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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP

CURSO: SERVIÇO SOCIAL


XXXXXXXXXXXXXXXXX

POLITICAS SOCIAIS E FAMILIA

São José Do Rio Preto/SP


2023
xxxxxxxxxxxxxx

POLITICA SOCIAIS E FAMILIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Universidade Anhanguera – Uniderp como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Serviço Social.

Tutor orientado:

São José Do Rio Preto/SP


2023
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Politicas Sociais e Familía. 2023. 30 p. Trabalho de
Conclusão de Curso de Serviço Social - Universidade Anhanguera - Uniderp, Polo
Central São José do Rio Preto. 2023

RESUMO

O presente artigo foi desenvolvido devido a vivenciarmos a questão da do


atendimento com famílias na Politica de Assistência Social no período de estágio.
Surgindo assim, o interesse em explorar a temática. O referente tema estará
abordando na análise do conceito e da ideia de centralidade da família na política
da assistência social, ancorada no reconhecimento da importância da família no
contexto da vida social. Ressaltando que a família perpassa em todos os níveis
de proteção da política de assistência social em seus projetos, programas,
serviços e benefícios. A pesquisada realizada por estudos bibliográficos
contribuirá com a teoria necessária para análise do tema.

Palavras-chave: Família, Politica de Assistencia Social e Proteção Social


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................05

1 ANALISE E CONCEITO: FAMILISMO ..................................................................06

2 REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE FAMILIA...............................................08

3 NOVOS OLHARES SOBRE AS FAMILIAS...........................................................10

4 A CENTRALIDADE DA FAMÍLIA NA POLITICA DE ASSISTENCIA

SOCIAL.............................................................................................................12

5 POLITICA DE APOIO A

FAMILIA..........................................................................................................17

6 PROTEÇAO SOCIAL DE ASSISTENCIA SOCIAL.............................................16

6.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL.....................................................18

6.2 TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOSSISTENCIAIS...................19

7 PROGRAMAS DA POLITICA DE ASSISTENCIA SOCIAL.................................21

8 PROGRAMAS DE TRANSFERENCIA DE RENDA............................................22

9 A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO TRABLHO COM FAMILIA...................24

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................26

11 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................27
INTRODUÇÃO

Pensar em uma pesquisa abrangendo as interfaces políticas, sociais,


econômicas e culturais é um desafio necessário à ação profissional fazendo faz-nos
indagar a realidade numa contribuição direta à construção do conhecimento.
O objetivo desse trabalho é compreender o conceito de família e a
centralidade do atendimento nas politicais sociais.
Ressaltamos que a pesquisa foi motivada a partir de algumas inquietações
surgidas no cotidiano de trabalho do autor durante o período de estágio
supervisionado realizado no CRAS – Centro de Referente da Assistente Social, que
tem sua rotina preenchida no atendimento as famílias.
Trabalhar como assistente social é estar cotidianamente inserido num
processo repleto de contradições. Essas contradições cotidianas moveram para
construção desse projeto de pesquisa, algumas claras, outras necessitando de um
olhar mais distanciado do objeto para serem percebidas. Para chegar objetivamente
ao resultado da pesquisa serão necessárias muitas discussões, pois, discutir e
pesquisar as contradições da efetivação de direitos já é, por si só, um estudo de alta
complexidade.
Mas é nessa tensão, nesse espaço de estagio supervisionado entre os
paradigmas e a contra mão do direito que o observou o trabalho do assistente social,
de onde emerge desses questionamentos que nos levam a pesquisa.
Dessa forma, a inserção no cotidiano profissional possibilitou
questionamentos importantes sobre a presença do assistente social nesta difícil e
contraditória realidade de um sistema capitalista onde o Estado neoliberal se isenta
dos seus deveres. As famílias são negados o acesso a direitos fundamentais, elas
chegam aos equipamentos públicos já com seus direitos violados e estão excluídos
do acesso aos bens socialmente produzidos.
A questão que cabe aqui apontar é que, se por um lado, houve uma mudança
na legislação, o que caracteriza certa evolução do assistencialismo para a politica de
assistência social, por outro, a logica do assistência integra nos profissionais e na
própria sociedade. Além disso, em razão da atual conjuntura mundial globalizada de
lógica neoliberal, vê-se diminuir o papel do Estado na consolidação de direitos em
todos os seus âmbitos. Dessa forma, o Estado intensifica seu papel penal, anulando-
6

se como central na efetivação de direitos à população e, especificamente, as


políticas sociais para as famílias se mostram fragmentadas e revestidas de controle
e dominação.
O artigo segue critérios de pesquisa básica, tipo bibliográfico no entendimento
de forma concisa os elementos mais relevantes sobre metodologia da pesquisa
científica. O objetivo exploratório do trabalho será alcançado com sucesso através
de pesquisa bibliográfica em livros, artigos da internet e Leis e Resoluções.
Que esse estudo possa contribuir para a formação profissional do Assistente
Social.

1- ANALISE E CONCEITO: FAMILISMO

Os fatores históricos, econômicos, políticos e culturais são responsáveis pelas


mudanças ocorridas na sociedade e principalmente na família. Sendo imprescindível
relatar o reconhecimento das legislações referente a importância da família e segundo
Zola (2015, pg. 57) {...} reconhece também que a tendência da centralidade na família
para a proteção social de seus membros, transfere atribuições e sobrecarga,
destacando a mulher. Ressaltando que a transferência de responsabilidade social do
setor público para as famílias oprimi a mulher em suas tarefas e serviços
desempenhados no seio familiar.
Para as autoras Marta Campos (2003/04) e Mioto (2003, pg. 165) apud Zola
(2015, pg.2015),

{...} fundamentam o fato de que a família sempre esteve relacionada com a


política social. Diferenciando-se, conforme as autoras, em três tipos: “a
família do provedor masculino, o “familismo” e a família no Estado de Bem
Estar Social de orientação social democrata.

Ressaltamos que referente a família como o provedor masculino sempre foi


relações regidas pelos preceitos de que a mulheres são hierarquicamente
subordinas aos homens. Segundo Zola (2015, pag. 57) é uma perspectiva
tradicional de proteção social realizada a partir da família nuclear, centrada no
modelo previdenciário.
7

Pontuando que a família nuclear os valores são instituídos corrobora na


supremacia masculina, assim, atribuindo as atividades masculinas maior importância
que as atividades femininas.
Conforme a autora Zola (2015, pg.57) a família do provedor masculino, no
modelo previdenciário tem por base dois eixos sendo:

{...} o seguro social público para a cobertura dos riscos do curso de vida,
doenças, velhice, morte e, de outro lado, a existência de solidariedade
familiar, baseada nas trocas internas e no apoio da mulher aos cuidados
familiares.

Para Campos e Mioto (2003) apud Zola (2015, pag. 58) “consideram essa
modalidade de cobertura de renda e de direitos sociais, aos dependentes do
homem, como de “direitos derivados” e não de primeira classe.”
Advertindo que atribui a mulher a função de provedora de cuidados
desenvolvidas pela família, ou seja, cabe a mulher {...} a reprodução social e de
provisão e manutenção do cotidiano e do próprio grupo familiar. Zola (2015, pg. 58).
Referente ao familismo as autoras Campos e Mioto (2003, pag. 170) apud
Zola (2015, pg. 58), {...} na perspectiva da baixa oferta de serviços pelo Estado,
tendo as famílias, “a responsabilidade principal pelo bem estar social.” Sendo uma
tendência do modelo nuclear de família, do provedor masculino, sendo o foco da
ação política à centralidade da família e a proteção de seus membros.
As autoras ainda ressaltam que o familismo se pauta na solidariedade dos
membros e reintera,

{...} as funções protetoras femininas e a naturalização da família como


instância responsável pela reprodução social e se expressa em graduação
diferentes, conforme a desresponsabilização pública, quer pela omissão e,
também, pelo compartilhamento de metas ambiciosas, diante de situações
adversas e de difícil solução, com parcos investimentos. Campos e Mioto
(2003, pag. 170) apud Zola (2015, pg. 59),

As políticas públicas transferem para a família as responsabilidades de


proteção social aos seus membros, e a mulher, como historicamente, assume os
cuidados nessas relações familiares.
Relativo ao Estado de Bem Estar Social de orientação social democrata
segundo Campos e Mioto (2003, pg. 174) apud Zola (2015, pag. 59)
8

{...} a centralidade da ação pública não é na família e sim nos direitos dos
indivíduos, sendo responsabilidade do Estado à universalização dos
serviços. Possibilita a equidade de oportunidade e a “oferta de serviços de
apoio aos encargos familiares constitui alternativas claras, favorecendo uma
política de liberação do trabalho feminino para o mercado.

Segundo Zola (2015, pg. 59) pauta-se pela prevenção, evitando o


esgotamento da capacidade familiar.
Assim, nessa perspectiva da proteção social, o Estado garante os direitos
socialmente conquistados ao invés de transferir as responsabilidades a família, ou
seja, prove a manutenção e a extensão dos direitos no aspecto universal.
Concluímos que o Estado, focado nas ideias liberal, no caso brasileiro, propõe
uma atuação residual e focada em que as famílias possuem a maior parcela de
responsabilidade na provisão do bem estar dos seus membros.

2 – REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE FAMILIA

São inúmeras reflexões sobre a definição de família, ou para outra esta


referência seja diferente do que está acostumado a ver. Pensar criticamente, a
família contemporânea inserida em uma sociedade capitalista neoliberal, em um
país subdesenvolvido sujeito às “leis” do mercado internacional, há que, antes de
tudo, compreender os fundamentos da Família enquanto instituição.
Segundo Gelinski e Moser (2015, pg. 127),

Inúmeras controvérsias cercam a definição de família. Extensamente


estudada quanto as suas formas e funções ela ainda é um tema em
construção. Na análise de políticas publicas fica em evidencia a
multiplicidade de conceitos e critérios operacionais que definem as famílias.

A palavra família, etimologicamente, deriva do latim “famulus”, que significa


escravo doméstico. Na sociedade ocidental moderna o conceito de família significa
como grupo de pessoas que se relacionam entre si formando grau de parentesco e
compartilham o mesmo sobrenome por matrimonio ou por adoção.
Para Gelinski e Moser (2015, pg. 128) “na literatura brasileira, em particular, é
possível perceber dois grupos de estudos sobre famílias”.
9

O primeiro grupo, conforme Gelinski e Moser (2015, pg. 128), caracteriza a


formação da sociedade brasileira {...} impactos na legislação sobre a família e sobre
as questões civis a ela relacionadas.”

A concepção patriarcal influenciaria de maneira decisiva o marco jurídico


que regularia a vida em família e em sociedade, como a legislação sobre
casamento de 1890. De forma semelhante, mudanças na concepção da
família no século XIX apontariam para novos marcos legislativos (como o
Código Civil de 1916) que oferecem amparo à família nuclear. Kroth,(2008)
apud Gelinski e Moser(2015,pg. 128)

O segundo grupo, conforme Gelinski e Moser (2015, pg. 128),”

{..} concebem os condicionantes históricos da formação da família brasileira


{...} questões como provisão das famílias, sua constituição, de forma
ampliada ou em rede, desempenho de papeis sociais, divisão de tarefas
domesticas ou questões geracionais.”

Para Murdock (1949, apud Gerstel, 1996, pg. 297) apud Gelinski e Moser
(2015, pg. 129) “ a ideia da família em rede se contrapõe à definição clássica de
família.
As famílias sofreram mudanças em suas estruturas e diversas realidades são
postas tais como: pais separados (divorciados), amasiados, mães e pais solteiros,
homossexuais, avôs e avós que assumem a criação dos netos.
Segundo Gelinski e Moser (2015, pg. 129) as famílias ganham novos
contornos.
{...} casais de classe média que vivem em casas separadas (devido
compromissos de trabalho ou por opção), a própria noção de parentesco,
intimamente ligada à de família, tem sofrido modificações.

Conforme Sarti (2007,pg.68) apud Gelinski e Moser (2015, pg. 129),

O parentesco, principalmente para famílias pobres, supera os laços de


sangue e transforma vizinhos, ou amigos próximos, em parentes. Eles
possibilitarão trocas de dinheiro, de apoio, e de afeto {...} assinala que a
sobrevivência de grupos familiares chefiados por mulheres “é possibilidade
pela mobilização cotidiana de uma rede familiar que ultrapassa os limites da
casa {...} uma rede de local – não um lar, nem uma vizinhança {...} é uma
unidade que permite a sobrevivência e que organiza o mundo das pessoas.
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Nessa linha a família ganha o atributo ou a forma de uma rede local


destinada a garantir a sobrevivência e, ao mesmo tempo, organizar a vida das
pessoas. Gelinski e Moser (2015, pg. 129).
Assim, a família não é apenas uma unidade residencial, contudo vai além em
sua comunidade econômica e de relacionamentos. É no sentido de grupo com o
qual se identificam e se mantêm emocionalmente, compartilhando seus problemas,
suas lutas cotidianas.
E conforme as modificações na sociedade foram se desenvolvendo, novos
modelos familiares foram surgindo e a família nuclear, aquela de pai, mãe e filhos,
foi aos poucos deixando de ser dominante, sendo hoje encontradas múltiplas
estruturas familiares na sociedade.
Pontuamos que não existe um único modelo de família e sim diversas formas
familiares e nem mesmo modelos corretos ou errados de famílias. São novos
olhares que devemos compreender e estaremos observando no próximo tema.

3 – NOVOS OLHARES SOBRE AS FAMILIAS

Segundo Martino (2015, pg.97) relata que “durante os anos 1980 e 1990,
primeiro na academia e depois no nível político, supera-se o conceito de família e se
impõe o plural: famílias.”
A família então supera todas as mudanças e o processo que ajudou a superar
a imagem naturalizada e tradicional de família, composta por pai, mãe e filhos
vivendo no mesmo teto, e passa a reconhecer outras formas familiares consideradas
até então como fora do padrão ou disfuncional. Beck Gernsheim (2003) apud
Martino (2015, pg. 97).
Então os novos arranjos familiares resumem em dois processos, um
relacionado as mudanças sociodemagraficas e ou associado ao aumento da
participação das mulheres no mercado de trabalho. Martino (2015, pg. 97).
Vale ressaltar que o sistema capitalista trouxe como processo civilizatório
várias implicações profundas nos mais diversos ramos. E o sujeito contemporâneo,
neste contexto, encarcera em sua própria individualidade, ou seja, passa a enxergar
o mundo a partir de um prisma de individualidade.
11

Segundo Jelin, (2000, 2012) apud Martino (2015, pg. 97), {...} quando o
processo de individualização e autonomia pessoal das mulheres e dos jovens minou
o poder patriarcal e colocou a família como uma expressão marcante de escolhas
individuais.
Assim, conforme Jelin (2000, 2012) apud Martino (2015, pg. 97) houve uma
{...} desnaturalização da ideia de família única {...} o que {...} tornou visível outros
modelos de organização patriarcal no qual o chefe de família tem o controle e
decisão sobre os outros membros.
Então para Mioto (2001) apud Martino (2015, pag. 97) “a família, por sua vez,
deixou de ser vista a priori como um lugar de felicidade {...} e também, passou a ser
vista como lugar de conflitos, tensões e abusos”.
Segundo Martino (2015, pg. 97).

Alguns autores analisam a diversidade de arranjos familiares como


expressão de processos culturais ligados a individualização e construção de
biografias, mas flexíveis e autônomas, tomando o sistema mais equitativo
nas relações de gênero.

Como exemplo disso são o atraso na idade de casamento e no nascimento do


primeiro filho, o aumento da taxa de divórcio, negociações de projetos de vida
independentes {..} Cabella, Peri e Street (2005); Arraigada (2002) apud Martino
(2015, pg. 97).
Já para os autores Ariza e de Moreira (2007) “indicam o caráter seletivo e
heterogêneo desses processos sociais, tanto em termos de classes sociais como
países e regiões.
Para Martino (2015, pg. 98) os autores citados reverenciam a família com
tendência a redefinição das relações de gênero.
E segundo Oliveira (2007, pg. 37) apud Martino (2015, pg. 98),

{...} na literatura sobre a família, a redefinição das responsabilidades


familiares é mais difícil para os pobres, assim como encontrar pontos de
contato entre os interesses individuais e coletivos. Parece que negociar
padrões de distribuição de tarefas é mais difícil nas famílias onde os
recursos são escassos.

O autor Esping – Andersen (2000) apud Martino (2015, pag. 102) {...} sustenta
uma dimensão essencial da analise é a medida na qual as famílias absorvem os
riscos sociais.
12

{...} que o regime de bem estar familiarista é aquele em que a política


responsabiliza em maior grau a família pelo bem estar dos seus membros
{...} o familismo corresponde a uma política familiar pouco desenvolvida,
associada a sistemas de proteção social baseada no homem provedor e na
centralidade da família como provedora de cuidados e de bem estar.

Para o autor Esping – Andersen (2000) apud Martino (2015, pag. 102),

A desfamiliarização, pelo contrário, é expressa em políticas que reduzem a


dependência dos membros em relação a família e que maximizam os
recursos econômicos dos indivíduos independentemente das obrigações
familiares ou conjugais.

No caso da desfamiliarização a responsabilidade é colocada no mercado e


nas instituições públicas na produção do bem estar. Esping – Andersen (2000) apud
Martino (2015, pag. 103).

4 - A CENTRALIDADE DA FAMÍLIA NA POLITICA DE ASSISTENCIA SOCIAL

Este retrato de família está um tanto empiorado. Já não se vê no rosto do


pai quanto dinheiro ele ganhou.
Retrato De Família [Carlos Drummond De Andrade]

No trecho da poesia “Retrato de Família” de Carlos Drummond de Andrade


nos remete a narrativa do eu lírico que permite olhar para o passado em direção do
futuro proporcionado não somente recuperar, mas também ressignificar esse
passado e olhar para a família.
Segundo Teixeira (2015, p.21) a família tem “ressurgido” no contexto das
políticas sociais “pós-ajuste” como agente de proteção social {... } é de ressaltar a
centralidade da família como objeto, sujeito e instrumento das políticas públicas.
A centralidade da família nas políticas sociais esta como foco da proteção da
sociedade e do Estado sendo explicitada no art. 16 da Declaração dos Direitos
Humanos da ONU. Na Constituição Federal de 88 em seu art. 226 considera a
família como a base da sociedade e atribui a ela em seu art. 227 o dever de
assegurar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
13

Ressaltamos que a centralidade familiar também está reafirmada na LOAS –


Lei Orgânica da Assistência Social, no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
e em outras legislações.
Segundo Teixeira (2015, p.217) ressalta que em todas {...} passagens de
legislações e posicionamento teórico é visível a adoção de um novo paradigma: o de
que a família deve ser apoiada, protegida e capacitada para proteger e cuidar de
seus membros dependentes.
No SUAS a centralidade tem como base, a compreensão de que as outras
necessidades e públicos da assistência social estão, de alguma maneira, vinculados
à família, quer seja no momento de utilização dos programas, projetos e serviços da
assistência, quer seja no início do ciclo que gera a necessidade do indivíduo vir a ser
alvo da atenção da política. “A família é o núcleo social básico de acolhida, convívio,
autonomia, sustentabilidade e protagonismo social”. NOB (2005, p.17)
Neste sentido, a PNAS (2004, p.15) afirma que “ para a construção da política
pública de assistência social é preciso levar em conta três vertentes de proteção
social: as pessoas, as suas circunstancias e dentre elas seu núcleo de apoio, isto é
família”.
A Política de Assistência Social - PNAS trouxe vários avanços, na qual a
matricialidade sócio familiar é compreendida a partir das diretrizes estabelecidas
para o território nacional, com a opção pela “centralidade na família para concepção
e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos” Brasil (2004, p.33).
E para isso a PNAS reconhece que:
{...} as fortes pressões que os processos de exclusão sociocultural geram
sobre as famílias brasileiras, acentuando suas fragilidades e contradições,
faz-se primordial sua centralidade no âmbito das ações da política de
assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que
precisa também ser cuidada e protegida. Por reconhecer as fortes pressões
que os processos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias
brasileiras, acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial
sua centralidade no âmbito das ações da política de assistência social,
como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização
primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa
também ser cuidada e protegida. (p.40/41)

Mas identificamos que há uma priorização da responsabilidade à família, pois


conforme defendido no âmbito da Política Nacional de Assistência Social,

{...} independentemente dos formatos ou modelos que assume é mediadora


das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitado continuidade os
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deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de


modalidades comunitárias de vida”. (PNAS, p.41)

Segundo Rizzini et al. (2006) apud Teixeira (2015) há um descompasso entre


a importância que se atribuiu a família e a falta de condições mínimas de vida,
suporte e serviços familiares oferecidos pelo poder público, o que na prática ocorre
mesmo é uma responsabilização da família pela proteção social de seus membros.
Para a autora é pertinente a redução de recursos que dão conta das
demandas e serviços destinados às famílias que possam promover mudanças nas
condições de vida e serviços socioeducativos.
A autora ressalta que,

Em todas essas passagens de legislações e posicionamento de teóricos é


visível a adoção de um novo paradigma: o de que a familia deve ser
apoiada, protegida e capacitada para proteger e cuidar de seus membros
dependentes... essa premissa há a de que não é possível fazer políticas
públicas sem as parcerias, sem a gestão em redes com entidades públicas
e privadas.

E Segundo Del Prá (2016) apud Mioto (2012) é pelo campo do cuidado que
se expressa a responsabilização da família, onde articulam-se estratégias de
imposição ou transferências dos custos do cuidado para as famílias seja no âmbito
financeiro, emocional e de trabalho.
A autora Steffenos (2011) apud Teixeira (2015, p. 215) {...} uma tendência de
apontar a família como responsável por seus dependentes, incluindo os idosos,
sendo chamados a assumir esses novos encargos, independente de laços afetivos e
de condições para cumpri-los.
Portanto, a política social com centralidade na família exige dos formuladores,
gestores e operacionalizadores a apreensão as quais devem ser consideradas, para
que a família possa ser devidamente amparada pelo Estado, mas ao mesmo tempo
responsabiliza a família pela proteção de seus membros. E segundo Teixeira (2015,
p.217) em relação ao sistema de proteção social é a visível adoção do princípio da
subsidiariedade da intervenção do Estado que, nunca exclusivamente estatal, e só
aparece quando a família falha na proteção e cuidados.
Assim, quando a família não consegue realizar o bem-estar de seus membros
contará com a ajuda da rede de proteção, ou seja, o Estado não é protagonista sua
função é prover apoio.
15

5 – POLITICAS DE APOIO A FAMILIA

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social – MDS (2010, pag.42) o


SUAS “é um sistema público não contributivo e participativo, que tem por função a
gestão do conteúdo especifico da assistência social no campo da proteção social
brasileira. ” E que a proteção social deve garantir as seguintes seguranças:
segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhida; de
convívio ou vivência familiar. PNAS (p.31). E a NOB/SUAS (2012) reafirma contendo
na proteção social da assistência social: a segurança da acolhida; a segurança
social de renda; a segurança do convívio ou convivência familiar, comunitária e
social; a segurança de desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social,
segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais.
Para Teixeira (2009,2010) apud Teixeira (2015, p.232) as normas do MDS
para o trabalho com famílias, em especial o socioeducativo, envolve discussões de
questões internas de grupos referente ao trabalho doméstico e reflexões do
cotidiano ou de resoluções de conflitos familiares.

Segundo a autora essas práticas são herdeiras da educação disciplinadora


e normalizadora da família, que assumem versões modernizadoras que lhe
escamoteiam dimensões normativa dos papeis sociais, dos
comportamentos esperados para pai mãe, em nome de processos
educativas que visam potencializar o grupo familiar e gerar sua autonomia.

Destacando Campos (2008) apud Teixeira (2015) essa responsabilização da


família, nos cuidados de seus membros é sustentada cultural e socialmente... em
especial a mulher, sobre quem recai parte dessas responsabilidades e expectativas.
Teixeira (2015, p.236) ressalta ainda o trabalho com família,

{...} assumindo versões normatizadoras e disciplinadoras sobre os papeis


sociais hegemônicos e os comportamentos esperados, o que inibe a
dimensão emancipatória que poderia ter ou proporcionar. Todavia, isso
pode ser redirecionado a partir de novas diretrizes que, de fato, se traduza
em um trabalho social que visa à autonomia, cidadania e protagonismo
social das famílias.

Pontuamos a obrigação do estado em disponibilizar através da Política de


Assistência Social os serviços, programas e projetos as famílias nos mais variados
contextos e localidades do país. Sendo um trabalho a ser realizado na perspectiva
16

da garantia de direitos, no protagonismo desse usuário e na construção da


autonomia.

6- PROTEÇAO SOCIAL DE ASSISTENCIA SOCIAL

Segundo Di Giovanni (1998:10) apud PNAS (2004, p.31), entende-se por


Proteção Social as formas institucionalizadas que as sociedades constituem para
proteger parte ou o conjunto de seus membros.

Tudo significa que a situação atual para a construção da política pública de


assistência social precisa levar em conta três vertentes da proteção social:
as pessoas, as suas circunstâncias e dentre elas seu núcleo de apoio
primeiro, isto é a família. A proteção social exige a capacidade de maior
aproximação possível do cotidiano da vida das pessoas, pois é nele que
riscos, vulnerabilidades se constituem.
PNAS (2004, p.15)

Na proteção social dentre outros aspectos, visam a:

[...] aquisições materiais, socioeducativas ao cidadão e cidadã e suas


famílias para suprir suas necessidades de reprodução social e individual e
familiar; desenvolver capacidades e talentos para a convivência social,
protagonismo e autonomia. (NOB/SUAS 2005: 89)

Para a PNAS (2004, p.31) a proteção social deve garantir as seguintes


seguranças: segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de
acolhida; de convívio ou vivência familiar.
Referente a segurança de renda são grandes os debates em que a
responsabilidade do Estado em garantir a proteção da referida população. Mas essa
situação gera preconceitos tais como acomodação, vagabundagem. Ressaltando
que se tratam de conceitos que foram ao longo dos anos enraizados.
Quanto à segurança de rendimentos o Sistema Único de Assistência Social
firma posicionamento de que a pobreza e as vulnerabilidades são decorrentes do
modelo econômico, social e político historicamente constituídos no Brasil e assim, a
proteção é do Estado como direito social.

A segurança de rendimentos não é uma compensação do valor do salário


mínimo inadequado, mas a garantia de que todos tenham uma forma
monetária de garantir sua sobrevivência, independente de suas limitações
17

para o trabalho ou do desemprego. É o caso de pessoas com deficiência,


idosos, desempregados, famílias numerosas, famílias desprovidas das
condições básicas para sua reprodução social em padrão digno e cidadã.
PNAS (2004, p. 31)

A proteção social de assistência social conforme preconiza a PNAS (2004) é


hierarquizada e divide-se em: básica e especial, de acordo com os níveis de
complexidade do processo de proteção, em média e alta complexidade, por
decorrência do impacto de riscos no indivíduo e em sua família.
Segundo Zola (2015p.65) as formas de proteção social são definidas em
eixos sendo que:
Do primeiro eixo, fazem parte programas, projetos, serviços e benefícios
públicos sociais básicos para os cuidados da criança e do adolescente que
possibilitam seu desenvolvimento, processo educativo e a proteção básica.
Nos segundo e terceiro eixo, são observadas situações de contingências e
riscos sociais, com demandas de serviços especializados, considerados de
proteção social especial, distinguidos na realidade brasileira de média e alta
complexidade.

6.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL

O serviço de proteção básica tem um caráter preventivo e visa proporcionar a


inclusão social, o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários tendo como
objetivo “prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e
comunitários (PNAS,2004), e a ampliação de acesso de direitos. O público alvo é
destinado a população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrentes
da: pobreza, privação (ausência de renda, precária ou nulo acesso aos serviços
públicos), fragilizados dos vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social
(discriminação etárias, étnicas, de gênero ou por deficiência, entre outras).
Segundo a PNAS (2004) o trabalho com famílias nesse tipo de proteção

{...} deve considerar novas referências para a compreensão dos diferentes


arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo único
baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que são funções
básicas das famílias: prover a proteção e a socialização dos seus membros;
constituir-se como referencias morais de vínculos afetivos e sociais; de
identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros
com outras instituições sociais e com o Estado. PNAS (2004, p.35)
18

Na proteção social especial segundo a PNAS (2004)

{...} é a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e


indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por
ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual,
uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas,
situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras. PNAS (2004, p.
37)

Segundo a Lei Organica da Assistencia Social - LOAS as proteção, básica e


especial são ofertadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência
social. Representa se como a “porta de entrada” dos usuários à rede de Proteção
Social Básica do SUAS onde são executados serviços de Proteção Social Básica, e
também podem ser prestados outros serviços, programas, projetos e benefícios,
relativos às seguranças de sobrevivência (de rendimento e de autonomia), de
acolhida, e da vivencia familiar ou a segurança do convívio de acolhida. (PNAS,
2004)

Segundo Caderno de Orientações Técnicas - CRAS (2009, p.09)

CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por
objeti vo prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos
sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e
aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da
ampliação do acesso aos direitos de cidadania.

Ressaltando ainda que estes serviços, de caráter preventivo, protetivo e


proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço
físico e equipe compatível. Caderno de Orientações Técnicas (2009, p.09).

Ressaltamos que na Proteção Básica Especial,

{...} os programas, projetos e serviços especializados de caráter continuado,


promove a potencialização de recursos para a superação e prevenção do
agravamento de situações de risco pessoal e social, por violação de direitos,
tais como: violência física, psicológica, negligência, abandono, violência
sexual (abuso e exploração), situação de rua, trabalho infantil, práticas de
ato infracional, fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do
convívio familiar, dentre outras. Orientações Técnicas – CREAS (2011,
p.18)
19

As ações desenvolvidas na PSE devem ter centralidade na família e como


pressuposto o fortalecimento e o resgate de vínculos familiares e comunitários, ou a
construção de novas referências, quando for o caso. Técnicas – CREAS (2011,
p.18)

6.2 TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOSSISTENCIAIS

A Resolução nº 109 de 11 de novembro de 2009 definida como a Tipificação


Nacional dos Serviços Socioassistenciais foi concebida a partir das deliberações
havidas na VI Conferencia Nacional de Assistencia Social, bem como nas metas
previstas no Plano Decenal de Assistência Social, a de promover uma padronização,
em nível nacional, dos serviços socioassistenciais.
A referida resolução foi tema de discussão e deliberação no Conselho
Nacional da Assistência Social referente a democratização da gestão do SUAS, nela
compreendida a participação intergovernamental com as Entidades Assistência
Social.
Sendo artigo define os serviços:

I - Serviços de Proteção Social Básica: a) Serviço de Proteção e


Atendimento Integral à Família (PAIF); B) Serviço de Convivência E
Fortalecimento De Vínculos; C) Serviço de Proteção Social Básica no
Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas.
II - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade: A)
Serviço de Proteção E Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI); B) Serviço Especializado em Abordagem Social; C) Serviço de
Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à
comunidade (psc); d) serviço de proteção social especial para pessoas com
defi ciência, idosas e suas famílias; e) serviço especializado para pessoas
em situação de rua.
III - serviços de proteção social especial de alta complexidade: a) serviço de
acolhimento insti tucional, nas seguintes modalidades: - abrigo insti tucional;
- casa-lar; - casa de passagem; - residência inclusiva. b) serviço de
acolhimento em república; c) serviço de acolhimento em família acolhedora;
d) serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de
emergências.
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009)

A partir de então passou a ser regra matriz padronizadora, o que derivou a


adoção de similares parâmetros pelos conselhos municipais, haja vista que o
próprio CNAS editou outra resolução nº 16, de 05 de maio de 2010, regulando o
seguinte: art. 6º a inscrição dos serviços, programas, projetos e benefícios
20

socioassistenciais nos conselhos de assistência social municipais e do distrito


federal é o reconhecimento público das ações realizadas pelas entidades e
organizações sem fins econômicos, ou seja, sem fins lucrativos, no âmbito da
política de assistência social. § 1º os serviços de atendimento deverão estar de
acordo com a RESOLUÇÃO CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009, que trata
da tipificação nacional de serviços socioassistenciais, e com o decreto nº 6.308, de
14 de dezembro de 2007.
Considerando que o Sistema Único de Assistência Social –SUAS, conquanto
ainda púbere na sua existência, veio com direção em consolida-la enquanto política
pública. Pontuamos que nos níveis de proteção que a política coloca abrangendo
as famílias e seus indivíduos que passam por vulnerabilidades e riscos sociais faz
se necessárias ações diferenciadas, pois se encontram com seus direitos violados
ou em situações risco e de total exclusão.
E por fim, a tipificação dos serviços socioassistenciais se constata albergado
nas normativas não sendo mais pontuais, mas permanentes e planejados.

7- PROGRAMAS DA POLITICA DA ASSISTENCIA SOCIAL

Conforme a base da Política Nacional de Assistência Social – PNAS que


concebe a Proteção e Atendimento Integral a Família – PAIF a partir do
reconhecimento que as vulnerabilidades e riscos sociais que atingem as famílias
como estratégias de prevenção e enfrentamento da questão social. Através do
Decreto 5.085 da Presidência da República, o PAIF tornou se ação continuada da
Assistência Social passando a integrar a rede de serviços e financiada pelo governo
federal. Vale destacar o programa de atenção integral à família – PAIF que,
pactuado e assumido pelas diferentes esferas de governo, surtiu efeitos concretos
na sociedade brasileira. PNAS (2004, p.34).
Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais o PAIF
“consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, e possui a
finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, de modo a prevenir a ruptura
de vínculos familiares e comunitários” (2009, p.6), bem como as situações de risco.
Ressaltando que tem o papel de contribuir para a viabilização dos direitos dos
usuários do SUAS, contribuindo para a melhoria de sua qualidade de vida, atuando
21

no desenvolvimento da autonomia e protagonismo social das famílias e indivíduos


acompanhados, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo.
(Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,2009)
O trabalho social com famílias do PAIF é desenvolvido pela equipe de
referência do CRAS e a gestão territorial pelo coordenador do CRAS, auxiliado pela
equipe técnica, sendo, portanto, funções exclusivas do poder público e não de
entidades privadas de assistência social. CADERNO DE ORIENTAÇÕES
TÉCNICAS (2009, p.10)
As ações do PAIF consistem em: acolhida; oficinas com famílias; ações
comunitárias; ações particularizadas; encaminhamentos. Caderno de Orientações do
PAIF – Vol. 2.
Segundo a Tipificação (20069) o Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI):

Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus


membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e
orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o
fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento
da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as
vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social.

Ressaltando que se trata de um serviço de média complexidade e que seu


atendimento se fundamenta no respeito à heterogeneidade, potencialidades,
valores, crenças e identidades das famílias. Tipificação (2009)

8 – PROGRAMAS DE TRANSFERENCIA DE RENDA

Os programas de transferência de renda do governo federal sob


responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
são: Bolsa Família, Renda Mínima, Renda Cidadã, Benefício de Prestação
Continuada (BPC), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e o
Programa Ação Jovem.
Conforme a política de assistência (PNAS) e no Sistema Único De Assistência
Social (SUAS), de 2004, os programas são:

Parágrafo único do art. 2º: a assistência social realiza-se de forma integrada


às políticas sociais setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à
22

garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender


contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.
Art. 24 (caput): os programas de assistência social compreendem ações
integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência
definidas para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços
assistenciais.

O governo federal, com a aprovação do decreto nº. 5.209, de 17 de setembro


de 2004, no artigo 1º decreta que o BPC será regido por este decreto e pelas
disposições que serão estabelecidas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, cabendo a este ministério, conforme o artigo 2º a coordenação, a
gestão e a operacionalização do programa.
O artigo 4º deste decreto estabelece os objetivos básicos do programa que
são:
i – promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde,
educação e assistência social; ii – combater a fome e promover a segurança
alimentar e nutricional; iii – estimular a emancipação sustentada das famílias
que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza; iv – combater a
pobreza; e v – promover a intersetorialidade, a complementaridade e a
sinergia das ações sociais do poder público (BRASIL, 2008).

O programa tem seu objetivo central na redução da fome e o combate à


pobreza das famílias que são beneficiárias, além de estar garantindo a essas famílias
o acesso às demais políticas públicas que melhoram a sua condição de vida e que
possam emancipar-se e sair da situação de pobreza ou de extrema pobreza.
Conforme o artigo 14 do decreto compete aos municípios a constituição de
uma coordenação de pessoas compostas por representantes das áreas da saúde,
educação, assistência social e segurança alimentar, para serem os responsáveis
pelas ações do programa. Ressaltando ainda, realizar a inserção das famílias no
cadastro único, a disponibilização dos serviços e estruturas públicas na área da
saúde, educação e assistência social, parcerias com os demais âmbitos do governo e
o acompanhamento das condicionalidades.
Para Carloto (2015, p.186) os Programas de Transferência de Renda se
orientam majoritariamente às mulheres. Em função do caráter “ feminizado”, desses
programas, existe uma tendência em considera-los uma política pública para
mulheres.
Um primeiro ponto de interseção das nossas políticas está na própria
concepção do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, que
23

reúne informações de famílias que possuem renda mensal por pessoa de até meio
salário mínimo ou ainda aquelas com renda familiar total de até três salários. O
Cadastro tem indicadores socioeconômicos importantes que permitem identificar
situações de vulnerabilidade social para além do critério de renda. Isso possibilita
aos gestores planejar políticas públicas a partir da identificação das demandas e
necessidades, bem como selecionar famílias para serem integradas aos programas
de acordo com o perfil.
Segundo Goldani (2002,p.38) apud Carloto (2015, p.184) os programas de
renda mínima que garantem um rendimento “mínimo” para as famílias e não para os
indivíduos justificando que a pobreza ocorre na família e cabe à mesma ser solidária
na gestão e no consumo dos rendimentos.
Pontuamos que para a família possa prevenir, proteger, promover e incluir
socialmente seus membros, ela precisa ter condições garantidas de
sustentabilidade, e os programas de transferência da renda direta às famílias e com
os demais serviços que devem ser ofertados pelo município, proporcionam a elas
algumas destas garantias.

9 – A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO TRABLHO COM FAMILIA.

A consolidação do Serviço Social como profissão é a partir da divisão do


trabalho, que, de acordo com Iamamoto (1992, p. 88) “supõe inseri‐la no conjunto
das condições e relações sociais que lhe atribuem um sentido histórico e nas quais
se torna possível e necessária”. A profissão se afirma como um tipo de
especialização do trabalho coletivo, ao se constituir em expressão das necessidades
sociais derivadas da prática histórica das classes sociais no ato de produzir e
reproduzir seus meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada.
(IAMAMOTO, 1992).
O Assistente Social é um profissional que tem um papel de caráter educativo
e político, fundamental no atendimento com família, mesmo diante de tantos
desafios das manifestações da questão social no contexto familiar, é necessário a
articulação com a rede dos serviços públicos.
24

O assistente social deve atuar de forma que proporcione uma relação de


constante transformação, reação, consistência, como todos os outros que fazem
parte do seu meio de trabalho, gerando mudanças de um compromisso ético,
político e profissional a ser trabalhado em conjunto.
O serviço social necessita ter ciência que possa motivar sua ação para que
seja referência a circunstância e as soluções da instituição em que atua, vai muito
além do compromisso ético-político desenvolvendo o seu trabalho com
possibilidades de mudanças a procura de uma vida com qualidade.
O trabalho do assistente social está voltado para a intervenção nas diferentes
manifestações da questão social com vistas a contribuir com a redução das
desigualdades e injustiças sociais, [...] na perspectiva da democratização, autonomia
de sujeitos e do seu acesso a direitos. (Fraga, 2010, p.45)
Para que haja a intervenção do assistente social se deve ter uma visão de
totalidade sobre a realidade, e para que o profissional possa compreender de
maneira totalizada essa realidade, precisa buscar sempre de uma atitude
investigativa.
A profissão se constrói, de acordo com seu projeto-ético-político, alternativas
e estratégias que façam frente à questão social, objeto de intervenção do Serviço
Social.
Segundo Iamamoto (2001) entende-se por questão social o conjunto das
expressões das desigualdades da sociedade, e os assistentes sociais trabalham nas
mais variadas expressões da questão social em diversas áreas.
O Serviço Social tendo seu objeto de trabalho as manifestações da questão
social, após a reconceituação da profissão e a defesa de um projeto ético-político
em favor da construção de uma sociedade mais justa, o assistente social tem seu
reconhecimento, sua valorização e é muito requisitado, merecendo a confiança das
outras profissões, apoderando-se de espaços e demarcando a identidade da
assistência social.
Segundo Lisboa e Pinheiro (2005) o Código de ética permite ainda a esse
profissional uma postura de compromisso haja vista que, o Código de Ética da
profissão tem sido um marco orientador para a intervenção dos assistentes sociais,
até porque esse aporte determina a postura que os profissionais devem assumir
perante os usuários em seus onze princípios fundamentais.
25

Os assistentes sociais usa um conjunto de instrumentais variados, ele deve


articular sua escolha às dimensões teóricas e éticas política, sendo a reflexão, a
investigação e a criticidade alguns dos principais elementos utilizados para articular
essas dimensões, para que assim a intervenção aconteça.
Segundo Lisboa e Pinheiro (2005), os instrumentais técnicos operativos que
são utilizados na atuação profissional do assistente social no atendimento as
famílias são: entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe multiprofissional,
documentação, relatórios, parecer social, planejamento de programas, projetos,
construção de indicadores, pesquisa, articulação em rede.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A guisa de conclusão, da disciplina de políticas sociais e família tivemos a


oportunidade de algumas reflexões sobre a forma como a família foi se constituindo
ao longo dos tempos e as novas configurações familiares. Discutimos a
centralidade da família nas políticas sociais com ênfase na política de assistência
social. Pontuamos sobre a matricialidade sociofamiliar sendo uma diretriz do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS que percebe a família na centralidade
da oferta dos serviços, programas, projetos e benefícios ofertados pela política de
assistência social.
Identificamos o trabalho com a família, os avanços decorrentes e os limites
apresentados nas demais políticas sociais, bem como o risco de práticas
conservadoras e ambíguas, que levam a responsabilização das famílias muito mais
do que a garantia de direitos.
O governo tem a obrigação de garantir que as famílias e seus membros sejam
atendidos em suas necessidades essenciais: educação, saúde, moradia, segurança,
alimentação, lazer etc. É importante a discussão acerca da implementação destas
necessidades para a família, uma vez que é preciso, ter iniciativas que garantem os
seus direitos.
Observamos que a luta contra a miséria requer que as políticas sociais
cumpram os seus direitos com investimento necessários em saúde, moradia, criação
de empregos e rendas que não se limitam a uma simples transferência de renda no
intuito de favorecer a justiça social e a integração dos indivíduos pobres e carentes
na sociedade.
26

Em todo o contexto precisamos estar conscientes do modo de produção


capitalista que envolve as famílias e que aponta as várias manifestações da questão
social e, desassistida pelas políticas públicas, se vê impossibilitada de responder às
necessidades básicas de seus membros e, por conseguinte, aprofunda a sua
condição de exclusão.
Finalizamos que em todo estudo pertinente as políticas sociais a família há
um entendimento para que se cumpra nas agendas politicas essa discussão
referente a família e que essa discussão sobre ser fruto para mais pesquisas.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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