preferências dos adolescentes a respeito do cinema.
Passada esta introdução e debate inicial sugere-se a discussão sobre os elementos que
constituem em filme, como, por exemplo, roteiro, trilha sonora, fotografia, enquadramento,
personagens, etc. Abaixo segue um breve conceito de alguns elementos:

Roteiro: No cinema o roteiro é a base do filme, a parte prima que nasce antes de toda
a obra. De acordo com Syd Field, um roteirista e consultor de Hollywood, um bom roteiro
apresenta três partes essenciais que precisam estar bem desenvolvidas: personagem,
estrutura e enredo, sendo este dividido da seguinte forma:
 Parte 1; seria esta a introdução do filme, delimitando os personagens e suas ações, aí
vem o primeiro ponto de virada, onde se passa para a ...
 Parte 2; desenvolvimento do filme, a confrontação, que se divide (através do ponto
central) em duas partes.
 Parte 3; por último se define o filme, o desfecho da história, lembrando sempre que
este se trata de um roteiro clássico, mas podem existir modificações, onde se pode
trabalhar do final para o início, ou do meio para o fim e depois para o início, ou vice-
versa, já que no cinema isso é totalmente possível.
Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Roteiro.

Trilha sonora: É a totalidade das composições musicais apresentadas em uma película


cinematográfica, nos programas televisivos, em videogames, etc. Esta definição abrange a
música original, ou seja, aquela elaborada exclusivamente para uma produção artística; ou
determinadas criações musicais e trechos de obras que já circulavam antes deste trabalho
específico. Retirado de http://www.infoescola.com/cinema/trilha-sonora/

Enquadramento: A noção de enquadramento é a mais importante da linguagem


cinematográfica. Enquadrar é decidir o que faz parte do filme em cada momento de sua
realização. Enquadrar também é determinar o modo como o espectador perceberá o mundo

95
que está sendo criado pelo filme. Quem enquadra bem, com senso narrativo e estético,
escolhendo acertadamente como as coisas e as pessoas são filmadas em cada plano do filme,
tem meio caminho andado para contar uma boa história com o cinema. Quem não sabe
enquadrar está desperdiçando uma ferramenta fundamental da linguagem do seu filme e
deveria procurar outra coisa pra fazer na vida. Retirado de
http://www.primeirofilme.com.br/site/o-livro/enquadramentos-planos-e-angulos/.

Outros elementos do filme podem ser trabalhados a partir da curiosidade dos


adolescentes e da pesquisa nos sites indicados, dentre outros.
Trabalhado estes pontos, o próximo momento será a exibição de trailers ou trechos de
filmes para se visualizar a teoria e evolução do cinema.
Segue uma sugestão de trailers com alguns filmes de épocas diferentes.
 O campeão Charles Chaplin 1915: http://www.youtube.com/watch?v=uPvhbLr5JVw
 E o vento levou... 1939: http://www.youtube.com/watch?v=aNsp7vrSavA
 Rocky 1 1976: http://www.youtube.com/watch?v=4VY2b2avaxE
 Rock 2 1979: http://www.youtube.com/watch?v=U2J_n8_x11g
 Rocky 3 1982: http://www.youtube.com/watch?v=gbRDCWKqvEc
 Rocky 4 1985: http://www.youtube.com/watch?v=bN-SShi58cI
 Rocky 5 1990: http://www.youtube.com/watch?v=JE7ydsKckYI
 Rock Balboa 2006: http://www.youtube.com/watch?v=G1QuDp-D70U Legendado
 http://www.youtube.com/watch?v=8tab8fK2_3w sem legenda
 Cinema de Animação – Rio: http://www.youtube.com/watch?v=jDAJCc1IkPI
 Desenho animado - Pica Pau: http://www.youtube.com/watch?v=6qwutOZuRig
O primeiro trailer (O campeão) e os seis trailers da série do Rocky Balboa, personagem
emblemático dos anos 70 e 80, foram sugeridos por se tratar de filmes sobre uma mesma
temática - o boxe – mas em épocas diferentes.
Em todos os filmes, os adolescentes devem ser incentivados a perceber diversos
elementos que dizem respeito à época que o filme foi feito, costumes e, principalmente, a
diferença de efeitos, enquadramento, trilha sonora, etc., isto é, fatores que constituem a
forma de se fazer cinema.
Assim, devem ser levantadas as seguintes questões, dentre outras:
 Qual a diferença entre a trilha sonora, enquadramento, qualidade das imagens, etc. de
cada filme?

96
 Quais elementos indicam a época em que o filme foi feito? Roupa, penteado, música,
etc.
Os filmes acima são apenas sugestões. Pode-se fazer também uma sequência, a partir
de ideias que os adolescentes trazem e de uma pesquisa sobre os filmes preferidos dos pais,
avós, irmãos mais novos, isto é, filmes assistidos por diferentes gerações. A partir do título do
filme, é possível encontrar o trailer ou trecho no site www.youtube.com
As duas últimas sugestões são interessantes para se trabalhar a diferença entre
desenho animado e filme de animação.
Para mais informações, curiosidades, lançamentos e trailers atuais, visite o site
http://www.adorocinema.com/. Outro site muito interessante e completo sobre cinema que
deve ser pesquisado para a realização desta oficina é o http://www.primeirofilme.com.br/.
Por fim, seria muito interessante que o desdobramento da oficina colimasse em uma
visita a um cinema da cidade!

Materiais Necessários: Computador com internet ou projetor para exibição das filmes, papel e
lápis.
Sites sugeridos:
http://www.adorocinema.com/
http://www.primeirofilme.com.br/
www.youtube.com
http://www.primeirofilme.com.br/
http://www.infoescola.com/cinema/trilha-sonora/
http://pt.wikipedia.org/
Número de Participantes por oficina: até 15 adolescentes.
Periodicidade (duração/ dias da semana): Semanal
Carga horária diária: entre 1 a 1h30min.

3.5.2. Oficina: Circulando pelos museus da cidade


(oficina elaborada a partir de ideias do CSESC)
O patrimônio histórico de uma cidade é o conjunto das manifestações produzidas
socialmente ao longo do tempo no espaço urbano, seja no campo das artes, no modo de viver
ou na imagem da própria cidade, com seus atributos naturais e edificados. As edificações, o
traçado da cidade, o desenho dos passeios, as praças, o paisagismo, as manifestações culturais

97
e os costumes tornam-se referências simbólicas e afetivas dos cidadãos em relação ao espaço
vivido e constituem a identidade de sua cidade.
Museus são espaços de aprendizagem, espaços de educação. Seu trabalho é difundir
informações obtidas a partir das atividades de pesquisa e documentação que realiza. Por meio
de suas exposições, procuram argumentar com o público suas intenções e, por meio de
mecanismos alternativos de avaliação, como livros de opinião, procuram saber se e como
foram compreendidos.
Circular pela cidade é poder alargar experiências emocionais e culturais para o
contínuo desenvolvimento e aprendizagem, causando um estranhamento diante do que se vê
e da cidade em que se vive.
Museus são espaços de prazer, de descoberta e pretendem provocar o visitante para
novas descobertas e questionamentos.
Objetivos:
 Ampliar o repertório cultural dos adolescentes, circulando pelos museus da cidade.
 Apresentar aos adolescentes espaços de uma cidade que eles não conhecem.
 Manutenção da integração destes adolescentes na sociedade.
 Estimular a convivência entre os jovens.
 Promover o senso crítico e a reflexão por meio de cada visita.
 Despertar curiosidade e reflexão nos adolescentes.
 Estimular o senso analítico, crítico, com foco estético.
 Trabalhar regras de visitação e utilização dos equipamentos sociais.
 Ampliar a capacidade de trabalho em grupo.
 Compreender regras e limites.
 Desenvolver a criatividade.
 Despertar para o cuidado com o patrimônio público.
 Despertar para o sentido de ser cidadão, que pertence a uma cidade.
Metodologia:
A oficina deve ser iniciada com uma introdução a respeito dos diversos significados de
museus, conforme introdução.
A seguir os adolescentes, junto com o educador, devem fazer um mapeamento dos
museus em sua cidade, coletando informações, como: nome, endereço, temática abordada,
exposições em cartaz, horário de funcionamento, etc. Como exemplo, segue tal mapeamento
realizado na cidade de Belo Horizonte:

98
 Museu de Arte da Pampulha:
Originalmente construído para abrigar um cassino, o Museu de Arte da Pampulha,
projetado por Oscar Niemeyer, é uma das mais belas edificações brasileiras. As exposições de
arte acontecem no Salão Nobre, no Mezanino e no Auditório.
Horário de visitas: 3ª a domingo, das 8 às 20h
Contato: Endereço: Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585 – Pampulha, Belo Horizonte,
MG, Brasil. CEP 31365-450 Tel: 31 3277-7946 Fax: 31 3277-7996
Telefone para agendamento de visitas orientadas: 3277-7953
E-mail: map@pbh.gov.br

 Museu de Mineralogia:
Criado pela Lei Municipal nº 2.354 de 13/08/1974, pelo prefeito Oswaldo Pieruccetti e
implantado com a colaboração da administração do Estado de Minas Gerais, que cedeu à
Prefeitura de Belo Horizonte as amostras da antiga exposição da “Feira Permanente de
Amostras”, o Museu de Mineralogia Prof. Djalma Guimarães (MMPDG) iniciou seus trabalhos
aos 12 de dezembro de 1974. Atualmente instalado no edifício conhecido como "Rainha da
Sucata", na Praça da Liberdade, possui um acervo de mais de 3.000 amostras de minerais e
oferece diversas atividades, como visitas monitoradas, cursos introdutórios, ciclo de palestras
e concurso de fotografias.
Funcionamento: Terça-feira a sexta-feira, das 8h às 17h, Sábado, das 9h às 17h,
Domingo, das 10h às 17h.
Endereço: Av. Bias Fortes, 50 – Bairro: Funcionários – BH/MG.
Telefones: 3271-3415 e 3277-9504 - E-mail: museumin@pbh.gov.br

 Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB)


O Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) é uma unidade da Fundação Municipal de
Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte e suas origens datam de 1935, quando o jornalista e
escritor Abílio Barreto foi convidado para organizar o Arquivo Geral da Prefeitura. Ele passou a
recolher documentos e objetos que deveriam integrar o futuro Museu da história da cidade e,
a partir de 1941, reuniu acervos de forma mais sistemática e em diferentes suportes,
selecionados segundo duas grandes seções: peças originárias do antigo Arraial do Curral del
Rei e peças relativas à nova capital.
Exposições: terça a domingo (das 10h às 17h) e quinta-feira (das 10h às 21h) – entrada
franca.

99
Biblioteca: terça a sexta-feira (das 9h às 17h).
Endereço: Avenida Prudente de Morais, 202, Bairro Cidade Jardim. CEP: 30.380-000 –
Belo Horizonte/MG
Tel: (31) 3277-8573 – TEL/FAX: 3277-8572
E-mail: mhab@pbh.gov.br

 Museu de Ciências Morfológicas (MCM/UFMG)


O Museu de Ciências Morfológicas (MCM/UFMG) visa a ampliação e divulgação do
conhecimento sobre o organismo humano, com intuito de formar e informar o homem sobre o
seu próprio corpo.
O Museu conta com um acervo constituído de modelos em gesso e resina, embriões e
fetos em diferentes estágios de desenvolvimento, peças anatômicas humanas,
fotomicrografias de células e tecidos, além de exposições especiais como as de anatomia
comparada, técnicas anatômicas e histológicas, evolução histotecnológica, etc.
Por meio do Museu, espera-se integrar as comunidades universitárias e extra-
universitária, na busca comum de uma educação para a saúde, para a preservação do homem
e de seu ambiente, de um ensino de Ciências de qualidade, além de alertar a população para a
importância da pesquisa científica para a solução de problemas concretos, relacionados à vida
no e do planeta.
Endereços: Av. Antônio Carlos, 6627 - ICB - Campus da Pampulha Belo Horizonte - MG -
CEP: 31270-010 Telefone: (031) 499-2776

 O Museu de Artes e Ofícios


O Museu de Artes e Ofícios – MAO – é um espaço cultural que abriga e difunde um
acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios do Brasil. Um lugar de
encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história e com o seu tempo. O MAO
preserva objetos, instrumentos e utensílios de trabalho do período pré-industrial brasileiro.
O MAO revela a riqueza da produção popular, os fazeres, os ofícios e as artes que
deram origem a algumas das profissões contemporâneas.
Endereço: Pca. Rui Barbosa, s/n Centro 30160-000 Belo Horizonte MG Brasil
Fone 31 3248.8600
Email: info@mao.org.br
Mais informações: http://blog.praticaesportiva.com.br/2007/04/02/beneficios-da-
danca-na-educacao-das-criancas; http://www.artenaescola.org.br/pdf/relato_museu.pdf;

100
http://www.cnfcp.gov.br/pdf/Acoes_CNFCP/O_Museu_e_a_Escola/CNFCP_Museu_Escola_Luc
ia_Yunes.pdf; www.pgh.gov.br/cultura.

Após cada visita, deverá ser produzido um material (folder/roteiro) para que outros
adolescentes tenham acesso às informações por meio de um portfólio. As oficinas de produção
do material promoverão a discussão dos pontos mais relevantes e que mais chamaram
atenção do grupo, sendo possível fazer uma avaliação da atividade e planejamento das
próximas.
A elaboração de um portfólio propicia documentar as experiências vividas,
socializando as coletas de informações e questionamentos. Este material será utilizado
posteriormente para estimular visitas por grupos da comunidade aos museus e transmitir aos
familiares os locais de visitação.

Material necessário: cartolina, canetas, folha A4, lápis de cor para confecção do portfólio;
jornal e computador com internet para pesquisa.
Carga horária diária: 2 h e 30 minutos para cada visita e 1 hora e 30 minutos para elaboração
do folder que comporá o portfólio
Número de participantes: 8 adolescentes
Periodicidade: mensalmente.

3.6. Eixo: Esporte

3.6.1. Oficina: Atividade física


Objetivos:
 Refletir com os adolescentes sobre os benefícios da prática de atividades físicas.
 Conhecer o acesso que os jovens tem às atividades esportivas.
Metodologia:
Para começar o encontro, a unidade deve preparar uma sessão de alongamentos junto
ao Projeto Superação, ao professor de educação física da escola ou consultando o site
http://www.infoescola.com/educacao-fisica/alongamento/, por exemplo. Depois desse
momento inicial, os adolescentes podem dizer sobre sua relação com o esporte e atividades
físicas, se praticam alguma atividade, se é ofertado em seu bairro alguma modalidade
esportiva.

101
O educador deve lançar a pergunta: por que fazer atividade física? A partir das
respostas dos adolescentes, deve-se trabalhar os benefícios e importância da prática esportiva,
a partir dos conteúdos do site: http://bvs.saude.gov.br/blog/dicas/atividade-fisica-faz-bem-a-
saude-2/.
Após essa conversa, passa-se à leitura de um pequeno artigo disponível no site:
http://www.tuasaude.com/beneficios-da-atividade-fisica/. Finalizada a leitura, o grupo
apontará sua opinião e aqueles que já praticaram algum esporte poderão relatar se
perceberam alguma mudança no próprio corpo e na disposição.
Para finalizar a oficina, propõe-se uma atividade esportiva, como exemplo, uma
partida de queimada, futebol, vôlei, ou um esporte que os adolescentes escolherem, peteca,
tênis de mesa, de acordo com os recursos disponíveis na unidade.

Materiais Necessários: materiais esportivos disponíveis.


Número de Participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.
Periodicidade: De 1 a 2 encontros.
Carga horária diária: entre 1h30min a 2 horas.

3.6.2. Oficina: Esportes no Brasil


(Material inspirado no Projovem Adolescente)
Objetivo:
 Trabalhar as contradições e desigualdades sociais presentes no esporte;
 Propiciar a discussão no grupo sobre a diferença salarial de um jogador futebol
brasileiro e os demais trabalhadores do país;
 Trabalhar conteúdos matemáticos;
 Conhecer as diferenças possibilidades de se trabalhar com esporte.

Metodologia:
O educador deverá orientar os jovens a pesquisar o número de jogadores registrados
na Confederação Brasileira de Futebol – CBF, entidade que organiza o futebol no Brasil. Neste
momento pode-se trabalhar a questão de registro profissional em geral, para mostrar aos
adolescentes este recurso. Como ferramenta para a pesquisa, poderá ser utilizado a internet
ou textos pré-selecionados sobre o tema.
Salários de outras áreas do esporte também devem ser pesquisados, como por
exemplo, o salário de gandula, fotógrafo, massagista, etc., diversificando as possibilidades. A

102
partir dos dados obtidos, os jovens deverão organizar um quadro comparativo entre aqueles
que recebem salários inferiores ao mínimo, em relação aos principais nomes do futebol
brasileiro e outros esportistas.
Importante que o educador problematize com os jovens que há desigualdades sociais
também no mundo do futebol assim como há no mundo do trabalho, em geral.
É interessante que esta atividade esteja articulada com a oficina de esporte da unidade
para se trabalhar também as possibilidades de profissionalização no esporte.

Materiais Necessários: papel, lápis e internet (ou textos e informações impressas retiradas da
internet).
Número de Participantes por oficina: 10 adolescentes.
Periodicidade: semanal ou mensal.
Carga horária diária: 50 minutos.

3.6.3. Oficina: Mapeando o território esportivo e de lazer


Objetivos:
 Conhecer os locais públicos voltados para o esporte do município, provocando uma
análise crítica sobre as políticas públicas voltadas para esta temática.
 Refletir como a população tem cuidado dos equipamentos públicos destinados ao
lazer e aos esportes nas praças.
 Trabalhar a cidadania e integração social.
 Discutir acerca de acesso aos espaços públicos.
 Incentivar a pesquisa.
Metodologia:
O educador deverá promover um debate com os jovens acerca dos espaços e
condições dos equipamentos de lazer e esportes que existem em determinado bairro ou
cidade. Alguns pontos devem ser introduzidos, como espaço ideal/espaço real, a
corresponsabilidade da sociedade pela conservação destes espaços e o malefício do
vandalismo e depredações. Quem são os responsáveis por manter os espaços públicos? E por
reparar os danos? Como seria um espaço ideal de lazer e esporte? O que existe hoje? Como
podemos conseguir um espaço melhor equipado? Etc.

103
A partir das discussões realizadas, o grupo deverá preparar um roteiro que orientará a
observação dos adolescentes, quando visitarem um espaço. Alguns pontos devem constar
neste roteiro, como, por exemplo, o endereço do local, a data da visita, o tipo de espaço
(praça, quadra, parque, etc.), e acessibilidade, a descrição dos espaços e das estruturas físicas.
Os jovens devem observar a área total do espaço observado: quais são os
equipamentos disponíveis e quantos são (se tem quadra de futebol, aberta ou fechada,
pintada, se tem alambrado ao redor, se tem arquibancada, entre outros). Devem observar se
nesses espaços há disponibilidade de materiais esportivos, ou não, se os espaços são limpos,
têm banheiros, iluminação, segurança, transporte, se tem brinquedo para crianças e pra qual
faixa etária o espaço foi pensado.
Os jovens devem descrever como é a acessibilidade aos diferentes espaços físicos,
colocando se são adequados para a utilização, por parte de pessoas com deficiências físicas,
sensoriais ou psíquicas. Além disso, devem observar também por meio de que as pessoas
chegam até o local: de ônibus, a pé, de bicicleta, de automóvel, de trem ou a partir de outros
meios e se há local para estacionamento. E se para usar o espaço há cobrança de taxas, ou é
gratuito e em quais dias da semana e horários as pessoas podem usufruir do local.
Com o roteiro em mãos, o educador deverá promover atividades externas para o
mapeamento dos espaços existentes na cidade e as condições em que se encontram,
conforme discutido.
No próximo encontro, este roteiro deverá ser retomado para se discutir o que foi visto,
quais pontos chamaram mais atenção e se este é um espaço mais próximo do real ou do ideal.
A atividade deve ser avaliada como um todo, onde o grupo possa refazer o roteiro de acordo
com esta experiência e planejar a próxima saída. Pode-se pedir sugestões aos adolescentes de
outros espaços que eles conheçam e queiram analisá-lo sob outra ótica.

Materiais Necessários: papel e lápis.


Número de Participantes por oficina: no máximo 05 adolescentes.
Periodicidade: semanal ou mensal.
Carga horária diária: 2horas para cada visita e 1hora para retorno, avaliação e planejamento.

3.7. Eixo: Lazer

3.7.1. Oficina: O lazer e os jogos


Objetivos:

104
 Promover a reflexão sobre o conceito de lazer e contribuir para a percepção do
tempo livre como possibilidade de organização/reorganização social e para a
formação do indivíduo como pessoa e como cidadão.
 Aumentar as opções de lazer e de recreação e contribuir para uma vivência
consciente e crítica do lazer, de modo a estimular a criatividade, a capacidade de
realizar escolhas, demonstrar interesses e vontades.
 Estimular os adolescentes na reflexão sobre as atividades que praticam em seu
tempo livre e favorecer a construção de vínculos sociais, desenvolvimento das
relações e da convivência.
 Exercitar a competição saudável e a convivência entre os adolescentes.
Metodologia:
Esta oficina deve ser desenvolvida em vários encontros, de acordo com a organização
do educador e das especificidades da unidade. Interessante que haja reflexão e prática no
mesmo dia, isto é, após a discussão ou dinâmica, haja uma prática de lazer ou jogos.
A oficina se inicia com uma dinâmica. O educador deve propor ao adolescente que faça
uma lista contendo todas as atividades realizadas durante o dia, desde a hora em que acordam
até a hora de dormir. Os participantes devem calcular o número de horas destinadas ao tempo
livre e as destinadas ao tempo de trabalho, ou seja, obrigações de trabalho, escola, cuidados
domésticos e necessidades diárias.
Em seguida, o educador dispõe figuras variadas, com imagens de situações de lazer,
como piscina, parques, andar a cavalo, quadras, jogos, atividades esportivas, etc. Os
adolescentes são motivados para escolher de acordo com interesse.
O educador realiza um bate papo com os adolescentes para descontrair e cada
participante expor as preferências de lazer. Neste diálogo, deve-se trabalhar com o conceito
de lazer, com intuito de entendê-lo como tempo e espaço de vivências lúdicas.
Segundo Marcellino (1987) citado por Martinelli (2011), o lazer é definido como
atividades vivenciadas no tempo disponível das obrigações profissionais, escolares, familiares
ou sociais. O lazer deve proporcionar satisfação e desenvolvimento integral do indivíduo, além
de contribuir com mudanças, tanto de ordem moral, como cultural.

Para tanto, podem ser abordadas as seguintes questões:


 Qual a definição de lazer? Será que trabalho é lazer? Qual a diferença entre tempo de
trabalho e tempo livre.

105
 Quais são as diferentes atividades sociais, culturais, esportivas ou recreativas
desenvolvidas no tempo livre?
 O lazer é um grande potencial para a organização social dos jovens no local em que
vivem. Como os adolescentes vivenciam o lazer na sua comunidade? Como contribuem
para a organização social?
 Quais as atividades de lazer que os adolescentes realizam com mais frequência? O que
gostam? Quais favorecem a socialização?
Outro momento importante é trabalhar com os adolescentes a ampliação das
possibilidades de lazer.
Os jovens deverão buscar e aprender, junto com seus familiares, seus responsáveis
e/ou com funcionários do socioeducativo, quais eram as atividades lúdicas que realizavam
quando adolescentes, sejam elas relacionadas aos jogos ou às brincadeiras.
Partindo da pesquisa, realizar um debate sobre o assunto, mostrando que os jogos, as
brincadeiras trazem significados culturais e sociais. Famílias de diferentes regiões e países
trazem marcas de sua origem. Algumas atividades lúdicas poderão ser vivenciadas pelo grupo,
dependendo do espaço disponível e do material necessário.
Por fim, os adolescentes organizam um mural apresentando quais são as diferentes
atividades sociais, culturais, esportivas ou recreativas desenvolvidas no tempo livre, podendo
acrescentar as atividades que levantaram.
O educador pode reservar um tempo da oficina para a prática de jogos e assim
desenvolver um momento de lazer.
Os jogos coletivos e em dupla podem estimular a capacidade do indivíduo de se
relacionar com as pessoas, ao mesmo tempo coloca as pessoas em contato com seus
sentimentos, como frustrações ao perder o jogo e a tentativa de solucionar seus problemas e
tomar uma decisão frente a estes. (Muragaki, 2006)
O educador trabalha para favorecer a construção de um coletivo de adolescentes que
se respeitem e que levem em consideração a individualidade dos outros.
O educador deve apresentar algumas opções de jogos para que os participantes
escolham, ou os adolescentes poderão escolher quais as vivências lúdicas querem executar.
Inicialmente, são relembradas as regras e estabelecidos os combinados. Em seguida, o jogo ou
a brincadeira será executada.
No final, os adolescentes poderão fazer uma reflexão sobre o jogo e seu desempenho.
Pode-se construir um momento de competição dependendo do jogo que os
adolescentes estão desenvolvendo. Campeonato de Xadrez ou de Dama, por exemplo. Ou

106
ainda esta oficina pode se transformar em uma gincana, dependendo do número e diversidade
de jogos e brincadeiras apresentadas.
Sugestões de jogos:
Quebra-cabeça, Jogo da memória, Tan-gran, Dominó, Dama, Vareta, Xadrez, Ludo,
Cartas, Perfil, Imagem e ação, Indicação, Objetivo, Vira-letras, Viajando pelo mundo, Charadas,
Na ponta da língua, entre outros.
Jogos também podem acontecer sem nenhum jogo concreto, como Imagem e Ação
adaptado, Dicionário, O que é, o que é? Entre outros.
Dica de site: http://www.sol.eti.br .
Lembre-se:
*Jogo segundo definição do Dicionário Aurélio, entre outras definições, é a ação de
jogar. É um exercício ou divertimento sujeito a certas regras. É divertimento público composto
de exercícios físicos e cognitivos.
*Cada jogo traz um objetivo diferente e estimula diferentes funções, porém, de modo
geral, os jogos requerem o uso da capacidade de planejamento e da habilidade organizacional,
para que possam iniciar, persistir e atingir o objetivo do jogo. (Muragaki, 2006)
*Para Kishimoto (2000), os jogos interferem diretamente no desenvolvimento da
imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das
relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da auto-imagem dos indivíduos,
podendo neste sentido, serem usados como recurso terapêutico no tratamento tanto
individual como em grupo.

Materiais Necessários: fichas com desenhos de atividades de lazer, lápis, papel e jogos.
Participantes por oficina: 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal.
Carga horária diária: 1 hora e meia.

3.7.2. Oficina: A Praça é nossa


Objetivos:
 Conhecer e mapear os espaços de lazer da cidade.
 Apresentar aos adolescentes espaços de uma cidade que não conhecem.
 Despertar curiosidade a reflexão.
 Trabalhar regras de visitação e utilização dos equipamentos sociais.
 Despertar para o cuidado com o patrimônio público.

107
 Despertar para o sentido de ser cidadão que pertence a uma cidade.
 Promover a utilização de leitura de mapas.
Metodologia:
O primeiro encontro será para se planejar as visitas. Inicialmente o educador mapeia
as praças existentes na cidade. Para este processo devem ser utilizados guias da cidade,
internet, jornal, etc. e é fundamental a participação dos jovens.
Sugere-se que os locais a serem visitados sejam identificados em um mapa e que se
busque formas de se deslocar até o local.
Deve-se fazer as seguintes perguntas:
 Quantos km da unidade? E do Centro da cidade?
 Existe algum outro ponto turístico ou cultural próximo?
 Como se deslocar de ônibus?
Após mapeamento, iniciam-se as visitas.
Cabe ao educador se informar e contar ao grupo as histórias do local: nome data de
inauguração, se já houve alguma reforma etc.
Durante a visita deve-se observar o espaço e a forma como a comunidade usufrui dele,
diferenciando os que estão se divertindo e os que estejam trabalhando.
O olhar dos adolescentes deve estar atento para:
 o que tem no local: coreto, jardim, quadra, brinquedo, estacionamento, etc.?
 quem cuida do espaço? Foi adotado por alguma empresa?
 Como está o estado de conservação?
 Qual é a faixa etária mais presente no local?
Para enriquecer o trabalho, os adolescentes devem entrevistar pessoas que
freqüentam ou trabalham no local, questionando o que acham do espaço e o que consideram
que deva melhorar.
Se possível, registre fotos.
Cada espaço visitado deverá ser registrado em um jornal mural, contendo as
impressões do grupo e o relato das entrevistas, que podem ser descritas como história em
quadrinhos.

Material necessário: cartolina, canetas, folha, lápis de cor, mapas da cidade, caderno de
anotações
Carga horária diária: 2 h e 30 minutos para cada visita e 1 hora e 30 minutos para elaboração
do jornal mural

108
Número de participantes: 5 adolescentes
Periodicidade: A oficina deverá ser realizada semanalmente.

3.8. Eixo: Transversal - Cidadania

3.8.1. Oficina: Cidadão dentro do eixo


O exercício da cidadania é um princípio presente em todas as normativas que tocam a
temática dos direitos das crianças e dos adolescentes. Apesar disso, para a maioria dos
adolescentes e suas famílias, este é um conceito que permanece, muitas vezes, abstrato ou
associado apenas à ideia de “votar”, sem uma referência precisa à noção de direitos e deveres.
O objetivo dessa oficina é tornar mais concreto este conceito e aproximá-lo da medida, ao
mesmo tempo em que aproxima família e adolescente do Plano Individual de Atendimento.
Esta oficina pode ser realizada tanto com o grupo de familiares quanto com os adolescentes,
juntos ou separadamente, com pequenas modificações.
Objetivo:
 Trabalhar o conceito de cidadania e sua relação com os eixos da medida
socioeducativa.
 Aproximar família e adolescente do Plano Individual de Atendimento.
Metodologia:
O primeiro momento deve ser iniciado pela discussão em torno das seguintes questões
e de outras que eventualmente possam ser pensadas: (estas questões orientam a reflexão
durante toda a oficina e deverão ser abordadas direta ou indiretamente com os adolescentes).
 o que vc entende por cidadania?
 o que é ser cidadão?
 quais direitos e deveres compõem a cidadania?
 você já reivindicou direitos? Como foi essa experiência?
 O que é mais fácil: ser cidadão ou ser consumidor?
 A desigualdade social pode prejudicar o exercício da cidadania? Porque?
 Você participa das decisões e reinvindicações coletivas em seu bairro? Dê exemplos.
A ideia é tomar contato com a noção de cidadania que permeia o imaginário das
famílias e dos adolescentes. O responsável deve conduzir a conversa sobre a relação entre a
noção de cidadania e os eixos que compõem a medida, esclarecendo que um dos objetivos da
medida é o aprendizado do exercício da cidadania, por meio do Plano Individual de

109
Atendimento.
A cidadania pode ser compreendida pela articulação entre três tipos de direitos: civis,
políticos e sociais. Conversar sobre essas três vertentes, marcando suas semelhanças ou não
com as medidas e sugerir que cada participante diga se considera um cidadão, se tem todos
esses direitos garantidos ou não, etc. Pergunta principal que orienta esse primeiro momento:
Os participantes avaliam que tem seus direitos garantidos? Sabem como reivindicá-los?
Segue uma breve definição de cada tipo de direito:
 Direitos civis: Direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade
perante a lei. Eles se desdobram na garantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de
manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e
da correspondência, de não ser preso a não ser pela autoridade competente e de
acordo com as leis, de não ser condenado sem processo legal regular
 Direitos políticos: Participação do cidadão no governo da sociedade. Consiste na
capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar, de ser
votado.
 Direitos sociais: os direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva. Direito à
educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. Permitem reduzir os
excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir um mínimo de bem-
estar para todos.
Após apresentação dos direitos, o grupo deverá assistir juntos ao filme e todos
deverão ficar atentos aos personagens deste, para que possam escolher aquele que lhe tocar
mais. Será a partir da escolha deste personagem que cada um realizará a atividade seguinte.
O filme é o documentário “Pro dia nascer feliz” de João Jardim que deverá ser
assistido, nesse primeiro encontro. O documentário retrata a vida de alguns estudantes
brasileiros espalhados por diversas regiões do país e as condições das escolas em que
estudam. O filme aborda seus sonhos, sua relação com a família, questões de convivência, os
rótulos que se perpetuam, questão de emprego e sobrevivência, sua relação com a saúde,
com as ameaças, suas relações sociais, ato infracional e questão da diversidade. Ou seja,
durante o filme é praticamente traçada uma avaliação da relação de cada um dos personagens
com os eixos que compõem as medidas e realizado um retrato do exercício ou não de sua
cidadania.
Cada adolescente ou cada familiar deve escolher um personagem do filme para
realizar as seguintes atividades:

110
 Dizer porque escolheu esse personagem, o que te tocou nele?
 Responder: este personagem pode ser considerado um cidadão? Porque?
 Para família: Cada familiar deve preencher a “Formalização da participação da família”
como se fosse um familiar do personagem.
 Cada adolescente deve utilizar a folha em branco para escrever os “Objetivos para a
medida socioeducativa” como se ele fosse o personagem escolhido, imaginando que
esse personagem estivesse em cumprimento da medida socioeducativa.
Em seguida, cada participante apresenta para o grupo sua “Formalização da
participação da família” se for uma oficina para familiares ou seus “objetivos para a medida”
enquanto personagem se a oficina for para adolescentes.

Materiais Necessários:
Documentário: “Para o dia nascer feliz” de João Jardim.
http://www.youtube.com/watch?v=aHLCX8SYaeM
Folhas de papel em branco. (Quando a oficinas for realizada com os adolescentes)
Formalização da Participação da família no PIA (Quando a oficina for realizada com as famílias)
Número de participantes: 20 participantes

Periodicidade: Semestral
Carga horária diária: 03 horas

3.8.2. Oficina: O que é viver em sociedade?


Objetivo:
A oficina de relacionamentos sociais visa instituir um momento de reflexão com os
adolescentes sobre o modo como nos relacionamos uns com os outros, dentro de macro e
micro contextos sociais, que formam a sociedade. Trata-se de um momento para resgatar o
sentido da vivência social e pensar, junto aos adolescentes, os diversos meios nos quais estão
inseridos e como se relacionam com o outro em cada meio destes: escola, comunidade, igreja,
unidade, médico, amigos do tráfico, amigos que não são do tráfico, namoradas(os), etc.
Metodologia:
A oficina inicia-se com a dinâmica do barbante. Para tanto é necessário um rolo de
barbante. Os participantes devem sentar-se em círculo no chão. O educador deve elaborar
entre 10 a 15 perguntas sobre relações sociais num cartaz que fique no centro do círculo. O
primeiro adolescente deve escolher um colega para quem irá jogar o rolo de barbante,

111
escolhendo também uma das perguntas do cartaz para fazer-lhe. Contudo, cada um que joga o
rolo deve segurar o barbante, de modo que à medida que os adolescentes vão direcionando as
perguntas uns aos outros, uma teia, um emaranhado, se forme entre eles.
Como perguntas, sugere-se: Quem é seu melhor amigo? Você prefere ir para a escola
ou para uma consulta médica? Gosta de namorar ou prefere ficar? Você se dá bem com
pessoas mais velhas? Você se dá bem com seus pais? Qual sua atividade de lazer preferida?
Você acha importante ter uma religião? O que se deve fazer sozinho? O que se deve fazer em
grupo? Quando vocês está sozinho você age diferente do que quando está com os amigos?
Você se comporta da mesma maneira na igreja e no clube? Você se comporta da mesma
maneira com os amigos e com a namorada? Você acha que o adolescente tem um lugar na
comunidade?
No final das perguntas (que não deverão se repetir), o educador deve atentar o grupo
para o emaranhado que se formou entre eles, à medida em que iam fazendo suas perguntas
uns aos outros. A dinâmica visa provocar uma reflexão sobre a vida em sociedade, começando
no contexto mais próximos aos adolescentes: suas relações familiares e comunitárias. Um dos
pontos a serem evidenciados, é a dificuldade de relacionar-se com todos da mesma forma, dos
múltiplos afetos que existem nas relações sociais e de como, ao mesmo tempo, não existimos
um sem o outro, conforme a teia que foi tecida demonstra, estamos todos virtualmente
ligados.
Ao finalizar a dinâmica, o educador deve conduzir uma avaliação do momento que
tiveram, se os adolescentes gostaram, se têm outra contribuição a dar, ou sugestão para o
próximo encontro.
O segundo encontro deve trabalhar com os adolescentes os conceitos de sociedade.
Para tanto, cada adolescente deve escrever em uma folha em branco, sozinho, entre duas e
cinco palavras para definir ou caracterizar “sociedade”. Pode ser qualquer palavra,
substantivo, adjetivo, etc.
Após a atividade, todos devem ler o que escreveram para iniciar um debate sobre os
pontos de encontro e o que é singular. O oficineiro deve anotar, em um cartaz visível a todos,
os pontos em comum colocados sobre a palavra sociedade e os pontos divergentes, que só
ecoaram em um adolescente. Essa separação tem por objetivo retomar o principal desafio do
homem desde sempre: a vida coletiva.
O comum, o partilhado, representa a dimensão coletiva, o que aceitamos compartilhar
em nossa visão de mundo. O que é singular, também faz parte da sociedade, mas difere
necessariamente de um interesse para o bem comum. É um exercício de abstração que

112
pretende fazê-los refletir sobre o que é possível compartilhar, desde opiniões, até mesmo
ações e desejos, e o que é extremamente íntimo e privado, devendo ser respeitado como uma
diferença que também compõe a sociedade.
Para ilustrar melhor, o educador deve prosseguir com uma situação hipotética que
deverá ser representada pelos adolescentes, na hora da oficina. Assim, sugere-se a divisão do
grupo em duas partes. A situação hipotética a ser lançada é a seguinte (pode-se pensar em
outras também):
João (ou Maria, se for um grupo de meninas) está trabalhando em seu primeiro
emprego, que conseguiu com a ajuda de um tio. Ele é office boy em uma imobiliária. Está
prestes a receber seu primeiro salário, o que o anima muito, pois há meses espera a
possibilidade de comprar um tênis novo, bem bacana. No dia do recebimento, quando João
chegou em casa, encontrou sua mãe muito chateada pois naquele mês ela não conseguiu
pagar a conta de luz e a escolinha de futebol do irmão mais novo. Além disso, um amigo muito
próximo de João o telefona, chamando para passar o fim de semana no Rio de Janeiro, agora
que ele “tava rico” e tinha “grana” para poder viajar.
Nessa situação são vários os destinos possíveis para o primeiro salário de João. Cada
grupo deve representar um destino para esse dinheiro, sendo que um grupo representará uma
escolha “individualista” e o outro grupo representará uma escolha “coletiva”, na qual inclua o
outro em sua decisão. Os adolescentes devem representar os diálogos de João com a mãe,
com o amigo ao telefone, com o irmão mais novo e outras pessoas que surgirem na trama, de
modo a posicionar-se diante da possibilidade de usar ou não o seu dinheiro junto a essas
pessoas.
Após as encenações, o oficineiro deve chamar a atenção dos adolescentes sobre como
nossas relações sociais afetam nosso comportamento, ainda que tenha fins considerados
“individualistas”. Comprar um tênis de marca bacana também tem uma função social, que
pode ser a de impressionar as garotas, a de ter algo de marca para exibir, para parecer bacana.
Também é uma forma de responder às exigências da sociedade de consumo em que vivemos.
Abrir mão do consumo para auxiliar a mãe a pagar uma atividade educacional para o
irmão, ou mesmo para si, é uma decisão muito difícil para alguns, mas pode ser óbvia para
outros. Os adolescentes serão convidados a se manifestar sobre qual saída tomariam para si,
incitando também a discussão sobre como o consumo, o dinheiro, regula nossas relações
sociais ou não. Somos mais atrativos com dinheiro? Temos mais amigos, ficantes e namoradas
quando temos dinheiro? Os ricos têm comportamentos e relacionamentos sociais diferentes
dos pobres? Por que?

113
No último encontro, os adolescentes farão uma atividade individualizada, que será
depois compartilhada com o grupo como desejarem. O oficineiro deve entregar uma folha em
branco e canetinhas coloridas a cada participante. Eles devem desenhar na folha o caminho e
os relacionamentos sociais que tiveram até hoje, quando estão na medida socioeducativa.
Pode ser um caminho com várias paradas, pode ser uma teia, do jeito como acharem melhor.
Para ilustrar, o educador pode sugerir que os adolescentes retomem as escolas que
estudaram, os familiares mais próximos, as amizades que fizeram, se cumpriram outras
medidas, se foram atendidos na saúde, se fizeram algum curso já, ou frequentaram clubes,
igrejas. É um incentivo para que reconstruam seus caminhos, como cada um achar melhor.
No final da atividade, o educador deve perguntar aos adolescentes e permitir que
respondam, caso se sintam à vontade, como foi compartilhada a vida de cada um até aquele
encontro. Deve ser ressaltado a dimensão de que o adolescente não se encontra em medida
socioeducativa sozinho, mas que teve um amplo caminho, envolvendo muitas pessoas e
instituições, até que ele chegasse ali, naquela oficina. E são também as relações sociais que o
auxiliarão nas suas escolhas daqui em diante, sejam elas quais forem.

Materiais necessários: rolo de barbante, papel A4, lápis ou canetas coloridas.


Número de participantes por oficina: de 06 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 1h30min e 3 horas.

3.8.3. Oficina: Sou cidadão?


Objetivo:
 Refletir com os adolescentes sobre o exercício da cidadania hoje, na adolescência e na
sociedade de consumo.
Metodologia:
A primeira parte da oficina consiste em refletir e construir o conceito de direito do
adolescente junto ao grupo. Para tanto, o educador irá disponibilizar tarjetas coloridas com
algumas ideias escritas, distribuindo essas tarjetas aleatoriamente entre os adolescentes, para
que cada um fique com duas tarjetas no mínimo. As ideias devem provocar o adolescente a
pensar se representa um direito seu ou não. Sugerimos como conteúdo das tarjetas: IR AO
MÉDICO, IR À ESCOLA, VOTAR EM ALGUM CANDIDATO, DIRIGIR, VIVER, TER DIGNIDADE,
VOTAR EM BRANCO, USAR DROGAS, FALAR O QUE PENSO, BRIGAR, NÃO GOSTAR DE ALGUÉM,
IR AO CINEMA, TRABALHAR, TER CARTEIRA ASSINADA, PAGAR INSS, APOSENTAR, USAR

114
CAMISINHA, NÃO USAR CAMISINHA, TER LIVROS, TER UMA CASA, MORAR NA RUA, TER
COMIDA, DANÇAR, IR AO CLUBE, VIAJAR, PASSEAR, VER O MAR, AJUDAR NAS TAREFAS DE
CASA, CUMPRIR MEDIDA SOCIOEDUCATIVA, TER HORÁRIO PARA VOLTAR PRA CASA, ASSISTIR
TELEVISÃO, JOGAR VIDEOGAME, NAVEGAR NA INTERNET, TER FACEBOOK, PICHAR OS MUROS
DA CIDADE, IR NA OFICINA DE HIP HOP, FAZER RAP, ESCREVER UMA CARTA, NAMORAR,
BEIJAR, TRANSAR, TOMAR REMÉDIO, GANHAR DINHEIRO, entre outras.
Ao terem as tarjetas em mãos, os adolescentes vão colar numa parede da sala o que
consideram ser um direito do adolescente. Podem colar todas as tarjetas, ou nenhuma, como
preferirem. Depois de coladas, o educador vai analisar com o grupo as ideias que foram
tomadas pelos adolescentes como direitos e discutir com eles se eles têm acesso a esses
direitos, se sabem como ter acesso, se são mesmo direitos e etc.
Depois, o educador vai pedir aos adolescentes que não colaram alguma tarjeta, para
ler o que tem em mãos e porque não considerou aquilo um direito. Nesse momento, cabe ao
educador junto aos adolescentes fazer a distinção entre direitos (constitucionais, individuais) e
suas formas de exercê-los, e as vontades e deveres de cada um.
Não se trata de categorizar ou enquadrar o que os adolescentes pensaram como
errado. Mas de ajuda-los a perceber que um direito atinge a mais pessoas no âmbito
individual, enquanto uma vontade é algo que move apenas uma pessoa. Nem sempre uma
vontade é um direito. Nem sempre um direito é uma vontade. Podemos não ter vontade de
votar, mas temos que ir. E isso faz desse direito também um dever, apesar da nossa vontade.
Nessa discussão cabe esclarecer quais são os direitos do adolescente e do jovem, previstos no
Estatuto da Criança e do Adolescente e no Estatuto da Juventude.
No próximo encontro, será trabalhada a noção de deveres. Para tanto o educador
lançará ao grupo duas perguntas: qual o seu dever preferido? Qual o dever que você menos
gosta?
É necessário permitir que os adolescentes respondam livremente a essas perguntas,
podemos ajuda-los com exemplos, mas sem exigir que eles dêem a resposta num sentido
exato do termo. É importante perceber, nesse momento, o que os adolescentes consideram
como dever, na concepção e opinião deles.
A partir do que cada um responder ao grupo, o educador vai avaliar junto aos demais
adolescentes se todos concordam que aquilo é um dever ou não. Depois da discussão, o
educador irá apresentar o conceito de Cidadania, disponível na Cartilha do Cidadão:
http://www.escoladecidadania.org/arquivos/cartilha_do_cidadao.pdf.

115
Cidadania envolve o exercício de direitos e deveres, envolve ser ativo na sociedade em
busca das mudanças que pretendemos que aconteça. Para encerrar esse momento, cada
adolescente deve avaliar se ele se considera ou não um cidadão.
Para encerrar a oficina, o terceiro momento envolverá a diferenciação entre ser
consumidor e ser cidadão. Trata-se de buscar a reflexão de uma consciência social maior do
que a de consumidor individualizado.
Para tanto, o vídeo seguinte será exposto:
http://www.youtube.com/watch?v=xEgPp1VGWsM.
Trata-se de um vídeo de conscientização sobre a origem das coisas que consumimos, e
como devemos estar atentos como cidadãos ao que vivemos no mundo do consumo, que é um
mundo finito.
Após o vídeo, o educador encerrará a oficina discutindo o que foi visto, explicando o
que os adolescentes possam não ter entendido, e contribuindo para a reflexão proposta.

Materiais necessários: tiras de papel colorido, cola, cartilha impressa, computador com
internet, projetor.
Número de Participantes por oficina: de 06 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 1,5 e 2 horas.

3.8.4. Oficina: Diversidade étnico-racial no Brasil


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes os conceitos de etnia, gênero, diversidade, bem como
o respeito e interesse pelo diferente por meio da cultura e da história dos povos.
Metodologia:
Nessa oficina os adolescentes serão convidados a refletir e conhecer um pouco mais
sobre três a diversidade étnico-racial, por meio dos índios Guarani-Kaiowá, os jovens negros
cotistas e os imigrantes japoneses no bairro Liberdade em São Paulo.
Para tanto, em cada oficina será discutida as seguintes reportagens:

 Japoneses no Brasil: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1557063


Antes de ler a reportagem, é importante conversar com os adolescentes sobre o que
sabem a respeito da imigração japonesa no país. A reportagem deve ser lida em conjunto, e
após a leitura, a oficina se dará pela observação e discussão sobre a história do Bairro

116
Liberdade, bem como seus antigos nomes e porque os japoneses encontraram nesse bairro um
lugar para si em São Paulo. Os adolescentes devem ver as fotos do bairro e a discussão deve
incitá-los a pensar porque um povo quando chega a outro país mantém seus costumes e
cultura, e o que acham disso: devemos abrir mão? Adaptar-nos? Como é com os brasileiros
que vão morar nos Estados Unidos por exemplo? Essas perguntas nortearão a condução do
primeiro momento da oficina.

 Índios Guarani-Kaiowá:
http://noticias.terra.com.br/brasil/cimi-suicidios-causam-genocidio-silencioso-de-
indios-guarani-kaiowa,be9bb78c2b28f310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html
Da mesma forma que na oficina anterior, cabe ao educador sondar o que os
adolescentes sabem sobre os índios Guarani-Kaiowá e sobre os índios em geral. A partir da
reportagem, é importante remeter aos adolescentes questões como a história dos índios no
Brasil, a colonização portuguesa, os reflexos da dominação do branco sobre o índio em nossa
cultura hoje, o porquê de criarmos reservas indígenas, e a disputa de terras atual. O educador
pode utilizar outras fotos e reportagens que encontrar sobre o tema.
 Os primeiros jovens negros que se formaram devido às Cotas universitárias.
http://www.istoe.com.br/reportagens/288556_POR+QUE+AS+COTAS+RACIAIS+DERA
M+CERTO+NO+BRASIL
Antes de ler a reportagem com os adolescentes, deve-se questioná-los sobre o que são
as Cotas, para quem são e o que pensam sobre essa medida do governo. A reportagem deve
ser trabalhada recortando as diversas histórias dos jovens expostos, e distribuindo essas
histórias para duplas ou trios de adolescentes, para que leiam entre si. São ao todo 05
histórias, dos jovens Ícaro, Juliana, Renato, Janaína e Renata.
Após a leitura, cada dupla (ou trio) deverá apresentar ao grupo as histórias que leram.
Diante das histórias, alguns temas devem ser abordados pelo educador em discussão com os
jovens, tais como: a discriminação racial no Brasil, a história dos negros e da escravidão no
país, e se as cotas podem ter efeitos positivos para diminuir os efeitos da discriminação racial.
Para finalização da oficina, os adolescentes devem escolher uma das etnias/raças abordadas
na oficina e criar em conjunto uma letra de RAP sobre sua história e atual situação no país.

Materiais necessários: gravuras do Bairro Liberdade em SP, fotos ou reportagens sobre os


Índios Guarani-Kaiowá e sobre as cotas nas universidades.
Número de participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.

117
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 04 encontros.
Carga horária diária: entre 1h30min a 2 horas.

3.8.5. Oficina: Discriminação racial


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes os conceitos de etnia, gênero, diversidade, bem como
o respeito e interesse pelo diferente por meio da cultura e da história dos povos.
Metodologia:
A oficina será iniciada a partir da escuta e leitura da letra da música “Sucrilhos” do
músico Criolo. Essa música tem a letra disponível no endereço:
http://www.vagalume.com.br/criolo/sucrilhos.html.
Depois de escutarem a música, o grupo deve discutir sua letra, atendo-se
principalmente para o verso final:
“Eu tenho orgulho da minha cor,
Do meu cabelo e do meu nariz.
Sou assim e sou feliz.
Índio, caboclo, cafuso, criolo! Sou brasileiro!”
Entre as perguntas disparadoras da discussão, sugere-se: por que o cantor diz ter
orgulho de sua cor? Se os negros têm espaço real de afirmação na sociedade brasileira? Se os
adolescentes tem orgulho ou vergonha de seus traços e de sua cor? Se os adolescentes já
sofreram discriminação étnico-racial? Ou já presenciaram esse tipo de discriminação? Se eles
sabem que racismo é crime, etc.
Em um segundo momento, o oficineiro trabalhará com o grupo de adolescentes o
Apartheid vivido na África do Sul, inicialmente por meio do texto a seguir:
“O apartheid foi um regime de segregação racial adotado
de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do
Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados
pelo governo formado pela minoria branca.
A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período colonial,
mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais
de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros",
1
"brancos", "de cor", e "indianos") , segregando as áreas residenciais, muitas
vezes através de remoções forçadas. A partir de finais da década de 1970, os
negros foram privados de suacidadania, tornando-se legalmente cidadãos

118
de uma das dez pátrias tribais autônomas chamadas de bantustões. Nessa
altura, o governo já havia segregado a saúde, aeducação e outros serviços

públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos (Texto
disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid).

Após a leitura do texto, os adolescentes assistirão ao vídeo “África do sul – 15 anos


depois do Apartheid – Parte 1” disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=4J2U2KTV18E. Diante do texto e do vídeo, o grupo
discutirá o tema do “Apartheid”, fazendo associações entre o que aconteceu na África do sul e
seus impactos atuais no país, e o que aconteceu na história dos negros no Brasil e seus
impactos hoje em nossa sociedade.
No último momento da oficina, a música “War” do cantor Bob Marley será trabalhada,
a partir do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=1XkOStFO3fA, que possui tradução da
letra, e os adolescentes, ao final da música, devem responder por que o cantor faz uma
relação entre discriminação racial e guerra.

Materiais necessários: Aparelho de som, computador com internet, projetor.


Número de Participantes por oficina: de 06 a 15 adolescentes.
Periodicidade (duração/ dias da semana): Semanal – tendo duração de 03 encontros.
Carga horária diária: entre 1hora a 1h30min.

3.8.6. Oficina: Cultura e paz


Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes a Cultura da Paz, por meio da conscientização e
sensibilização dos mesmos para o respeito à diversidade, o manejo não violento de
conflitos, o exercício da tolerância e a busca pela qualidade de vida.

Metodologia:
Essa oficina será realizada a partir de uma dinâmica de grupo e de recursos
audiovisuais. A dinâmica inicial consiste em agrupar os adolescentes em dupla, inicialmente, e
pedir que conversem sobre si, seus gostos, seus desejos, suas esperanças, sua família, sua
casa, seus amigos, etc.

119
Depois de minutos iniciais, o grupo se reúne novamente e cada dupla apresentará seu
parceiro, apresentando-se como se fosse o outro, a partir das informações obtidas na
conversa.
Após esse momento, o educador deve retomar com o grupo como é apresentar uma
outra pessoa e as questões envolvidas em se colocar no lugar do outro.
Essa dinâmica permite introduzir o tema do respeito e da tolerância à diversidade, de
maneira a já incluir os adolescentes e seus sentimentos na oficina, sendo também
disparadores da discussão.
Em outro momento, a oficina deverá apresentar o vídeo do programa Não Conta Lá
em Casa (Canal Multishow), Episódio Haiti (disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=JWZp7s8LoGI), no qual os repórteres mostram a realidade
do país após o desastre recente.
Após assistirem ao vídeo, o educador deve abordar com os adolescentes como eles
avaliam o que foi mostrado sobre o país, considerando aspectos como miséria, pobreza,
violência, relacionando a propostas dos adolescentes sobre o que é necessário ao Haiti para a
construção de uma Cultura da Paz.
Para concluir, os adolescentes devem relacionar o que viram no Haiti com suas
próprias cidades e realidades, buscando divergências e semelhanças, e propondo também
aspectos fundamentais para o alcance de uma Cultura da Paz no Brasil.

Materiais necessários: computador com internet, projetor.


Número de Participantes por oficina: de 06 a 12 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.8.7. Oficina: Cultura da paz 2


A cultura da paz se constrói nas pequenas ações cotidianas. Ela surge
da forma como nos comunicamos com os outros. Da forma como
lidamos com conflitos e sentimentos. Da nossa capacidade de
reconhecer e valorizar as diferenças. Da vontade em interesse em
exercitar o respeito e a tolerância. Cada um de nós pode ser um
construtor da paz. Cada um de nós pode influenciar, como nossa
maneira de agir, as pessoas que nos cercam. Para isso, basta
deixarmos que os valores da não violência conduzam as nossas

120
atitudes, palavras e decisões. E ao fazermos tal escolha, mudamos
para melhor a nossa qualidade de vida, nossos relacionamentos e
ajudamos construir uma sociedade mais saudável. Afinal, a paz
começa no interior de cada um de nós. E essa é uma tarefa que não
podemos transferir para ninguém”. (Projeto Não Violência Brasil –
Cartilha Cultura da Paz – Instituto GRPCOM).
Objetivo:
 Trabalhar com os adolescentes a Cultura da Paz, por meio da conscientização e
sensibilização dos mesmos para o respeito à diversidade, o manejo não violento de
conflitos, o exercício da tolerância e a busca pela qualidade de vida.
Metodologia:
Essa oficina será conduzida por meio de apresentação de temas para discussão. Os
temas a serem apresentados constam na Cartilha Cultura da Paz, elaborada pelo Instituto
GRPCOM, a partir dos conteúdos produzidos pela Associação Projeto Não Violência Brasil. A
Cartilha encontra-se disponível na internet, no seguinte sítio eletrônico:
http://www.gazetadopovo.com.br/pazsemvozemedo/cartilha-da-paz.pdf .
Como sugestão há também uma versão resumida desta cartilha, em forma de
PowerPoint, elaborada pela Casa de Semiliberdade Ipiranga. Esta versão está disponível na DFP
– Diretoria de Formação Educacional e Profissional.
A oficina, assim, acontecerá de modo a mobilizar os adolescentes a refletir sobre as
questões elencadas na Cartilha, sendo elas: O que é a violência? O que é a não violência? O
que é a agressividade? Quais as causas da violência? Quais as origens da violência?
Estas questões serão trabalhadas com os adolescentes primeiramente de maneira
livre, permitindo que eles possam elaborar os significados e respostas dessas perguntas no
grupo, seguindo de uma leitura em conjunto da Cartilha.
Após o trabalho em torno dessas questões, inicia-se então a reflexão sobre as formas
para se construir uma cultura da paz. O oficineiro deve trabalhar com os adolescentes os
conteúdos da Cartilha e outros que forem convenientes, abordando o Respeito às Regras,
Responsabilidade, Omissão, Diálogo, Manejo de Conflitos, Comunicação, Capacidade de ouvir
o outro, Respeito às Diferenças, Respeito aos Sentimentos.
Todos esses temas são descritos na Cartilha de maneira acessível aos adolescentes. O
oficineiro discutirá com os adolescentes exemplos de situações trazidas por eles de momentos
em que agiram ou viram alguém agir orientado pela cultura da paz ou pela prática da violência.

121
Como produto final, a oficina resultará na escrita de recomendações dos adolescentes,
por meio de carta aberta ou manifesto, sobre comportamentos e hábitos que levem à Cultura
da Paz dentro e fora da unidade.

Materiais necessários: cartilha impressa, papel A4, caneta ou lápis


Número de participantes por oficina: de 03 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

3.8.8. Oficina: Valores humanos


Objetivos:
 Refletir sobre valores humanos.
 Discutir sobre cidadania.
 Trabalhar aspectos de convivência entre o grupo de adolescentes.
 Desenvolver o autoconhecimento e a autoestima e o respeito ao outro.
 Trabalhar a participação pacífica para a solução de problemas.
 Despertar o senso de cidadania, da ética, de união e de responsabilidade.
 Desenvolver a leitura oral.
 Aprimorar a capacidade argumentativa dos adolescentes.
 Vivenciar o trabalho voluntário.
Metodologia:
A oficina será divida em 4 encontros a partir da leitura do texto: Incomoda muita
gente? de Bruna Fasano.
Disponível em: http://www.revistasorria.com.br/site/edicao/incomoda-muita-
gente.php
Como o texto é longo, ele será trabalhado em 2 encontros, conforme divisão nos quadros
abaixo. Cabe ao educador retomar o que já foi discutido a cada novo encontro. Caso o
educador prefira, pode-se fazer um recorte do texto, contanto que as ideias principais para a
discussão sejam mantidas.

No primeiro encontro será trabalhada a parte abaixo do texto: Incomoda muita gente?

Conviver é uma lição que se aprende no decorrer da vida. São os atos de educação e
gentileza que tornam melhores os dias e o lugar onde estamos.
Somos 7 bilhões de pessoas circulando pelo mundo. Cada uma com seu ritmo, seu
passo, indo e vindo. E, nesse vaivém, nos esbarramos, nos encontramos e compartilhamos os

122
espaços com pessoas que nunca vimos. Aos poucos, ruas, ônibus e filas parecem ser um
desafio. Em meio a tanta gente apressada, como respeitar o próximo e se fazer respeitar?
Onde colocar as palavras de boa educação e as atitudes de solidariedade que tornam o dia a
dia menos árido? Beatino Brito da Silva, de 79 anos, descobriu que o segredo é saber conviver
com quem é diferente de nós. E ajudar sempre que possível. Em São Miguel Paulista, bairro de
São Paulo, onde mora, os vizinhos sabem que podem contar com ele. “Pedem para consertar
um chuveiro quebrado, um cano entupido e percebem que faço com amor, pelo prazer de
conviver bem. Quem sabe um dia eu também não precise de ajuda?”, diz.
Alfaiate desde os 15 anos, Beatino também gosta de consertar roupas usadas, que,
com pequenos ajustes, são doadas a quem precisa. “Já refiz um vestido de noiva para uma
moça que sonhava casar-se na igreja. Como ela não podia pagar um modelo novo, peguei o
vestido emprestado da minha filha e ajustei. Foi uma felicidade vê-la subir ao altar”, lembra o
aposentado. “São essas coisas que me mantêm vivo, próximo das pessoas, trocando
experiências com muita gente, de todos os tipos e classes sociais”, diz. Essa vontade de
conviver, ouvir e respeitar quem cruza seu caminho lhe rendeu até um prêmio de simpatia, em
um concurso feito pelo Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia que reconhece as pessoas
que mais se envolvem com a comunidade. “Não importa onde eu esteja, se em um lugar
chique ou simples, cumprimento todos e sempre tento ser gentil. Em troca só recebo sorrisos,
e é isso que me faz ser mais feliz”, conta.
A atitude de Beatino, no entanto, costuma ser exceção. Vivendo no ritmo acelerado
das cidades e preocupados apenas com os próprios interesses, temos a tendência de esquecer
que existem pessoas ao nosso lado. “O ambiente urbano parece ter uma vocação natural para
o conflito. Com espaços compartilhados pequenos, nos sentimos presos e acuados. Achamos
que a pressa que temos em chegar a um compromisso é mais importante do que a prioridade
do outro, que está ao meu lado. Manter as regras de boa convivência é um desafio que vai
quase na contramão do que é esperado para esse cenário”, afirma José Guilherme Magnani,
coordenador do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo (USP).
Por isso, a amabilidade e o cuidado com o outro às vezes parecem estar em falta na
rotina. O ser humano, normalmente, guarda essas atitudes apenas para situações extremas,
quando sente que seu grupo está em perigo. “Em momentos de aperto, de caos, nos
colocamos em estado de alerta para nos proteger. E, assim, reparamos em quem precisa de
ajuda ao nosso redor”, diz Magnani. “Nessas horas, é como se o nosso instinto de proteção
estivesse à flor da pele, pois o lado humano desperta. Agimos de forma a proteger quem
precisa para preservar o bando.”

123
Por isso, no metrô de São Paulo, que transporta 4 milhões de pessoas por dia, a hora
do rush é, curiosamente, o momento em que mais se observam gestos de atenção. Segundo
dados da Companhia do Metropolitano de São Paulo, nos horários de pico os usuários são
mais cuidadosos com idosos e crianças. Porém, para garantir que gestantes e deficientes
tenham lugar garantido no transporte – a todas as horas –, foi necessária a instituição de uma
lei que obriga os passageiros a ceder os assentos. Treze anos depois, quem anda de ônibus ou
trem precisou se acostumar a se levantar para outro se sentar.
Após a leitura do texto, ou parte dele, deve-se abrir uma roda de conversa para se discutir as
seguintes questões:

- Quais são os lugares por onde você circula e que existem filas?
- O que você falaria para alguém que fura a fila?
- O que você faz para melhorar a convivência em sua casa? E no cumprimento da
medida?
- Você conhece alguém que merece um “troféu simpatia”, como relatado no texto?
- O que você acha sobre a criação da lei que obriga os passageiros a ceder os assentos?
A cada encontro deverá ser elaborado um produto final: mural/jornal. Solicite ao
grupo que desenhe situações que facilitam a convivência entre as pessoas.
No segundo encontro, deverá ser discutida a segunda parte do texto.

2º Encontro
Lição de gentileza
Mas, no dia a dia de Jacqueline Fernandes Meira, de 30 anos, ceder lugar no
transporte é a menor de suas ações. Durante os 45 quilômetros que percorre entre sua casa,
na Zona Leste de São Paulo, e a central de telemarketing onde trabalha, do outro lado da
cidade, ela chama pelo nome os motoristas e cobradores, cumprimenta e conversa com os
companheiros de trajeto. E faz isso todos os dias, de manhã e à noite, entre os quatro ônibus e
dois trens lotados onde perde até cinco horas do seu dia. “As pessoas me olham admiradas ao
me ver falar com todo mundo, dar bom-dia, boa-noite a quem passa. Tem gente que me
pergunta se pretendo ser vereadora. Onde trabalho, ofereço até café aos porteiros”, conta.
Mas, para Jacqueline, esse comportamento é o que faz a rotina ser mais agradável.
“Sinto que o meu dia fica mais leve. Se sou educada, recebo dos outros o mesmo tratamento.
Não vejo por que não agir assim”, diz. “Claro que não estou bem-humorada todos os dias, não
acordo sorrindo e tenho minhas próprias frustrações e rompantes de egoísmo. Mas nunca fui
capaz de fingir que dormia só para não ter que ceder lugar a um idoso no trem.”

124
Jacqueline sabe que o espaço que ocupa fica mais agradável quando os que andam por
ele são vistos. Ao respeitá-los, também cuidamos do lugar onde estamos, pois ele é feito por
todos nós – é um bem comum. Compartilhar e respeitar o espaço público foi uma tarefa que
Oswaldo Campos Junior, o Juneca, aprendeu a duras penas. O paulistano foi um dos mais
conhecidos pichadores da cidade, na década de 1980. A primeira vez em que deixou sua marca
nos muros da cidade tinha 11 anos. “Na época, só queria chamar atenção, aguçar a curiosidade
das pessoas”, lembra. “Pichava os muros usando um nome falso, deixando minha marca de
forma velada. Cheguei a ser procurado pela Guarda Civil Metropolitana, mas nunca fui preso.”
Escondendo-se e vendo seus desenhos sendo cobertos de tinta cinza pelas
autoridades, Juneca se deu conta de que essa não era a melhor forma de interferir na cidade.
“Eu me sentia ultrajado. Descobri que não precisava esconder a minha arte e usar assinaturas
falsas para não ser reconhecido. O mais legal é mostrar a sua identidade por meio da arte”, diz.
Há 20 anos ele deixou os muros e patrimônios proibidos e formou-se em artes
plásticas. Hoje, aos 39, colore os paredões de São Paulo a convite da prefeitura. Cria
livremente e contribui para deixar mais agradável a paisagem de sua cidade. “Meu grafite
permanece, sofrendo as ações do tempo, do sol e das chuvas. Vejo a arte mudando junto com
a cidade, e ninguém mais passa por cima, pintando tudo de cinza”, diz. “Eu me lembro do que
fiz e reconheço que abusei, submeti as pessoas a algo que não sei se era o que elas desejavam.
Sei a importância do grafite, mas acho que ele evoluiu, e eu evoluí com ele. Não é certo
interferir na vida dos outros com palavras de ordem como eu fazia. A cidade é de todos”,
afirma o artista.

"As cidades têm vocação para o conflito.


Manter a boa convivência é um desafio diário"
Educação, sim, obrigado
Olhar para a cidade como se ela fosse nossa é o primeiro passo para aprender a cuidar
dela. Em um ambiente degradado e sujo, que não reconhecemos como nosso, tornamo-nos
mais violentos – com quem está ao redor e com os lugares. “Quando as pessoas entram em
um ambiente malcuidado e deteriorado, elas têm uma percepção de que ali não há dono, de
que o caos domina, e por isso tendem a agir de maneira mais primitiva, menos cuidadosa,
desrespeitando rotineiras regras de boa convivência”, explica Marcelo Carvalho, professor de
Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
É por isso que temos a impressão de que, quanto mais descuidado for o ambiente,
com lixo acumulado, estrutura danificada, pior as pessoas se comportarão. Zelar pelo espaço

125
público, mantê-lo limpo e organizado é o primeiro passo para inibir ações de vandalismo.
“Quando uma pessoa entra em um local asseado, organizado, passa a respeitar e considerar o
seu entorno e os outros”, afirma Carvalho.
Aprendemos cedo regras assim, de comportamento, atenção e respeito pelo espaço e
pelo próximo. Isso acontece ao mesmo tempo em que reconhecemos o outro como nosso
igual, também digno de atenção e cuidado. No entanto, essas são lições que requerem
disciplina. Na casa da jornalista Rita Lisauska, expressões como por favor”, “obrigada” e “com
licença” são repetidas à exaustão por ela e pelo filho Samuel, de 3 anos. “De tanto frisar para
ele que sempre deve dizer ‘obrigado’, ele passou a usar a palavra até quando não precisa. Uma
vez ele me deu um bombom e disse: “Obrigado”, conta. “Ensinar o filho a ser educado requer
cuidado com as próprias atitudes. Não adianta cobrar da criança um comportamento exemplar
se os pais e familiares não mostram como se faz. Nós cumprimentamos todas as pessoas que
encontramos, mostramos a ele que é importante dividir e compartilhar”, afirma Rita.
Mesmo criança, Samuel já percebeu que ser agradável com quem está ao seu lado às
vezes é um desafio. Custa a compreender por que seus amiguinhos não agem da mesma forma
e pergunta à mãe por que eles não dividem os brinquedos nem dizem “saúde” quando alguém
espirra. “Não é fácil educar e mostrar as regras de conviver de forma pacífica. Mas eu
realmente acredito que se ensinar bem ao meu filho ele pode passar isso aos amigos da escola,
pode tratar bem os funcionários do prédio. É como se fosse uma corrente do bem, algo
contagioso”, crê a mãe. Afinal, pôr em prática a gentileza e a boa educação, em qualquer
idade, nos dá condições de conviver em paz com os outros, com o lugar onde estamos e,
assim, construir um espaço – e uma vida – melhor.

Questões a serem abordadas com o grupo:


 o que te deixa mal humorado? Como você reage quando está assim?
 O que você faz ou pode fazer para conservar o espaço que é público?
 Comente a atitude de Juneca
 discuta a diferença entre pichação e grafitte.
 Comente a frase: "As cidades têm vocação para o conflito. Manter a boa convivência é
um desafio diário"
Agora solicite ao grupo que elabore 2 ilustrações, como as de Juneca, com 11 anos (a
picação) e aos 39 anos (um grafitte). Discuta com os adolescentes o significado de cada
desenho.

126
 Dê exemplos de espaços por onde você já tenha circulado e que estava mau cuidado.
 Discutir o que leva as pessoas a não conservarem os espaços públicos
No início do terceiro encontro devem ser retomadas as discussões dos 2 encontros
anteriores a partir dos cartazes elaborados.
Neste encontro o objetivo será entrevistar pessoas (familiares, professores,
funcionários ou mesmo outras pessoas em atividades externas, etc.) questionando quais
atitudes delas que contribuem parta um mundo melhor. As entrevistas deverão ser registradas
e em uma folha 4, o grupo deverá elaborar um “jornal”, contendo as discussões anteriores e as
entrevistas realizadas.
O próximo encontro deverá ser trabalhado o Dia do Voluntário.
Trabalhar com o grupo a questão do voluntariado e como ele contribui com uma
atitude para um mundo melhor, como oportunidade de exercer a cidadania e fazer algo pelo
próximo e pela sociedade.
O educador deverá mapear uma instituição na cidade, que aceite o trabalho de
voluntários, articular e convidar alguns adolescentes que desejarem a fazer parte de um dia
desta visita. É preciso decidir qual atividade voluntária poderá ser elaborada: contar histórias,
dar aulas do que se aprende nas oficinas, tocar violão, cantar músicas... São muitas as
atividades voluntárias que podem ser feitas presencialmente em escolas, asilos, hospitais e
outros lugares. Há sempre algo para ajudar.

Para maiores informações sobre o trabalho voluntário acessar:


http://voluntariosonline.org.br
http://www.amamos.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=74&Ite
mid=191
http://www.voluntariado.org.br/?p=oqueeservoluntario.php
Questões a serem abordadas com o grupo após a visita:
 o que foi possível ensinar?
 o que foi possível aprender?

Material necessário:
cartolina, canetas, folha A4
Carga horária diária: 1 h e 30 minutos (os 3 encontros). Para o 4º encontro, dependerá da
articulação com a instituição voluntária
Número de participantes: 10 adolescentes

127
Periodicidade: A oficina deverá ser repetida a cada 3 meses.

3.8.9. Oficina: Meu sobrenome


Objetivo:
 Trabalhar a identidade individual
 Despertar para questões da cidadania
Metodologia:
A oficina será trabalhada a partir da música de Chico Buarque: Gente tem Sobrenome
Gente Tem Sobrenome
Todas as coisas têm nome
Casa, janela e jardim
Coisas não tem sobrenome
Mas a gente sim
Todas as flores têm nome rosa, camélia e jasmim
Flores não têm sobrenome
Mas a gente sim
O jô é soares, caetano é veloso
O ary foi barroso também
Entre os que são jorge
Tem um jorge amado
E um outro que é o jorge ben
Quem tem apelido
Dedé,zacharias, mussum
E a fafá de belém
Tem sempre um nome
E depois do nome
Tem sobrenome também
Todo brinquedo tem nome
Bola,boneca e patins
Binquedos não tem sobrenome
Mas a gente sim
Coisas gostosas têm nome
Bolo,mingau e pudim

128
Doces não têm sobrenome
Mas a gente sim
Renato é aragão o que faz confusão
Carlitos é o chales chaplin
E tem o vinicios que era de moraes
E o tom brasileiro é jobin
Quem tem apelido,zico,maguila,
Xuxa,pelé e he-man
Tem sempre um nome
E depois do nome
Tem sobrenome também
A partir da música, deve-se levar o grupo à seguinte reflexão/discussão:
 Você sabe quem escolheu seu nome?
 De onde vem seu sobrenome?
 Você tem apelido? Quem escolheu?
 Você é parecido com alguém de sua família?
 Você tem documento de identidade? Sabe para que ela serve?
 Onde o documento poderá ser pedido?
 Você tem uma assinatura?
Para finalizar a tarefa, cada adolescente deverá construir a sua própria identidade,
preenchendo todos os dados que são necessários, como modelo abaixo.
Para ajudar:
A identidade é também conhecido como RG.
O que é?
É um documento emitido para cidadãos nascidos e registrados no Brasil e para
nascidos no exterior, que sejam filhos de brasileiros. Serve para confirmar a identidade da
pessoa e para solicitação de outros documentos. O registro é válido em todo o território
nacional e substitui o passaporte em viagens para a Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile,
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela (saiba mais no texto Mercosul com RG).
Onde deve ser feito?
O Registro Geral é emitido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de cada estado
do Brasil. O cidadão deve procurar postos de identificação civil para solicitar o RG. Para mais
informações, entre em contato com o Instituto de Identificação de seu estado.

129
Quando deve ser feito?
Em qualquer idade.
Quem pode tirar?
O próprio cidadão interessado.
Quanto custa?
A partir de setembro de 2012, a emissão da primeira via da carteira de identidade
(Registro Geral/ RG) passou a ser gratuita em todo o território nacional, para todos os
brasileiros. A emissão da segunda via, no entanto, pode ser cobrada. O valor da taxa será
determinado pela legislação de cada estado.
A Carteira de Identidade não possui validade, porém o documento pode não ser aceito
no Brasil ou em viagens para o exterior caso esteja em más condições de conservação ou a
foto não permita a identificação do titular. Recomenda-se que o RG seja renovado a cada dez
anos.
Como deve ser feito?
O solicitante deve ir a um posto de identificação civil em sua cidade, com uma foto
recente em formato 3x4 (com fundo branco) e com a Certidão de Nascimento, a Certidão de
Casamento ou o Certificado de Naturalização, de acordo com cada caso.
Fonte: Ministério da Justiça – disponível em:
http://www.brasil.gov.br/para/servicos/documentacao

130
Material necessário:
-letras da música, impresso com o documento de identidade, canetas
Carga horária diária: 1 h e 30 minutos Número de participantes: 8 adolescentes
Periodicidade: A oficina deverá ser realizada bimestralmente, sempre com os adolescentes
recém admitidos na medida.

3.9. Eixo: Transversal - Empreendedorismo e Economia solidária

3.9.1. Oficina: Empreendedorismo


Segundo Paula (2005), o empreendedorismo é definido como um conjunto de
condições que promovem bons níveis de realização no campo empresarial, nas atividades
econômicas, nas áreas de ciências e artes, bem como na vida privada das pessoas. Dessa
forma, o conceito vai além das estratégias das corporações. O empreendedorismo também é
definido pela realização humana, envolvendo atitudes criativas, proativas na relação das
pessoas com o mundo.

131
Assim, a oficina de empreendedorismo com os adolescentes em cumprimento de
medida socioeducativa se justifica pela importância de se aproveitar as características e as
atitudes empreendedoras apresentadas pelos adolescentes para favorecer o resgate do
potencial criativo, da capacidade intelectual para investigar, solucionar problemas, tomar
decisões, uma vez que essas são orientações inovadoras cada vez mais exigidas e valorizadas
na formação profissional e no mundo do trabalho.
Objetivos:
 Incentivar as atitudes empreendedoras apresentadas pelos adolescentes e jovens em
cumprimento de medida socioeducativa.
 Facilitar o desenvolvimento e o reconhecimento da capacidade empreendedora do
adolescente, das habilidades que possam favorecer o seu desenvolvimento pessoal,
profissional e suas relações interpessoais.
 Trabalhar as competências básicas e competências empreendedoras necessárias ao
desenvolvimento profissional. Incentivar os adolescentes a se conhecerem melhor,
seus desejos e potencialidades, a realidade a qual estão inseridos, bem como
conhecerem o que realmente lhes interessam.
 Reconhecer o empreendedorismo associado a características comportamentais como
motivação, trabalho da autoestima, ambição criativa, esforço, independência e
responsabilidade pessoal, levando-se em consideração a responsabilização pela
medida socioeducativa imposta ao adolescente.
Metodologia:
Esta primeira atividade favorece que os adolescentes percebam que a construção do
futuro depende das vivências e escolhas do presente. O educador propõe a dinâmica Meu
Presente / Meu Futuro que permite perceber os desejos, projeto, habilidades e o nível de
aspiração do grupo.
O educador distribui papel e lápis e solicita que os adolescentes representem através
de desenho o momento que estão vivendo, compondo um retrato intitulado “Meu presente”.
Ao final, o educador distribui nova folha, solicitando que desenhem a representação do futuro
que esperam ou gostariam de construir, nomeando de “Meu futuro”. O educador deve estar
atento ao tema da oficina e auxiliar os adolescentes, se necessário.
Em seguida, cada adolescente apresenta para o grupo seus desenhos, explicando seu
significado. Após a apresentação, o educador solicita que cada adolescente fixe seus desenhos
na parede, mantendo uma distância entre o “presente” e o “futuro”. Os adolescentes devem

132
pensar em uma distância que represente a separação existente entre sua vida hoje e o futuro
que se pretende alcançar. O educador pode trabalhar para que os adolescentes pensem no
projeto de vida, ou seja, o que pretendem realizar para alcançar o objetivo.
No segundo encontro outra dinâmica será trabalhada com os adolescentes, em que a
produção do primeiro dia possa ser utilizada.
Durante a dinâmica o educador deverá observar as questões sobre o planejamento,
trabalho em equipe, lideranças, competitividade e determinação dos adolescentes. O
adolescente será estimulado a pensar e motivado para uma ação estruturada através de
objetivos claros e definidos. O olhar empreendedor e as habilidades dos adolescentes deve ser
observados.
O educador divide o grupo em equipes menores (mínimo de três adolescentes). Cada
equipe irá escolher um “secretário” para fazer as anotações. Formadas as equipes o educador
esclarecerá as regras a serem seguidas na atividade.
 Não será permitida a crítica, durante toda a dinâmica, acerca do que for dito.
 Quanto mais extrema a ideia, melhor.
 Cada equipe deverá conceber o maior número de ideias possível.
O educador propõe que os adolescentes escolham um projeto ou problema a ser
resolvido que foi apresentado na dinâmica anterior. Vamos trabalhar mais próximo da
realidade do grupo, com situações que tenha relação com o dia a dia dos adolescentes.
O problema a ser apresentado pelo educador também poderá ser uma situação
imaginada. Por exemplo: um navio naufragou e um dos sobreviventes nadou até uma ilha
deserta. Como poderá este se salvar?
O tempo para resolução do problema será de 15 minutos. Durante este tempo
deverão ser seguidas as três regras citadas anteriormente.
Apenas um problema deverá ser apresentado durante a dinâmica. Ao término do
tempo o educador informa a todos que será iniciada a fase de avaliação das ideias e a escolha
das melhores. Esta fase será realizada pela equipe e durante o processo a crítica também não
será permitida.
Realizada a avaliação e a escolha das melhores ideias de cada equipe estas irão relatar
as ideias escolhidas e um novo processo se iniciará, desta vez para a avaliação e escolha das
melhores ideias de todo o grupo. O grupo irá tentar formar uma pirâmide (em uma cartolina)
cuja base será formada pelas ideias mais válidas.
Ao final o educador irá colocar os pontos para discussão do grupo:

133
 Como as equipes se organizaram para realizar a atividade?
 Qual equipe produziu o maior número de ideias? Por quê?
 Alguém ficou surpreso com a quantidade de ideias que surgiram?
 As ideias absurdas levaram as ideias mais produtivas?
Outra possibilidade de atividade que pode ser desenvolvida em um próximo encontro
é a dinâmica “Projeto Crescer e Ser” com o objetivo que o adolescente perceba o seu próprio
processo de tomada de decisão.
O educador relata aos adolescentes que irá apresentar propostas à qual cada
adolescente deverá decidir rapidamente, negativamente ou afirmativamente. Quando a
resposta for afirmativa os adolescentes deverão dar três passos para frente e para resposta
negativa três passos para trás. Algumas propostas para as tomadas de decisões são
apresentadas abaixo, porém espera-se que o educador possa pensar em outras frases de
acordo com o grupo.
- Trabalhar em outra cidade por seis meses.
- Trabalhar num posto médico todas as tardes.
- Tomar parte numa ocupação de terra.
- Sair de um ônibus que está prestes a incendiar.
- Montar seu próprio negócio.
- Desistir da escola diante de uma dificuldade na matemática ou no português.
- Mudar de um curso profissionalizante por causa da dificuldade de deslocamento.
O educador pode fazer com que os adolescentes reflitam que algumas escolhas são
feitas de maneiras diferentes no nosso dia-a-dia. Algumas vezes tomamos decisões
rapidamente, por impulso ou necessidade de urgência, outras temos tempo para pensar ou
contar com o auxílio de pessoas. Tomamos algumas decisões definitivas, sem possibilidade de
mudança, e existem aquelas que podem ser alteradas no decorrer da vida.
Após a atividade é importante discutir sobre o processo de tomada de decisão. O
educador deve levantar algumas questões como: O que implica as nossas decisões? Quais as
alternativas e consequências para não se tomar atitudes indesejadas? Será que é possível
conseguimos tudo ao mesmo tempo? Podemos ter ganhos ou perdas com as escolhas?

Material Necessário: Papel, caneta e cartolina


Material de apoio:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/recursos
http://www.sebrae.com.br/

134
http://www.fiec.com.br
http://www.brasil.gov.br/empreendedor/empreendedorismo-hoje/jovens-empreendedores
http://www.conaje.com.br/
http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/pre-sal/novas-tecnologias
http://www.inovacao.ufscar.br/
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/
Número de participantes: 10 a 15 adolescentes.
Periodicidade: 1 oficina semanal.
Carga Horária diária: 01h30min.

3.9.2. Oficina: Economia solidária


Esta oficina pode ser realizada também com os familiares, com introdução à oficina
“Geração de renda”.
Objetivos:
 Trabalhar conceitos de economia solidária.
 Trabalhar a percepção de habilidade e competências próprias
 Fomentar o trabalho em equipe e respeito ao outro.
 Fomentar o autoconhecimento.
Metodologia:
No primeiro momento, deverá ser apresentado aos jovens os valores e princípios da
economia solidária. Sugerimos o texto “A fabula da Carpintaria” (autor desconhecido) ou a
fábula em forma de vídeo http://www.youtube.com/watch?v=YEsaEGDa3GQ.
O educador deverá apontar ao grupo que nas cooperativas de economia solidária o
trabalho é criativo e utiliza o saber e as potencialidades de cada trabalhador em benefício do
coletivo.
Depois da leitura do texto, destacar a frase: “Senhores, ficou demonstrado que temos
defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos.
Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes”.
O educador deverá propor ao grupo que escreva em uma cartolina, como eles
constituiriam uma cooperativa com aqueles personagens, ou seja: O carpinteiro seria o quê?
(cooperativa?) O martelo, a lixa, o metro seriam quem? (trabalhadores cooperados?). Durante
a confecção do cartaz o educador deve, a partir da construção do grupo, esclarecer que:
 Nas cooperativas da economia solidária, a organização da produção e do trabalho é

135
coletiva, levando em conta o que cada um sabe fazer.
 Nesse tipo de organização as qualidades, aptidões e potencialidades (pontos fortes) de
cada trabalhador (a) são aproveitadas de forma a incrementar a produção coletiva.
 Nesse tipo de organização, cada um tem uma função definida, mas todos são
igualmente úteis e solidários.
 Há conflitos, mas eles são discutidos e resolvidos, reconhecendo as diferenças e
especificidades de cada um, evitando desestimular a criatividade e desenvolvimento
das potencialidades individuais.
 Na forma de operar das cooperativas se organizam assembleias periódicas para
prestação de contas, planejar o futuro e também para resolver conflitos, quando
houver.
O educador deverá esclarecer que a forma de produzir e trabalhar na Economia
Solidária, se dá por meio de um processo educativo, que é coletivo, criativo e se constrói na
prática do trabalho cotidiano.
Após estas explicações, o educador deve propor aos jovens que imaginem uma
cooperativa com algo real, por exemplo, de salgados ou de artistas e pensem em todas as
questões acima diante de um caso prático. É interessante que os jovens sejam incentivados a
darem ideias a partir de suas vivências e habilidades. Para facilitar, o educador deve perguntar
aos adolescentes se conhecem alguma cooperativa de economia solidária em sua comunidade
e, se sim, como funciona. Existem muitas cooperativas de salgadeiros, costureiras e etc.

Material Necessário: Papel, caneta e cartolina


Material de apoio:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/recursos
http://www.sebrae.com.br/
http://www.fiec.com.br
http://www.brasil.gov.br/empreendedor/empreendedorismo-hoje/jovens-empreendedores
http://www.conaje.com.br/
http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/pre-sal/novas-tecnologias
http://www.inovacao.ufscar.br/
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/
Número de participantes: 10 a 15 adolescentes.
Periodicidade: 1 oficina semanal.
Carga Horária diária: 01h30min.

136
3.9.3. Oficina: Geração de renda
Objetivos:
 Transmitir informações sobre possibilidades de geração de renda para os adolescentes
e familiares.
 Fazer circular o conhecimento entre os participantes sobre habilidades manuais de
cada um e fomentar novos conhecimentos e aprendizagens.
 Trabalhar a autonomia dos participantes.
 Aproximar a família da Unidade e do cumprimento da medida socioeducativa do
adolescente.
Metodologia:
A proposta desta oficina é que os participantes possam aprender a fazer produtos e
que possam articular isso com os conceitos de economia solidária. Não necessariamente tem o
objetivo de se criar uma cooperativa na unidade, mas sim propiciar uma introdução dos
participantes com o assunto.
Dessa forma, é um importante momento para se trocar experiências e adquirir
conhecimentos e habilidades. Para tanto, conceitos como sustentabilidade, lucro, receita,
gastos, formação do preço de venda e os locais de comercialização devem ser trabalhados.
Para tanto, deve-se pesquisar sobre isso e, sobretudo, aproveitar o conhecimento de cada um.
Introduzido o assunto, o próximo passo é aprender a fabricar produtos. Primeiramente
deve-se escolher um produto a ser ensinado. Para a escolha deste produto deve-se priorizar
aquele que necessite de material de fácil acesso e baixo custo para sua confecção, e deve-se
levar em consideração que ele seja vendável no mercado ou que de maneira indireta reduza os
custos do orçamento familiar.
O ensinamento do produto pode ser realizado pelos funcionários da Unidade,
adolescentes ou por um dos familiares. A proposta é que o conhecimento de cada e a
possibilidade de transmiti-lo possa circular entre os participantes. Assim deve-se identificar
voluntários para a transmissão de um conhecimento, levantar o material necessário e
estabelecer cronograma dessas oficinas. Ex: produtos de limpeza, doces e salgados, bordados,
etc.
Em relação ao material, o grupo deve apresentar propostas de como conseguir o
material necessário para a primeira confecção. É possível conseguir doação? Alguém pode
disponibiliza-lo? Cada um traz uma quantidade para si? A unidade possui este material?

137
Materiais Necessários: Relacionados ao produto a ser feito, o suficiente para o ensino e não
para a produção.
Participantes por oficina: até 10 famílias ou adolescentes.
Periodicidade: 1 oficina semanal.
Carga Horária diária: 1h30min

3.10. Eixo: Transversal – Jurídico

3.10.1. Oficina: Conhecendo os seus direitos


Objetivos:
 Analisar, junto com o adolescente, a aplicabilidade do conteúdo do ECA e do SINASE,
enfatizando o ECA como garantia de direitos para além da medida socioeducativa.
 Esclarecer para o adolescente o que é a medida socioeducativa, como deverá ser seu
cumprimento, ressaltando, principalmente, quando no provisório, as medidas
possíveis de serem cumpridas.
 Refletir sobre os eixos de cumprimento da medida.
 Expor o rito processual no juízo da infância, delineando o papel do juiz, promotor e
defensoria pública / advogado constituído.
 Apresentar os documentos que norteiam o trabalho, como os textos de lei,
formulários, PIA.
 Apresentar o trabalho da equipe técnica da Unidade, suas funções e contribuições,
sobretudo do analista técnico jurídico.
Metodologia:
O advogado poderá selecionar as partes da lei mais direcionadas aos adolescentes,
antes de realizar a oficina, para que possa expor verbalmente seu conteúdo de modo mais
direcionado.
Os artigos que dizem sobre as medidas devem ser trabalhados detalhadamente, sendo
que o profissional responsável pela oficina deve complementar as informações presentes no
texto.
A oficina terá início com um vídeo introdutório sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=-h3XQQWtI_I. Após o vídeo,
passa-se à roda de conversa, abordando os direitos expostos no vídeo e analisando em grupo
se eles são garantidos às crianças e adolescentes ou não.

138
Além disso, as primeiras dúvidas e interesses sobre os temas deverão ser abordados,
de modo a inferir questões para serem aprofundadas. Um próximo vídeo será exibido, sobre
direitos do adolescente, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=853uYb0Una8,
para finalizar essa discussão, deve-se levar em conta o que os adolescentes apontam como
seus direitos e como o grupo da oficina pensa que esses direitos devem e podem ser
alcançados hoje.
No próximo momento, é interessante que os adolescentes tenham acesso ao
instrumento inteiro, seja o ECA, SINASE ou regimento interno, para entenderem de onde vem
seus direitos e deveres, ainda que não haja tempo hábil para conhece-los integralmente.
Sugere-se um debate mais aprofundado sobre os temas mais polêmicos e construção de
cartazes em conjunto com as partes que forem colocadas como mais importantes pelos
adolescentes, de modo a fixar melhor o conteúdo.
Pontos norteadores da discussão:
1) O ECA é respeitado no país?
2) Os adolescentes concordam com a proteção da criança e do adolescente pela lei?
3) Vêem diferenças entre uma criança e um adolescente do ponto de vista legal?
Para trabalhar esses pontos, pode-se aplicar uma dinâmica sobre DIREITOS e DEVERES.
Para tanto, cola-se num quadro ou na parede uma tarjeta escrita DEVER DO ADOLESCENTE e
outra escrita DIREITO DO ADOLESCENTE. Deve-se preparar para essa dinâmica também
pequenas tarjetas onde estarão escritos alguns direitos e deveres do adolescente no ECA e
SINASE. Pontos centrais são:
Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;

139
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica
e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na
condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho,
observados os seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda
que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Entre outros.
No SINASE:
§ 2o Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da Lei
no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por
objetivos:
I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato
infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação;
II - a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais,
por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e
III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença
como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os
limites previstos em lei

140
Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida
socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em lei:
I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer
fase do procedimento administrativo ou judicial;
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o
cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional
cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser
internado em Unidade mais próxima de seu local de residência;
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e
religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença;
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou
órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze) dias;
V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento
do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar;
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano
individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação;
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta Lei;
e
VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero) a 5
(cinco) anos.
Entre outros.
Sugere-se colocar nas tarjetas apenas frases curtas. Distribui-se as tarjetas entre os
adolescentes aleatoriamente, aproximadamente 3 para cada, e pede-se para que cada
adolescente cole sua frase/palavra na parte que julga ser adequada no quadro de direitos e
deveres.
Após a dinâmica, o grupo fará a discussão abordando os pontos já destacados acima.

Materiais Necessários: Leis impressas, quadro ou cartaz e canetas, fita adesiva, computador,
data show (se houver), caixinhas de som, tesoura.
Número de participantes: 7 a 10 adolescentes
Periodicidade: Provisório: semanal. Internação: quinzenal
Carga horária: 1 hora por turma

3.10.2. Oficina: Que regra é essa?

141
Objetivos:
 Trabalhar a competência relacional.
 Estimular o respeito às normas da instituição, visando ampliá-lo para o contexto
externo.
 Discutir as normas institucionais e o Regimento Único;
 Refletir sobre as transgressões às normas disciplinares e suas implicações –
consequentes sanções.
 Delinear os direitos do adolescente sujeito a comissão disciplinar.
 Trabalhar a regra como reguladora das relações humanas e introduzir o significado do
exercício da cidadania, dentro e fora da medida.
Metodologia:
O advogado poderá selecionar as partes do regimento mais direcionadas aos
adolescentes, antes de realizar a oficina, para que possa expor verbalmente seu conteúdo de
modo mais direcionado. Sugere-se a utilização de palavras chaves no quadro negro ou em
cartaz na parede, se necessário. Inicialmente, passa-se à roda de conversa, suscitando dos
adolescentes as dúvidas e interesses sobre os temas, de modo a inferir questões para serem
aprofundadas.
É interessante que os adolescentes tenham acesso ao regimento interno, para
entenderem de onde vêm seus direitos e deveres, ainda que não haja tempo hábil para
conhecê-los integralmente. A partir desse primeiro contato, o oficineiro passará uma caixa
com frases falsas e verdadeiras sobre o regimento interno. Essa caixa deve rodar entre o grupo
ao som de uma música, e o adolescente que estiver com a caixa nas mãos quando a música for
interrompida pelo oficineiro (sem que os adolescentes vejam), deverá retirar uma frase, ler e
responder se é falsa ou verdadeira a afirmação. Caso o adolescente acerte, ele ganha um doce
(bala ou bombom). Diante dessa dinâmica, sugere-se um debate em torno das seguintes
questões:
1) Os adolescentes percebem/acreditam que do respeito às regras institucionais
pode advir consequências positivas na medida?
2) Eles percebem os impactos do descumprimento dessas normas no cumprimento
da MSE?
Para terminar o encontro, sugere-se uma simulação de comissão disciplinar feita pelos
próprios adolescentes. Os adolescentes devem escolher uma transgressão média no
regimento, e preparar para ela duas cenas distintas. Para tanto, pode-se dividir a oficina em

142
dois grupos e cada um faz uma cena, ou o grupo único faz as duas cenas, conforme a unidade e
os adolescentes preferirem.
Uma cena será sobre uma comissão aplicada de maneira correta, a outra sobre uma
comissão mal aplicada, claro na perspectiva dos adolescentes. Após as cenas, o grupo deverá
encerrar o encontro discutindo os efeitos das cenas, o que faz uma comissão ser justa ou não,
como o adolescente deve se portar numa comissão, como ele pode recorrer à decisão ao invés
de reagir com agressividade ao que foi imposto, entre outros aspectos que provocam os
adolescentes nesse tema.

Materiais Necessários: quadro ou cartaz, caneta, fita adesiva, caixa de papelão, papel A4,
tesoura.
Número de participantes: 10 a 15 adolescentes
Periodicidade: Quinzenal
Carga horária: 1 hora por turma

3.10.3. Oficina: Cumprindo de boa


Objetivos:
 Discutir acerca das concepções que os adolescentes têm sobre o cumprimento de
medida.
 Apresentar os eixos da medida para os adolescentes e como deve ser o cumprimento
destes.
 Enfatizar os benefícios da participação nas atividades para o cumprimento da medida.
 Trabalhar o vínculo do adolescente com a medida socioeducativa.

Metodologia:
1º encontro
Primeiramente será feita uma explanação ampla sobre o que são as medidas
socioeducativas e assim será aberto um espaço para que os adolescentes falem sobre a sua
percepção.
Depois os adolescentes serão divididos em grupos e cada grupo escreverá sobre suas
dúvidas acerca do cumprimento da medida socioeducativa. As perguntas serão lidas e
discutidas com todo o grupo aprofundando sobre as questões que envolvem os direitos e

143
deveres dos adolescentes no cumprimento da medida socioeducativa, bem como sobre o
cumprimento dos eixos da medida.
Por fim, cada adolescente receberá uma cartolina, dividida pelos eixos da medida. Será
exposto também diferentes oportunidades de cursos, profissões, atividades, dentro e fora da
instituição, de atividades com a família, para que os adolescentes possam montar um plano de
intervenção fictício que este possa posteriormente ser exposto e discutido.

2º encontro
Neste encontro as famílias serão convidadas a discutir sobre o que é a medida
socioeducativa e a sua participação no cumprimento realizado pelos adolescentes.
Primeiramente, os familiares serão convidados a comporem uma roda e os objetivos do
encontro serão expostos a eles. Então, será passada uma caixa contendo diferentes perguntas
para que elas possam responder, tais como: Qual é o papel da família nas medidas
socioeducativas? Quais as contribuições podem dar para os adolescentes pelos quais são
responsáveis no cumprimento destes?
Após a discussão inicial será aberta uma roda para que as famílias possam falar acerca
do que foi discutido, o que sentem e quais dúvidas ainda têm sobre a sua participação na
medida socioeducativa.
Em seguida, ocorrerá o segundo momento da oficina, em que os participantes serão
separados em grupo para responderem a uma situação hipotética do cumprimento de medida
de um adolescente. Cada grupo dirá como deve ser a participação da família no caso que estão
estudando e escrever no campo de “Formalização da Participação do Adolescente e da Família
no PIA”. As elaborações feitas pelas famílias serão expostas para o grupo todo e para que
todos possam discutir sobre qual é o papel das famílias na medida socioeducativa.

Materiais Necessários: papel, lápis, cartolina, cola, folhetos de curso, de Empregos, e exemplos
de atividades a serem feitas com os adolescentes.
Número de Participantes: 20 pessoas
Periodicidade: Semestral e/ ou quando o grupo se renovar
Carga Horária: aproximadamente 2 horas cada encontro

3.11. Eixo: Transversal – Comunicação

3.11.1. Oficina: Como comunicamos?


144
Objetivo:
 Propiciar o conhecimento sobre a importância da comunicação como instrumento das
relações humanas.
 Favorecer a interação social dos participantes.
 Estimular a criatividade, a interpretação e o aumento do vocabulário.
 Favorecer momento de reflexão, de expressão de opiniões, através de escrita, pintura
e desenhos.
 Buscar uma maior capacidade de assimilar ideias e realizar uma crítica.
 Trabalhar a comunicação através de palavras, imagens e leitura crítica de informações.
Metodologia:
O primeiro encontro da oficina será para discutir A Comunicação Através de Palavras.
A oficina se inicia com a apresentação de um vídeo que aborda a importância de uma
boa comunicação (Vídeo do Chaves).
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=LV1EKg-M8zg (Duração 2min e
15seg)
Outra opção é realizar a leitura do texto Comunicação – Luís Fernando Veríssimo. Este
texto mostra que nem sempre em uma conversa existe comunicação.
A exibição do vídeo ou a leitura do texto deve ser seguido de um debate para a
introdução do tema. Sugestões de questões para o debate:
 O que é comunicação?
 Qual a importância da comunicação?
 O que devemos observar quando comunicamos com alguém?
 Como devemos transmitir a mensagem?
 Como nos comunicamos hoje?
 Quais as formas de comunicação?
 O que pode dificultar e facilitar a transmissão da mensagem?
 O que é a comunicação corporal?
A comunicação humana diz respeito à capacidade de transmissão de informações, de
estabelecer relacionamentos, manter e negociar a identidade social. A comunicação é uma
capacidade desenvolvida e aperfeiçoada durante toda a evolução da espécie. (Sé e Lasca,
2005)

145
Podemos transmitir mensagens de diferentes maneiras, através de palavras, gestos,
imagens, e por diferentes meios, como o rádio, a televisão, pessoalmente, jornais, cartaz,
revistas, internet, telefone.
O educador deverá realizar uma dinâmica com os adolescentes, com o intuito de
perceber formas diversas de expressarem os pensamentos e sentimentos, permitindo uma boa
comunicação e relação interpessoal. O educador deve chamar a atenção dos participantes
para que percebam que qualquer pensamento ou sentimento pode ser expresso, desde que
com respeito e gentileza, considerando a pessoa que se deseja transmitir a mensagem. Para
iniciar a dinâmica os adolescentes formam duplas. São distribuídos folha e papel e o educador
pede que cada dupla liste frases, que já ouviram ou disseram, que considerem desagradáveis
de escutar, ofensivas ou agressivas.
O educador sugere que as duplas selecionem apenas uma frase que listaram. A ideia é
que os adolescentes escolham a frase mais forte. Quando todas as duplas tiverem escolhido a
frase, os adolescentes devem reescrever a frase, tentando encontrar outras palavras, para que
a maneira de dizer se torne clara e respeitosa.
As duplas apresentam, para o grupo, a frase inicial e a frase modificada. O educador
direciona o grupo para reflexões sobre maneiras diferentes de transmitir mensagens, desejos,
sentimentos. Realiza com o grupo uma conversa sobre como foi modificar as frases originais,
os sentimentos que despertaram nos adolescentes, ao realizarem a dinâmica, e que chamou a
atenção com a apresentação das outras duplas.
O segundo encontro será sobre a comunicação através de imagens
Para tanto, dividir o grupo em subgrupos, em torno de três adolescentes. Propor que
eles montem uma empresa e criem um produto para ser vendido. Os adolescentes podem
realizar um desenho dos produtos (comunicação por meio de imagem) e a mensagem
publicitária. A comunicação escrita também pode ser incentivada nesta dinâmica.
Em seguida, os adolescentes apresentam o que produziram. Após a apresentação
espaço para um bate-papo. O educador aborda sobre a importância dos adolescentes se
atentarem para o público que ser deseja vender o produto, a mensagem que se pretende
passar para o comprador, a linguagem adequada.
Outra possibilidade é que o educador trabalhe com os adolescentes sobre a
importância do autocontrole durante a fala na apresentação, a postura, as formas de
comportamento em uma conversa. Ex: Não falar muito rápido, engolindo as palavras. Falar
pronunciando bem as palavras, de maneira clara. Ser consciente do controle das expressões
faciais, gestos e posturas . (Diskin e Roizman,2002)

146
O terceiro encontro será trabalhar a leitura crítica das informações.
Este encontro se inicia com a apresentação de algum estímulo motivador, podendo ser
músicas, poesias, textos, notícias de jornais, figuras, desenhos, vídeo ou filmes.
O educador deve fazer antecipadamente sua própria pesquisa de temas, escolhendo
os temas mais interessantes de acordo com o grupo de adolescentes. Com o decorrer da
oficina estes poderão ser modificados e/ou ampliados considerando a demanda e motivação
dos participantes.
O educador deve-se preparar para a oficina. Estudar a história, a música, a poesia, o
texto, figura, desenho ou vídeo previamente, entender a trama, captar sua mensagem, seus
elementos essenciais. É necessário localizar o enredo, identificar personagens principais e
secundários. Por exemplo: local, época, civilização. É preciso entender o conteúdo da
mensagem que será transmitida os adolescentes. (Diskin e Roizman,2002)
Para a leitura de textos alguns aspectos devem ser observados, como o tamanho do
texto, que se for muito extenso pode dispersar a atenção dos adolescentes. É importante tirar
bom proveito da voz durante a leitura, pronunciar bem as palavras, e não se esquecer das
pausas. Deve-se modular a voz de acordo com o sentimento que se quer passar. O corpo e o
semblante também falam e interpretam, vivenciam a história. Algum adolescente pode se
apresentar como voluntário para realizar a leitura.
Em seguida cada participante dá sua opinião e permite a troca das diferentes
percepções sobre do tema abordado. O educador conduz o grupo instigando a reflexão, busca
que o adolescente possa apresentar uma maior capacidade de assimilar ideias, confrontá-las e
reelaborá-las com as experiências pessoais. É necessário atentar para o tema desta oficina, ou
seja, a comunicação.
Proponha que cada participante, individualmente, ou, se por escolha deles, em grupo,
produzam algo sobre o que refletiu sobre o texto; ou seja, escreva um texto com as próprias
palavras, uma poesia, um desenho, pintura, música, colagem ou representarem através de
uma cena ou linguagem corporal aquilo que o educador apresentou.
Após a produção do material organize um mural, para expor os trabalhos. É
importante considerar o desejo dos adolescentes. Este mural pode ser utilizado também para
sugestões de leitura, publicações sobre os textos lidos, ou filmes apreciados, além de
curiosidades, e descobertas sobre autores, personagens, coleções ou lançamentos.
Este encontro pode-se desdobrar em vários, sendo que em cada um o material se
modifica. Um dia se trabalha texto, no outro filme, depois música e assim por diante. O mural
vai sendo modificado de acordo com as produções.

147
Material necessário: Papel, lápis, cartolina ou folha de papel pardo, hidrocor, texto
Comunicação – Luís Fernando Veríssimo ou projetor para exibição do vídeo. Vídeo “A
importância da comunicação - Chaves” disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=LV1EKg-M8zg
Participantes por oficina: Em torno de 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal.
Carga horária diária: 1h30min.

3.11.2. Oficina: Jornal


Objetivos:
 Proporcionar a criação de espaços comunicativos abertos e criativos.
 Incentivar os jovens a serem produtores e leitores de informações de diferentes áreas
de conhecimento.
 Permitir a comunicação dos adolescentes, a expressão de ideias, sentimentos e
opiniões, resultando assim, no desenvolvimento de leitura critica.
 Auxiliar na formação para a cidadania, por meio de representações de experiência de
vida, no qual, as opiniões, produções e a luta por direitos são valorizadas.

3.11.2.1. Oficina: Conhecendo o jornal


Metodologia:
Segundo FRANÇA (1995) citado por LIMA (2006) um jornal conta mais que notícias: ele
conta também e, sobretudo, a existência de uma sociedade, a sua maneira de ser, a sua
maneira de falar.
A proposta é que todos os adolescentes possam participar da oficina, independente de
sua escolaridade. Para os adolescentes que ainda não dominam a escrita e a leitura devem ser
incluídos desenhos, fotos, relatos, histórias em quadrinhos, leitura de textos mais simples
durante o processo.
O primeiro encontro será focado na organização geral do jornal. O educador separa
alguns exemplares de jornais completos. Em seguida, divide os adolescentes em grupos e
distribui os jornais, solicitando que os folheiem e tentem observar como estão organizados,
isto é, quais cadernos apresentam, como esporte, cultural, economia, política, policial, dentre
outros. Observar também como o jornal é organizado para apresentar fatos de repercussão
local, regional, nacional, internacional e outros assuntos atuais.

148
O educador deverá observar a dificuldade na realização desta atividade e, se
necessário, apresentar-lhes alguns cadernos e deixar que os adolescentes verifiquem os
outros. Os adolescentes podem registrar as descobertas e observações, como qual a
frequência que os cadernos e as sessões estão no jornal, quais assuntos são mais relevantes.
Um jornal é geralmente separado em editorias temáticas que reúnem os assuntos mais
comuns e atuais. Cada editoria tem um editor, que seleciona as notícias da sua área e define
como a equipe de jornalistas deverá abordar os temas. É importante lembrarmos que as
editorias têm jornalistas com perfil individual, que apresentam conhecimentos e maneiras de
escrever diferentes.
A organização de um jornal faz parte da sua identidade, objetividade e a separação
entre os artigos de opiniões e os fatos ou notícias, é facilmente reconhecida pelos seus leitores
habituais. A maneira como é estruturado facilita a leitura e o acesso à temas escolhidos.
No segundo encontro o educador conversa com os adolescentes e discute sobre a
função da primeira página de um jornal. Pergunte aos adolescentes quais recursos eles acham
que o jornalista utiliza para chamar a atenção do leitor para as notícias mais importantes do
dia e para que consiga vender o jornal.
O educador solicita ao grupo que observe detalhadamente a primeira página de um
jornal. O educador pode levantar algumas questões, como por exemplo: Qual é o nome do
jornal? Quando o jornal foi impresso? Qual o local da distribuição do jornal? E o local dos fatos
ocorridos? Qual o preço do jornal e onde este está localizado? No jornal há vários títulos
noticiados. Qual deles está escrito com letras maiores? Qual o tamanho das imagens? Para que
elas servem? E como estão dispostas nas páginas? Qual a finalidade das fotos? Qual a
importância da manchete? Qual a função das tabelas e dos gráficos? Quais outras informações
são importantes para o leitor observar?
Após a discussão com os participantes dos pontos mais importante que devemos
observar ao lermos um jornal, o educador pode construir com os adolescentes um roteiro para
que preencham com os dados identificados na primeira página de um jornal.
Este roteiro poderá ser utilizado nos próximos encontros. Cada dupla ou grupo de
adolescentes escolhe um jornal e a partir da leitura, preenche o roteiro e apresenta para os
outros adolescentes. A partir do roteiro da primeira página os adolescentes poderão levantar
hipóteses sobre o assunto que a reportagem abordará e escolherem alguma reportagem para
a leitura completa.
Os roteiros construídos poderão ser afixados em um mural da unidade socioeducativa
para que outras pessoas possam se informar das notícias mais importantes da semana.

149
3.11.2.2. Oficina: Construindo um jornal
Metodologia:
Após a análise e reflexão de como é feito o jornal, a proposta é que o grupo construa
um jornal próprio que pode ser produzido constantemente na unidade para debater assuntos
relacionados ao cotidiano dos adolescentes e temáticas da atualidade.
A proposta é divulgar os fatos e acontecimentos da unidade e aproveitar as
habilidades específicas dos adolescentes para ilustração e conteúdo do jornal, como um texto,
música ou desenho. Durante o processo, é importante considerar e valorizar as diferentes
maneiras de narrar às experiências e ou os fatos, pois diferentes atores narram de acordo com
suas vivências, valores, crenças.
A todo o momento, o educador deve incentivar os adolescentes para que possam
pensar sobre o que estão fazendo e se apresentar mais refletivos e criativos. Os adolescentes
podem expor questões da trama social que nem sempre recebem visibilidade nos jornais, além
e partilharem e construírem juntos sentido para este trabalho.
“E essa liberdade, pois, o que constitui o pré-requisito da reflexão, e é nossa conduta
social auto reflexiva o que proporciona essa liberdade aos indivíduos humanos em sua vida em
grupo”. (LIMA, 2006)
 1ª etapa da construção do jornal:
A primeira etapa da construção do jornal é uma reunião dos adolescentes para decidir-
se a pauta do jornal, isto é, as temáticas e o enfoque com as quais querem trabalhar. Na
reunião de pauta os adolescentes apresentam e discutam as suas propostas e selecionam
coletivamente as que mais lhes interessam. O grupo pode abordar temas pontuais, como
algum acontecimento na unidade, assuntos gerais, como cultura, moda, música, projetos
sócias, preservação do meio ambiente, lazer, dentre outros, a felicidade diante do primeiro
emprego, dificuldades e inseguranças na escola, narração de uma estória cômica ou uma
charge.
 2ª etapa da construção do jornal:
A segunda etapa da construção do jornal será apurar as pautas, isto é, colher
informações a respeito do que será retratado no jornal. Para tanto devem ser realizadas
pesquisas, visitas, entrevistas, etc. de acordo com a natureza da matéria. Este momento é
importante para que os adolescentes possam ver outros pontos de vistas ao ter contato com
diferentes pessoas e realidades. É um momento de descobertas.
 3ª etapa da construção do jornal:

150
Após a apuração, o grupo deve se reunir novamente para começar a escrita. A ideia é
que o educador possa transformar o ato de escrever em um momento prazeroso. Para tanto
poderá realizar atividades lúdicas e prazerosas, como exemplo realizar jogos que facilitem
contato com textos. Para ilustrar: Jogo de escrita coletiva em que, sentados em um círculo, os
adolescentes compõe histórias com intervenções múltiplas e superpostas. Gravadas ou
anotadas, as histórias podem ser convertidas em textos.
 4ª etapa da construção do jornal – Edição e diagramação:
Na quarta etapa da construção do jornal os adolescentes realizar a edição. Os textos
podem ser digitados ou escritos a mão. A edição consiste em fazer os ajustes nos textos
produzidos, porém é importante o educador em conjunto com os adolescentes garantir que o
jornal não seja apenas um agregado de fotos, textos, ou produções e sim que seja uma
produção coletiva e crítica.
Os textos podem ser apresentados para que todos opinem, observando a escrita, o
teor e a clareza. Se necessário, as alterações são feitas. O educador pode se atentar para
aproveitar esta oportunidade para discutir assuntos gramaticais, por exemplo. O educador
pode incentivar uma escrita subjetiva para facilitar o envolvimento do adolescente e incentivar
o gosto pela leitura, não se preocupar com um modelo rígido a ser seguido, é interessante
facilitar que os adolescentes sejam sujeitos do processo.
Os adolescentes podem realizar a diagramação do jornal no computador ou
manualmente, com tesoura e cola, organizando o tamanho do texto, as imagens, a disposição
dos elementos na folha, ou seja, a página do jornal.
 5ª etapa da construção do jornal – Divulgação:
O jornal confeccionado poderá ser exposto em murais da unidade ou ser impresso
poderá ser distribuído. É interessante que haja uma mobilização da unidade para o
“lançamento” da primeira edição do jornal, que deve ter um nome escolhido pelo grupo.

Materiais: Jornais atualizados, folha, papel, tesoura, cola, computador.


Participantes por oficina: 10 adolescentes.
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 oficina semanal.
Carga Horária diária: 1h30min

3.11.3. Oficina: Os adolescentes e a mídia


Objetivos:

151
 Identificar valores vinculados às mídias e refletir sobre a influência dos meios de
comunicação no comportamento humano.
 Observar, junto aos adolescentes, o caráter estimulante das mídias no processo
educativo e como o emprego delas reconfigura modos de olhar para mundo e a
maneira como nos colocamos nele.
 Ampliar o acesso dos adolescentes às diferentes mídias.
 Abordar com os adolescentes a importância de refletir sobre as diferentes mídias.
Metodologia:
Existem dois tipos de mídias: a impressa, como por exemplo, jornais, revistas, outdoor
e a mídia eletrônica, como a televisão, o rádio, o cinema e a internet.
A mídia exerce um papel em diferentes aspectos cognitivos, emotivos e
comportamentais das pessoas. Ao ampliar o acesso dos adolescentes a diferentes processos
midiáticos, é possível favorecer a construção do conhecimento, a reflexão, a escolha
consciente, além do redimensionamento da relação entre os adolescentes, os grupos sociais e
as mídias.
O educador inicia a oficina com a apresentação de assuntos que a mídia prioriza, ou
algum assunto específico de repercussão local, nacional ou internacional. As manchetes
podem ser de blogs, jornais (escritos ou televisivos) e revistas. Quando forem apresentados
programas de televisão, o educador pode exibir partes de programas de TV, como jornal,
novela, entrevistas, dentre outros. O educador pode escolher os programas e manchetes de
maior acesso pelos participantes do grupo ou escolher com a participação dos adolescentes.
Após a apresentação do tema o educador trabalhará com os adolescentes para que
avaliem a qualidade e a importância da mensagem que foi transmitida.
Os adolescentes podem separar de acordo com o interesse. As notícias são
interessantes, ou não? O que mais chamou a atenção? Quais os conhecimentos prévios os
adolescentes apresentavam sobre o tema? A mensagem que foi transmitida influencia no
comportamento dos adolescentes? Como? Os adolescentes refletem sobre as escolhas? Qual a
relação entre a mídia e os valores humanos? E entre a mídia e o comportamento?
Em seguida, o educador dispõe imagens relacionadas às mídias, como internet,
computador, televisão, rádio, revista, jornal. Os adolescentes escolhem as imagens com as
quais se identificam. O educador abre espaço para um bate-papo. Como os adolescentes se
relacionam com a mídia escolhida? Como fazem uso desta mídia? Com que frequência?

152
O educador pode abordar sobre o uso da informática. Como usá-la para que venha
propor valores construtivos? Os adolescentes usam mais este meio para lazer, trabalho,
escola, ou outros motivos?
No segundo encontro o educador propõe que os adolescentes façam a análise de
propagandas. O educador deve selecionar um comercial ou mais e direcionar o grupo para
refletir sobre a mensagem que aquelas publicidades desejam transmitir. Qual o público que é
direcionado a propaganda? O que esta propaganda causa em cada um? Qual o objetivo da
propaganda?
Interessante que os jovens percebam que, muitas vezes, a propaganda é feita para
criar a vontade de se ter o produto, mesmo que não se tenha a real necessidade. Isto é, a
propaganda cria a demanda e incentiva o consumo.
Para se trabalhar e visualizar estas estratégias utilizadas pela propaganda, o educador
propõe uma atividade de releitura das propagandas. A partir da publicidade exibida
anteriormente, os adolescentes devem trocar o sentido da propaganda ou elaborar novos
conteúdos a partir de conhecimentos anteriores. Pede-se, por exemplo, para se pensar o que
deveria ser mudado nesta propaganda se o público alvo fosse outro.
Nestas dinâmicas, é importante apontar e vivenciar como a mídia reforça os
estereótipos existentes em nossa sociedade, e como isso pode gerar valores e mudança no
comportamento humano. Os adolescentes podem aprender a ver com mais crítica, perceber
com mais profundidade os assuntos e as temáticas que já tem acesso, ou ampliar as
possibilidades das mídias.

Materiais necessários: Papel, lápis e imagens relacionadas com a mídia, como jornais, revistas,
e comerciais.
Participantes por oficina: 10 adolescentes.
Periodicidade (duração/dias da semana): 01 oficina semanal.
Carga Horária diária: 1h30min

3.12. Transversal – Projeto de vida

3.12.1. Oficina: “Eu daqui a uns anos”


“O projeto de vida é a ação do indivíduo de escolher um dentre os futuros possíveis,
transformando os desejos e as fantasias em objetivos a serem perseguidos.” Juarez Dayrell,
coordenador do Observatório de Juventude da UFMG, citado em Projeto de Vida, 2005

153
Objetivo:
Essa oficina tem como objetivo apresentar aos adolescentes alguns conceitos sobre
projeto de vida, bem como auxiliá-los a se questionarem sobre seus projetos e perspectivas de
vida para além do cumprimento da medida socioeducativa.
Metodologia:
A oficina tem início a partir da apresentação da frase:
“ESTUDOS MOSTRAM QUE O JOVEM SE IMAGINA NO FUTURO PERPETUANDO O
MODO DE VIDA ADULTO COM O QUAL TEM CONTATO SISTEMÁTICO” (Projeto de Vida, 2005,
p. 32).
A partir dessa frase os adolescentes serão convidados a fazer recorte e colagem em um
cartaz único de gravuras e palavras que representam o mundo adulto de hoje. Após a
confecção do cartaz, cabe ao educador retomar o que os adolescentes pensam da frase
supracitada, bem como solicitar que apresentem a colagem realizada em grupo e os aspectos
que identificaram como sendo pertencentes ao mundo adulto de hoje.
Em próximo momento, o educador deve retomar o cartaz e questionar os
adolescentes sobre seus projetos e objetivos de vida, em que medida coincidem com as
colagens, em que medida se distanciam daquilo que destacaram no mundo adulto.
Assim, esse momento será voltado para que os adolescentes narrem um pouco de
suas histórias familiares e de como pretendem dar continuidade a essa família, abordando
aspectos como emprego, profissão, relacionamentos amorosos, relações familiares, estudos,
perspectivas.
No último momento do grupo, os adolescentes devem realizar colagens individuais
sobre como se veem daqui a 10 anos. O educador irá comparar no grupo as colagens do
primeiro cartaz com essas, a fim de identificar como os adolescentes se aproximam ou se
distanciam de suas famílias e do mundo adulto de hoje em seus projetos de vida.
Para a capacitação e no intuito de provocar ideias no educador, sugere-se a leitura da
Onda Jovem, Projeto de Vida, disponível em:
http://www.institutovotorantim.org.br/pt-
br/fiqueDentro/Publicaes/ed01_Onda_Jovem_Projeto_de_Vida.pdf

Materiais necessários: cartolina, jornais ou revistas, cola.


Número de Participantes por oficina: de 04 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal – tendo duração de no mínimo 03 encontros.
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

154
3.13. Eixo: Transversal – Meio Ambiente

3.13.1. Oficina: Horta


Objetivos
 Proporcionar o contato direto com o meio ambiente.
 Proporcionar aos adolescentes um laboratório vivo, local de descobertas e
aprendizagem.
 Proporcionar a descoberta de técnicas de plantio, manejo do solo e cuidado com as
plantas.
 Favorecer a criação de receitas de culinária a partir da utilização integral dos
alimentos.
 Desenvolver a consciência de preservação ambiental.
 Promover a responsabilidade social.
 Possibilitar o acompanhamento das hortaliças, desde seu plantio até a mesa, após a
oficina de culinária.
 Favorecer o hábito de uma alimentação saudável e balanceada.
Metodologia
Para a realização desta oficina o educador deverá, primeiramente, reunir os
adolescentes e apresentar a proposta. Colher os conhecimentos que os adolescentes trazem a
respeito dos recursos naturais do nosso planeta. A partir dos conhecimentos trazidos pelo
grupo o educador deverá introduzir na discussão a necessidade do uso racional e responsável
dos recursos naturais, uma vez que estes podem se esgotar com a utilização desordenada e o
crescimento incessante da população.
Outra questão a ser introduzida na discussão é sobre o efeito estufa. O educador
poderá perguntar se algum jovem sabe o que significa o efeito estufa e a partir disso introduzir
o conceito. Esclarecer sobre a necessidade de se pensar em mecanismos alternativos para
reduzirmos a degradação do meio ambiente. Neste momento o educador poderá perguntar o
que os jovens sugerem como alternativas para reduzir os efeitos de carbono na atmosfera e
demais gazes, oriundos das queimadas, das eliminações das indústrias, crescimento
desordenado do trânsito, provocando o aquecimento do nosso planeta.
Trabalhar estes conceitos a partir da prática, da vivência dos adolescentes ao mexer
com a terra e com as técnicas de plantio, o educador consegue transformar o processo de

155
aprendizagem mais interessante aos olhos do adolescente, pois este deixa de ser sujeito
passivo do processo e se torna sujeito ativo, protagonista de suas ações, contribuindo com o
educador na construção de conceitos básicos baseados em seus experimentos.
Trabalhando com a horta é possível também introduzir a importância de uma
alimentação saudável, modificação de hábitos alimentares no dia-a-dia e os efeitos dessa
postura para a aquisição de uma boa saúde.
Ao final da discussão o educador poderá realizar com os adolescentes um trabalho
coletivo para o registro do grupo. Poderá ainda realizar uma atividade externa ao Jardim
Botânico, Museu de História Natural da UFMG, Inhotim, entre outros.
Passado o momento de introduzir e discutir o tema, é hora do plantio da horta. O
educador deverá separar os materiais necessários e junto ao grupo organizar as etapas do
plantio. Após a organização separar os adolescentes em mini equipes distribuindo as tarefas.
Cada mini equipe deverá trabalhar em uma parte da horta como a preparação do terreno,
confecção de canteiros, covas, preparação de sementeiras e mudas, adubação de cobertura
orgânica, etc.
Neste momento o educador poderá realizar intervenções com o grupo fazendo a
comparação entre o processo da planta e da própria vida. Aprender a cuidar das sementes,
visualizar o processo de desabrochar para depois crescer pode ser uma importante reflexão
para a vida. Aprender também a cuidar de si, desabrochar para novas oportunidades requer
um processo de crescimento semelhante ao das plantas.
Através desta oficina, o educador poderá apontar o valor de uma alimentação
saudável, os efeitos para a saúde de hábitos de vida desequilibrados podendo resultar em
doenças como estresse, obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto e diversos outros
problemas. Por isso, a importância de adquirir novos hábitos alimentares. No espaço da oficina
os jovens terão a oportunidade de manipular os alimentos e ter noção de que o
aproveitamento integral dos alimentos é também educação ambiental.
O educador também poderá orientar o grupo de que o consumo de verduras e
legumes oferece grande parte das vitaminas e sais minerais de que o nosso organismo
necessita, além de fibras e pouca quantidade carboidratos. Por isso é imprescindível que a
cada refeição haja o consumo de uma hortaliça e que pelo menos uma vez ao dia uma fruta
seja consumida, de preferência fresca. Esta oficina pode ser articulada com as oficinas para
uma alimentação saudável.

156
Um interessante desdobramento desta oficina é a produção de alimentos a partir da
colheita das hortas, podendo também ser introduzida uma oficina de aproveitamento integral
de alimentos.
A oficina de aproveitamento integral de alimentos é composta por receitas a partir de
talos, cascas, polpas, folhas, farinhas integrais, sementes e ervas, dentre outros alimentos.
Esses ingredientes servem para a produção de pães, geléias, patês, sucos, bolos, biscoitos e
doces. Esta oficina pode seguir o seguinte cronograma:
 Conversa informal com o grupo sobre as propostas de se aproveitar adequadamente
os alimentos, contribuindo para a minimização dos desperdícios na natureza.
 Divisão do grupo em equipes, para orientar sobre as técnicas de higiene e manipulação
dos alimentos, distribuição das receitas e ingredientes das mesmas.
 Orientações nas equipes sobre a confecção de cada receita.
 Montagem de mesa decorativa para apresentação dos pratos confeccionados pelas
equipes.
 Momento de confraternização, degustação dos pratos com participação do grupo e
demais convidados.
 Avaliação final, com depoimentos dos participantes.

Materiais necessários: Para a horta: instrumentos e ferramentas para a horta, terra, semente,
mudas, etc. Para oficina de culinária: utensílios de cozinha, receitas e alimentos.
Número de Participantes por oficina: de 04 a 10 adolescentes.
Periodicidade: Semanal.
Carga horária diária: entre 01 e 02 horas.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, Rafaela Pereira. Mídias comunitárias, juventude e cidadania. Belo Horizonte:


Autêntica/ Associação Imagem comunitária, 2006.

SERRÃO, Margarida; BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver. 2. ed. São Paulo:
FTD, 1999.

Cartilha Comununicação.com: Competências Básicas para o trabalho. Secretaria de Estado de


Desenvolvimento Social.

157
DISKIN, Lia; Roizman, Laura Gorresio. Cartilha Paz como se faz? Semeando cultura de paz nas
escolas. Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro, UNESCO, Associação Palas
Athenas, 2002.

http://www.gcn.net.br/gcnblogs/jornalescola/?page_id=281

PACHECO, Ramone Luzia e GRANEZ Márcio Estudo de caso: oficina de jornal escola do
programa mais educação na escola estadual de ensino fundamental São Francisco.

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Chapecó - SC – 31/05 a 02/06/2012


- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2012/resumos/R30-1609-


1.pdf

AFONSO, Maria Lucia M. e ABADE, Flavia Lemos. Para reinventar as rodas. Rede de Cidadania
Mateus Afonso Medeiros – RECIMAM. Belo Horizonte, 2008.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In:


Coletânea de Leis. 4 ed. Belo Horizonte: CRESS, 6. Região, 2006a.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras


providências. In: Coletânea de Leis. 4 ed. Belo Horizonte: CRESS, 6 Região, 2006b.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Especial dos


Direitos Humanos. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, 2006.

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002.

KEHL, Maria Rita. Em defesa da família tentacular (2003). Disponível em:


http://www.mariaritakehl.psc.br/PDF/emdefesadafamiliatentacular.pdf

SERRÃO, Margarida; BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver. 2. ed. São Paulo:
FTD, 1999.

KISHIMOTO,T.M.K Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000.

158
MURAGAKI,C.S.et al, A utilização de jogos pela Terapia Ocupacional: contribuição para
reabilitação cognitiva.X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino
Americano de Pós Graduação. Universidade do Vale do Paraíba, 2006.

Definição da palavra “Jogo” pelo Dicionário Aurélio online disponível em:


www.dicionariodoaurelio.com/jogo/html

Caderno do Orientador Social: Ciclo I: Percurso Socioeducativo I: “Criação do Coletivo” /


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. – 1. Ed. – Brasília: Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. (Projovem Adolescente: Serviço
Socioeducativo)

Cadernos do EJA – Juventude e Trabalho disponível em


http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/06_cd_al.pdf

PAULA, Ana Paula Paes. Por uma nova gestão pública: limites e potencialidades da experiência
contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

LIBERATO, Antônio Carlos Teixeira. Empreendedorismo na escola pública: despertando


competências, promovendo a esperança! Disponível em:
http://www.oei.es/etp/empreendedorismo_escola_publica_teixeira.pdf

http://www.youtube.com/watch?v=16Fc2irUHK8&hd=1

MARTTINELLI, Siliania Aparecida. A importância de atividades de lazer na terapia ocupacional.


Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, Jan/Abr 2011, v.19, n.1, p.111-118.

SÉ, E.V.G; LASCA, V.E. Exercite sua mente: Um guia prático para aprimoramento da memória,
linguagem e raciocínio. São Paulo: Prestígio, 2005.

159

Você também pode gostar