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A impressão de que se trata de uma obra Sempre o céu, como um teto incendido,
medieval surge da forma arcaica como as palavras Creste e punja teus membros malditos
estão grafadas e das referências históricas: luta de E oceano de pó denegrido
cristãos e mouros; presença do rei. O poema trata da Seja a terra ao ignavo tupi!
saudade dos tempos antigos, aos quais retrocede pela Miserável, faminto, sedento,
própria forma de escrita. Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Note-se que, tanto em um trecho quanto em Traga sempre o cobarde após si.
outro, a linguagem ajusta- -se ao conteúdo. O ritmo
cadenciado do primeiro expressa o solene alerta feito Um amigo não tenhas piedoso
pelo eu lírico. Já a linguagem do segundo remete ao Que o teu corpo na terra embalsame,
quadro histórico tratado. Gonçalves Dias testou Pondo em vaso d’argila cuidoso
estruturas e ritmos diversos, sempre pro curando Arco e frecha e tacape a teus pés!
associá-los aos fatos narrados ou aos estados Sê maldito, e sozinho na terra;
psicológicos que pretendia expressar. Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.
SUA LEITURA
Dias, Gonçalves. Poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1977. p. 40-42.