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AURICULOTERAPIA

Izabelle Caroline Conor Bordori Valverde


Biomédica Especialista em Acupuntura
CRBM-6 0641
Sumário
Introdução........................................................................................... 3
Anatomia da Orelha........................................................................... 5
Diagnóstico ........................................................................................ 8
Anatomia e Pontos Correspondentes............................................. 10
Orientações para a Técnica .............................................................. 13
Materiais Utilizados............................................................................ 15
Aplicação ............................................................................................ 17
Demarcação dos Pontos ................................................................... 19
Contraindicações................................................................................ 22
Referências ......................................................................................... 23
Introdução
A auriculoterapia é uma técnica que utiliza o pavilhão auricular
como microsistema reflexo do corpo. Pode ser utilizada como forma de
tratamento não medicamentoso para diversas patologias.
Ela é uma técnica independente da Acupuntura e é uma
especialidade dentro da Medicina Tadicional Chinesa que utiliza os
conhecimentos dos meridianos e as energias Yin e Yang.
Foi descrita a milhares de anos pelos chineses e também há
registros feitos por Hipócrates em “O Livro das Epidemias”, onde ele
indica o uso da punção de vasos sanguíneos das orelhas para tratamento
de processos inflamatórios.
O Dr. Paul Nogier (1908-1996), a partir de estudos realizados
durante anos, lança a Auriculoterapia Francesa, onde ele descreve a
localização dos pontos como um feto de cabeça para baixo:

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A aplicação de um estímulo na orelha, através de uma agulha,
esfera, semente, cristal ou magneto, faz com que uma série de eventos
aconteçam, sendo eles imediatos ou tardios, temporários ou permanentes,
porém todos de natureza terapeutica.
Neste ebook, aprenderemos a fazer a localização de alguns pontos
mais utilizados na Auriculoterapia com base no mapa descrito pela Escola
Brasileira de Auriculoterapia Neurofisiológica e Funcional.

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Anatomia da Orelha
A orelha possui várias estruturas, tanto internas quanto externas e
pode ser dividida em três partes:
- Orelha Externa (pavilão auricular): parte aderida à região lateral
da cabeça e ao conduto que leva ao interior da orelha;
- Orelha Média: cavidade na parte do osso temporal, separada do
conduto externo por uma membrana e ligada internamente à faringe por
uma tuba estreita;
- Orelha Interna: é uma série de cavidades dentro do osso
temporal entre a orelha média lateralmente e o meato acústico interno,
medialmente.

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Como foco desse material, estudaremos a Orelha Externa, que se
dá por uma cartilagem coberta por pele e é disposta de várias elevações e
depressões que são descritas na imagem a seguir:

A única parte da orelha desprovida de cartilagem é o Lóbulo.


A inervação da orelha externa é feita pelos seguintes nervos:
Auricular Magno e Occipital Menor; Plexo Cervical; e o ramo
Auriculotemporal do nervo Mandibular. Sendo as partes mais profundas
inervadas pelos ramos do nervo Facial e do nervo Vago.
A irrigação arterial vem da artéria Carótida Externa, que se ramifica
em artéria Auricular Posterior. A artéria Temporal Superficial fornece os
ramos auriculares anteriores e a artéria Occipital fornece o ramo auricular.
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A drenagem venosa ocorre através de vasos que seguem as artérias e a
drenagem linfática segue anteriormente para entrar nos linfonodos
parotídeos e, posteriormente, para os linfonodos mastóides, ou ainda para
os linfonodos cervicais profundos superiores.

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Diagnóstico
Quando um órgão ou suas funções possuem alguma alteração,
seu ponto reflexo fica extremamente sensível.
Durante a avaliação da orelha deve ser feita uma avaliação de sinais
que por ela são dados indicativos de possíveis patologias que podem ser
tanto agudas ou crônicas.
Esses sinais são:
- Modificação da pigmentação:
Palidez: deficiência orgânica, processo degenerativo. Processo
indicado – tonificação dos pontos auriculares.
Eritema: hiperatividade funcional, processos de desequilíbrio por
hiperfunção. Processo indicado – sedação dos pontos atingidos.
Manchas: incidência de problemas crônicos. Tonificação da área
reflexional atingida.
- Modificação morfológica:
Ressecamento da pele: enfermidade de natureza crônica. Processo
indicado – tonificação dos pontos auriculares.

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Exsudação sebácea: patologias sub-agudas. Processo indicado –
sedação dos pontos auriculares.
Sudorese: tendência a doenças degenerativas. Deve-se utilizar
estímulos de tonificação nos locais afetados.
Cistos e Tubérculos: patologias agudas que está ocorrendo ou que
irá ocorrer. Deve-se sedar os pontos quando existe sintomatologia e
tonificar quando não há.
Pelos e escamações: indica processo degenerativo e doença
crônica. Deve-se tonificar os pontos existentes na área.
- Modificação sensitiva:
Hiperestesia: patologias agudas ou sub-agudas. Deve-se sedar os
pontos.
Hipoestesia: enfermidade crônica. Deve-se tonificar os pontos.

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Anatomia e Pontos
Correspondentes
Para a aplicação dos pontos de Auriculoterapia utilizaremos a
Orelha Externa. Em cada estrutura anatomica existem os pontos
respectivos que serão descritos na tabela a seguir:

Parte Anatômica Pontos Auriculares


Alegria/ Dentes/ Psiquismo/ Amígdalas/
Cordas Vocais/ Olho/ Palato/ Língua/
LÓBULO Face/ Ouvido Interno/Ansiedade/
Maxila/ Mandíbula/ Temporal/
Zigomático/ Occipital/ Frontal
Nariz/ Fome/ Adrenal –
TRAGO Suprarenal/Vício/ Sede/ Hipotensão/
Ouvido Externo/ Ouvido Médio

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Ovários ou Testículos/ Glândulas
ANTITRAGO E Endócrinas/ Subcórtex/ Ápice do
INCISURA Antitrago/ Hipófise/ Cerebelo/
INTERTRAGINOSA Encéfalo/ Alergia/ Hipotálamo/
Tálamo/ Occipital
Pescoço/ Tireoide/ Mamas/ Clavícula/
Ombro Articular/ Ombro Muscular/
Braço/ Cotovelo/ Antebraço/ Punho/
ESCAFA
Mão/ Dedos da Mão/ Pele/ Coluna
Cervical/ Coluna Torácica/ Coluna
Lombar/ Coluna Sacro-ilíaca
ANTI-HÉLIX
Quadril/ Coxa/ Joelho/ Perna/
(HÉLICE) - (RAMO
Tornozelo/ Pé/ Dedos do pé
SUPERIOR DO Y)
ANTI-HÉLIX SNC (SHENMEN)/ Termorregulador/
(HÉLICE) - (RAMO Lumbago/ Cóccix/ Ciático/
IFERIOR DO Y) E SNV(SIMPÁTICO)/ Útero/ Epicentro/
FOSSA Circulação/ Hipertensão/ Pelve/
TRIANGULAR Glúteos
Próstata/ Ureter/ Bexiga/ Uretra/ Rim/
CONCHA
Vesícula Biliar – orelha direita/ Pâncreas
SUPERIOR
– orelha esquerda/ Fígado – orelha

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direita/ Baço – orelha esquerda/
Analgesia/ Intestino Delgado/ Intestino
Grosso
Boca/ Laringe – Faringe/ Esôfago/
CONHA INFERIOR Cárdia/ Vago/ Odontalgia/ Coração/
Pulmão/ Metabolismo
HÉLIX (HÉLICE)/ Sono/ Fígado energético 1 e 2/
TUBÉRCULO DE Imunidade Anterior/ Ápice/
DARWIN/ RAIZ Relaxamento Muscular/ Estômago/
DA HÉLIX Plexo Solar/ Diafragma/ Ânus/ Uretra/
(HÉLICE) Genitais

Alguns pontos também podem ser inseridos na parte posterior da


orelha, são eles:
- Dupla Ansiedade/ Dupla Cefaleia/ Imunidade Posterior/ Trio
da Hipertensão/ Tronco Cerebral/ Tosse.

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Orientações para a
Técnica
Os pontos devem ser estimudalos do lado dominante do paciente.
Ou seja, se for destro utilizar a orelha direita e se for canhoto a orelha
esquerda.
Para alguns pontos existem umas condições que são obrigatórias:
- Fígado e Vesícula Biliar estão localizados na orelha direita;
- Baço e Pâncreas estão localizados na orelha esquerda;
- Local de dor na articulação no corpo deve-se utilizar a orelha
correspondente a região da dor;
- Ombro muscular – deve ser aplicado na orelha esquerda;
A quantidade de agulhas a serem inseridas são de no mínimo 3 e
no máximo 18 agulhas. Cada indivíduo é único, portanto, deve-se avaliar o
protocolo de pontos a ser utilizado.
Sugere-se que o paciente fique cerca de 7 dias com os pontos e um
dia antes do retorno os retire. Normalmente para a realização do

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tratamento pede-se um mínimo de 10 sessões, porém esse número pode
variar dependendo da queixa principal e da resposta do organismo.
Após a aplicação dos pontos, o paciente deve ser orientado:
- Como proceder na higiênização da orelha e os cuidados a serem
tomados.
- Quanto a sensibilidade provocada no local da aplicação dos
pontos.
- Que caso algum ponto caia, ele não deve ser inserido novamente
e, se cair dentro do meato acústico o paciente deve ser encaminhado com
urgência à um médico para a retirada.

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Materiais Utilizados
- Agulhas semipermanentes: normalmente utiliza-se a de 1,5mm.

- Agulhas sistêmicas: normalmente utiliza-se as menores de 15


mm a 30 mm. NOTA: Deixar no máximo 6 por orelha por cerca de 20 a
30 min, tratamento deve ser realizado a cada 7 dias.

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- Pontos/ esferas/ sementes: tem por objetivo estimular o ponto;
utilizado em pacientes que possuem hipersensibilidade.
- Ponto Ouro: efeito tonificante.
- Ponto Prata: efeito sedativo.
- Aço/ Cristal/ Semente de mostarda: efeito estimulante
com resultado próximo ao da agulha.
- Micropore para cobrir os pontos;
- Álcool 70%;
- Pinça;
Opcionais:
- Tintura de Benjoin;
- Aplicadores imantado;
- Apalpadores.

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Aplicação
Antes de começar o atendimento é necessário fazer uma
anamnese do paciente, registrando assim a sua queixa principal, ou seja,
qual o motivo que o levou a procurar esse tratamento.
Uma dica de ficha de anamnese é a seguinte:

NOME:..................................................................................................................
SEXO:....................................................................................................................
IDADE:.................................................................................................................
GESTANTE:......................................................................................................
QUEIXA PRINCIPAL:..................................................................................
DOENÇAS PRÉ-EXISTENTES:.............................................................
DIAGNÓSTICO MÉDICO:.......................................................................

* OBS: Caso o paciente não tenha um diagnóstico médico


confirmado, é imprescindível a orientação de que o tratamento realizado
pode melhorar sua sintomatologia, porém ele não descarta a necessidade
de avaliação médica para firmar o diagnóstico.

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Após a anamnese, o paciente deve ser encaminhado para um lugar
confortável, seja maca ou até mesmo uma cadeira para que seja feita a
aplicação dos pontos.
Com o paciente devidamete acomodado, deve ser feita a
antissepsia da orelha externa com Álcool 70% e tamponar com um
algodão o meato acústico externo, para evitar que qualquer material caia
dentro do ouvido durante a aplicação.
Demarcação dos pontos e por fim a aplicação propriamente dita.

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Demarcação dos
Pontos
Antes de iniciar o tratamento, três pontos devem ser localizados e
colocados na seguinte ordem: SHENMEN/ RIM/ SIMPÁTICO.
Essa forma de tratamento é denoninada de Aurículo Cibernética.

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Após a aplicação destes pontos, pode-se aplicar os demais pontos
para o tratamento.
A seguir, algumas figuras com marcação de pontos muito
utilizados:

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Contraindicações
- Gestantes: deve-se evitar usar os pontos relacionados a útero,
pelve, abdome, glândulas endócrinas. Não utilizar estímulo elétrico.
- Lactantes: deve-se evitar glândulas endócrinas.
- Adolescentes: deve-se evitar pontos hormonais.
-Alérgicos / portadores de doença autoimune: deve-se evitar o
ponto Imunidade.
- Hipotensos: deve-se evitar o ponto do coração.
- Caso a orelha apresente alguma doença purulenta, com secreção
ou infecção, deve-se evitar o tratamento.

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Referências
ARTIOLI, D; et al. Auriculoterapia: neurofisiologia, pontos de escolha, indicações e
resultados em condições dolorosas musculoesqueléticas: revisão sistemática de
revisões. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2595-
31922019000400356&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em 01/11/2020.

DRAKE, R. et al. GRAY’S Anatomia para Estudantes. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005.

KUREBAYASHI, L; SILVA, M. Auriculoterapia Chinesa para a melhoria de


qualidade de vida de equipe de enfermagem. Disponível em: <
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672015000100117>.
Acesso em: 10/11/2020.

LOPES, S; SULIANO, L. Atlas de Auriculoterapia de A a Z. 1 Ed. Curitiba: Omnipax,


2016.

NETTER, F. Atlas de Anatomia Humana. 6. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

SILVERIO,S ; SEROISKA, M. Auriculoterapia para analgesia. Disponível em:<


http://www.omnipax.com.br/livros/2013/ANAC/anac-cap01.pdf>. Acesso em:
12/11/2020.

SOUZA, M. Tratado de Auriculoterapia. 1. Ed. Brasília: FIB, 2019.

SILVA, A. Auriculoterapia. Disponível em:


<https://alziradomingos.wixsite.com/nucleo-terapeutico/auriculoterapia>. Acesso em
01/11/2020.

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